HISTÓRIA: Cidade Contra Cidade - 56 Anos

Eu fiquei emocionado Naquele domingo à tarde Quando assisti ao programa Cidade Contra Cidade (...) Carlos Cezar, José Fortuna e Valentino Gu...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

OPINIÃO: Balanço da TV Brasileira em 2021 e Etc (Postagem nº 3.000!!!)


Quem diria! Mal começou o ano e este blog atinge a significativa marca de 3.000 posts e justamente o balanço anual (e nada animador) da TV brasileira em 2021 tem a honra de ser o artigo de número 3.000. Coincidentemente, este balanço que faço anualmente (talvez seguindo uma certa tradição) sempre sai no 10º dia do ano novo (com algumas exceções devido a carência do complemento final de informações), quando eu tenho em mãos o relatório completo do Instituto Kantar-IBOPE. Aos apressadinhos (e haters de plantão) que insistem em mandar na minha vida, tamanha ira inflamada contra minha pessoa (sou mais velho que vocês, tenho 35 anos), só porque "critico o incriticável", não faço o balanço em dezembro porque o ano ainda não tinha acabado, só termina dia 31, ora essa. Tenho ainda, nos dias que se seguem, de preparar o texto, fazer minhas análises, interpretar os índices, fechar os rankings, produzir a postagem e etc.

Minha análise inicial sobre como a TV sobreviveu 2021 e conseguiu recuperar pelo menos um terço da carga perdida de produção devido a pandemia é a seguinte: deflagramos e identificamos as raposas velhas que não largam o osso nem por decreto, que negam ouvir conselhos dos mais jovens, negam se prevenir da Covid-19 e ainda querem se manter invictos para todo sempre, Amém. Quando sentem que suas máscaras estão prestes a cair, fogem pelas tangentes e as abarrotam de maquiagem alegando "regeneração", mantendo assim seus truques intactos. E o final da história todo mundo já sabe: enganam o povo na casca do ovo. Resultados a curto prazo, política de aparência, controle de gado, complexo de imediatismo e ganância perpétua são as cinco eternas manias que as TVs abertas ainda não perderam, mas se consolidaram em 2021. Acho que só vão perder quando Silvio Santos morrer. Aí vai ser o divisor de águas definitivo para que uma nova história da TV brasileira seja escrita, pois só assim que as TVs abertas vão criar juízo.

O que mais me impressionou no ano que passou foi a queda abrupta de audiência média nacional em todas as emissoras a partir de novembro, pois já existia uma queda gradual desde 2018. O máximo que a Globo atinge agora é 22%, o SBT não passa dos 6%, a Band está abaixo dos 3% e a Rede TV! na casa do 1,5%. A única que não foi atingida, por incrível que pareça, é a Record, com médias que variam de 7 a 9%, passando dos 10% com alguma novela evangélica, o final de um reality dependendo de repercussão nas redes sociais ou quando derruba a grade para eternizar comoções nacionais, pois, manipulações à parte, apesar de ser uma "emissora de placa de igreja" que usa a maior parte do tempo explorando seu jornalismo marrom, tem uma programação aparentemente voltada a um público mais amplo, dever este que as outras TVs abandonaram em fazer, seguindo a tendência atual dos "nichos" (ou seria "lixos"?). Mas uma coisa boa que faz substancialmente a audiência crescer em qualquer emissora é um evento esportivo, ou seja, o esporte, cada vez mais se democratizando, ainda permanece forte na TV aberta brasileira.

Como todos os anos, não custa nada repetir: entre 1º de janeiro e 31 de dezembro, das 6 da manhã às 05h59, o PNT, Painel Nacional de Televisão, calcula os 10 programas de maior audiência das cinco redes abertas de televisão em 15 cidades brasileiras: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória. O universo abordado em 2021 foi de 71,6 milhões de telespectadores situados em 26,8 milhões de domicílios. Um ponto de audiência corresponde a 1% destes respectivos universos, desde que somem mais de 92,5% (podiam abaixar pra 90%). Mas ainda é pouco, pois só é calculado o que é visto nos aparelhos fixos (ou Smart-TVs) analógicos, se fosse contabilizado também os aparelhos móveis (ou Smart-Phones) digitais, e em 20 praças comerciais, os resultados seriam completamente diferentes. Mas como o IBOPE segue aquele velho e conhecido ditado "Não adianta ensinar truques novos a raposas velhas", até seus terminais pré-jurássicos insistem em registrar informações mastigadas e defasadas a décadas. Eis os resultados em forma de top 10 (com o recorde ibopístico do ano de cada um entre parêntesis) seguido de um texto resumindo a performance/perspectiva de cada uma delas:


Band - 35 programas contabilizados
1) Brasil Urgente (recorde de 3,4 pontos)
2) Jornal da Band (recorde de 2,9 pontos)
3) Jogo Aberto (recorde de 2,1 pontos)
4) Fórmula 1 (recorde de 3,6 pontos no GP de Abu Dhabi, em 12/12) - recorde do ano
5) The Blacklist (recorde de 2,7 pontos)
6) Lei & Ordem (recorde de 2,8 pontos)
7) Terceiro Tempo (recorde de 2,0 pontos e audiência individual de 605 mil pessoas)
8) Masterchef Brasil (recorde de 2,0 pontos e audiência individual de 738 mil pessoas)
9) MMA (recorde de 1,9 pontos)
10) Bruce Lee - A Lenda (recorde de 2,2 pontos)

Se Melhorar, Estraga ou Água Demais, Mata a Planta
Está jogando com a sorte, querendo tirar uma casquinha da situação investindo alto antecipadamente para 2022, mas pode pagar um preço muito alto por isso e voltar a estaca zero, precisa ter cuidado. Só o Datena desenchavido da vida é que levanta a audiência imediatamente e pra não sobrecarregá-lo, bem que a Band poderia trazer de volta os campeonatos CBF e mais o narrador esportivo Jota Júnior pra reforçar o time, fica a sugestão. Dançando conforme a música, depois de trazer Fausto Silva de volta ao ninho, precisa baixar um pouco a bola, pois uma nova onda da pandemia pode desmoronar de vez os castelos de Saad.


Globo - 34 programas contabilizados
1) Jornal Nacional (recorde de 28,5 pontos)
2) Império (reprise, recorde de 29,8 pontos e audiência individual de 10,45 milhões de pessoas)
3) Praça-2 (recorde de 26,0 pontos)
4) A Força do Querer (reprise, recorde de 33,6 pontos)
5) Salve-se Quem Puder (recorde de 30,2 pontos)
6) Pega Pega (reprise, recorde de 29,8 pontos e audiência individual de 10,30 milhões de pessoas)
7) Big Brother Brasil (recorde de 29,8 pontos e audiência individual de 10,37 milhões de pessoas)
8) Um Lugar ao Sol (recorde de 22,8 pontos)
9) Amor de Mãe (recorde de 35,1 pontos) - recorde do ano
10) Haja Coração (reprise, recorde de 29,0 pontos)

Brizolada Bolsonarista à Vista
Está se descaracterizando e se automutilando, se transformou em "TV de Minorias" como pretexto para "ceder pressões", talvez com medo de ser moralmente (e efetivamente) cassada/falida, trocando seu fiel público amplo por "nichos" de público. À essa altura, o Papa Boni deve estar envergonhado com o fim de seu legado. A oposição que promove ao atual Governo na tentativa de se aproximar do lado esquerdo da coisa é mau-correspondida, até porque os esquerdopatas raiz também veem a Globo como "TV Bode Expiatório" com seu histórico de tendencialismo. Para interesses eleitorais, será o fim de um império?


Record - 36 programas contabilizados
1) Jornal da Record (recorde de 9,9 pontos)
2) Gênesis (recorde de 13,9 pontos) - recorde do ano
3) Domingo Espetacular (recorde de 11,1 pontos)
4) Religioso da IURD (recorde de 8,9 pontos)
5) Topíssima (reprise, recorde de 8,0 pontos)
6) Canta Comigo (recorde de 8,2 pontos)
7) A Fazenda (recorde de 9,6 pontos)
8) Hora do Faro (recorde de 7,7 pontos)
9) Quando Chama o Coração (recorde de 8,3 pontos)
10) Prova de Amor (reprise, recorde de 7,0 pontos)

O Poder de Ter o Poder a Seu Poder
Seja verbo ou substantivo, se acomodou com um ocasional segundo lugar. Os bispos e seus herdeiros estão quietos até demais preparando uma nova carta na manga para ainda voltar a sonhar com o "caminho da liderança" que não tá tão longe assim. É a única que pode lucrar com os iminentes fins de Globo e SBT e com as tragédias banais envolvendo populares e celebridades, sem intervalos comerciais e demonstrando assim sua autossuficiência financeira. Só que aposta demais e quando percebe que está perdendo dinheiro nessa sede de monopólio, puxa o freio de mão e sai pelas tangentes, mas continua a mesma de sempre.


