HISTÓRIA: Cidade Contra Cidade - 56 Anos

Eu fiquei emocionado Naquele domingo à tarde Quando assisti ao programa Cidade Contra Cidade (...) Carlos Cezar, José Fortuna e Valentino Gu...

terça-feira, 26 de abril de 2022

OPINIÃO: Juízo Final na Globo, dia 05/10 a partir da Meia-Noite


Hoje, 26 de abril, é um dia muito importante para as comunicações do Brasil, afinal a Rede Globo de Televisão está completando seu 57º aniversário no ar (e provavelmente o último). Se julgarmos o título deste post, muito de vocês vão achar que se trata de uma estreia de uma nova série, ou de um reality-show ou até mesmo de mais uma novela. Mas vai muito além do que se possa imaginar, pois a situação que vou retratar nos parágrafos seguintes é tão realista que ficção nenhuma teria coragem de abordar. É a mais fiel representação do fim de um império.

Como todos sabem, a data citada acima é nada menos que o prazo final de validade das concessões públicas das mais de 120 emissoras da Rede Globo, exatamente três dias depois das eleições gerais do 1º turno e o fato, com certeza, será usado como pretexto altamente eleitoreiro. Como já era de se esperar, o paranoico Presidente da República (cujo nome tenho nojo em registrar neste despretensioso blog) resolveu descontar sua ira no Grupo Globo desde a campanha eleitoral de 2018, decidindo não renovar as concessões das emissoras da rede, o contrário do que fez das componentes do triunvirato lambe-botas de nome Simba Content. Se na mencionada quarta-feira você ouvir fogos de artifício, saiba que o Brasil não foi hexacampeão mundial de futebol, será a comemoração popular do fim da Globo em TV aberta e, se vier acontecer, poderá haver um programa especial ao vivo em "ritmo de festa", transmitido em cadeia pelas integrantes da Simba, sob o comando de três macacos-velhos da Globofobia, comprovadamente os maiores haters da "Poderosa" que o Brasil já conheceu: Ratinho (SBT), Geraldo Luís (Record) e Sikêra Jr. (Rede TV!).


Essa história é longa e complicada, por isso vamos tentar descascar esse abacaxi. É preciso antes de mais nada entendimento de contexto desta birra histórica, pois se trata de uma longa disputa de poder entre a mídia, a política e aquilo que podemos chamar de "igreja". Desde o suicídio do presidente Getúlio Vargas em 1954, um jornalista chamado Roberto Marinho, que era dotado de um patriotismo conservador, nunca mais teria sossego. Por fazer com que seu jornal O Globo se posicionasse contra o Governo da época e a favor das investigações de um atentado cometido pelo chefe de segurança (pesquisem e estudem mais sobre História do Brasil) e comprometera os setores governistas da época, uma ala da nossa política, liderada por Leonel Brizola (diga-se de passagem) começou a responsabilizar o tal veículo pela "instauração" da crise política que culminou com o líder da nação de então dando um tiro no próprio peito. Iniciava-se uma inimizade que durou quase meio-século.

Os meios de comunicação tem por dever e direito cobrar e julgar de forma transparente todos os prós e contras das gestões do poder público e nunca apoiá-los, bajulá-los ou protegê-los com palavras elogiosas, pois colocam em xeque sua credibilidade junto ao público. Esse talvez tenha sido um grande erro de Marinho após a morte de Getúlio Vargas em dar cobertura seja lá quem for o homem que ocupasse o cargo mais cobiçado da República Federativa do Brasil. Esse estilo arcaico de se gerir um canal de televisão revelou-se com o tempo ultrapassado, pois esses meios de comunicação tem nas mãos a autonomia de questionar o poder público sem esse medo bobo e antiquado de sofrer ameaças externas que poderiam causar o seu fim. Mas infelizmente virou doença crônica e é por isso que eu defendo a privatização das concessões de rádio e TV para que seja finalmente exercida a tão falada "liberdade de imprensa". Em suma, a Globo aberta pode ser vítima de uma "brizolada bolsonarista".


