HISTÓRIA: Semana Maldita na Globo

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quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

OPINIÃO: Balanço da Televisão Brasileira em 2018


Como venho fazendo todos os anos, vamos analisar como a televisão aberta brasileira se "comportou" em 2018. Numa pincelada inicial, posso assegurar que a acomodação foi geral, não houve mudanças significativas entre um ano e outro. A impressão que ficou é que as grandes redes seguiram aquela máxima futebolística como forma de tapar o sol com a peneira: Em time que está ganhando, não se mexe. A crise falou tão alto que essas emissoras foram obrigadas a desgastar seus melhores produtos, o que ocasionou uma inevitável queda de audiência. Lógico que as novas mídias digitais vem se popularizando rapidamente, mas incorporar essa linguagem imposta pela internet e comunidades sociais na conquista de um público jovem, pode representar um grande risco a ponto de espantar um público maduro ainda acostumado em assistir televisão, provocando audiências cada vez menores.
Neste ano de 2018, o instituto Kantar-IBOPE calculou os 10 programas de maior audiência das cinco redes brasileiras de televisão num universo composto por 15 cidades brasileiras: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória, abrangendo 24,8 milhões de domicílios e 69,4 milhões de telespectadores. Confiram agora qual foi o resultado final dos programas de maior audiência em cada uma das cinco grandes emissoras segundo minha habitual análise que venho fazendo todos os anos pontuando os que aparecem nos top 10, seguidos de suas respectivas médias nacionais recordes do ano:


Rede Bandeirantes
Foi um ano preocupante da emissora da família Saad. O futebol, responsável pelos seus melhores índices ibopísticos, saiu de cena e o investimento no setor de entretenimento aparentemente emergencial, não anda combinando com a Band pois vem desgastando o Masterchef Brasil até não poder mais. Seu forte ainda é o jornalismo sério, uma fuga do estilo "descolado" que vem sendo imposto, e os enlatados, que por incrível que pareça rende boas pontuações à atual condição que a rede se encontra. O ponto fraco é ainda insistir nos bate-bocas esportivos do meio-dia, a ponto disso virar tendência na TV como forma comercial de se fazer "jornalismo esportivo". Seu recorde de audiência de 2018 foi a transmissão dos debates eleitorais com os candidatos a governador de vários estados brasileiros, obtendo a média de 5,8 pontos.

1) Jornal da Band - 4,0 pontos
2) Brasil Urgente - 3,5 pontos
3) Masterchef Brasil - 5,2 pontos
4) Jogo Aberto - 2,7 pontos
5) Justiça Implacável - 3,7 pontos (1,8% de audiência individual)
6) Quarta no Cinema - 3,7 pontos em 21/3 com a exibição do filme Jogo de Interesses (1,7% de audiência individual)
7) Agora é Domingo com Datena - 4,1 pontos
8) Sessão Livre - 3,2 pontos em 4/3 com a exibição do filme A Família Adams
9) Domingo no Cinema - 3,8 pontos em 14/1 com a exibição do filme Obsessão
10) Só Risos - 3,4 pontos


Rede Globo
Ibopísticamente, como todos os anos que entram e saem, a Globo não tem nada do que reclamar dos seus índices de audiência cada vez mais líderes do que nunca (morram de inveja). Porém, como alertei no texto introdutório, se submeter a linguagem das redes sociais pode representar um perigo, ainda mais adotando a politica do corporativismo conjunto com os canais pagos, cujo público é mais descolado e viciado em comunidades sociais. Até as novelas e o próprio jornalismo se submetem a essa tendência do "descolamento", dando ponto final no estilo de "conservadorismo liberal" Global, só pra se assemelhar com pé de igualdade à concorrência (o medo de perder o primeiro lugar ainda perdura). Seu recorde de audiência de 2018 foi marcar a média de 42,5 pontos nos últimos capítulos da novela O Outro Lado do Paraíso.