Rede TV! - 21 programas contabilizados
1) Encrenca (recorde de 3,3 pontos) - recorde do ano
2) João Kléber Show (recorde de 2,3 pontos)
3) Operação de Risco (recorde de 1,8 ponto e audiência individual de 594 mil pessoas)
4) Mega Senha (recorde de 1,2 ponto)
5) A Tarde é Sua (recorde de 1,8 ponto e audiência individual de 552 mil pessoas)
6) Alerta Nacional (recorde de 1,4 ponto e audiência individual de 479 mil pessoas)
7) Superpop (recorde de 1,3 ponto)
8) Te Peguei (recorde de 1,4 ponto e audiência individual de 460 mil pessoas)
9) Loterias Caixa (recorde de 1,1 ponto e audiência individual de 342 mil pessoas)
10) Resgate 193 (recorde 1,1 ponto e audiência individual de 356 mil pessoas)

Estoura uma Bomba e Ainda Continua "Tudo Bem"
Parece a Seleção do Tite, o quadro não muda porque não quer e vive de aparências como sempre. É como aquela história em que o Seu Madruga diz "Mas hoje de manhã estava me sentindo tão bem" e o Chaves replica "É a mesma coisa que disse a senhora da casa ao lado antes de morrer". Sofreu uma tremenda baixa com a mudança de canal da equipe do programa Encrenca, sua atração de maior e desproporcional audiência, mas a máscara não caiu (só a do Sikeirinha). Mas viver de fofocas da concorrência, orgulho gay e banalidades urbanas é um meio-suicídio. Pura ganância de Dom Quixote de Carvalho e Sancho Amílcare Pança.


SBT - 28 programas contabilizados
1) Programa Silvio Santos (recorde de 7,8 pontos)
2) Eliana (recorde de 7,3 pontos e audiência individual de 2,54 milhões de pessoas)
3) Sorteio da Tele Sena (recorde de 8,9 pontos)
4) Roda a Roda Jequití (recorde de 7,0 pontos)
5) Amores Verdadeiros (recorde de 7,4 pontos)
6) Domingo Legal (recorde de 6,6 pontos)
7) Cupom Premiado do Baú (recorde de 6,8 pontos)
8) Coração Indomável (reprise, recorde de 7,3 pontos e audiência individual de 2,52 milhões de pessoas)
9) Copa Libertadores da América (recorde de 16,1 pontos na final entre Palmeiras x Flamengo em 27/11) - recorde do ano
10) Te Dou a Vida (recorde de 7,1 pontos)

Circulus Vitiosus Pestilents*
Tirou o pé e engatou a ré. O culto a personalidade de Silvio Santos sempre chega a um ponto crítico e preocupante, até parece que a nerdolândia tá afim de brincar de "O Mestre Mandou" e isso virou pretexto para a cúpula fazer birra com qualquer um que ouse a desafiar a "popularidade" da Dinastia Abravanel, seus protegidos e suas preferências pessoais. Não será surpresa se todo o fã-clube SBTista firmar um pacto de suicídio caso o "ser supremo" deles cante pra subir, e isso pode acontecer com qualquer um: telespectadores, funcionários, os Abravanel e até a "mídia chapa-branca". O SBT fará a "passagem" junto com ele.

