OPINIÃO: Tum Tum Versus Plim Plim

Estamos alcançando a metade da terceira década do Século XXI e nossas mídias audiovisuais, por orgulho ou militância fã-clubística, regredi...

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

OPINIÃO: Tum Tum Versus Plim Plim


Estamos alcançando a metade da terceira década do Século XXI e nossas mídias audiovisuais, por orgulho ou militância fã-clubística, regrediram assustadoramente de tão despreparadas que estão. De que adianta melhorar a qualidade de transmissão da TV se não melhoram o conteúdo da programação? Peço que tomem cuidado, distintos seguidores, para não se tornarem uma geração excessivamente "babona" de fanbases que, infelizmente, moldou nossa mídia que já possui um alto déficit de credibilidade. Estamos carentes de personalidade. Os poucos argumentos que li à respeito da TV 3.0 não me convencem mais, são muito vagos (até segunda ordem). Somente alguém com experiência comprovada e tarimba, ligado as mídias que tanto amo, pode me explicar direito sobre o assunto, sem essa empolgação entusiasmada que é de lei nas redes sociais. Quem sabe numa grande feira de mídia que pinte num futuro próximo.

O streaming veio para ficar mesmo e chego a seguinte conclusão de que a TV aberta brasileira é como "águas passadas". Ninguém se preparou para mudanças, muito pelo contrário, a relutância tornou-se corporativa. O que se vê é uma TV aberta assumidamente gananciosa, teimosa e discriminatória. Todo aquele resquício de que tudo era permitido nos anos 90 virou uma sequela indelével, uma ferida aberta que jamais se cicatrizará. Sinceramente, do fundo do coração, minha vontade é de desistir, aliás, já desisti há muito tempo da TV aberta, já não mais a assisto há mais de 10 anos.

Bem que o sinal aberto da TV Globo podia perfeitamente ser desligado para sempre e voltar suas atenções exclusivamente para o Globoplay, afinal, o streaming anda gerando mais lucros do que a já "lacrada" TV aberta. Escrevo "lacrada" porque as restrições de publicidade praticamente inviabilizou as emissoras de se sustentarem com o dinheiro de anunciantes e se encaminham automaticamente para as mais gradativas e inesperadas dificuldades financeiras. Não se pode mais veicular, por exemplo, um comercial de guloseima açucarada no horário nobre, mas de cerveja no futebol da tarde, pode. Isso tá errado. Como é que anunciarão se não há quem transmita?

Sem legislação para tal e sem ninguém a levantar a voz para defender sua privatização e encaminhá-la para um futuro seguro é caminhar para a perdição eterna. É pedir também pra desligar os transmissores e sair do ar, graças àquele excesso inflamado de orgulho. As outras TVs, em nenhum momento, inovaram. Alegando "mercadologia" e "tendencialismo", vivem a repetir a mesma fórmula umas das outras para conseguir migalhas de audiência, acomodadas que só, sob pretexto de se fazer TV para o "povão". O foco, na verdade, é o telespectador flutuante, que existe a granel, que não é fiel a nada e perdeu a lucidez e a inteligência de poder escolher um programa sem compromisso para assistir. E o resultado está aí: a cada ano que passa vemos uma TV aberta cada vez mais vulgar, sempre indo de mal a pior.

Os chamados "novos tempos" não prestam mais para aquele triunvirato que compõem a mais duvidosa e birrenta joint-venture que o Brasil já conheceu, o Simba Content (SBT/Record/Rede TV!). Seria melhor se essas três redes, que moldaram até certo ponto a TV brasileira nesses últimos tempos, deixassem de existir, pois não estão acrescentando (e não vão mais acrescentar) mais nada na TV de hoje em dia. A forma em que essas emissoras pararam no tempo há mais de 20 anos, tratam o tema "digitalização" como "ameaça" a seus supostos poderios. Mas quanta besteira. Para eles, o futuro da TV se resume exclusivamente em fofocas de artistas concorrentes, assistencialismo barato, violência banalizada, falso-moralismo de superstars carismáticos e sensacionalismo fabricado.

