OPINIÃO: A Que Ponto Chegamos (Especial de 10 Anos)

Hoje é dia 8 de novembro e este blog completa 10 anos de vida , não imaginaria atravessar a década como dono de blog, mesmo estando em baixa...

sábado, 8 de novembro de 2025

OPINIÃO: A Que Ponto Chegamos (Especial de 10 Anos)


Hoje é dia 8 de novembro e este blog completa 10 anos de vida, não imaginaria atravessar a década como dono de blog, mesmo estando em baixa atualmente. Comecei por acaso, a pedido de um amigo virtual e também YouTuber, Higor Vieira, que achava que eu estava desperdiçando todo meu conhecimento e erudição pela televisão brasileira e que eu precisava lançar um blog à respeito. E ele estava certo, apesar da minha insegurança inicial, mas não sabia qual era a dinâmica para tal. Eu ainda estava pagando pela minha total inexperiência de interação com seguidores no YouTube, nesse caso "falsos-seguidores", aqueles que não são inscritos e mandam mensagens todos os dias para desabafar sobre suas predileções pessoais mais que tudo no mundo, a ponto de militar nas redes sociais, e acabam por sugar nosso sangue pelo canudinho. Aquilo me deixou pilhado e em algumas oportunidades, usei este blog para expor minhas frustrações, mas confesso que exagerei em alguns casos e isso meio que "afastou" alguns seguidores e perdi certos "amigos" (será que dá tempo de uma reconciliação?). O lock-down da pandemia da Covid-19 me ajudou a refletir sobre esses surtos, selecionar melhor minhas amizades e aqueles que ainda são sádicos e irônicos comigo por esporte, merecem meu ostracismo, minha desinscrição, meu bloqueio e minha desconsideração.

Os posts mais intensos e agressivos (eram quatro) tive que excluir pois aquilo era um fardo e daria brecha a essa panelinha de "viúvas do Pânico" que, passada uma década como agora, pararam no tempo preferindo bancar os agitadores de fã-clubes virtuais nada formais e insistir em acompanhar a TV brasileira do lado de fora, feitos fanáticos chatos, do que buscar informações e se colocar na pele dos que vivem e trabalham dentro desse meio, preferindo gostar de uma celebridade da mídia mais pela camisa que veste do que pelo seu caráter humano. Agora entendo porque alguns artistas e profissionais são em certos momentos "antipáticos" com esse tipo de gente que era legal, era o que imaginávamos, mas basta fazer um comentário num vídeo postado por um desses donos de canais e entrar completamente em desacordo com suas convicções sócio ideológicas, a ponto de moldar todo o ecossistema do YouTube no segmento "resgate à memória da TV brasileira", que você leva uma patada ou indireta dessa turminha (se é por isso, porque eles não se desinscrevem da gente do que ficar só no patrulhamento e perseguição?). É como aqueles clubinhos de amigos no passado (vulgo fraternidades universitárias que existem nos Estados Unidos), você precisa passar pelo "rito de passagem" para entrar, mas esse "rito" acontece todos os dias e é capaz de tirar a personalidade de uma pessoa em nome de uma suspeitosa "adoração". É a tal Síndrome de Estocolmo que denunciei neste blog faz um bom tempo.

Por trás desse comportamento nocivo ao conteúdo das redes sociais e que pode afetar para sempre a vida social e a saúde mental de qualquer um de nós, há uma enorme centelha de preconceito aos portadores do Espectro. Existem no mundo milhares de autistas (cujo termo estou substituindo por "portadores do Espectro") por trás de inúmeras contas de redes sociais que agem pelo impulso da emoção e não tem a mínima noção das precauções necessárias para não violar as "diretrizes da comunidade", as quais eles desconhecem. Por isso eu gostaria de expressar um desejo, adoraria que prefeituras municipais e até mesmo Governos estaduais lançassem um programa que estimulasse os recém-formados em psicologia a "adotarem" um portador do Espectro, cuja maioria, são de famílias que não possuem uma boa situação financeira e que, além de não bancar um terapeuta, discriminam deliberadamente o(a) próprio(a) filho(a) por desconhecer tal condição por total falta de informação. Esses psicólogos neograduados por sua vez, enquanto arranjam clientela, fazem uma especialização ou lutam para conseguir um consultório, mereceriam assumir o papel de tutores voluntários a esses portadores do Espectro num período de 1 ou 2 anos (dependendo da gravidade) para ensiná-los o que se pode fazer para ter uma vida bem mais sociável e, principalmente, o que não se deve fazer nas redes sociais. As terapias deveriam ser presenciais uma vez por semana e remotas duas vezes por semana. Dessa forma, os novos psicólogos vão ganhando experiência e os seus pacientes serão bem acolhidos e terão sua autoestima melhorada. Faço minhas as derradeiras palavras de Jesus Cristo (após sua crucificação) à respeito dos portadores do Espectro (dos quais eu me incluo) e do sadismo irônico de alguns YouTubers: "Perdoai-vos, Pai, porque eles não sabem o que fazem!".