* Em latim significa: Círculo Vicioso Contagioso


Ao contrário do balanço do ano passado, em que fiz dois top 5, um de programas inéditos e outro de programas reprisados, voltei com o top 10 em cada uma das cinco redes porque, como salientei nos primeiros parágrafos, a televisão recuperou pelo menos um terço de sua carga de produção. Mas ainda se nota o negacionismo dos teledifusores perante a pandemia, para eles, o que importa é produzir mais e faturar mais ao invés de ter que esperar um pouco pelo fim da pandemia e continuar a investir em enlatados, explorar os arquivos ou arriscar reprises, porque a essa altura, reprises são absolutamente normais (e sempre foram) e por isso retomamos as listas top 10. Mas ainda não é o momento de se fazer enquetes para apontar os "melhores destaques do ano", o ano sabático-pandemíaco de 2020 provou e comprovou que toda enquete que aparece por aí, seja valendo prêmio ou não, vira uma verdadeira guerra de fanbases (fã-clubes virtuais onde não existe carteirinha) onde os primeiros colocados são aqueles que não tiveram trabalhos significativos no ano, só dependem do modo repercussão, como também tiveram pouca atuação nas mídias, mesmo inutilmente indicados por uma imprensa descaradamente chapa-branca (líderes de fã-clubes na prática) como pretexto para manter aquilo que chamamos de "idolatria absurda". Como diz aquela famosa marchinha carnavalesca: "É o cordão dos puxa-sacos / cada vez aumenta mais".

Nunca na história da televisão pós-digitalização, um Presidente da República utilizou tanto o veículo por mais que demonstre ser combativo a ela (ou pelo menos àquela que ele convencionou chamar de "Globolixo", cujo pesadelo da cassação se aproxima a cada dia). Os pronunciamentos de Jair Bolsonaro, que chegaram a ser o nono "programa" mais visto de Band e Record no ano que passou, por incrível que pareça, tiveram de ser descartados dos top 10, pois se trata de um serviço de utilidade pública (assim como o Horário Eleitoral Gratuito a cada dois anos), mesmo sendo um negacionista que tem medo de injeção, sem a mínima postura para honrar o cargo que exerce e que recuou a contragosto sua abordagem à respeito da Covid-19 para manter seu empoderamento abusivo perante seu gado (pra não dizer "nação"). Suas falácias tanto desnecessárias quanto paranoicas chegaram a registrar 28,7 pontos na Globo, 9,6 pontos na Record, 6,2 pontos no SBT, 2,8 pontos na Band e 1,4 ponto na Rede TV!.


Com tantos jornalísticos, realities, produções enlatadas estrangeiras, esporte, sorteios, shows de entretenimento/variedades, novelas inéditas e reprisadas, constamos ilustres ausências. O programa Perrengue da Band é uma estreia recente e desde que foi lançado, vem trilhando o mesmo caminho do Pânico uma década atrás obtendo grande audiência nas noites de domingo, mas por pouco não chegou no top 10 este ano. Na Globo, há uma ausência sentida, do futebol das quartas-feiras, seja da Copa do Brasil, Campeonatos Estaduais, Brasileirão da Série A e até das Eliminatórias da Copa, mesmo arrebanhando as 10 maiores audiências da modalidade na TV. Na Record, o Cidade Alerta até teve uma performance melhor em termos de audiência, mas bateu na trave por causa das novelas, dos realities e até de um programa da Igreja Universal do Reino de Deus. Na Rede TV!, se não fosse a "novidade" chamada Resgate 193, o Rede TV! News chegaria no top 10, pois teve o melhor desempenho de todos os tempos graças a ênfase que deu à pandemia. Já no SBT, o futebol supérfluo da Libertadores e da Copa Bolsonaro, digo, Copa América, suplantou atrações frequentes no seu top 10 como as novelas infantis Chiquititas e Carinha de Anjo e até o inabalável teatro-de-revista moderno voyeurista A Praça é Nossa. Chora Seu Cazalbér.

Os filmes, seja séries ou longas-metragens, a cada ano que passa, sempre passam por altos e baixos na TV aberta. Com a Netflixação do consumo audiovisual e as distribuidoras criando suas próprias plataformas para disponibilizar seu acervo de conteúdos como Disney, Paramount e Star/Twenty Century Pictures (ex-Fox), os enlatados tiveram sensíveis quedas de audiência e com isso, observamos que nenhuma sessão cinematográfica aparece nos top 10 acima, apesar da Band ter conseguido emplacar três séries estrangeiras, reprisadas ou não. A única sessão de filmes que teve bom desempenho ibopístico foi o Cine Maior da Record, sendo este o 12º mais visto da emissora e mesmo exibido nas concorridas tardes de domingo, obteve satisfatória audiência em oferecer opção a um público exigente, coisa que a Record deveria melhor aproveitar, mas como é administrada por uma falsa-igreja e vive de jornalismo marrom para obter resultados imediatos, corre o risco de ter vida limitada, pois trata-se de um "tapa-buraco" na programação. Entre os longas mais vistos na TV aberta, o nacional "Minha Mãe é Uma Peça III", exibido em 5 de maio no Cinema Especial da Globo como forma de homenagem ao ator Paulo Gustavo, marcou 23,6 pontos de audiência. Na Record, o mais assistido foi o filme "Venom", cartaz de Cine Maior em 14 de março, com 7,1 pontos. No SBT, a comédia "O Pequenino" obteve 5,8 pontos em 8 de junho quando foi ao ar no Cine Espetacular, e na Band, o longa mais assistido foi "Lágrimas do Sol" apresentado no Cineclube em 17 de março, registrando 3,0 pontos de audiência.


