HISTÓRIA: Semana Maldita na Globo

© Grupo Folhas - Todos os Direitos Reservados Quem viveu o ano de 1990 , seja criança ou adulto, sabe que a grande atração televisiva daquel...

terça-feira, 1 de setembro de 2020

OPINIÃO: Epidemia de Perdas e Danos

Passados seis meses da intensificação da pandemia do novo Coronavírus no Brasil e já começam a aparecer quais os setores da nossa sociedade que se deram bem nesta crise mundial como também aqueles que foram devastados pelo Covid-19. E aqui no Brasil, o setor mais atingido foi aquele que deveria ser o meio mais próspero de nossa economia, mas uma classe de sociopatas e seus desmandos não permitiram e só agora, vinte anos depois de puro abuso de poder, é que tudo se transpareceu: a televisão.

O streaming vem se revelando como o meio de comunicação audiovisual mais viável da atualidade e como disse uma vez Orlando Barroso em entrevista ao canal de Fábio Marckezini no YouTube: Quem não investir no streaming, vai ser excluído do mercado. E escrevo mais: essa ideia de encarar essas plataformas digitais como "ameaça" ao convencional analógico é como pedir pra ser passado para trás. Aí vai ser tarde demais pra esses sociopatas da comunicação que tem ódio e inveja da Globo e lavam dinheiro usando canais de TV como fachada de um império do poder abusivo. Depois, não adianta choramingar.

Nossa TV aberta está pedindo para morrer, em outras palavras, está à beira do suicídio. Repararam que, prestes a completar 70 anos, a nossa TV brasileira parou no tempo umas duas décadas atrás? Não existem concorrentes dignos à Globo, por mais que esta emissora esteja se envenenando devido a tomadas de atitudes extremamente equivocadas e se enveredando para o "lado esquerdo" da coisa. Haja polaridade sócio-ideológica. E pior, tornou-se uma trincheira politizadora capaz de enervar no ar essa birra inútil contra um presidente irresponsável que só assina decretos para que seu ministério continue a seu favor e fica puxando o saco dos donos do trio de emissoras que compõem a SIMBA (se é que ela ainda existe), que por sua vez exaltam a "Globofobia".

Esse é o reflexo de pura incompetência que a TV está sendo obrigada a aguentar nesses últimos tempos. O tresloucado do JB (não tenho o mínimo prazer de escrever o nome de Vossa Excelência que tirou a dignidade do cargo público de Presidente da República) elimina as verbas de publicidade oficial a emissoras que, segundo seu ponto de vista, não estão do seu lado (Globo e, por tabela, Band) para, automaticamente, serem absurdamente elevadas e injetadas aos canais cujos donos o bajulam para ele bajulá-los ainda mais (SBT, Record e Rede TV!). Puro mal-caratismo de todos os lados, seja lá qual for.

Desde a campanha presidencial em 2018, JB revelou-se como um inimigo público número 1 do Grupo Globo e a indústria de fake-news que lhe favoreceram naquela eleição o ajudaram a se eleger, principalmente na mais estapafúrdia (e demagógica) das promessas de que tiraria a Globo do ar (coisa sem noção, fake-news ou não). Como uma vez salientou meu amigo Gian Carlos, do blog TVer ou Não TVer, a Globo jamais sairá do ar porque existem muitos parlamentares que são acionistas de muitas afiliadas Globais pelo Brasil afora. Por causa de uma cassação tola, a Câmara dos Deputados pode se rebelar contra o abuso de autoridade do presidente como também o próprio presidente pode decretar o fechamento do Congresso Nacional para cassar mais emissoras "opositoras" à vontade. É o que podemos ver nos próximos capítulos.

Como a fonte está secando, a Globo está cada vez mais se unificando e isso é uma demonstração de debilidade. Como afirmei nos parágrafos acima, as atuais tomadas de atitude do Grupo Globo estão cada vez mais equivocadas. O projeto Uma Só Globo é a prova disso tudo, um fracasso anunciado. Como a "cassação" não passa de utopia barata, esse tipo de "gestão" pode significar a pá-de-cal de um conglomerado que vem sofrendo consequências de uma agressiva política de abuso de poder econômico que ela mesma implantou na TV brasileira no final dos anos 90. Os tempos de hoje exige TRANSPARÊNCIA.