1) Jornal Nacional - 32,4 pontos
2) Praça-2 - 27,8 pontos
3) Segundo Sol - 37,9 pontos
4) Futebol de Quarta-Feira - 32,6 pontos em 17/10 com a final da Copa do Brasil entre Corinthians e Cruzeiro
5) O Outro Lado do Paraíso - 42,5 pontos
6) Deus, Salve o Rei - 29,6 pontos
7) O Tempo Não Pára - 36,9 pontos
8) Globo Repórter - 27,1 pontos
9) Fantástico - 27,6 pontos
10) Big Brother Brasil - 30,6 pontos


Rede Record
No ano em que completou 65 anos no ar e ainda sob o poder de homens de má-fé ainda desejosos no monopólio da religião evangélica no Brasil, essa anti-emissora parece anestesiada com os efeitos de queda livre nas médias ibopísticas que sua programação vem enfrentando. Vem se especializando cada vez mais no assistencialismo sentimentalista, no jornalismo marrom e nas reprises inveteradas de suas novelas bíblicas para manter tudo sob controle. Seu destaque positivo não se encontra entre suas maiores audiências, é o bem sucedido Programa do Porchat que atraiu bons comentários da crítica e do público, apesar das limitações de liberdade de expressão impostas pela "Recorja de bispos". Seu recorde de audiência de 2018 foi a cobertura do segundo turno das eleições presidenciais intitulada O Voto na Record, alcançando médias de 14,5 pontos.

1) Domingo Espetacular - 12,1 pontos
2) Cidade Alerta - 11,3  pontos
3) Hora do Faro - 10,8 pontos (5,0% de audiência individual)
4) Jornal da Record - 11,1 pontos
5) Os Dez Mandamentos (reprise) - 13,0 pontos
6) A Terra Prometida (reprise) - 10,8 pontos (5,1% de audiência individual)
7) Jesus - 12,0 pontos
8) Apocalipse - 13,8 pontos
9) Domingo Show - 10,7 pontos
10) O Voto na Record - 14,5 pontos


Rede TV!
Nenhuma novidade, se compararmos o top 10 de 2018 com o de 2017, a gente vai notar que praticamente os mesmos programas constam nesta listagem, exceto Conexão Models. Com a perca de grandes eventos esportivos nacionais, a caçula das TVs tenta se virar como pode na busca pelo prestígio na cobertura de ligas estrangeiras de futebol (Campeonato Inglês). Fora isso, seu jornalismo continua atuante e uma coisa pode ser dita com total segurança: herdou da Manchete (sua antecessora) a maneira diferente de se fazer jornalismo investigativo na TV aberta brasileira. Esse é seu ponto forte. O ponto fraco é ainda sua programação de entretenimento, que passados 17 anos permanece ainda parada no tempo. Por mais um ano seguido, Encrenca continua ser responsável pela média recorde do ano da Rede TV!, com 4,7 pontos.

1) Encrenca - 4,7 pontos
2) João Kléber Show - 3,3 pontos
3) Superpop - 2,1 pontos
4) Operação de Risco - 2,2 pontos
5) A Tarde é Sua - 1,8 pontos
6) O Céu é o Limite - 1,7 pontos (0,7 % de audiência individual e 2,5% de alcance acumulado)
7) Luciana by Night - 1,7 pontos (0,8% de audiência individual)
8) TV Fama - 1,3 pontos
9) Mega Senha - 1,7 pontos (0,7 % de audiência individual e 1,6% de alcance acumulado)
10) Conexão Models - 1,4 pontos


SBT
Um público dividido e cada vez mais entregue a idolatria de um proprietário que adora tirar vantagem de sua imagem de mito. É o que definimos mais uma vez o desempenho do SBT. A teledramaturgia infanto-juvenil é ainda seu ponto forte. Porém, há uma contradição: quem adora programa de auditório detesta novela. Para os "SBTistas do mal", militantes das redes sociais que fazem barulho em favor de Silvio Santos, aliados a mídia podre de celebridades deste país, a vida é um eterno programa de auditório. Se ainda negarem a reciclagem do gênero que o tempo exige, com um "fã-clube" cada vez mais puxando o saco e atendendo os caprichos do clã Abravanel, tudo irá por água abaixo se o dito-cujo partir dessa pra melhor. Os capítulos finais da novela Carinha de Anjo deram a emissora a média recorde do ano com 13,4 pontos.