Depois dos esclarecimentos (e do eterno perdão que peço a muitos de vocês), agora a opinião principal. Nós testemunhamos o pior aniversário que a TV brasileira já vivenciou em todos os tempos. Essas grandes comemorações só acontecem de 5 em 5 anos, já perceberam? Aliás, é assim que se comemora os 75 anos da TV brasileira? Há um ano fiz um post sobre seu estado vegetativo e o tempo comprovou que eu estava certo, modéstia a parte. E ainda incrementado com o possível "fracasso anunciado" da TV 3.0, fazendo do modus-operandi da controversa TV do passado, a pretexto de "tradição", a eterna primeira bolacha do pacote. Traduzindo, a TV aberta brasileira é um zumbi, vem encarando a TV 3.0 e o streaming como o fim do mundo e nem sequer está estimulando o público "cabeça-dura" e "tecnofóbico" a se preparar para essa transição colocando em rede nacional um tutorial à respeito. A carta aberta aos profissionais de mídia que eu publiquei por aqui define por si só minha preocupação à respeito desse fiasco monumental que a TV 3.0 pode se convencionar aqui no Brasil mediante a esse insuportável conservadorismo "analógico".


Estou protegendo minha saúde mental para não me pilhar ainda mais sobre esse submundo lamentável das emissoras abertas, que continuam encarando a Era Digital como "ameaça", somente de 20 à 25% do público espectador é que consome à torto e à direito a TV aberta, sendo cerca de 90% desse universo, maiores de 60 anos. Em bom português, quem mais assiste TV aberta nos dias de hoje é a "velharada". Essa "velharada" jamais será descolada, conteúdo descolado é só no streaming, YouTube e olhe lá. O que a "velharada" mais gosta de ver na TV? Filmes antigos, séries antigas, novelas antigas e enlatados em geral, pois muita coisa boa foi produzida ao longo desses últimos... 70 anos mais ou menos. Conteúdo factual, apenas notícias e esporte. Eles seguem aquilo que posso chamar de "cultura da roça", são extremamente conservadores, ansiosos, preconceituosos, religiosos e não gostam de reality-show ou coisa parecida. Isso quer dizer uma coisa, logo logo um canal aberto de TV (se é que a TV aberta brasileira continuará resistindo nos próximos anos) terá de se voltar exclusivamente para um seleto nicho de público, a dita terceira idade.

Sabe o desenho do Scooby-Doo? Em que um grupo de amigos resolvem um mistério envolvendo assombrações, monstros e fantasmas e sempre termina quando alguém é literalmente desmascarado, emendando com o manjado diálogo "Eu poderia ter me saído bem, se não fosse esses garotos intrometidos e esse cachorro pulguento". Esse poderia ser o perfeito final dos eternos remakes que a Globo insiste em fazer para defender seu suposto e cada vez mais diminuto monopólio do horário nobre, que nada mais são "versões lacradas". Posso seguramente comparar este caso com as produções atuais da Disney, que de tanto fazer remakes live-actions de seus eternos sucessos em animação de longa-metragem, inventou por reescrever a história e criar situações nada-a-ver a pretexto de inclusão social, mensagens subliminares e/ou economia de gastos. Batem tanto nessa tecla que isso se desgasta rapidamente. Por isso que os lançamentos mais recentes da Disney não estão repercutindo como deveriam quanto as de suas concorrentes (a Dreamworks ri por último).