Os problemas quanto ao modus operandi não param por aí. Como vem reprisando versões compactas de suas novelas, pode enfrentar problemas quanto ao patrimônio humano que possui, isto é, seu elenco de atores na retomada das tramas. Uns ficaram doentes e morreram por conta da pandemia, enquanto que outros foram forçosamente dispensados por falta de trabalho, porque ser contratado pra fazer uma novela tudo bem, mas ficar preso numa emissora durante um longo período sem fazer nada e só fazendo participações aqui e ali, é coisa do passado. E mais: realizará no fim do mês mais uma edição da ultra-desgastada campanha beneficente Criança Esperança, que perdeu seu sentido e enfrenta denúncias de instituições de caridade que não recebem um centavo sequer arrecadado (supostamente convertido em "cachê pros artistas"). E essa poder ser a primeira edição em 34 anos sem o seu padrinho-oficial, Renato Aragão, só pra citar um nome de muitos que foram dispensados do PROJAC e que desfalcarão isso que se convencionou chamar de "campanha de solidariedade".

Com tamanha lista de dispensa, digna de um grande time de futebol, porque a Globo não dispensou também quem merecia muito mais ser dispensado que um ator de reputação comprovada? No caso, cantores? Vem de novo aquele caso do modus operandi antiquado: aparece um cantor de sucesso, garantia de venda de milhões de cópias, views e downloads, liderando as paradas das rádios e com música numa novela qualquer. Todas as emissoras de TV querem sua participação nos (desgastados e ultrapassados) programas de auditório do fim de semana sob pretexto de que possui potencial ibopístico garantido. Aí vem a Globo pra fazer sua "blindagem" a ponto de oferecer contrato exclusivo pra não perder "preciosos" pontos de audiência para a concorrência e só se apresentar nos "seus" programas. É o ciúme do sucesso, ainda mais atualmente com essas "modinhas" que surgem do nada nas redes sociais sob o risco de converter sua programação num verdadeiro "baile funk" (até os comerciais se submeteram a essa "onda do momento" que dura duas décadas). Exemplo mais notável dessa velhaca política musical é com o consagradíssimo "Rei".

Roberto Carlos ficou importante demais que chegou a tal ponto que ele não precisa mais de uma Globo da vida para ser mais sucesso ainda do que ele sempre teve desde a Jovem Guarda e colocá-lo no topo da montanha promovendo com fogos de artifício seus shows em transatlânticos chiquérrimos, bem como seus repetitivos especiais de fim de ano só pra satisfazer o elenco feminino da líder. Ele é o que mais merecia ser dispensando nessa época de pandemia, mas como isso não aconteceu, recomendo que ele substitua o "Doutor Renato" na condição de padrinho do Criança Esperança e, porque não, a emissora aproveitar a ocasião para trazer a Xuxa de volta. Afinal, ela saiu da Rede Record após passagem frustrante e merecia dividir a cena com o cantor para o público voltar a vê-los juntos (mesmo que à distância), nas palavras de Fausto Silva, a Monarquia que o Brasil elegeu: Xuxa e Roberto Carlos, galera! (Eeeeeitaaaa!)

Mas o setor que está causando um bafafá nessa problemática Global é o esporte. Foram 20 anos exercendo poder abusivo (no que diz respeito ao inflacionamento de custos) monopolizando praticamente TODOS os eventos e modalidades que se possa imaginar e impedindo a concorrência de poder trabalhar e oferecer opção de opinião ao telespectador. O reflexo disso foi sua abdicação da cobertura da Fórmula-1 a partir de 2021, o desligamento do contrato com a Conmebol que teria até 2022 para a transmissão das Copas Libertadores e Sul-Americana e o mais impactante: o risco de, por meio da Justiça suíça, ficar de fora da Copa do Mundo do Catar de 2022, que ao primeiro momento estaria garantida quando renovou seu contrato com a FIFA (avaliado em U$ 600 milhões), que incluía também a Copa da Rússia de 2018 já realizada (e que fez a Band desistir do licenciamento devido as cotas descaradamente abusivas determinadas pela emissora-líder). A Justiça suíça pode até não autorizar a redução da cota da FIFA (valendo U$ 90 milhões) imposta pela Globo alegando "conchavo" entre ambas (se bobear, até a CBF está no meio dessa história). Posso aqui forjar uma frase que com o tempo há de se tornar viral: a Globo está com o c* na mão, vendo na concorrência o Brasil ser hexacampeão.