No caso da Globo, digamos que a emissora-líder estaria pagando um alto preço histórico por tirar a chance do Brasil em possuir uma concorrência mais equilibrada no campo das comunicações, como existe nos Estados Unidos, e o que estamos presenciando desde os anos 90? Uma concorrência desleal de alguém querer odiar seu próximo gratuitamente, cujo fim de um lado representasse benefícios ao outro. Apesar de tudo, seria o fim de uma joia da coroa de um conglomerado que ensinou gerações a gostar de TV, descobrir seus segredos e que formou inúmeros profissionais de grande gabarito. Mas a inveja conseguiu que esse prestígio todo fosse destruído. Essa queda gradual de prestígio teria começado em 1984 quando ignorou em seus telejornais de rede a cobertura do comício das Diretas Já!!! (tanto que o fato ganhou ênfase nos noticiosos locais, mas ninguém deu a mínima por isso) devido a pressões militares que só foram reveladas duas décadas mais tarde. Desde então, os esquerdistas-raiz (considerados os mais ortodoxos) tem birra da Globo e não apenas os atuais neodireitistas extremados, que são os "bolsominions" da moda.

Para vocês entenderem a gravidade do caso, existem três pontos fundamentais que podem comprovar que os argumentos anti-Globo não são tão exagerados como se nota por aí:

1) O abuso de poder econômico

Durante seu período de auge pleno, a Globo acabou por inflacionar o mercado televisivo na contratação de artistas, técnicos e profissionais da concorrência oferecendo salários exorbitantes e fora da realidade brasileira em troca de fidelidade (pisou, ficou) e, lógico, no superfaturamento da aquisição dos direitos de transmissão de eventos esportivos (sobretudo os campeonatos de futebol), neutralizando de vez os trabalhos das chamadas "co-irmãs" privando o público de não apenas ouvir opiniões diferenciadas e bastante democráticas do desempenho de atletas e jogadores brasileiros, mas também como forma de "esconder a verdade" e ocultá-la com uma visão descaradamente torcedora. E tem mais: enquanto "esquece" de colocar os impostos em dias, a atitude gananciosa de diretores desavisados, e também de certos setores da área comercial, acreditava que, entre os anos 70 e os 90, para um programa do horário nobre obter sucesso (seja novela, show, comédia, série, etc), a audiência deve ser de 50 pontos pra cima, se marcar de 49 para baixo é relegado ao status de "fracasso".

2) Seu alinhamento político

Toda vez que entramos em época de eleições presidenciais, a Globo se torna o bode expiatório da vez. Por mais que as candidaturas não estejam ainda definidas, sempre haverá especulação do suposto apoio que a emissora poderia dar a este ou aquele nome, o que eu considero errado. Desde 1989 que é assim, quando Roberto Marinho usou seus meios de comunicação para embarcar na onda "Collorida". Em 94 e 98, o Plano Real o fez estar do lado de FHC. Em 2002, virou Lulista devido ao desgaste do neoliberalismo no poder. Em 2006, tentou projetar Alckmin por causa dos escândalos que envolveram partidários governistas. Em 2010 e 2014, inventaram que a Globo só apoiou Serra e Aécio para comprovar que Dilma era só um instrumento de perpetuação petista no poder. E 2018, por ver a concorrência bajular tanto o JB, "volta atrás" e passa para o "lado esquerdo da coisa" e a tendência é essa para este ano, olha o grau de hipocrisia. Isso sem contar a birra de afiliadas rejeitadas no passado por motivos 100% políticos (a TV Aratu que o diga).

3) Suposta perseguição aos evangélicos

Seus telejornais não podem denunciar os podres de alguma seita protestante pelo mundo que logo é acusada por tal prática, dando a impressão de que ela é inimiga nº 1 da igreja evangélica. É como pôr panos quentes a falsos profetas que adoram extorquir fiéis, que são em sua maioria ingênuos semianalfabetos das classes baixas. Tudo começou em 1995 com a minissérie Decadência, em que abordava a ascensão de um motorista que vence na vida criando uma tele-igreja, mas a ala neopentecostal se ofendeu a ponto de apontarem o dedo pra Globo até hoje. Meses depois, o "Chute na Santa" foi o pontual dessa guerra santa onde os bispos responsáveis por tal saíram impunes fazendo o texto constitucional, proibindo agressões contra imagens religiosas, perdesse validade. E depois, de nada adiantou a exibição de um antigo VHS denunciando práticas abusivas de Edir Macedo. Por mais que promova o ecumenismo religioso, os haters reforçam o fato de que a Globo envereda o público subliminarmente numa seita mística chamada "Nova Era".