1) Programa Silvio Santos - 12,6 pontos
2) A Praça é Nossa - 10,5 pontos
3) As Aventuras de Poliana - 12,9 pontos
4) Tele Sena - 10,9 pontos
5) Roda a Roda Jequiti - 10,3 pontos
6) Chiquititas (reprise) - 11,3 pontos
7) Carinha de Anjo - 13,4 pontos
8) Pra Ganhar é Só Rodar - 9,7 pontos
9) Coração Indomável - 9,4 pontos
10) Programa do Ratinho - 9,1 pontos

A programação enlatada, ou seja, os filmes de longa-metragem continuam com boa audiência ainda mais impulsionados com a popularização das plataformas digitais e a tendência de que na próxima década, a TV aberta volte a aderir a programação de séries e seriados estrangeiros desde que se reinvente como veículo popular voltado à família e não exclusivamente descolado e preso a linguagem das redes sociais. Na Globo, o filme mais visto foi a exibição de um episódio duplo da série The Good Doctor - O Bom Doutor (disponível na Globo Play), cartaz de Tela Quente em 27 de agosto, registrando a média nacional de 28,7 pontos. No SBT, o longa mais assistido foi Um Tira Acima da Média, cartaz do Cine Espetacular em 4 de dezembro, com 9,2 pontos de média. Na Record, o filme Um Policial em Apuros registrou a média de 7,9 pontos em 14 de fevereiro no Cine Record Especial e na Band, o filme com a média recorde foi Predadores marcando 4,5 pontos em 31 de janeiro no Cine Band.
Quanto as transmissões de futebol, a Globo se firmou cada vez mais como a "dona do futebol brasileiro", embora estejam acolhendo provas (papo de bastidores) que comprovem tal monopólio, tendo como principais aliados a própria CBF e os times de maior torcida do país, que abocanham a maior fatia do bolo financeiro de uma forma desigual, independentemente de posição conquistada na última temporada. É um círculo vicioso que parece jamais ter cura se o dinheiro eternamente continuar a desmandar no Brasil. Isso merece uma intervenção federal por parte do Ministério dos Esportes (se é que esta pasta ainda existe). Até porque, o dinheiro que a Globo gasta e inflaciona para investir em futebol daria exato para quitar todos os seus impostos (evitando assim seu fechamento). O curioso é que oito dos dez jogos relacionados abaixo ocorreram nas movimentadas noites de quarta-feira. Confiram agora o top 10 dos jogos interclubes de maior audiência na TV brasileira:

  1. Palmeiras x Corinthians - 8 de abril, Segundo Jogo da Final do Campeonato Paulista: 33,8 pontos
  2. Corinthians x Cruzeiro - 17 de outubro, Segundo Jogo da Final da Copa do Brasil: 32,6 pontos
  3. Corinthians x São Paulo - 28 de março, Semifinal do Campeonato Paulista: 32,2 pontos
  4. Corinthians x Flamengo - 26 de setembro, Semifinal da Copa do Brasil: 31,2 pontos
  5. Real Madrid-ESP x Paris Saint German-FRA, 14 de fevereiro, Oitavas-de-Final da Liga dos Campeões da Europa: 30,5 pontos (sendo 25,0 da Globo e 5,5 da Band)
  6. Cruzeiro x Flamengo, 29 de agosto, Oitavas-de-Final da Copa Libertadores da América: 29,6 pontos
  7. Palmeiras x Boca Juniors-ARG, 31 de outubro, Semifinal da Copa Libertadores da América: 28,7 pontos
  8. Flamengo x River Plate-ARG, 28 de fevereiro, Fase de Grupos da Copa Libertadores da América: 28,2 pontos (sendo 13,2% de audiência individual e 29,5% de alcance acumulado)
  9. Cruzeiro x Corinthians, 10 de outubro, Primeiro Jogo da Final da Copa do Brasil: 28,2 pontos (13,2% de audiência individual e 28,5% de alcance acumulado)
  10. Flamengo x Grêmio, 21 de novembro, Returno do Campeonato Brasileiro: 28,1 pontos

