Atenção! Uma senhora que acaba de completar 74 anos nesta quarta-feira, está internada há um tempo bastante desconhecido e seu estado atual é vegetativo, pra não dizer "terminal". O que se sabe é que sofrera morte cerebral pouco após a pandemia da Covid-19, mas continua inexplicavelmente viva, entretanto continuará dando muito trabalho caso ninguém se disponha a estender a mão e ajudá-la. Os familiares se dividem: uns defendem a prática da eutanásia, mas outros, que possuem bastante influência, optam (e determinam) que fique assim desse jeito, esperando por um milagre que nunca vem e que jamais virá para ressuscitá-la entre os mortos.
Para termos a noção do que aconteceu, vamos voltar no tempo, exatamente quando ela nasceu, em 1950. Seu padrinho era um homem excêntrico e astuto, mas incrivelmente visionário com o potencial que as comunicações poderiam desempenhar numa nação subdesenvolvida como a nossa. Era Assis Chateaubriand. Assim que ela nasceu, o empresário proclamou em alto e bom som que seria "o mais subversivo meio de comunicação do Brasil". Pois é, da subversão, encaminhou-se para a vulgaridade de tanto a crítica cobrar dela o fato de se igualar ao público e acabar com seu "complexo de superioridade". Só que ela não deu conta do recado.
No seu período de infância, muitas pessoas começaram a aprender a lidar com ela, um início bastante amador e um tanto elitista. Se dizem por aí que "um jornalista se forma na redação", a partir daí podemos afirmar que um radialista (e um artista) se forma(m) no estúdio. Afinal, profissionais do rádio foram os primeiros a chegar, seguido pelos veteranos do teatro, até que se chegasse aos frutos da senhora em questão. Do aprendizado, logo chegou a adolescência e viu que estava se tornando tão popular quanto o rádio, já que o custo de suas unidades estavam diminuindo para que o mais humilde dos habitantes pudesse tê-la em sua casa.
Começou-se a criar um novo hábito, de pessoas que voltavam do trabalho de tardezinha para chegar em casa e relaxar diante da mais nova eleita "rainha do lar" por essa gente. Foi na puberdade que criaram-se formatos mais populares numa bem sucedida tentativa dela se aproximar do povo, podia ser num concurso de prêmios ou até para contar histórias dramáticas em capítulos diários. Até que um belo dia, um monte de calouros a usufruiu para encontrar o caminho da fama, seja cantando, dançando ou representando. O que fez essa senhora entrar na vanguarda da descoberta de novos talentos, só que muitos tentaram e poucos conseguiram.
Quando entrou na maioridade, partiu pra natural desobediência a seus superiores, bancando ser a dona do próprio nariz. Foi aí que seu relacionamento com Roberto Marinho se fortaleceu. Aliás, um casamento bastante possessivo, repleto de cenas de ciúme, dignos de capítulos de novela. Novela que àquela altura tornou-se um vício incontrolável, uma droga difícil de ser recusada e desintoxicada. Muito embora, a sua liberdade criativa era vigiada a todo tempo, pois certos "soldados" a serviço de seus próprios interesses patrulhavam aquilo que, se por um lado, alegava ser "arte", por outro, era interpretada como mera "subversão".
Logo então, atingiu a maturidade. O crepe das proibições aos poucos se cessavam. Ela então descobriu um novo mundo onde tudo era permitido e que a única proibição era o simples exercício do bom senso. Passou a ser tão disputada quanto medalha olímpica e a Copa do Mundo. Quem tivesse mais garrafa pra vender, atingia o topo da montanha, não importando horário, conteúdo ou tipo de público. Tornou-se amante de Silvio Santos e, se as mulheres eram a maioria para elegê-la em sua predileção pessoal, os homens, como prova de demonstração em ser a classe dominante, passaram a disputar a sua preferência com pé de igualdade.
Perto da meia-idade, não demorou para entrar numa crise de identidade, mas que poderia ser perfeitamente uma crise existencial. Se ela foi feita inicialmente para entreter, divertir, informar e ensinar, não havia a mínima razão para ela se tornar um instrumento de vulgarização da banalidade, quebrando assim o respeito para com seu semelhante, independentemente de idade e classe social. Resolveu ficar nua e crua o tempo todo para que ela continue sendo cada vez mais desejada. Os mais críticos, os mais exigentes, os mais autoritários e os mais hierárquicos ficavam escandalizados por pouca coisa daquela que perdera o juízo.
Depois, atingiu a terceira idade e foi na "onda", seguindo o velho e conhecido ditado: "Onde passa boi, passa boiada". Converteu-se ao evangelho sob pretexto de superar problemas financeiros. Edir Macedo se tornou seu guia espiritual nº 1 e logo percebera as mancadas que cometera no passado. Com o diagnóstico inicial de mente senil, passou a se locomover com dois tipos de muletas, a das igrejas evangélicas e a das verbas governamentais. Sua visível perca de lucidez e a falta de cultura de tecnologia, fez se focar cada vez mais a turma das camadas muito baixas da sociedade que jamais conheceu uma sala de aula, isto é, a miséria total.
As tecnologias foram se evoluindo rapidamente a ponto de não dar conta, mas muito malvistas por ela, alegando o risco de perder sua influência perante a população. Seu déficit de popularidade era transparecido e era também um paradoxo pois teve que recorrer às próprias mídias digitais para se manter soberana para sempre. Mas veio a pandemia da Covid, negou sua existência, foi muito atingida e daí por diante nunca mais se recuperou por pura teimosia. A dita Revolução Digital foi até rápida demais, impulsionada pelo lock-down e aí, ela não esperava o tremendo baque que a deixaria debilitada desde então.
Lógico que ela teve tórridos romances (só pra citar alguns) com Mário Wallace Simonsen, Victor Costa, Paulo Machado de Carvalho, João Saad, Pipa Amaral, Adolpho Bloch, José Carlos Martinez e até um histriônico caso de poligamia com Marcelo de Carvalho e Amilcare Dallewo. A fila anda até hoje com uma infindável lista de namorados, que vai de políticos a líderes religiosos. Num antro de ganância, ficou mimada com o passar dos anos. E porque até agora nenhuma voz influente se levantou para declará-la independente? Uma palavrinha de seis letras e três sílabas resume por si só seu encaminhamento rumo a inevitável decadência: MAMATA.
É de dar pena. Como podemos dar os parabéns a uma senhora tão doente quanto teimosa, que prefere não mexer no seu passado (seja ele bom ou mau) para continuar atuando num robotizado círculo vicioso, que inclui também a obsessão pela numerologia, que a levou a optar pela quantidade do que pela qualidade. Há uma frase no documentário uruguaio Mundialito (que recomendo) que diz o seguinte: "Quem prefere esquecer o passado, está condenado a repeti-lo". Este conselho vale para todos que estão relacionados a ela e que não vivem sem ela. E afinal, quem é essa "primma donna" aniversariante do dia? Ora... é a TELEVISÃO BRASILEIRA!
#PorUmaTVMelhor