Como comentei certa feita, o streaming representa democracia e a TV aberta a escravidão. Gostaria que neste novo ano que estamos entrando, sigam este meu conselho: DESISTAM DA TV ABERTA E ASSINEM LOGO UM STREAMING. Todos sabem que o Netflix é o número 1 e ainda vai liderar o ramo por muitos e muitos anos, pelo fato de sempre inovar em tecnologia e conteúdos diversificados. O Prime sai na frente na sua impressionante cobertura esportiva e eventos em tempo real. O Max (resultado da sinergia entre Warner, HBO, Discovery e TNT) vem emergindo e ameaçando com um catálogo bem variado, enquanto que o Disney+ vem pecando na saturada "lacração" de seus importantes conteúdos devido ao entendimento distorcido de "inclusão social", entendedores entenderão. Se a Globo deixar a TV aberta e se concentrar definitivamente no streaming, veremos no Brasil uma briga de foice entre Globoplay e Netflix. Os "órfãos" da Globo aberta irão imediatamente aderir a um plano mais barato que a fará fatalmente ultrapassar a gigante norte-americana em numero de assinantes.

Por outro lado, o Netflix terá que investir ainda mais em conteúdos brasileiros, se é que quer continuar a ter mais assinantes que o seu concorrente verde-amarelo. E mais, se um dia resolver competir com o Prime pelos direitos de transmissão dos campeonatos de futebol e entrar pra valer no ramo dos esportes, adeus Première (pay-per-view é coisa de velho). A transmissão da noitada de boxe que culminou com o combate entre Jake Paul e Mike Tyson em 15 de novembro, foi uma amostra grátis do que o Netflix pode ser capaz nesse tipo de cobertura. Existe um outro streaming aqui no Brasil, bem desconhecido do grande público chamado Looke e possui uma curiosa e interessante infinidade de longas-metragens em seu catálogo. Principalmente aqueles filmes bem antigos, incluindo alguns brasileiros dos anos 50 e 60, mas a falta de marketing e de apelo comercial, tornou-se um "oxigênio" da mídia: está no ar, mas ninguém vê. Se algum gigante brasileiro da comunicação pudesse adquiri-la...

Voltando a situação das TV abertas, se focalizarmos detalhadamente cada integrante do Simba, se o Satânico Dr. Macedo morrer amanhã, acabou a Record TV e a igreja dele. Quem ousaria a comprar uma emissora consumida e influenciada pelo empoderamento e autossuficiência evangélico(a) que um dia sonhara em monopolizar o Brasil através do suspeitoso ponto-de-vista dos preceitos divinos de uma controversa "placa de igreja"? Em quase 30 anos, conseguiram fazer a cabeça de toda a classe política brasileira, sem ideologia alguma porque, pra essa bispaiada, o que importa acima de tudo é o dinheiro, a mamata em primeiro lugar. Se a Globo um dia migrar em definitivo para o streaming, a euforia da Record aberta em conseguir o tão almejado "caminho da liderança" vai durar pouco pelos motivos já mencionados linhas cima.

Lembram daquele diálogo do Seu Madruga com o Chaves quando se sentia mal? Ele chegou a dizer "Mas hoje de manhã eu estava me sentindo tão bem" e o garoto do barril replicou "Foi a mesma coisa que disse a senhora da casa ao lado antes de morrer". Ironicamente, este é o retrato do SBT, que mesmo após o falecimento de seu idolatrado proprietário em 17 de agosto, ainda aposta no fã-clubismo crônico pela alma do "Patrão", que se estende principalmente a essa mídia babona (e enlutada, diga-se de passagem), para se colocar na posição de "A Primeira Bolacha do Pacote". Nem o Chaves vai salvar o SBT e tampouco fazê-la voltar a amedrontar a Globo, muito pelo contrário, continuará sendo motivo de chacota no circuito televisivo por estar fora da realidade, é como estar na "Terra do Nunca da Televisão". Esse +SBT pra mim, não passa de um clube particular para machistas nerds mimados onde só postam aquilo que lhes interessam, pois pra eles, a vida é um eterno programa de auditório. Um tremendo desperdício com a própria memória, não acham? Será que o Sr. Carlos Roberto Massa estaria disposto a gastar seus preciosos "cascalhos" e comprar o SBT? Ou ele sucedeu ao cargo de "Papai Pão Duro"?