Ao contrário do carnaval, a única coisa que não para no país da pandemia é o esporte. Sendo esta uma grande paixão brasileira (independente da modalidade), mesmo com atletas atuando sob o risco de sofrer contaminação, é uma forma de ganância ou sociopatia? Discussões à parte, é o setor que ainda demonstra sua força de resistência na TV aberta, pois está passando por um processo de democratização graças as denúncias de abuso de poder econômico exercido por certos grupos de comunicação que ainda não perderam a mania de monopolizar o esporte, sobretudo o futebol. Entre as 20 maiores médias nacionais de audiências registradas durante o ano em cada rede, o que vimos é isso: a Band teve 11 transmissões esportivas, sendo 10 corridas de Fórmula 1 e um jogo de futebol feminino, a Globo teve apenas dois jogos de futebol, sendo esta a mesma quantidade vista na da Record, já no SBT o exagero predomina com nada menos que 17 partidas de futebol entre os 20 maiores IBOPEs nacionais. E a desproporção das pontuações é visível, pois mostra que não adianta transmitir futebol se não tem uma programação atraente para segurar este público que prefere curtir a valer o rolar de uma bola. A Band, em matéria de esporte, se valeu mais pelo seu prestígio no setor, apesar de registrar audiências aparentemente minguadas em suas transmissões: 3,6 pontos no GP de Abu-Dhabi de Fórmula 1 em 12 de dezembro, a última e decisiva corrida da temporada que deu o título para o "holandês voador" Max Verstappen da RBR (Alô Bragança, Red Bull te dá asas...), 2,5 pontos com o clássico paulista Corinthians e Palmeiras pelo (atentem pelo detalhe) Brasileirão Feminino de Futebol e 1,9 ponto nas lutas de MMA todo sábado à noite.

O jogo de futebol de maior audiência de 2021 foi a primeira partida da final da Copa do Brasil de 2020 entre Grêmio e Palmeiras, com transmissão exclusiva da Globo. Os 27,4 pontos de audiência registrados na noite de 28 de fevereiro justifica o fato de ter sido disputado a portões fechados e apenas diante das câmeras de TV. O mais curioso é que a Globo não emplacou nenhuma transmissão do Campeonato Paulista no seu top 10 no decorrer de 2021, sempre na casa dos 20 pontos, coisa que a Record conseguiu com as finais do Campeonato Carioca, na qual obteve exclusividade, em que o segundo jogo do clássico decisivo Fla-Flu em 22 de maio registrou média nacional de 11,9 pontos de audiência (sendo 23,8 pontos somente na capital fluminense), embora a transmissão da competição teve caráter exclusivamente regional, focando suas atenções apenas no Grande Rio como todo Estadual que se preze. Enquanto isso, os índices que o SBT registrou nos jogos decisivos (e exclusivos) da Copa Libertadores da América são mal correspondidos: a final de 2020 entre Palmeiras e Santos em 30 de janeiro teve "apenas" 15,7 pontos, sendo que só em São Paulo registrou 22,4 pontos, frustrando o sonho SBTista de reconquistar o primeiro lugar no IBOPE, já a final de 2021 entre Palmeiras e Flamengo em 27 de novembro deu 16,1 pontos em todo o Brasil, sendo 17,2 pontos em São Paulo e 17,8 pontos no Rio de Janeiro. Será que os índices do SBT foram manipulados? Pois o normal, mesmo sendo sábado à tarde, era passar dos 20 pontos em ambas as praças e na média nacional. Mesma coisa pode ser dita na transmissão também exclusiva da Copa Bolsonaro, digo, Copa América, em que o máximo obtido de média nacional foi 12,2 pontos de audiência no "clássico-problema" entre Brasil e Colômbia em 23 de junho. Falando em Seleção Brasileira, o máximo que a Globo obteve em audiência foi 27,0 pontos no "super-clássico" fora de casa contra a Argentina em 16 de novembro pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, também exclusivo.