Porque a Globo deu indiretas a Band naquele Upfront 2026? Justamente a Band, a única rede aberta brasileira que jamais deveria ser atacada de forma tão infantil, apesar de estar sobrevivendo por aparelhos e voltando a lançar mão das teleigrejas a pretexto de abastecer um caixa vazio (comprovando a previsão de muita gente que apostou no fiasco de Fausto Silva). A Globo deveria mesmo era cutucar suas rivais tão encardidas quanto desleais ao longo da história: Record e SBT. Principalmente esta última que historicamente adorou provocar a dita "Poderosa" (pra quem não sabe, o finado Clodovil foi o primeiro a criar o infame apelido à emissora-líder, imediatamente incorporado no vocabulário do verdadeiro "sucessor" de Silvio Santos chamado Carlos Roberto Massa). O novo final dessa recém-concluída "versão lacrada" de Vale Tudo deveria ser assim: o autor do assassinato de Odete Reutemann é na verdade um capanga, pau-mandado do mentor intelectual (Marco Aurélio), que por sua vez conseguiria desvirtuar as provas que o incriminariam e fazer da personagem mais honesta da trama (Raquel Accioly) o mais perfeito bode expiatório, indo pra cadeia por um crime que não cometeu (verdadeiro retrato da Justiça não só no Brasil, mas no mundo todo!) e enquanto aguarda o julgamento na prisão, prepara uma vingança como na história de O Conde de Montecristo. E quando vão desmascarar o tal capanga para o interrogatório, logo vão descobrir que quem matou Odete Reutemann foi na verdade... Ratinho??!!!


Bem que os Globalistas de plantão poderiam ter dito naquele evento fajuto que o Ratinho matou a Odete Reutemann, tratado há quase 30 anos por essa mídia fã-clubista e babona como eterna "ameaça roedora" de audiência e "inimigo público nº 1 da Globo" só porque tem (até hoje) urticária assumida da teledramaturgia de lá, mesmo que seja de "brincadeirinha" (sem contar o visível e crônico ciúme do sucesso para fins ibopísticos). Mas brincadeira tem hora. A Globo, enfim, mostrou sua verdadeira cara (como diz a trilha musical da novela supracitada) desafiando o Poder Divino, parafraseando indiretamente aquela tirada "Nem Deus afunda o Titanic", enquanto que o SBT é a terra-do-nunca para infanto-machistas-sádicos (e SBTistas enrustidos em geral) que "piraram o cabeção" e perderam o rumo completamente com o desaparecimento do cada vez mais endeusado "Patrão", tendo que apelar para um conselheiro espiritual (pra não chamá-lo de "pastor evangélico") a pretexto de exercer o cobiçado cargo de CEO da emissora (quem me dera um dia ser indicado para tal), mas que na verdade é mais um que age feito membro de fã-clube por lá do que como um profissional de verdade. Quanto a Record, somente quando um asteroide cair sobre nosso país é que a blindagem da Igreja Universal do Reino de Deus será finalmente aniquilada, só isso. Por total ignorância, ninguém sabe ou ninguém quer saber, mas a verdadeira ameaça ao poderio Global no Brasil não é o Ratinho, nem a IURD e tampouco a Netflix. Se chama... YouTube! Neste exato momento, existem mais pessoas consumindo conteúdos mais interessantes e até construtivos no maior portal audiovisual do mundo do que meros telespectadores esperando o momento certo para assistir seus (ultrapassados, diga-se de passagem) programas favoritos. Quem diz isso não sou eu, é o canal Conhecimento Disruptivo, que eu recomendo (apesar da quedinha pelo analógico, meio que "denunciada" num vídeo sobre a crise do Globoplay). Tudo indica que uma previsão do jornalista Gabriel Priolli pode se concretizar. Em março de 1988, numa matéria de capa da extinta Revista Imprensa, ele declarou que "em 2038, a Globo será batida", a meu ver isso pode fatalmente acontecer com uma década de antecedência!