Posso fazer aqui minhas especulações e hipóteses de quem agarraria a chance de adquirir os direitos de transmissão esportivos que foram arrebanhados pela Globo por mais de quatro décadas. Eu não duvido que a Rede Record vai colocar em ação seu caminhão de dinheiro de dízimo e gastar o que não tem para abiscoitar a exclusividade da Fórmula-1 na TV aberta por uma década e mais um pouco, fazendo a mesma coisa que todos viram nas Olimpíadas de Londres em 2012, uma digna transmissão-ostentação. A Record vai ser capaz até de ditar regras como programar corridas noturnas na etapa asiática (Grande Prêmio do Japão que o diga) como pretexto de não tirar do ar a programação da Igreja Universal do Reino de Deus na madrugada, sem contar a inclusão de, no mínimo, três pilotos brasileiros (numa equipe de grande porte, numa de médio porte e outra de pequeno porte) em cada temporada. E quanto a equipe de transmissão, não duvido que o comentarista de automobilismo Reginaldo Leme terá que também mudar de canal junto com a Fórmula-1, além de tentarem trazer o experiente "narrador da velocidade" Téo José e o ex-piloto Emerson Fittipaldi, cujo contrato milionário poderia servir como "ajuda financeira".

Quanto a Copa do Mundo, o risco da Globo ficar fora pela primeira vez na história é real e o mercado está atônito. Para isso, vamos analisar as situações de cada rede comercial brasileira: a própria Record vai dizer "não" logo de imediato e o motivo, sem dúvida nenhuma, é o polêmico documentário Planeta FIFA (2016, Jean-Louis Perez, eu recomendo), que abre a caixa de pandora da entidade e mostra que a corrupção no futebol se desencadeou quando João Havelange assumiu a presidência de lá. Mostra também que os subornos são decisivos na escolha das sedes das Copas e que o Catar, país-sede da edição de 2022, recebeu o pior índice de avaliação dos dirigentes apontando problemas de infra-estrutura e sua controversa política de direitos humanos. Por essas e outras (como as corriqueiras denúncias anti-Globo em seu jornalismo marrom), a "emissora de placa de igreja" vai preferir mil vezes o ronco dos motores do que a bola rolando. A Band não tem dinheiro em caixa o suficiente para manter tal tradição esportiva (cada vez mais manchada com os esporros do ex-jogador Neto) e a Rede TV! não honra seus compromissos financeiros apesar das alegações fantasiosas e quixotescas de seu dono. Lembram que em 2001, mesmo atolada em dívidas, ela transmitiu o Paulistão e a Copa do Brasil? Pois bem, isso aconteceu porque pediu um empréstimo de R$ 36 milhões ao Banco Rural para garantir sua presença no futebol, mas ficou devendo um dinheirão para a Globo e foi expulsa do Brasileirão daquele mesmo ano, cuja presença era dada como certa.