Um outro fenômeno que identificamos nas maiores audiências da TV de 2021 é o interesse do público pela morte de artistas, desde que estejam na crista da onda e tenha consolidadas fanbases nas redes sociais. O plantão da Globo que noticiou a morte do comediante Paulo Gustavo, vítima da Covid-19, em pleno horário nobre registrou 32,9 pontos de audiência. Já a transmissão do velório da cantora Marília Mendonça, vítima de trágico acidente aéreo, feita pela mesma Globo, marcou 33,0 pontos de audiência. O desaparecimento da rainha do "Feminejo Sofrência" foi o mais explorado: bastou ela nos deixar e três músicas que contavam com sua presença (Vai Lá em Casa Hoje, Hackearam-Me e Todo Mundo Menos Você) subiram imediatamente nas paradas. Coisa de empresários de fraldas, faturando às custas do nome dela, puro desrespeito com a memória dela perante familiares, parentes e fãs. Em cima disso tudo, quem fez a festa foram os teóricos de conspiração que atiraram para todos os lados sensacionalizando a "vontade de Deus" que causou a queda do avião, só por causa de uma pessoa que utilizava deliberadamente em suas composições o termo "todo mundo", sem distinção de nada. Só de pensar nisso, me dá raiva.


Falando em música, não podemos deixar de mostrar, como manda o figurino, o Top 20 musical anual de acordo com o ranking estabelecido pela Crowley Broadcast Analysis, uma empresa que (não custa nada repetir) monitora as rádios de todo o país desde 1997 com tecnologia própria. Sua metodologia consiste em "escutar" de forma digital mais de 90% dessas emissoras (equivalente a cerca de 200 estações) de todas as regiões do país e contabilizar as execuções das músicas, a partir do mapeamento e monitoramento durante o período comercial (de segunda a sexta, das 7 às 19 horas). O número final gera o Brasil Hot 100, com as músicas mais ouvidas no país, dos quais contabilizo apenas os 10 primeiros colocados (como faço com os rankings do Kantar-IBOPE). A lista é atualizada todos os sábados e somente divulgada a meia-noite da segunda-feira.

Mesmo repetitiva, insuportavelmente igual e consequência do alto consumo de álcool, o sertanejo continua dominando as paradas radiofônicas e ainda vai dominar por muito e muito tempo. O samba, estilo musical mais popular do Brasil, vem reaparecendo aos poucos e o funk libidinoso só aparece nos rankings de views e downloads das comunidades sociais, mas (louvado seja) não aparece na nossa lista anual (merece ser boicotado para sempre). Parcerias reivindicadas por gravadoras/empresários e duplas fabricadas de um hit só (como sempre) foi o que não faltaram. Foram 55 músicas contabilizadas nesta temporada e ao contrário dos anos anteriores, esta parada de sucessos foi a mais equilibrada dos últimos tempos. Confira como ficou a Playlist Musical Top 20 de 2021:

1) Facas - Diego & Victor Hugo feat. Bruno & Marrone
2) Despedida de Casal - Gustavo Mioto
3) Ficha Limpa - Gusttavo Lima
4) Morena - Luan Santana
5) Moça do Caixa - Raffa Torres
6) Batom de Cereja - Israel & Rodolffo
7) Não Parei de Sofrer - Gustavo Mioto
8) Desbloqueado - Diego & Victor Hugo
9) Dependência - Théo & Gabriel feat. Jorge
10) Último Beijo - Bruno & Marrone feat. Wesley Safadão
11) Sigilo - Guilherme & Benuto
12) Arranhão - Henrique & Juliano
13) Eu Topo - Sorriso Maroto
14) Vou Ver e Te Aviso - Pixote
15) Todo Mundo Menos Você - Marília Mendonça feat. Maiara & Maraísa
16) Me Adota - Sandro & Cícero feat. MC Mirella
17) Você Beberia ou Não Beberia? - Zé Neto & Cristiano
18) Trouxamente - João Gabriel feat. Humberto & Ronaldo
19) Oi Deus - Hugo & Guilherme
20) Coração de Isca - Bruno & Marrone