Conclusão: o YouTube era pra ser visto como aliado/parceiro das emissoras e não como arquirrival. Este é o mais fiel retrato da televisão aberta brasileira de hoje em dia: crise de popularidade, déficit de desapego, conflito de gerações e seu orgulhoso atraso proposital transbordou por completo nosso copo d'água. É o videocassete contra a Netflix, o telefone fixo contra o Whatsapp, o Home Theater contra o Smartphone (ou Tablet), a hora da novela contra as "maratonas", o Ratinho (ou Luciano Huck) contra os Influencers, o radinho de pilha contra os Podcasts, as estações numeradas contra os Apps, o pay-per-view contra as Lives, o especial de Roberto Carlos contra os Loolapaloozas da vida e o Padrão Globo de Qualidade contra a liberdade de conteúdo. Eu termino este post com a seguinte frase que registrei no post anterior e faço questão de repeti-lo em letras maiúsculas: EU TENHO VERGONHA DA TV BRASILEIRA! E você?

#PorUmaTVMelhor

PS: Por tempo ainda indeterminado, as programações de TV só voltarão se eu tiver acesso ao Acervo Folha. Tenho uma extensão no navegador Mozilla Firefox (que eu não posso vazar por aí) que permite eu navegar em alguns acervos online sem login, exceção feita justamente ao Acervo Folha (e a Revista Veja também). Se alguém me emprestar um login que não estejam usando... (obrigado Chespirito, rsrsrs).

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

ESPECIAL: Carta Aberta aos Profissionais de Mídia do Brasil

Prezados profissionais de mídia, a quem interessar possa:

Me chamo Êgon Bonfim, tenho 39 anos, moro em São Paulo capital, sou portador do Transtorno do Espectro Autista (Síndrome de Asperger) de grau leve há oito anos e sou formado em Rádio TV desde 2010 embora não atuo profissionalmente, mas mantenho um canal no YouTube com o nome supracitado há 19 anos e um blog há nove anos chamado ÊHMB De Olho Na TV, cujos assuntos são a história da televisão brasileira.

Neste mês de agosto, eu estive na Set Expo 2025 no Centro de Convenções do Anhembi, aqui em São Paulo. Aliás, foi a primeira vez que visitei esta que é considerada a maior feira de mídia da América Latina onde pude conhecer os segredos de se produzir conteúdos audiovisuais e a grande novidade do ano, a TV 3.0. Foi a realização de um sonho particular. Recebi recentemente o oportuno e-mail da LineUp apresentando uma ótima explanação sobre a implantação da TV 3.0 no Brasil. É um assunto novo que aos poucos vem me despertando interesse, ainda mais explicando que o nosso país tem todas as ferramentas para criar um padrão próprio do chamado DTV+. Como foi frisado naquela mensagem, a tentativa de se fazer um sistema norte-americano de TV 3.0 "fracassou", mas não foi mencionado outros exemplos de outros continentes como o europeu e o asiático. Se o Brasil tem plenas condições de implantar um tipo próprio de DTV+ (segundo a mensagem, um padrão até sustentável), é preciso pegar um pouco do que deu certo nos outros continentes e não repetir os erros dos norte-americanos (ou até mesmo de outros países). Afinal, tem muito brasileiro que ainda acredita na velha máxima de que "o que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil". Essa briga de adoção de padrões, me lembro disso muito bem, já existiu na implantação do HDTV em 2007 e não quero (como ninguém quer) presenciar uma "reprise digital". Do pouco que pude conhecer da TV 3.0, vi que os canais numerados darão lugar a aplicativos das emissoras, o espectador pode escolher o áudio do conteúdo que está assistindo, inserir legendas, escolher ângulos em transmissões de futebol, fazer compras durante um comercial e até mesmo responder pesquisas de opinião pública sem sair de casa através do controle remoto (o IBOPE parece não se interessar por inovações tecnológicas). Adoraria presenciar na prática uma demonstração completa de TV 3.0/DTV+.

