HISTÓRIA: Cidade Contra Cidade - 56 Anos

Eu fiquei emocionado Naquele domingo à tarde Quando assisti ao programa Cidade Contra Cidade (...) Carlos Cezar, José Fortuna e Valentino Gu...

terça-feira, 22 de maio de 2018

FICÇÃO: A Melhor Copa de Todos os Tempos - 2ª Parte

O árbitro determina o início do jogo. Agora é pra valer! O Brasil enfim estreava na Copa, mas a Suíça é que dá o pontapé inicial. O jogo foi de fato difícil e o primeiro tempo foi super tenso, sorte que eu estava bem relaxado, entoando com a torcida o coro de “Brasil! Brasil! Brasil!”. Quem estava nervoso agora era o Brutus. E toca a roer a unha! O goleiro suíço Sommer fechou o gol durante todo o primeiro tempo e até levou uma bola na trave num chute poderoso de Paulinho. Mas o lance mais dramático foi quando o lateral brasileiro Danilo, nervoso com a estreia (e por substituir Daniel Alves, cortado por causa de uma lesão), comete um passe errado no meio-campo e o suíço Xhaka arma um perigoso contra-ataque. Vários jogadores brasileiros armam a defesa e tentam tirar a bola, o goleiro Alisson sai desesperadamente de sua meta e o atacante Shaqiri recebe livre pra marcar o gol. Eu abaixo a cabeça e fecha os olhos durante o lance. O suíço demora um pouco para a conclusão, mas o zagueiro Miranda aparece salvando a bola em cima da linha e quase o Brasil toma o gol da Suíça. Após o lance, Brutus entoa um “uh!” e beija um colarzinho de seu santo predileto. Eu viro pra ele e ouço a tirada:
- Deus é brasileiro!
- Ainda bem – e complemento – ...que não foi gol.
No segundo tempo, a agonia continuava. William entra no lugar de Renato Augusto e aos poucos, a vitória brasileira começou a tomar forma. O mesmo William recebe a bola e abre a jogada para Philipe Coutinho no meio, livre de marcação e sem impedimento. Ele dribla Sommer e marca o único gol da partida aos 32 minutos de jogo. Brasil 1x0. Os jogadores brasileiros comemoram, Tite aplaude a jogada discretamente e Brutus e eu festejamos com a torcida nas arquibancadas. O Brasil logo tem o jogo sob o seu controle e após o apito final do juiz, eu me levanto aplaudindo aliviado a primeira vitória brasileira e Brutus se levanta cruzando os braços e com a cara amarrada. Eu comento o jogo para ele:
- Tá vendo só, Brutus? Esses branquelos têm que comer muita farinha de CHOCOLATE pra ganhar da gente!
- Assim não dá, acho que esse Tite foi torturador em outra encarnação.
- Por que você acha isso, Brutus?
- Ele domina as técnicas da profissão. Esse time tá mal arrumado que dói e ele lá no banco assiste nossa dor. Numa boa tortura, se um torturado perdesse a esperança, não se importaria com mais nada. – diz Brutus enquanto ele e eu, sem entender nada, deixamos o estádio.

Num pub do aeroporto de Rostov esperando o voo de volta pra Moscou, nossa discussão sobre a partida continua:
- 1x0 sofrido, hein? O Philipe Coutinho salvou a nossa pátria, o senhor não acha?
- Já te falei que nome não ganha jogo! – retruca Brutus – Foi chocho esse jogo. Só tem gente mole em campo. Esse 1x0 traz uma falsa sensação de que o Brasil jogou bem, mas não foi "bem" assim!
- Ah, mas praticamente foi uma goleada perante o adversário difícil que foi a Suíça e isso dá moral pra Seleção crescer durante o torneio. Nós ganhamos e isso é o que importa!
- Mas eu não gostei. As vitórias devem ser grandiosas e acima de tudo bombásticas!
- Mas eu adorei. Basta que sejam vitórias, Brutus!
- Vocês, jovens, são muito moles. Jamais dariam um golpe de estado.
- Daríamos e ninguém percebia! Excuse (pro barman, em inglês, pedindo uma cerveja pro Brutus), a beer to my friend, please?
- Você ficou louco? Eu não posso beber. Esqueceu que sou cardíaco?
- Só hoje, Brutus, só hoje pra comemorar. Com o empate hoje mais cedo entre Costa Rica e Sérvia em 2x2, nós estamos liderando o Grupo E!
Arrisquei um chopinho pro Brutus e consegui reanimá-lo. Quando começava a beber, ele não conseguia parar. Bebeu tudo num gole só sem pestanejar! No final das contas, ele bebeu mais sete copos de chope e não sentiu nada.