Em matéria de YouTube, seguindo o logaritmo Resgate da Memória da TV, aponto meus destaques de 2021: as lives do canal MVintage Cultura encabeçadas por Marlon Castro do Rio de Janeiro que ajudou a melhorar a minha imagem junto aos YouTubers mais experientes deste ramo, o canal Futebol Digital Arquivos da TV de Rodrigo Alonso Martins, também do Rio, que surpreendeu publicando telejornais esportivos antigos e mini-compactos de futebol servindo de tira-gosto para quem tiver interesse em adquirir com ele um jogo antigo no vasto acervo que possui (o link do site dele é este aqui) e o canal FilmesVHS de Lucas Moure de Santa Catarina que passou pelo mesmo problema do Danilo "Pedro Janov" Rodrigues em 2020: seu canal levou um tremendo strike e ninguém percebeu, mas (louvado seja) continua no YouTube com um canal novinho em folha. E o retorno do ano ficou um canal que anteriormente era chamado de Bokitonizo, mas que agora foi rebatizado de Bruno Clube do VHS de propriedade de Bruno Chiuratto de São Paulo (mora no bairro de Pirituba que conheço muito bem), que mantém a mesma linha desde que lançou o canal em junho de 2006 e voltou a postar conteúdo depois de 8 anos parado.

Mas não posso deixar de esconder as minhas decepções de 2021 com dois canais que prometiam, mas seguiram uma tendência suspeitosa que os fizeram trilhar um caminho mais "descontraído" em troca de uns trocados a mais. O canal TV Formosa que poderia enriquecer o YouTube apresentando uma série de curiosidades obscuras que ninguém sabe sobre a história da TV brasileira (até porque o dono do canal mergulha fundo nas pesquisas), vive a fazer uma infindável série de vídeos caçoando das esquisitices e tosquices de todas as emissoras que você possa imaginar (da Rede Globo a TV Comunitária de Muzambinho), bem que poderia mudar o nome para "TV Zoeira". O outro canal é o Fitas Joias, que teve a coragem de remover aqueles vídeos antigos de intervalos de programação e etc em troca de um novo formato que nada mais é abordar a repercussão da repercussão do "Véio da Havan vai trazer a Manchete de volta ao ar". O novo conteúdo da dupla paranaense Eduardo e Lamartine que toca o canal tá meio vazio e vem adotando a política do "pega trouxa": o título do vídeo é uma coisa e o que é visto é totalmente outra. Quando é que aquela dupla vai repercutircompartilhar no Instagram do Sr. Luciano Hang aquela carta aberta que eu enderecei a ele no blog TVer ou Não TVer (do Gian Carlos de Cascavel, o qual me tornei colaborador assíduo em 2021 e lá tornou-se um refúgio para mim, caso eu tenha vontade de escrever um artigo mais polêmico em tom de desabafo)? E porque não criaram um outro canal para manter aquele acervo disponível? Espero que o Eduardo e o Lamartine não fiquem bravos comigo com esta cutucada.


Tanto diz-que-diz-que levou-me a uma outra grande decepção, desta vez fora do YouTube, com o portal TV História, liderado por Tell de Castro de Ribeirão Preto. Acessava o site desde 2005 quando ainda era TeleHistória, depois de um longo tempo sem atualizar conteúdo, mudou o layout, o formato, a equipe cresceu e resolveu juntar conteúdo histórico com o factual. Ultimamente virou um portal de fofocas de consolidação de fanbases, rankings e curiosidades um tanto vazias e artigos de opinião beirando a obviedade, em suma, um fã-clube disfarçado (maldição esta que persegue qualquer site/portal que tematiza o mundo da TV). O pior foi quando abordou a notícia do acidente aéreo que matou a cantora Marília Mendonça, a nerdolândia robótica ficou entusiasmada de tal forma como se gostasse pra valer de uma tragédia que envolva uma celebridade, a ponto de traçar um histórico sobre mortes semelhantes com gente que não tem nada a ver com televisão (para efeito de comparação, o falecimento do comediante Paulo Gustavo não teve este "nobre tratamento"). Um grande desrespeito não só com parentes e familiares, mas principalmente com os fãs. Aquilo pra mim foi a gota d'água, fiquei com raiva da maneira que foi tal repercussão que tomei uma decisão importante: parei de acessar o site para não pegar pilha.