A impressão que fica neste panorama todo é que a nova cúpula Global está pouco se linchando pelo seu fim na TV aberta, está mesmo de olho é no streaming. Como um executivo declarou num sei aonde, que os novos concorrentes do Grupo Globo são os Netflix da vida, Amazon Prime, Disney +, HBO Max, etc. O tempo vem tratando de tornar realidade a seguinte expressão "pagando pra ver". A TV aberta vai mergulhar numa crise sem solução de rumo, quase sem fim, por causa de certos "medalhões" que pararam no tempo por teimosamente defenderem uma série de coisas que hoje ficaram ultrapassadas. E vai culminar de vez não só com a saída da Globo no dial aberto, mas com o fim do SBT (seja antes ou depois de 5 de outubro) por razões bastante óbvias: a morte de Silvio Santos colocará em derrocada o que chamo de culto a personalidade. É como se um capitulo fosse finalmente encerrado e um novo começasse a ser escrito. Porém, muito antes desse novo capítulo, o pretexto para ceder supostas pressões de certos militantes, estão fazendo as TVs abertas (inspiradas pela Globo) permitirem a falta de preparo a um sem número de profissionais sem diploma, seja viciados em redes sociais ou influenciadores digitais que conseguiram transformar a TV aberta em segunda tela de computador (ou terceira tela se incluirmos também os smart-phones).

Visando as eleições deste ano, a Globo está "tentando" de todos os modos uma aproximação (mal-correspondida por sinal) com o "lado esquerdo da coisa" e que ao invés de fazer uma oposição normal e natural ao atual Governo, estaria perseguindo a ala governista em seus telejornais com depoimentos de falsos especialistas, metidos representantes de minorias esquerdopatas e mimizentas que não representam nem 1% da vontade do povo, com suas palavras exageradamente demagógicas de ordem no desejo utópico de revolução da noite pro dia de "retomada do poder" em favor de uma união esquerdista, sentindo-se ainda "vítimas da causa" desde o impeachment da Dilma em 2016, o qual tem muita gente até hoje batendo na tecla de que aquilo foi "golpe". Isso aí não passa de um desejo monolítico estapafúrdio. Esse empoderamento idiota é o próprio retrato da desigualdade sócio-ideológica de um país onde uma pessoa deseja na maior ignorância o mal a seu próximo se não tiver a mesma concordância de ideias e preferências pessoais (como na religião que profere, no posicionamento político ou até no time de futebol que torce).


Nós estamos vivendo uma época difícil em que uma ganância absurda está tirando a identidade das emissoras de TV, pois o poder de desmande do setor comercial é tão grande que abafa o poder de decisão da direção artística e até da jornalística. Existe muito anunciante mercenário que insiste em pagar cada vez menos pelo maior número de inserções comerciais num único intervalo, vide aplicativos de viagem, que literalmente "cagaram" no pico da pandemia, com gente morrendo de mais e viajando de menos. Nossa TV aberta em geral não se preparou em nenhum momento com o avanço da Covid-19, muito pelo contrário, brigou com os fatos bem debaixo do seu nariz (pra alegria de JB) e ainda jogaram culpa na Globo por "disseminar fake news", mas se deram mal e fez da televisão brasileira o setor mais atingido pela cepa do Coronavírus desde 2020. Foi aí que surgiu o movimento negacionista, disseminado por uma geração "bolsominion", antes mesmo de seu "Deus" assumir o poder.

O destino da Rede Globo de Televisão depende das seguintes opções: uma votação no Congresso Nacional ou a outorga de um decreto-lei de renovação ou não das concessões. Das duas, uma. Por mais que existam parlamentares acionistas de afiliadas importantes do Grupo Globo aqui e ali, sinto dizer, ela vai sair do ar, o estrago já foi feito e até remendá-lo seria tarde demais. O paranoico JB, do alto do seu abuso de poder, vai burlar a Constituição (que de tão desobedecida chegou ao status de LETRA MORTA) e outorgará o tal decreto-lei cassando sem dó nem piedade as concessões da emissora-líder e suas afiliadas. Caso passe pela votação no Congresso Nacional (vide impeachment de Collor e Dilma), não duvido que testemunharemos um raro momento em que esquerdopatas e direitopatas (situação e oposição) se unirão pelo fim da Globo aberta (isso sem contar a compra de votos deliberada pela influência que a bancada evangélica exerce por lá). Dos cerca de 510 deputados federais, vamos supor que exista um parlamentar para cada geradora/afiliada da Globo, são aproximadamente 120. E quantos vão restar? Mais ou menos 390, esse pode ser o provável número de votos que dirão "não à renovação" ou "sim a cassação", dependendo da pergunta que será formulada.