Pois bem, como consumidor, telespectador, blogueiro e dono de um influente canal nas redes sociais, cujo foco é a manutenção/resgate da memória da televisão brasileira, vejo que o Brasil encontra grandes dificuldades para que a TV 3.0 seja ao menos aceita, tanto para os ditos teledifusores quanto para os espectadores. Existe neste país uma grave questão cultural que vem neutralizando a receptividade dessa que eu considero uma "revolução digital", não só no que tange o audiovisual, mas também nos serviços de aplicativos utilizados em smart-phones. E isso começou em 2020 devido ao lock-down provocado pela pandemia da Covid-19 e desde então só acelerou, de forma que ninguém deu conta a respeito dessas rápidas e constantes evoluções tecnológicas. A partir dali, venho reparando que o Brasil tem uma péssima cultura de mídia, na qual jamais aproveitou o legado de tudo aquilo que deu certo há algum tempo. Como um seguidor havia registrado num comentário certa feita a respeito do assunto, não basta apenas melhorar a qualidade de transmissão, é preciso melhorar a programação. E dele não tiro razão. De que adianta investir milhões de dólares para melhorar o sinal e adotar serviços correlatos se não pensam no conteúdo dos programas. Os gananciosos diretores de TV, salvo algumas exceções, deveriam se colocar na pele do espectador, respeitá-lo independente da faixa de idade e classe social e nunca se igualá-los (mediante o crescimento acentuado dos denominados "novos ricos"), o que faz as emissoras de TV aberta caminharem a passos largos para a chamada "vulgaridade" com a velha alegação de se fazer TV para o dito "povão", só para não se submeterem ao escrutínio do "complexo de superioridade". Essa acomodação corporativa permanece inalterada há cerca de 20/30 anos.

Registrando aqui com todas as letras, eu tenho vergonha da TV brasileira de hoje em dia, por mais que ela tenha feito uma série de coisas boas e importantes e obtido grandes conquistas ao longo dos seus 75 anos de existência. A tecnologia é importante para as nossas vidas, sou a favor dela e apoio a inclusão digital não só dos jovens, mas àqueles que estão na casa dos 60 anos, que são "escravos da Globo" e que, por puro orgulho ou dificuldade não admitida, são assumidamente tecnofóbicos, só usam celular para dar telefonemas, passar recados e mexer nas comunidades sociais, mais nada. É preciso uma mudança cultural de âmbito nacional, pois somos reféns de interesses alheios à nossa vontade. Defendo a criação de uma legislação digital, o que poderia representar uma vanguarda para outros países que sofrem constantes casos de cyber-ataques. Os fabricantes de smart-TVs adaptados para as transmissões de DTV+ deveriam lutar para baratear os custos, facilitar a aquisição aos "menos abastados" e oferecer tutoriais simplificados para derrubar naturais inseguranças como a criação de login e senha nesses novos aparelhos para o acesso aos serviços e poder assistir aos conteúdos. Do jeito que andam as coisas, acho difícil a TV aberta ganhar sobrevida com a TV 3.0 e competir em pé de igualdade com o streaming, que veio para ficar e tomou conta de mais da metade do mercado consumidor audiovisual brasileiro.

Nesse panorama todo, me vem agora uma dúvida. Em dezembro passado, viajei para Ubatuba, litoral norte paulista, e no quarto em que eu estive hospedado, havia um smart-TV da marca Samsung e vi algo que eu até então desconhecia: canais fast. O acesso é exclusivo para quem possui aparelhos daquela marca (TV, PC, smart-phone, etc), mas com o advento da TV 3.0, essa Samsung TV Plus e seus quase 100 canais fast é uma espécie de vanguarda ou é só uma experiência comercial/variação do que está sendo trabalhado na implantação nacional da DTV+? Fico dividido mediante aos fatos e a abordagem a seu respeito, tenho esperanças de que a TV 3.0 dê certo no Brasil, mas se as grandes redes continuarem apostando nos mesmos truques, na repetição de fórmulas batidas de 20/30 anos atrás e teimarem em se conformar com a disputa pela audiência de 1/4 do público telespectador, a TV 3.0 corre o sério risco de não dar certo no Brasil, como aconteceu nos Estados Unidos (tudo por conta dessa questão cultural que mencionei parágrafos anteriores). É preocupante, basta querer aceitar a mudança e deixar o pedestal da negação que dividiu o nosso país. Até porque uma coisa é a implantação, outra coisa é a aceitação.