É um dever citar as duas maiores perdas (entre muitas tantas) que nossa TV teve em 2021. A primeira é de um autêntico ícone do veículo: Tarcísio Meira, um dos maiores atores da teledramaturgia brasileira, cujo talento conquistou tanto os homens (pelo estilo rústico) quanto as mulheres (pelo seu romantismo, um galã nato). A segunda é no que diz respeito a área cultural: o fim da Pró-TV. Devastada pela pandemia da Covid-19, a associação que, aos trancos e barrancos depois que a fundadora Vida Alves nos deixou, zelava pela memória da TV, lamentavelmente encerrou suas atividades em junho. Que o legado dela não morra, nem a amizade entre os associados, e as redes sociais estão aí para comprovar. A Thaís Alves, Elmo Francfort, Eduardo Blanco, Fábio Siqueira, Lú Bandeira, Solange Torelli, Rodolfo Bonventti e tantos outros amigos que fiz por lá e que amam de coração a história da TV, deixo meu recado: que a memória da nossa TV permaneça viva, sempre. Pelo menos algo resistiu, o site Museu da TV.

Inspirado num post do blog Variante (também do meu bom amigo Gian Carlos de Cascavel), faço aqui minhas previsões televisivas de 2022 (sejam absurdas ou realistas) em forma de Top 20:

1) Bem ou mal, a Globo sofrerá processo de cassação, sairá do ar para sempre e motivará grande festa em todo o Brasil

2) A Record cobrirá os festejos e passará a ser líder, mas será criticada por fazer igualzinho o que a Globo fazia

3) A Band assumirá o posto de vice por pouco tempo, pois haverá um racha motivado pela manutenção das teleigrejas

4) O SBT também sairá do ar, mas por causa de algo que ninguém quer imaginar nem em pesadelo: a morte de Silvio Santos

5) Seu velório será no CDT da Anhanguera por questões de segurança, transmitido em pool com as co-irmãs do Simba

6) Após o enterro, o SBT ficará fora do ar durante o período de luto oficial de 15 dias, mas encerrará suas atividades

7) A Rede TV! que tanto bajula o ilustre concorrente também não aguentará o baque, alegando solidariedade

8) O Ministério das Comunicações colocará a venda o espólio das três redes para quem tiver interesse em comprar

9) Ratinho vai nacionalizar sua Rede Massa comprando parte dos espólios das três emissoras e entra pra valer na briga pelo IBOPE

10) A Record também entra na disputa pelo espólio das parceiras de Simba só para manter seu monopólio religioso

11) Outro que mergulha fundo na compras do espólio das TVs será o mais sério candidato a "Homem do Ano": Luciano Hang

12) O "Véio da Havan" responderá no Twitter minha carta aberta no blog TVer ou Não TVer e vai repercutir muito

13) Ele quer mesmo ser dono de TV, mas criando uma nova emissora seguindo sugestão deste blogueiro e YouTuber

14) Animado com a empreitada, ele me chama pra conversar e me contrata para o ambicioso projeto de televisão

15) Ele logo anuncia a compra de CNT, Rede 21, Estúdios GGP e alguns canais supérfluos de Rede Família/Record News

16) Mas dará uma ducha de água fria a nerdolândia sobre o retorno Rede Manchete: ela volta... só no streaming

17) A "TV do Véio da Havan" será vista como ameaça antes mesmo de sua estreia, muitos preveem o potencial dela ser líder

18) A Rede Massa, por sua vez, será tachada de "SBT 2", já que a intensão de Ratinho é ser o "Silvio Santos do Século XXI"

19) Em meio a esse novo cenário, a guerra de audiência das TVs se tornará a mais equilibrada da história desde 1969

20) Grupo Chespirito autoriza as voltas de Chaves e Chapolin a TV mundial, no Brasil será na "TV do Véio da Havan"


Para encerrar, reproduzo aqui as palavras de um comentário que recebi de Diogo Sardinha Marques no vídeo de nº 4.000 que comemorou os 15 anos do meu canal no YouTube. As palavras dele são motivadoras e valem por si só a "debutância" deste meu hobby/passatempo em prol da divulgação da memória da TV brasileira: "Você Merece Estar no YouTube, Seu Canal Nunca Será Excluido".