E quem sobrou nesse bolo todo? Sim, o SBT. Depois dos 15 pontos que obteve na final do Campeonato Carioca deste ano, me faz lembrar o que disse uma vez o jornalista esportivo Ted Sartori numa live surpresa dos canais Arquivos1000 e Só Esportes: basta querer. Não estou exagerando, pode parecer loucura, o SBT tem sim grande potencial e plenas condições técnicas, financeiras e comerciais para retomar a cobertura esportiva. Sua popularidade e sua baixa rejeição lhe credenciaria a descolar a exclusividade na TV aberta da Copa de 2022 e bater recordes de audiência. Seria um baita presente de aniversário de 40 anos a serem comemorados em 2021, lógico que isso só vai acontecer quando Silvio Santos morrer (não desejo a morte dele DE JEITO NENHUM, mas sinceramente, só dessa forma pra ele ser forçado a "pendurar o microfone") e a Renata Abravanel (neutralizada pelo "Quarteto Fantástico", coitadinha) assumir definitivamente as empresas da família, pois ela demonstra ter jogo de cintura empresarial e vontade de mudar as coisas para nossa realidade atual. Fernando Pelégio, nome importante da alta-cúpula SBTista, com certeza se interessaria e muito por esse assunto, ele até uma vez foi pra Suíça interessado na compra da Liga dos Campeões da UEFA (e na ocasião, o Esporte Interativo levou a melhor). A Conmebol até recusou a pechincha que a Globo chorou para reduzir sua cota de transmissão da Libertadores, olha aí a chance! E tendo ainda Neymar e Alexandre Pato "ligados" de alguma forma com a emissora... Mas se a avareza, o baba-ovismo, a vaidade, o controle de opinião, o ciúme do sucesso alheio e o culto a personalidade da Dinastia Abravanel continuar a persistir no CDT da Anhanguera...

Isso tudo é só especulação de minha parte, podem cobrar de mim se eu errar as "previsões". Mas é pra vocês verem as consequências irreversíveis que a TV aberta está sofrendo com essa pandemia toda. Quem ainda viver preso ao passado e influenciando negativamente quem quer que seja com suas predileções pessoais mais que tudo no mundo, é hora de beijar a viúva porque estará dando passos largos para a falência. Mas ainda é possível transpor essa modernidade toda da nossa telinha no estilo tradicional de programação, que infelizmente fora corrompida pela digitalização imposta de forma agressiva pela internet em querer unificar todas as mídias, coisa que a Globo anda fazendo com suas emissoras e o resultado está sendo catastrófico, fruto (repito) de um modo de gestão equivocada. Cada mídia com sua linguagem, o rádio tem linguagem própria e conseguiu se reinventar com a chegada da TV. A internet e suas comunidades sociais tem uma linguagem específica, a mídia gráfica também e a televisão... tem linguagem ÚNICA e não pode aderir (assim como as outras mídias) ao idioma descolado das redes sociais. TELEVISÃO É TRADIÇÃO, mas sua sobrevivência é incerta.

PS 1: É uma boa oportunidade agora para a OTI (Organização das Telecomunicações Iberoamericanas) readquirir os direitos de venda da Copa do Mundo da FIFA no Brasil a partir de 2026 em TODOS os formatos de mídia, porque se ela ainda possui esses direitos por toda a América Latina, nada mais justo recuperar o que é dela por aqui também. Só assim para acabar com abuso de poder econômico do Grupo Globo e permitir a entrada de muitos conglomerados de mídia nesse tipo de cobertura. E mais, a FIFA jamais permitiria que uma emissora de TV em qualquer lugar do mundo transmita uma Copa de graça.

PS 2: Se eu acertar minha previsão sobre o SBT, sugiro que a emissora possa requentar sua programação esportiva, se isso vier a acontecer, trazendo de volta a TV aberta as lutas de boxe, a transmissão do Brasileirão da Série B aos sábados à tarde (um jogo pra toda a rede e outro regionalizado) e da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Quanto às comemorações dos seus 40 anos, quando essa pandemia for rechaçada de vez, podiam aproveitar tal ensejo e trazer de volta o programa Cidade Contra Cidade. Até me candidato a um teste se precisarem de uma "figura nova" para comandar o programa.

PS 3: As concessões de telecomunicações audiovisuais, incluídas aí o rádio e a televisão, deveriam ser PRIVATIZADAS e gostaria que fosse criado um movimento tanto nos meios de comunicação quanto na Câmara e no Senado pela desestatização da outorga de concessões concedidas pelo Governo Federal, à exemplo do que existe nos Estados Unidos, evitando assim essa "Globofobia" patética do Poder Executivo. Só dessa forma que as nossas mídias possam ser verdadeiramente LIVRES de qualquer influência política.