Atenciosamente
Êgon Bonfim

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

ESPECIAL: Minha Visita na Set Expo 2025


O Centro de Convenções do Anhembi em São Paulo, realizou entre os dias 19 e 21 de agosto, uma das maiores feiras de mídia da América Latina: a Set Expo 2025, organizada pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão, criada em 1988 com a finalidade de oferecer suporte técnico a grupos ligados ao setor audiovisual. Como a inscrição para o acesso a feira era gratuita, me arrisquei, me inscrevi e não me arrependi. Fiquei maravilhado com o que vi, tive acesso a uma porção de equipamentos de televisão que jamais tive contato, nem mesmo no tempo em que eu cursava Rádio e TV na faculdade! Saí de lá renovado, feliz e familiarizado com tecnologias que, conforme o tempo, vão se modernizando a todo instante, ainda mais nesses tempos de "Revolução Digital". Quer ver como foi?

Essa é uma mini-câmera 4K configurada para ser operada tanto em joystick quanto com IA

Essa é a aparelhagem da EVS para produção de replays e câmera lenta em transmissões esportivas

Demonstração de canais de áudio em tribunas de imprensa, utilizados nas Olimpíadas, Pan, Copas do Mundo, etc

No stand da Canon, uma demonstração de cenário virtual a partir de espaços pequenos como este

O resultado final pode ser visto neste monitor à direita, recorte digital sem necessidade de chroma-key

Este equipamento é o controle mestre (master), que manda pro ar tudo aquilo que a gente assiste na telinha

O meu stand preferido na set Expo 2025 foi este aqui da Panasonic, gostei muito desses equipamentos

Além das câmeras portáteis acima (e a do trilho), usadas no telejornalismo, tem essa belezura de câmera de estúdio

Eu realizando um "sonho": manejando uma câmera de estúdio top de linha

Já essa câmera é mais equipada: tripé com rodinhas e uma poderosa lente da Canon, ideal para grandes eventos

O som também é importante na TV, este é um equipamento de áudio voltado para o entretenimento

Este é um stand de iluminação (neste caso, da Nanlux), ponto importante na realização de produções audiovisuais

Olhem o tamanho da criança! Um mega-refletor muito usado no cinema, telefilmes e teledramaturgia

Esse é o stand da Greika, outra empresa especializada em iluminação para o setor audiovisual

Para concluir o assunto iluminação, uma mesa especializada para configurar todo tipo de luz de acordo com a necessidade

Isso lembra uma câmera fotográfica, mas é uma câmera digital especializada na produção de longas e docs

Pra quem curte cinema, mais equipamentos para tal e para outras coisas, no stand da Deity

Essa aqui é top de linha, uma câmera de cinema 100% digital com direito ring light em torno da lente

Eu sentado num set cercado por telões de LED, a tendência de videowall nos dias de hoje

O rádio não foi esquecido na Set Expo 2025, veja aqui um equipamento completo para radiojornalismo e FMs

Falando em jornalismo, eis o teleprompter (TP), sendo este aqui já fabricado com uma câmera própria

Eis o segredo, o texto chega redigido neste PC e passa para um programa onde o texto é enviado aos TPs

Outro segredo das câmeras TP, este controlador configurado com IA para canais de notícias 24 horas

Aqui uma outra central para montagem de cenários virtuais, dessa vez a partir de um chroma-key

Veja como ficou o resultado final, a partir de um espaço pequeno virou essa imensidão virtual

Outro exemplo de cenário virtual, este aqui é bem mais elaborado com direito a GC e painel touch screen

Cabos de fibra ótica, última palavra em conexões para câmeras, luzes, microfones e sistemas de dados

Agora veja cessa cena, um set de filmagem com telão LED simulando um vagão do metrô

Este veículo está equipado com duas câmeras, uma suspensa no teto e outra de frente no capô

Vejam a tal da câmera suspensa em ação, na grua, muito utilizada em transmissões esportivas

Este é um tipo de antena transmissora digital totalmente adaptada para TV 3.0

Esse equipamento é instalado na ponta das torres de TV, com direito a sinalizador aéreo

Da próxima vez que você comprar uma Smart-TV, essa será a interface para você poder acompanhar os canais 3.0