Já a Rede TV!, que completou bodas de prata para a alegria dessas fanbases babonas (em sua maioria menores de 18 anos) que festejam por nada por acontecimentos meramente irrelevantes da nossa pobre TV feito marmanjos que vibram de alegria quando ganham uma barra de chocolate, convencionou-se de fato num grande erro estratégico/empresarial desde seu nascimento. A ganância é sua palavra de ordem e não acrescentou em nada na história, pelo contrário, roubou IBOPE das concorrentes às custas delas mesmas e esse foi seu principal sustento com programas de conteúdo extremamente duvidoso. Para a "dupla sertaneja" Marcelo & Amílcare, o Dom Quixote e Sancho Pança da TV brasileira, um conselho contundente: DEVOLVAM AS CONCESSÕES AO HAMILTON LUCAS DE OLIVEIRA E VIREM UMA WEB-TV, SEGUINDO O EXEMPLO DO CANAL UOL.

Nesse panorama todo, chego a conclusão de que o streaming é mil vezes melhor que a tal TV 3.0 graças a descarada falta de cultura de tecnologia do nosso país. Mas posso abrir uma exceção com o trabalho pioneiro que a Samsung vem desenvolvendo e que descobri recentemente: a Samsung TV Plus que disponibiliza gratuitamente em seus mais recentes modelos de Smart-TV quase 100 canais fast para todos os gostos, exibindo conteúdos em sessões corridas (tirando os de notícias/esportes em tempo real)! Tal como Malhação, Masterchef Brasil, DPA, Teletubbies, Turma da Mônica, Naruto, FIFA, Bob Esponja, Icarly, Mr. Bean, A Escrava Isaura, Sony One, entre outros. Pra quem gosta de TV de verdade como eu e sem preferência por 'A' ou 'B', essa Samsung TV Plus é um prato cheio e meio que "salvou a pátria" da televisão, ganhando muitos adeptos atualmente, só basta ter sinal de internet, login e pronto. Quem sabe um dia as séries de Chespirito, o comentadíssimo +Saudade do SBT e os jogos antigos das competições CBF entram nesse catálogo fast. Esse pode ser o futuro das web-TVs (o Canal UOL e o CazéTV, por exemplo, estão lá também!).

Pra terminar, eu penso muito nas pessoas de baixo poder aquisitivo que não possuem as mínimas condições em ter um conversor digital (por mais pirata ou vagabundo que seja) ou um desses aparelhos sofisticados para assistir nem que seja de graça esses pluralismo audiovisual. Qualquer fabricante de eletrodomésticos (alô Apple, a mais venerada de todas) deveria fazer um projeto de inclusão digital aqui no Brasil para permitir aos mais "pobres" a terem as noções básicas de se forjar uma cultura digital no dia-a-dia, não apenas nos smart-phones da vida, mas num Smart-TV, num Tablet ou até num PC (laptop/notebook). Assim, os mais velhos que estão chegando na casa dos 60 anos abandonem de vez esse modo de vida sedentário e morfético de ficarem o dia todo plantados no sofá, sem comer, sem beber e sem ir ao banheiro, e aguentando os desaforos de uma única estação de TV aberta tão vazia quanto mercenária (tanto em dinheiro quanto em pontos de audiência) das 10 da manhã a meia-noite e entrem de cabeça nesse processo de digitalização popular.

Portanto, viva a liberdade de escolha! Chega de monopólios! O público merece algo melhor! O Gian Carlos do blog TVer ou Não TVer, que está brincando de televisão (no bom sentido da palavra), que o diga!

#PorUmaTVMelhor

PS: Se vocês não gostaram, não sejam sádicos comigo, me cancelem!