22 de junho. Cinco dias depois, o Brasil teve o seu segundo compromisso na fase de grupos da Copa e seu adversário era tecnicamente mais fácil que os suíços: a Costa Rica. O jogo de cartas da noite anterior à partida havia sido longo demais e pelo fato de nós dois termos acordado tarde, perdemos a hora do café do hotel. Fui obrigado a tomar um café à la Brutus com pão com margarina sem sal e leite desnatado cru pra não perder a hora de pegar o trem-bala que ia de Moscou a São Petersburgo, local do jogo, em 4 horas de viagem. Como fui burro de não ter comprado vários pacotes de biscoito pra eu comer no apartamento. Durante o café, nós dois, naturalmente, discutíamos sobre o jogo entre Brasil e Costa Rica:
- Isso está mais sem gosto que a seleção do Tite. Aquele 1x0 sobre a Suíça foi sorte. A Costa Rica vai jogar na retranca e nós vamos ganhar deles de 2x0 no segundo tempo só de bola parada.
- Não seja turrão Brutus. O Brasil vai desencantar e ganhar de goleada! Vai ser 4x0 pra gente – concluí meu raciocínio erguendo um brinde com o copo de leite cru com o Brutus
Depois do café, logo pus meu uniforme de torcedor. Brutus se arrumava para ir ver o jogo comigo em São Petersbrugo e estava com mais pressa do que eu. Disse a ele que podia ir na frente e a gente ia se encontrar ou na estação de trem ou no próprio Estádio de São Petersburgo para ver a partida. Quando saí do quarto, uma grande coincidência. Esbarrei numa moça que carregava um monte de jornais e revistas e imediatamente a reconheci, fazia muitos anos que eu não a via:
- Sofia!
- Renê, quanto tempo! – diz Sofia mais surpresa ainda e dá um abraço demorado em mim
A Sofia era uma amiga de longa data. Estudou comigo no colégio e fomos até colegas de estágio no banco. Mas teve que sair, pois havia sido promovida e contratada em outro segmento da mesma empresa bancária e acabou se mudando pra outra cidade.
- Como esse mundo é pequeno Renê! Você continua lá no banco como assistente da gerência?
- Sim e tô aqui porque ganhei um concurso interno do banco que valia uma viagem pra Copa. Quer dizer, o vencedor se enfartou e quebrou a perna e como eu fiquei em segundo, levei a melhor!
- E você está hospedado no mesmo andar que eu?!
- Você é minha vizinha de quarto?
- Claro! Vamos até meu quarto e comemorar com antecipação mais uma vitória do Brasil!
A Sofia era inteligente, simpática, animada e muito bonita. Confesso que eu tinha uma atração por ela, uma paixão platônica desde os tempos da escola. Só que ela namorava sério com um rapaz e ficou noiva dele. Papo vai, papo vem, nós tínhamos bebido uma garrafa inteira de vodka Orloff para festejar com antecedência a vitória do Brasil frente a Costa Rica e ela, tão grogue quanto eu, logo começou a falar sobre sua vida, seus segredos e chegou a desabafar comigo sobre o fim do noivado:
- Eu gostava muito dele. Você não tem ideia. Só que ele era muito estressado e ciumento. Não podia fazer nada que ele ficava em cima de mim o tempo todo. Até chegar o dia que eu disse pra ele “chega”. E a partir disso ele nunca mais me encheu o saco.
- Mesmo vendo a Copa com suas amigas, você se sente um pouco só? – perguntei enquanto envolvia Sofia em seus braços
- Queria muito que essa minha viagem pra Copa fosse uma lua-de-mel. Não basta você viajar em grupo de amigos. Sempre rola uma paixão e algo mais.
- Sabia que eu era “xonado” por você desde os tempos da escola? Eu era muito tímido e inseguro e não conseguia declarar o quanto de tesão eu sentia por você. Não quer aproveitar e tirar uns anos de atraso de mim, pra que eu possa retribuir o teu desejo de fazer dessa Copa uma lua-de-mel a sós?
 - Porque você não me disse isso antes? Se você tivesse falado, não estaria comprometida todo esse tempo – disse Sofia emendando um “chupão” em mim
Nós compensamos nossos atrasos mutuamente. Nós dois logo se beijamos, tirei minha camisa e ela vira em minha direção tira seu sutiã. Finalmente pude ficar sozinho com ela debaixo dos edredons e depois, debaixo do chuveiro. Quando terminou a "hora do amor", para eu não perder o trem-bala para São Petersburgo, arrisquei um convite a Sofia:
- Quer assistir o jogo comigo lá no estádio?
- Não tenho ingresso, vou ficar com as minhas amigas. Combinei com elas de ver o jogo numa "rave" para turistas aqui de Moscou.
- Ah, que pena, minha diva – lamentei emendando com mais uma troca de beijos molhados, pois queria muito ter visto o jogo ao lado dela. Ah, esqueci de falar uma coisa. Apesar das qualidades marcantes à sua personalidade, ela tinha apenas dois defeitos: era muito baladeira e bebia demais.


Estádio de São Petersburgo, jogam Brasil e Costa Rica! Mesmo depois de passar uma manhã relâmpago com a Sofia, consegui me encontrar com o Brutus a tempo nas arquibancadas do estádio e ver aquela que foi uma vitória tranquila para que nossa Seleção pudesse desafogar de vez na Copa. Primeiro tempo, Marcelo domina pela esquerda, o zagueiro costarriquenho deixa escapar a bola na tentativa de desarme e Neymar abre o placar aos 19 minutos: Brasil 1x0. Jogadores festejam em campo, Tite ergue os punhos e eu e Brutus vibramos nas arquibancadas. Aos 40 minutos, Paulinho domina a bola entre dois marcadores adversários, ele não encontra espaço e toca de calcanhar para Gabriel Jesus. Ele invade a área contra o marcador e arrisca um chute rasante sem ângulo e indefensável que foi parar lá dentro do gol. Brasil 2x0. Segundo tempo, Renato Augusto tem a posse de bola e tenta achar espaço para armar a jogada. Ele encontra uma brecha na esquerda, deixa Neymar cara a cara com o goleiro Navas e ele não desperdiça a chance. Eram 20 minutos e o Brasil vencia por 3x0. Dois minutos mais tarde, descida da Costa Rica pela direita, cruzamento na área, Alisson sai do gol espalmando a bola e no rebote o meia-atacante Cristian Bolaños diminui o placar, 3x1. E nos dez minutos finais, Roberto Firmino (que entrou no lugar de Renato Augusto) recebe de Casemiro, ele dribla o marcador e passa para Neymar. Na tentativa de driblar o goleiro Navas, Neymar é derrubado na área... ou será que ele tentou cavar um pênalti na dividida com o dito cujo costarriquenho? Bem na verdade, ele caiu na área e o juiz precisou da ajuda do vídeo-árbitro para confirmar se foi ou não foi. Neymar rolava no gramado e gritava de dor sem parar com a mão no tornozelo direito e assim que o juiz verificou o lance, apitou e mandou o craque brasileiro se levantar pois estava com os cartões na mão. Neymar tava pendurado, tinha uma amarelo da estreia contra a Suíça (por zombar da arbitragem) e outro amarelo deste mesmo jogo por reclamação, sacramentando sua suspensão no jogo contra a Sérvia. Um outro cartão significaria sua expulsão da partida. E o veredicto do árbitro foi esse: simulação, ele não foi atingido pelo goleiro e deu um salto em direção ao gramado para inventar uma contusão e ganhar tempo com o placar favorável (a mesma coisa que aconteceu contra a Colômbia na Copa anterior). Enquanto Neymar era atendido e levado de maca, o juiz mostrava o cartão vermelho ao camisa 10 brasileiro. Eu e Brutus ficamos preocupados nas arquibancadas, pois o principal jogador brasileiro sai de maca expulso de campo. Mesmo com um jogador a menos, o Brasil soube de novo ter o jogo sob controle e confirmou mais uma vitória. Pois é, nem eu e nem o Brutus acertamos o placar do jogo de novo. Mas aquele resultado mostrou que o Brasil tinha o time ideal para ganhar aquela Copa. Todos comemoraram, menos o Brutus:
- E aí, gostou do jogo?
- Detestei!
- Eu já achei interessante.
- Você chama isso de vencer? Esses costarriquenhos tavam mesmo com medo da gente. Eles entregaram o ouro pra nós, esses fracotes. Se tivessem jogado o mesmo futebol que jogaram contra a Sérvia, eu acertava o placar! – esbravejou ele

27 de junho. Mais cinco dias depois e o Brasil encerraria sua turnê na fase de grupos da Copa, sorte que o jogo seria em Moscou. Apesar do baque que tomou da comissão de arbitragem da FIFA de que Neymar, por simular contusão ao tentar cavar um pênalti no jogo contra a Costa Rica, garantindo mordomias num hospital em que esteve “internado” em Sochi, pegou uma suspensão de três jogos. A CBF criou todo o clima para que a “contusão” não fosse desmentida e quase foi punida pela FIFA com perca de pontos e desclassificação automática, mas isso não passou de “fake news”. Àquela altura, já estávamos matematicamente classificados e Tite ia escalar uma seleção mista contra a desmotivada Sérvia, que havia perdido pra Suíça por 2x0 na rodada anterior. Muitos titulares pendurados seriam poupados e vários reservas iam ter a chance de atuar. Mas na noite anterior a partida, fiquei pensando: seria coincidência a Camila e a Sofia e as vitórias do Brasil frente a Suíça e a Costa Rica, respectivamente? Cheguei a conclusão que não, havia alguma ligação direta entre as duas coisas. Acabei enfiando aquele negócio na minha cabeça: se eu não fizesse a minha parte, isto é, se eu não ficasse com uma garota diferente antes dos jogos, o Brasil ia perder. Foi por causa disso que eu quase não consegui dormir direito. Quando amanheceu o dia, após o café da manhã, decidi dar uma volta pela cidade até encontrar a embaixada brasileira na Rússia. Dá pra acreditar? Chegando na embaixada, comecei a cantar a recepcionista. O nome dela era Catarina, uma quarentona atraente e bem recauchutada. Não era exatamente o meu tipo de beleza feminina, mas era um mulherão!
- Com licença, isso aqui é pra você – disse entregando um buquê para Catarina
- Pra mim? Ah, muito obrigada, nem sei como agradecer.
- E... Eu te observo há um ano sabia? Você faz o meu tipo ideal, porque em matéria de mulher, quanto mais, melhor.
- Eu tava precisando ouvir isso. Trabalho horas e horas feito uma condenada aqui na embaixada e quase não tenho tempo de ouvir esses seus sinceros elogios.
- Aproveito e te faço uma pergunta: você sabe onde fica o Estádio Spartak onde o Brasil vai jogar contra a Sérvia logo mais?
- O prédio onde eu moro é bem em frente ao estádio! – exclamou Catarina – E falando nisso, meu expediente por aqui terminou, vem comigo até meu apartamento e depois pra ver o jogo é um pulo só.
Ela acreditou na história e fui conhecer o apartamento dela, bonitinho por sinal. Até lá, disse que ela era inteligente, simpática e bonita. E depois de uns falsos olhares, falsos elogios e um falso rubi, deu tudo certo. Catarina aceitou se deitar comigo e posso dizer que valeu a pena ter com ela uma tarde de prazer antes da partida. Até almoçamos juntos, ela pediu comida chinesa.


Hora do jogo, eu mais uma vez encontrei com o Brutus nas arquibancadas (que veio de uber), dessa vez no Estádio Spartak. Apesar dos brasileiros jogarem com a classificação assegurada, o jogo estava muito chato e muito difícil, graças ao nervosismo dos sete reservas escalados para o jogo. Entre os titulares, apenas Marcelo, Casemiro, Renato Augusto e Philipe Coutinho estavam em campo. A Sérvia tinha mais posse de bola, mas não sabia atacar e quando o Brasil atacava, cometia passes errados bobos. Quando terminou o primeiro tempo, os torcedores vaiaram a atuação do “mistão” brasileiro e Brutus esbraveja:
- Mas que droga de jogo!
- Não é possível que a gente não ganhe desses caras – conclui – Até a Chapecoense, treinando direitinho, ganhava de goleada. Isso é jogo de peladeiro!
Foi só no segundo tempo que o Brasil teve mais tranqüilidade para definir a vitória. Aos 15 minutos, falta para o Brasil perto da área que Renato Augusto cobrou com precisão e abriu o placar. Brutus vibra muito com o gol e comenta na comemoração:
- Grande Renatão! Eu sou fã desse cara! Uma bomba, às vezes, é a solução!
Aos 30 minutos, Fernandinho cruza da esquerda e William recebe na entrada da área e marca o gol na dividida com o goleiro sérvio. Brasil 2x0. Quando acabou o jogo, Brutus se transformou completamente:
- Eu detestei esse jogo. Esse time é horrível. É assim que se consegue a classificação? É preciso mais ímpeto no ataque e esse Tite é retranqueiro e medroso!
- Prefiro ganhar de pouco do que perder de muito, é mais interessante – rebati – O time está invicto e o Tite só precisa mesmo é de mais força no meio de campo.
Ao ouvir meu comentário, Brutus ficou boquiaberto, concordando-o discretamente.

O mais importante é que o Brasil estava nas oitavas-de-final para enfrentar a Suécia, que havia vencido de virada o México por 2x1 garantindo o segundo lugar no Grupo F, atrás da favoritíssima Alemanha, com três vitórias em três jogos. Os outros duelos do mata-mata foram estes: Uruguai x Espanha, Portugal x Egito, França x Islândia, Argentina x Peru, Alemanha x Suiça, Bélgica x Senegal e Polônia x Inglaterra. No fim de tarde da véspera do jogo, eu e o Brutus estávamos fazendo uns palpites de outros confrontos da Copa quando vi um anúncio no jornal (a gente sempre comprava um jornal brasileiro Gazeta Nacional todas as manhãs na revistaria do Golden Ring Hotel) de um finíssimo restaurante:
- Ô Brutus? Olha o que eu encontrei aqui. (Começo a ler o anúncio) “Restaurante Panorama, você é atendido com garçons que falam a sua língua. Na recepção, pegue uma bandeira de seu país e coloque no centro da mesa onde vai sentar. Experimente nosso convert especial, nosso menu turístico e nossa carta de vinhos, preços especiais durante a Copa” (Eu paro de ler e comento surpreso) Não tinha reparado nisso! Esse restaurante é aqui perto! É bem em frente ao Golden Ring Hotel, onde estamos hospedados!
- É, já tava na hora da gente comer comida de verdade – comentou Brutus – Já tô enjoado de tanto sanduíche, café descafeinado, leite cru e os pãezinhos que eu pego lá embaixo. Nós já temos o suficiente pra gente se sustentar até o fim da Copa.
- Você gostaria de jantar comigo no “Panorama”?
- Mas é claro que sim, seu estúpido!


Brutus aceitou o convite imediatamente e nós fomos jantar naquela noite no Restaurante Panorama. Nos sentamos na mesa do restaurante colocando a bandeirinha do Brasil e liamos o cardápio quando...:
- Boa noite, brasileiros, qual é o pedido?
- Opa! Gostaria de experimentar esse menu turístico que vocês anunciam no jornal – pede Brutus
Quem nos atendeu não foi um garçom qualquer, mas uma garçonete! Quando ela falou aquilo fiquei encantado com ela. Muito atraente, de olhos claros e o melhor de tudo, tinha uma voz doce, cristalina e colegial. Para mim, a voz dela era como música para os meus ouvidos:
- E o garoto, vai pedir o quê?
Eu observo a lapela dela e digo seu nome em voz alta: “Giovanna”. Ela responde:
- Ah, esse é meu nome, vim atender você e o seu pai – imaginando que Brutus fosse meu pai.
- Eu não sou pai dele! – desmente Brutus – Sou só um parente distante, viemos assistir a Copa. Estamos hospedados aqui no Golden Ring Hotel, logo ali em frente.
Ao terminar de responder pra garçonete, Brutus repara que eu estava hipnotizado pela Giovanna:
- Renê? Acorda Renê! Quê que você quer jantar. Pedi um menu turístico e você?
Sem prestar atenção na pergunta e não tirando os olhos da garçonete, respondi:
- Também!
- Ainda bem que ele tá acordado! Então dois menus turísticos, pra mim e pra ele.
- O quê que você disse?
- Você também não queria um menu turístico? – comenta Brutus – Já fiz o pedido.
- Menu turístico? – logo observo o conteúdo do menu turístico no cardápio e leio em voz alta:
- Bacalhau, cuscuz e batata assada? – lê assustado – Ah não, quero peixe com fritas no capricho. É que a garçonete é encantadora. Nunca fui atendido por uma garçonete tão... simpática, elegante e formosa como você.
- Obrigada, você também é simpático, elegante e... bonitão! – responde Giovanna
- É! Ele quer te passar a faixa de “Miss Panorama”. Não pode ver uma bonitona que ele logo se apaixona – emendou Brutus com uma risada e uns tapas nas minhas costas
- E para beber, o que querem? – pergunta Giovanna
- Um bom vinho da carta de vinhos, o melhor que esse restaurante recomenda – responde Brutus imediatamente
Esse menu turístico devia ser delicioso mesmo. Só que Brutus se amarrou mesmo era na porção de azeitonas no convert do restaurante. Ele devorou a primeira porção num instante e ainda foram outras três porções:
- Pena que você não gosta de azeitona, Renê. Você não sabe o que está perdendo. Nunca comi umas azeitonas tão deliciosas como estas aqui! É a melhor azeitona de todo o mundo, sem semente! Queria saber a marca da azeitona que eles servem por aqui.
- E o seu coração, está mais valente do que nunca?
- O que você tá dizendo?
- Você não disse que era cardíaco? Você já comeu bacalhau, cuscuz, batata assada, vinho importado e agora essas azeitonas. E mesmo assim não aconteceu nada com você? Qual é o segredo?
- Deve ser aquele remédio que tomo toda noite antes de dormir.
Após o diálogo, a garçonete, à essa altura encantada comigo, aparece e pergunta:
- Mais alguma coisa?
- Quero uma sobremesa – respondi – Aquela torta mousse holandesa que aparece na última página do cardápio. Tem?
Giovanna balança a cabeça positivamente, enquanto faz as anotações:
- E pro senhor? – pergunta a garçonete
- Não, já estou satisfeito. Depois da sobremesa, me passa a conta.
- Tá otimo! – conclui Giovanna, que logo entrega uma folha de papel para mim que está escrito “Te espero na porta do Golden Ring Hotel às 11 horas, quando termina meu expediente. Com amor, Giovanna”. Brutus vê a cena, dá uma risada discreta e comenta:
- É malandro! Mais uma pra sua coleção!
- Tem horas que você é chato, sabia?
- Só te peço uma coisa: tenha bom proveito essa noite.
- Se eu dormir com ela, a gente se vê na porta do hotel. Combinado?

Deu certo mais uma vez! Giovanna apareceu na porta do hotel pontualmente às onze da noite da hora local e me levou até o apartamento dela. Com ela fui mais além, passei uma noite inteirinha com a “Miss Panorama” e na manhã seguinte, tomei banho com ela e ainda tomei café com ela. Giovanna estava fazendo intercâmbio na Rússia e descolou um emprego de garçonete durante o período da Copa, mas paralelo a tudo isso, comentou que tinha dado um tempo num relacionamento cheio de idas e vindas e estava numa “seca” fazia um ano. E se você quer saber como foi o jogo entre Brasil e Suécia e o prosseguimento do Mundial da Rússia, não percam amanhã o próximo capítulo de "A Melhor Copa de Todos os Tempos".