O resultado promete ser apertado, se for aprovado por dois terços da Câmara dos Deputados, e quem vai lucrar com isso? A Igreja Universal do Reino de Deus, é claro, para implantar seu projeto monopolista capaz de transformar o Brasil num misto de Afeganistão, Cuba e Coreia do Norte, pois essa falsa-igreja atua nos dois lados pelo fato de não tolerar críticas e neutralizar qualquer tipo de "oposição à Palavra de Deus" (muito seguida à risca, com falta de entendimento de contexto, a escassez das noções básicas de teologia e a mania de acrescentar o que a Bíblia não registrou). É com pesar este blogueiro (que frequentou igreja evangélica por 18 anos) ter a coragem de relatar que o segmento pentecostal é excessivamente midiático e um tanto mentiroso pois tem gente que acatou o seguinte pensamento "falou mal de mim, falou mal de Jesus". Por isso que muitas TVs oxigênio são sustentadas por caminhões de dinheiro de dízimo (ou de cartéis) dessas grandes denominações.

Pelo visto, o futuro da TV aberta brasileira está infelizmente no sensacionalismo deliberado, no mundocãonismo banalizado e numa regressão persuasiva de valores, herança dos anos 90. Somos obrigados a aguentar um bombardeio de burrice, inconformismo, descrença, depravação e hipocrisia alheia que cada vez mais são explorados em rede nacional para efeitos ibopísticos. Estes são os combustíveis de sucesso para esses tipos de programação onde a boçalidade de desletrados, carismáticos, devassos e enfezados com mania de grandeza e liderança são vistos como virtudes. E pior: com a institucionalização das fake-news, essas que se tornaram uma verdadeira indústria brasileira, comprova a tese de que a versão sempre vencerá o fato (é como brincar de "telefone-sem-fio"), fazendo do nosso país uma nação de "marias-vai-com-as-outras". Por essas e outras que a TV aberta brasileira se recusou a cruzar a fronteira do século XXI, um desaprendizado total dessas "emissoras" por relutar a se reinventarem, tolerarem a concorrência e saber enfrentá-las do modo mais correto.


O IBOPE e seus métodos obsoletos de medir a audiência em tempo real, exclusivamente em São Paulo, tem também sua parcela de culpa. Se tivesse se modernizado, modificasse as metodologias, acabasse com o Real Time e observasse o potencial de mídias digitais serem mais consumidas que os "aparelhos fixos", ainda seria levada a sério. Mas como existe muita sujeira escondida debaixo desse tapete, só estimulou negativamente para as emissoras de TV manterem essa mania de competição umas contra as outras, o que levaram seus respectivos diretores e proprietários a ficarem cada vez mais presunçosos. Se o tal Conselho de Comunicação Social, planejado no final dos anos 90 pelo finado ministro Sérgio Motta, tivesse saído do papel, não estaríamos sofrendo tanto. Hoje, a classe audiovisual, com potencial de prosperidade máxima, é entregue a falta de oportunidades de um verdadeiro fogão televisivo, repleto de panelas de pressão (entenderam o trocadilho?).

Para encerrar, admito aqui mea culpa, pois cheguei a defender a Globo de uma forma exagerada um tempinho atrás como forma de combater a ameaça pseudo-evangélica da mídia, mas estou psicologicamente preparado para o pior e encarar essa cruel realidade, pois a ordem do mal e sua obsessão por dinheiro sem limites cauterizou tanto o país que sempre eliminará todas as chances das forças do bem. É como eu registrei no blog TVer ou Não TVer, somente a Interpol e a CIA para desbaratarem essas quadrilhas disfarçadas de seitas evangélicas no Brasil. O projeto Uma Só Globo foi um equívoco total que deixou cicatrizes indeléveis e iniciou a pá de cal de um gigante da comunicação, que virou as costas para o público amplo no qual era voltada a sua programação para se vender aos "nichos de público". Unificar as coisas não é recomendável e é nesse ponto que darei razão às Escrituras Sagradas: a ideia de unificação (autêntica mania nacional de monopolizar as coisas na TV) dá o indício de que estamos realmente vivendo o final dos tempos.