Basta ter sinal de internet, login, senha e pronto. Clique num dos aplicativos e assista aos conteúdos gravados ou ao vivo

A Sony é indiscutível em matéria de aparelhagem audiovisual, veja neste set cada visão para cada tipo de câmera

A visão de uma autêntica câmera Sony HDC-3500, também top de linha

Uma estrutura básica de switcher (ou mesa de corte) partindo de três câmeras, preview e visão PGM

Esse equipamento é responsável pela seleção de imagens, seja matéria gravada ou ao vivo que irá para o ar

Esse é o multiview, que pode permitir a transmissão simultânea de/para até 10 lugares diferentes

Isto aqui é o intercom, que permite a comunicação entre a direção na switcher e a produção no estúdio

Eu experimentando um headset adaptado para intercom, aquela que a equipe de produção utiliza no estúdio

Esta aparelhagem toda é uma mostra de como funciona o "famigerado" ponto eletrônico

O ponto eletrônico está ficando invisível, tive a oportunidade de testá-lo, lembra um aparelho auditivo da Telex

No belíssimo stand da The Led, me deparei com este carrinho com minigrua, ideal para produções de entretenimento

Não podia faltar o Adobe Première, o editor de imagens nº 1, tanto para uso doméstico quanto para profissional

Um mapa demonstrativo de como se faz atualmente telejornalismo em tempos de "Revolução Digital"

Essa caixinha é demais, é um experimento, regionaliza os intervalos comerciais a partir de uma transmissão em rede

Agora um pouco de história, uma mostra de câmeras antigas. Esta é uma das primeiras câmeras utilizadas no Brasil

Esta é uma réplica de uma câmera valvulada RCA dos anos 50 e 60, note como um câmera-man sofria pra se posicionar

Uma autêntica RCA tubular dos anos 70 e 80, da exposição sobre os 75 anos da TV brasileira

Um dos primeiros aparelhos de TV importados no Brasil em 1950, das candongas de Assis Chateaubriand

Este é provavelmente um dos primeiros aparelhos de TV fabricados aqui no Brasil, no início dos anos 50

Aqui, uma mostra de aparelhos de TV, entre réplicas e exemplares originais dos anos 70, 80 e 90

O meu aparelho televisor preferido da mostra é esse mini Semp Toshiba, me deu vontade de ter um desse

Tinha até um microfone antigo para que as pessoas pudessem posar para "bancar o calouro"

De volta a feira, deparei com um robô movido a IA passeando por lá, andava, cumprimentava e dava "tchauzinho"

Este é o Robô Máximus, que dava informações sobre a Set Expo 2025 e tirava fotos conforme era solicitado

Vejam a foto que o Robô Máximus tirou de mim, uma boa lembrança da feira, e eu até sai bem no retrato

Outro robô se fez presente, mas este aqui é de quatro patas, um cão-robô manejado a distância por um "adestrador"

Este aqui é o stand da Claro Empresas, demonstrando como será a TV por assinatura na Era 3.0

Set Expo, parabéns, aprendi bastante sobre tecnologia audiovisual, até a próxima oportunidade!

Depois dessa, gostaria de visitar uma outra feira de mídia, mas dessa vez com stands dos grupos de comunicação (Netflix, YouTube, Grupo Globo, Newco, etc) discutindo os conteúdos propriamente ditos. De que adianta investir milhões de dólares para a modernizar os equipamentos, se não fazem o essencial: melhorar a qualidade de conteúdo pra quem está do outro lado da telinha. Você que é morfético, sádico, baba ovo da mitologia televisiva e que não passa de um peso morto pra sua parentela, da próxima vez que surgir uma feira de mídia em sua cidade e sentir vontade de visitar e saber como se faz um conteúdo audiovisual e a inscrição for gratuita, não pense duas vezes: se inscreva. Eu recomendo, você vai mergulhar nessa experiência incrível que acabei de ter e compartilhar por aqui.

Para terminar, a evolução das câmeras de TV: RCA anos 50, RCA anos 70 e Ikegami 2025

Meu único lapso nessa feira foi não ter tirado a foto desta bela LED esfera na horizontal!