O ano de 2018 foi marcado também pela realização da Copa do Mundo de Futebol realizada na Rússia, considerada esta um dos melhores Mundiais já disputados nos últimos anos. O bom futebol apresentado pelas equipes refletiu nos índices de audiência aqui no Brasil e o time França merecidamente sagrou-se campeão pela segunda vez na história. Com apenas três emissoras transmitindo a competição (sendo duas pagas: SporTV e Fox Sports, e uma única aberta: Globo), o Brasil foi o país que mais assistiu aos jogos da Copa na América Latina com média proporcional de 31% de audiência e cerca de 200 milhões de telespectadores, já segundo o PNT, a média domiciliar em sinal de TV aberta registrada foi de 26%. O que significa que a audiência da Copa do Mundo FIFA teve um aumento considerado comparado com os índices do torneio anterior realizado no Brasil (talvez pelo fato de fazer muita gente ter ido aos estádios do que superlotar bares para ver as partidas). Confiram o top 10 dos jogos da Copa mais assistidos no Brasil:

  1. Sérvia x Brasil, 27 de junho, Fase de Grupos - 62% (sendo 30,6 pontos de média)
  2. Brasil x México, 2 de julho, Oitavas-de-Final - 62% (sendo 27,2 pontos de média)
  3. Brasil x Bélgica, 6 de julho, Quartas-de-Final - 60% (sendo 30,8 pontos de média)
  4. Brasil x Costa Rica, 22 de junho, Fase de Grupos - 60% (sendo 22,0 pontos de média)
  5. Brasil x Suiça, 17 de junho, Fase de Grupos - 55% (sendo 30,5 pontos de média)
  6. França x Croácia, 15 de julho, Final - 44% (sendo 27,6 pontos de média)
  7. Uruguai x Portugal, 30 de junho, Oitavas-de-Final - 38% (sendo 22,1 pontos de média)
  8. Alemanha x México, 17 de junho, Fase de Grupos - 36% (sendo 25,8 pontos de média)
  9. Croácia x Dinamarca, 1º de julho, Oitavas-de-Final - 35% (sendo 21,7 pontos de média)
  10. Espanha x Rússia, 30 de junho, Oitavas-de-Final - 34% (sendo 23,4 pontos de média)

Fonte:

Para 2019, o diagnóstico chega a ser difícil de ser previsto, já que a acomodação continua perdurando e vai perdurar para todo o sempre, Amém, até Deus sabe quando. Quem diga a classe gananciosa (leia-se esquerda socialista e igreja evangélica) que consegue manipular o sistema e comprar o sistema jurídico brasileiro a ponto de instaurar uma censura como pretexto de impor um escudo anti-crítica. Mas com a mudança de governo, adotando o estilo "duro na queda", as mudanças serão de dentro pra fora, ou seja, dos bastidores até ser sentida gradualmente aos olhos do grande público. Isso pode gerar uma série de questionamentos e que isso possa servir de reflexão a todos que seguem e acompanham este modesto blog:
  • Será que a Rede Globo vai mesmo sair do ar para sempre e encerrar suas atividades somente pelo fato de sonegar impostos?
  • Será que a Band não conseguirá superar seus problemas internos e sofrerá o mesmo fim que outrora tivera a TV Tupi?
  • Será que a Rede TV! sofrerá uma CPI comprovando a participação de "laranjas" em seu sustento financeiro, levando sua cassação?
  • Será que o SBT vai naufragar com a morte de Silvio Santos e sofrer uma disputa judicial pela sua posse entre o sócio Ratinho e a provável briga em família dos Abravanel?
  • Será que a Igreja Universal do Reino de Deus será a grande vitoriosa a ponto de elevar a RecordTV na condição de única emissora/empresa de radioteledifusão do Brasil?
Essas respostas serão respondidas no decorrer dos 12 meses e 365 dias de 2019. Aguardem!

Extraído de: