HISTÓRIA: Semana Maldita na Globo

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quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

OPINIÃO: Balanço da Televisão Brasileira em 2019


Amigos queridos! Hoje, excepcionalmente, não teremos programação antiga por uma justa causa: vou fazer o tradicional balanço anual das emissoras abertas, seus desempenhos, seus comportamentos e as atrações mais assistidas pelo público. Tô tendo um trabalhão para preparar as postagens deste mês de janeiro e de fevereiro, que serão os próximos posts por aqui no ÊHMB De Olho Na TV. Enfim, terminamos mais uma década. Uma década de altos e baixos pois perdemos grandes personalidades da área televisiva. E o ano terminou como começou, quer dizer, 2019 desfechou a década como 2010 iniciou: prendidos a mesmice televisiva cada vez mais adepta a digitalização acelerada da nossa sociedade. Para os mais afoitos, lembrem-se de que esta análise acontece NOS PRIMEIROS DIAS do novo ano. Mais um ato de assédio moral na minha caixa de mensagens, terei que formalizar uma denúncia no Gmail. Como sempre, o Instituto Kantar-IBOPE através do PNT (Painel Nacional de Televisão), analisou durante os 365 dias do ano em 15 cidades brasileiras (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória) 24 horas por dia, os programas de TV de maior audiência das cinco maiores redes do país (apesar da metodologia ultrapassada em tempos atuais de digitalização, um aplicativo obrigatório em smart-TVs e smart-phones resolveria tudo). Foram verificados 25,4 milhões de domicílios e 69,3 milhões de telespectadores, sendo um ponto de audiência correspondente a 1% destes respectivos universos. Pois bem, aqui vão os meus cometários sobre cada emissora seguido de um top 10 dos mais assistidos com seu respectivo recorde ibopístico do ano:


Band - Presa as suas manias, longe de ser TV alternativa
De uma ano para outro, nunca os índices nacionais de audiência da Band minguaram tanto, ainda mais de uma emissora que poderia se usufruir de sua grandiosa estrutura para ser uma TV alternativa de verdade, mas continua presa às suas vontades ibopísticas com o descarado intuito para garantir os salários dos funcionários e os pagamentos no final de mês. Isso é notório na tela: bate-bocas esportivos na hora do almoço, jornais policiais nos fins de tarde e horário nobre alugado aos televangelistas. Como disse uma vez o ex-funcionário Silvio Luiz, depois que o João Saad morreu, a emissora desandou (e desandou mesmo), desgastou seus principais produtos mesmo descobrindo alternativas em sua tradição esportiva com o futebol feminino, as categorias de base, as lutas do MMA e o resgate a cobertura pioneira do basquete da NBA, graças a parceria com a plataforma digital DAZN. De resto, sobram filmes e documentários para rebocar uma grade tanto esburacada quanto desfalcada.

1) Brasil Urgente - 3,3 pontos
2) Jornal da Band - 4,0 pontos
3) Jogo Aberto - 2,8 pontos (com audiência individual de 1,2%)
4) Masterchef Brasil - 3,8 pontos
5) Cine Mais - 3,7 pontos (com o filme Reféns em 9 de fevereiro)
6) Terceiro Tempo - 2,5 pontos
7) Cineclube - 2,6 pontos (com audiência individual de 1,3% com o filme Babe, o Porquinho Atrapalhado em 24 de julho)
8) Justiça Implacável - 2,8 pontos (com audiência individual de 1,3%)
9) Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino - 2,6 pontos (com audiência individual de 1,1%, no jogo da volta da final entre Corinthians x Ferroviária)
10) Minha Vida - 1,9 pontos


Globo - À beira de se converter uma nova MTV
O fim da década não foi nada bom para a Globo. Como consequência de um processo iniciado há 10 anos em que veteranos deram lugar aos mais novos, o estrago já foi feito e a emissora-líder se transformou num playground de luxo onde todo mundo quer fazer qualquer coisa com muita zoeira e sem seriedade (vide Se Joga), só pra se igualar a péssima concorrência que é obrigada a rechaçar todo dia. O resultado pode ser também notado na tela: mexeram numa tradição onde jamais podia ser alterada, de tão obcecada por pesquisas de campo em que os maiores consumidores de conteúdo audiovisual são pessoas de 13 a 26 anos e acabou se distanciando da família. Os anos passam, mas o futebol exclusivo ainda é o motivo maior de usufruir do abuso de poder econômico que lhe é delegada, enquanto que suas novelas pecam nos enredos vazios, apelativos e até se engajam em causas sociais risíveis e intolerantes a ponto de se "alinhar" com a oposição esquerdista diante da ameaça real ou não de ser extinta.

1) Jornal Nacional - 31,9 pontos
2) A Dona do Pedaço - 41,5 pontos
3) Praça-2 - 27,6 pontos
4) Futebol de Quarta-Feira - 37,5 pontos (no jogo da volta da semifinal da Copa Libertadores entre Flamengo x Grêmio)
5) O Sétimo Guardião - 29,8 pontos
6) Verão 90 - 28,7 pontos
7) Bom Sucesso - 29,9 pontos
8) Futebol de Domingo - 36,8 pontos (na final da Copa América entre Brasil x Peru)
9) Globo Repórter - 25,6 pontos
10) Amor de Mãe - 33,8 pontos


Record - Sangue nos olhos dos outros é refresco
Parece que a Record está baixando a bola, mesmo que seus proprietários pratiquem "Globofobia". E se começaram o ano acomodados com os índices de audiência que lhe colocavam na vice-liderança, terminaram o ano se contentando com a medalha de bronze por culpa dela mesma, pois não basta vibrar por um sucesso de exibição regional (vide A Hora da Venenosa). Apesar dos altos investimentos numa grade com conteúdo tão duvidoso quanto sua "inimiga mortal", seu sensacionalismo e emocionalismo exacerbados nos programas de variedades conseguiu afastar os telespectadores mais flutuantes. A corja de bispos do Macedão acompanharam com sangue nos olhos os números de suas novelas bíblicas terceirizadas despencarem e verem que agora o público prefere tramas mais contemporâneas, mesmo sendo reprisada (sendo quatro delas figurando no top 10 abaixo). Nessa transição de década, surge um boato que levará uma década para a gente saber a resposta: será que a Igreja Universal vai mesmo deixar a emissora?

1) Domingo Espetacular - 10,3 pontos (com audiência individual de 4,9%)
2) Cidade Alerta - 10,3 pontos (com audiência individual de 4,5%)
3) Jornal da Record - 9,7 pontos
4) Topíssima - 9,8 pontos
5) Hora do Faro - 9,5 pontos
6) Bela, a Feia - 9,4 pontos (com audiência individual de 4,2%)
7) A Terra Prometida - 12,3 pontos
8) Jesus - 11,3 pontos
9) O Rico e Lázaro - 7,3 pontos
10) Jezabel - 9,4 pontos (com audiência individual de 4,5%)


Rede TV! - Tudo estagnado, como ocorre há duas décadas
Já se passaram 20 anos e a Rede TV! revelou-se como um autêntico peso morto no dial das emissoras de TV, mesmo que a audiência daqueles programas de sempre seja superior em transmissão via streaming. Desde que comecei fazer o balanço anual da TV brasileira, reparei que os programas que integram o top 10 desta emissora são praticamente os mesmos, carregados de apelação, muito cri-cri e aliados a tecnologias baratas sendo anunciadas com pompas que são de "última geração". Ao mesmo tempo em que promove e valoriza a programação das concorrentes, ganha preciosos pontos de audiência às custas delas próprias. Duas décadas já se passaram e a emissora vêm se revelando como uma "TV mesmice", vazia de conteúdo, sem novidades mirabolantes, voyerismo à vontade, horários super-alugados e que lamentavelmente nada acrescentou na história da TV a não ser criar tumulto e confusão. Seu futuro é se converter numa web-TV e assim pode gerar aquela receita que jamais conseguiria no sinal aberto.

1) Encrenca - 4,7 pontos
2) João Kléber Show - 3,3 pontos
3) Operação de Risco - 2,9 pontos
4) Mega Senha - 1,7 pontos (com audiência individual de 0,8%)
5) Superpop - 2,1 pontos
6) Luciana by Night - 2,2 pontos
7) A Tarde é Sua - 1,6 pontos
8) TV Fama - 1,5 pontos (com audiência individual de 0,6%)
9) Conexão Models - 1,7 pontos (com audiência individual de 0,8%)
10) Sensacional - 1,5 pontos (com audiência individual de 0,7%)


SBT - A cega idolatria pela Dinastia Abravanel
Diante de um público dividido (os que gostam das novelas infantis e os que acham que a vida é um eterno programa de auditório), não resta outra coisa ao SBT a não ser reforçar essa política controversa de culto a personalidade do clã Abravanel. Isso não se restringe apenas a Silvio Santos, mas ao "Quarteto Fantástico", isto é, suas filhas: Silvia, Patrícia, Daniela e Renata. Com a mídia segmentada toda a seu favor e agindo como um fã-clube babão, elas ganharam o rótulo de "maiores nomes da TV", mas camuflam gênios de água e óleo, que demonstram o risco real de afundarem com o conglomerado "autossuficiente" do dito cujo e ainda transparecem insegurança pelo futuro caso SS morra amanhã. O déficit de desapego é notado não só pelo proprietário, mas em toda sua linha de shows, reforçando a imagem de "reduto de vaidades" que, mesmo sem fazer nada e sub-utilizando potenciais valorosos (sem contar sua resistência a "ameaça digital"), recuperou sem merecer a medalha de prata no ranking das emissoras por culpa da própria concorrência.

1) Programa Silvio Santos - 12,7 pontos
2) As Aventuras de Poliana - 11,7 pontos
3) Roda a Roda Jequiti - 10,4 pontos
4) Cúmplices de um Resgate - 11,7 pontos
5) Sorteio da Tele Sena - 10,7 pontos
6) A Praça é Nossa - 10,2 pontos
7) Programa do Ratinho - 8,8 pontos
8) Pra Ganhar é Só Rodar - 9,9 pontos
9) Eliana - 9,1 pontos
10) Cine Espetacular - 9,3 pontos (com o filme O Filho do Máskara em 26 de março)

Cinema, Futebol e Música:
Os filmes de longa-metragem mais assistidos de cada grande rede foram estes: Manifest, o Mistério do Voo 828, cartaz de Tela Quente em 7 de outubro que marcou 26,2 pontos à Globo. O insistentemente reprisado O Filho do Máskara deu ao SBT um recompensador índice de 9,3 pontos em 26 de março durante o Cine Espetacular. E as noites de sábado tornaram-se agora o novo horário obrigatório para os cinéfilos da TV aberta, já que os dois filmes a seguir tiveram boas audiências exibidas justamente num mórbido sábado à noite: Rápida Vingança, cartaz do Cine Record Especial rendeu 8,9 pontos a emissora supracitada e Reféns, exibido na sessão Cine Mais da Band obteve 3,7 pontos. Isso demonstra que mesmo em tempos de Netflix, Video-On-Demand e o crescimento de assinantes das TVs pagas, a programação cinematográfica ainda é uma boa pedida na TV aberta, tem público, dá audiência e dá prestígio, mesmo sendo diminuto.

E quanto ao futebol? Por incrível que pareça, dentre as 10 maiores audiências nacionais da Globo em 2019, OITO são de transmissões de futebol e todos eles foram com absoluta exclusividade, fruto do abuso de poder econômico que hipnotiza faz duas décadas federações e confederações da área tanto no Brasil quanto no mundo, impedindo automaticamente da concorrência em trabalhar de forma democrática e até dividir a audiência com ela desde que obedecesse suas "normas". O jogo de maior audiência do ano (e também o índice recorde de audiência da emissora-líder) foi a semifinal da Copa América, disputado aqui no Brasil, entre as seleções de Brasil e Argentina em 2 de julho no Estádio do Mineirão, uma terça-feira, registrando um impressionante índice de 43,3 pontos. Se tratando em duelo interclubes, a maior audiência foi a partida de volta das semifinais da Copa Libertadores da América entre Flamengo e Grêmio, disputado em 23 de outubro no Estádio do Maracanã, marcando 37,5 pontos. Fora da Globo, o jogo de maior audiência não foi transmitido pela Band e sim pela Rede TV! em 27 de fevereiro em partida válida pela primeira fase da Copa Sul-Americana (temporariamente sublicenciada da Globo) entre Racing-URU e Corinthians (que foi decidido nos pênaltis), conquistando preciosos 4,3 pontos (a segunda maior audiência do ano da emissora caçula). O recorde de audiência de futebol que a Band obteve em 2019 foi 3,5 pontos em 12 de janeiro na transmissão da final do torneio caça-níquel Florida Cup entre Flamengo e Eintracht Frankfurt-ALE, já que o futebol feminino e os juniores permaneceram na casa média dos 2 pontos do IBOPE nacional. Abaixo o top 10 dos jogos de futebol mais assistidos do ano na TV aberta:

1) Brasil x Argentina, Semifinal da Copa América - 43,3 pontos
2) Flamengo x Grêmio, Jogo de volta da semifinal da Copa Libertadores - 37,5 pontos
3) Brasil x Peru, Final da Copa América - 36,8 pontos
4) Brasil x Paraguai, Quartas-de-Final da Copa América - 36,4 pontos
5) Grêmio x Flamengo, Jogo de ida das Semifinais da Copa Libertadores - 34,8 pontos
6) Brasil x Venezuela, Fase de grupos da Copa América - 33,7 pontos
7) São Paulo x Corinthians, Jogo de ida da Final do Campeonato Paulista - 33,3 pontos*
8) Internacional x Flamengo, Jogo de volta das Quartas-de-Final da Copa Libertadores - 32,0 pontos
9) Brasil x Catar, Amistoso Internacional - 31,2 pontos
10) Corinthians x São Paulo, Jogo de volta da Final do Campeonato Paulista - 31,0 pontos*

* Só na região da Grande São Paulo, ambos os jogos decisivos registraram a média de 37 pontos de audiência, um recorde se comparando as outras decisões estaduais ocorridas pelo país

Além da Copa América, outro evento que chamou a atenção da mídia no ano que passou foi o Mundial Feminino de Futebol disputado na França. Vencida pelo empoderamento um tanto quanto boçal e desnecessariamente politizado das feminazis de esquerda, a Globo transmitiu a contragosto o evento (que poderia ter sido exibido com exclusividade pela Band) e obrigou a equipe relativamente fraca do Brasil (em meio a essa transição de fase provocada pela despedida de Marta) a vestir a máscara de Galvão Bueno criando a ilusão fantasiosa de que o time era "favorita ao título". Confirmando minhas previsões, aliados a uma preparação vergonhosa, nossa seleção feminina fracassou como esperado, caiu nas oitavas-de-final (e eu imaginando que cairia logo na fase de grupos). É nesse evento que podemos notar os índices distorcidos do IBOPE tanto no circuito aberto quanto na medição exclusiva dos jogos. O jogo mais assistido da competição foi o da eliminação entre Brasil e França em 23 de junho, Globo e Band marcaram juntas o índice médio de 29,7 pontos, embora o IBOPE tenha registrado 37 pontos (contando a audiência do canal pago SporTV). Outro exemplo: na partida entre Brasil e Austrália em 13 de junho, as duas redes abertas registraram 22,4 pontos, mas o IBOPE marcou 24 pontos, estranho, não? Tá muito mal-esclarecido esses índices, se foi a somatória das 15 cidades e dos que tinham TV por assinatura. Confiram neste link.

E pra terminar, o Top 20 da parada musical brasileira de 2019, com aquelas músicas que são ideais para serem ouvidas não no rádio, mas ouvidas vendo TV (a linha de shows e as trilhas-sonoras de novelas que o digam). Sei que muitos irão bufar, eu também, porque segundo os rankings musicais, o estilo predominante é um só: o sertanejo universitário, com algumas levadas de pop e (argh!) funk. Mas sempre acompanho as listas sem ouvir as músicas no mesmo exemplo dos boletins do IBOPE em TV aberta. Este ano tive dificuldades porque duas instituições encerraram suas atividades praticamente ao mesmo tempo: a Hot 100 Brasil e Billboard Brasil, ambas em março, privilegiando a Crowley Broadcast Analysis o "monopólio" das paradas musicais no Brasil. Para quem não sabe, a Crowley é uma empresa que monitora as rádios de todo o país desde 1997 com tecnologia própria. Sua metodologia consiste em "escutar" de forma digital mais de 90% dessas emissoras (equivalente a cerca de duzentas estações) de todas as regiões do país e contabilizar as execuções das músicas, a partir do mapeamento e monitoramento durante o período comercial (de segunda a sexta, das 7 às 19 horas). O número final gera o "Brasil Hot 100", com as músicas mais ouvidas no país, dos quais contabilizo apenas os 10 primeiros colocados. A lista é atualizada todos os sábados e aqui você confere os hits do fim da década, o Playlist 2019:

1) Cem Mil - Gusttavo Lima
2) Quando a Bad Bater - Luan Santana
3) Milú - Gusttavo Lima
4) Igual a Ela, Só Uma - Wesley Safadão
5) Surto de Amor - Bruno & Marrone feat. Jorge & Mateus
6) Do Copo Eu Vim - Diego & Victor Hugo feat. Marília Mendonça
7) Estado Decadente - Zé Neto & Cristiano
8) Ferida Curada - Zé Neto & Cristiano
9) Bem Pior Que Eu - Marília Mendonça
10) Não Abro Mão - Maiara & Maraísa
11) Dois Lados - Wesley Safadão
12) Show de Recaída - Bruno & Marrone
13) Para, Pensa e Volta - Yasmin Santos feat. Marília Mendonça
14) A Culpa é do Meu Grau - Diego & Victor Hugo feat. Zé Neto & Cristiano
15) Vingança - Luan Santana feat. MC Kekel
16) Fake News - Gustavo Mioto
17) Nem Tchum - Maiara & Maraísa
18) Todo Mundo Vai Sofrer - Marília Mendonça
19) Relógio Parado - Diego & Arnaldo
20) Infarto - Diego & Victor Hugo


Perspectivas para uma Nova Década:
Com a chegada de uma nova década, as tão aclamadas "mudanças" demoram pra chegar e por isso elas podem vir a longo prazo, por essa razão, temos uma década pela frente para que a TV aberta possa aderir as introduções digitais exigidas pelos novos tempos (já que há a previsão de que o Brasil será 100% digital em 2023) e volte a produzir conteúdo para um grande filão de audiência para não agredir ou impactar ninguém: a família. Seja em smart-phone ou em smart-TV e em meio a Netflixação, a TV aberta é de todos é sua tão falada "essência raiz" não deveria ser mexida para mimar uma geração "pão com Nutella" extremamente sarcástica e digitalizada e que não vive sem um celular na mão. É que o problema é bem mais grave do que se possa imaginar: a impressão é que a TV aberta parou no tempo uns 20 anos, falo no que diz respeito a produção de conteúdos coerentes sem agredir ninguém e sem ter intuitos ibopísticos e individualistas (falo do individualismo do mal), isso para adotar uma linguagem universal, uma linguagem acessível para toda a família.

Sugiro que o instituto Kantar-IBOPE possa banir de vez o acesso público a medição de audiência em tempo real pois os tempos atuais não mais se compactua com a metodologia ultrapassada insistentemente utilizada para tal. Para entrar nos novos tempos, os smart-phones e smart-TV devem contar com um aplicativo que ajuda o instituto a contabilizar os acessos simultâneos em tempo real de vídeos transmitidos em streaming e VOD (sem contar as manjadas pesquisas de opinião pública) e que a metodologia de medição não mais se baseie em classes sociais (como ocorre até hoje) até porque quem tem um celular já está no grupo e nos dias atuais não existe mais essa divisão de classes, hoje seria por faixa etária. Para a televisão, sonho em que o abuso de poder econômico dos televangelistas seja reduzido a um único e exclusivo canal de TV em todas as cidades brasileiras para esta classe desde que seja sintonizada no circuito 14.1 a 69.1 de alcance regional para que as denominações evangélicas possam alugar horários à vontade e da maneira que quiserem, assim liberariam as TVs abertas a criarem conteúdos próprios. Pena que este seja um sonho distante, estando um falso-evangélico na Presidência da República e quem sempre esteve de lero-lero com os defensores da cristofobia e da intolerância religiosa, estes que formam uma bancada hiper-influente em Brasília e que sempre conseguem o que querem nem que sejam por caminhos tortos e ilícitos. Também sugiro que federações e confederações esportivas criem departamentos de televisão para que elas próprias gerem imagens das competições organizadas pelas mesmas para todas emissoras de TV e transmissão via-internet e que o esquema de venda de direitos de transmissão fosse modificado, proibindo as parcerias com os clubes e introduzindo pacotes de jogos para TV aberta e para TV por assinatura (ambas diferentes), evitando as transmissões de partidas individuais apenas deste ou daquele clube.

Quanto as emissoras de televisão, não deposito esperanças, apenas uma série de questionamentos cujas respostas serão desvendadas ao final desta década, ou até antes. Será que as concessões do Grupo Globo nas telecomunicações sofrerão retaliação a ponto de serem cassadas ou essa ameaça não passa de uma retórica vazia? A Igreja Universal do Reino de Deus vai mesmo deixar o controle acionário do Grupo Record ou não passa de uma manobra para se monopolizar por meio das comunicações? A Rede TV! vai deixar de transmitir sua programação em sinal aberto para ser exclusivamente uma streaming-TV ou isso não passa de mais uma de muitas mentiras contadas por um dono com inflamada mania de grandeza? O Grupo Bandeirantes vai jogar a toalha pedindo falência ou poderá ser resgatada nem que seja de forma temporária para suavizar sua pilha de problemas? E até quando vai durar a autossuficiência e resistência digital do SBT, quando Silvio Santos morrer ou quando o Ratinho se revelar uma fortaleza demagógica de um grupo que relutou em se adaptar aos novos tempos? A conclusão é de vocês!

E apesar de tudo, viva a televisão brasileira que neste ano de 2020 completa 70 anos no ar!!!

PS 1: Aos colunistas de TV que leram este post, uma sugestão: que tal a gente fazer uma eleição diferente e montarmos uma lista em que possamos escolher os Melhores da Década? 😉

PS 2: Mesmo com essa crítica construtiva, branda e suave que fiz sobre a televisão aberta brasileira, alguma emissora de TV está interessada em me chamar para fazer um teste para, quem sabe, apresentar um programa nos moldes do Cidade x Cidade? Desde criança sonhava em apresentar um programa desse tipo. Sonhar não custa nada. 😉