ATENÇÃO: ESTA É UMA HISTÓRIA REAL
Era domingo, 21 de maio de 1995 e eu tinha 9 anos de idade então recém-completados. Um antigo cônjuge da minha mãe percebia o quanto eu gostava de assistir ao Domingo Legal, então comandado por Gugu Liberato, e decidiu levar minha mãe e eu até o teatro da Avenida Ataliba Leonel nº 1.772, pra lá do Carandiru (hoje rebatizado de Parada Inglesa), zona norte de São Paulo. Ele nos deixou lá na porta do teatro bem cedo, às 7 da manhã, onde lá estavam três garotas com quem logo eu fiz amizade naquele dia. Uma dessas garotas tinha uns 11 anos e se chamava Renate (era assim que ela se chamava), ela percebeu o meu entusiasmo de poder ver pela primeira vez um programa de auditório no local, levou até um cartaz (o que é de costume para qualquer pessoa que vai assistir a um programa de auditório) e prometeu que se ela fosse chamada pelo apresentador a vir para o palco para alguma brincadeira durante um merchandising qualquer, me levaria junto (aliás, um beijo para essa Renate, caso esteja lendo este post).
Minha mãe estava impaciente com o passar do tempo e aproveitou para comprar uns biscoitos numa padaria que era bem próxima ao teatro chamada Sol (quem trabalhou naquele teatro deve se lembrar dessa Padaria Sol que estou mencionando) para a gente não ficar com fome. A fila começou a se formar e a aumentar e por volta das 10 da manhã já estava enorme, os administradores do teatro trataram de organizar as filas. As caravanas tinham prioridade e eram as primeiras a adentrarem no teatro para que depois permitissem a entrada dos que vinham sozinhos. E aí então pudemos entrar no teatro. Até o programa começar, ao meio-dia em ponto ao vivo, o público foi se ajeitando e escolhendo os melhores lugares para assistir o programa e nesse meio tempo, foram distribuídos brindes dos patrocinadores para a platéia, como por exemplo o chiclete Bolin Frutas. Enquanto isso, eu ficava observado o trabalho da equipe técnica, checando os equipamentos e se preparando para pôr o programa no ar, além de eu não tirar os olhos de dois monitores posicionados na mesma altura dos refletores. Minha mãe teve que ficar sentada na última fileira e eu, que não era bobo nem nada, resolvi sentar junto com essa amiga da porta do teatro, a Renate, ao lado da taça do lado esquerdo onde ficava uma dançarina, perto da câmera da grua, para ter boa visibilidade do palco.
Faltavam uns 10 minutos para começar e o coordenador de palco Liminha, que já tinha preparado as cartolinas (chamadas dálias) que iam ser utilizadas durante todo o programa, começou a esquentar a platéia pedindo para que todos gritassem quando o apresentador entrasse no palco "É o Gugu, oba! É o Gugu, oba!", além de ensaiar a coreografia do "Vem Dançar Comigo" assim que o programa começasse. Naquela hora, estava sendo exibida a abertura do Programa Silvio Santos, gravado evidentemente, quando o "Patrão" anunciava a Tele Sena e entregava os cheques em dinheiro aos premiados. Os artistas convidados começaram a entrar no palco e tomaram seus lugares para aquela gincana de "homens x mulheres", sendo ovacionados pela platéia: só me lembro que naquele dia participaram a atriz Alexia Deschamps e o cantor Daniel (na época em que o João Paulo era vivo, com quem fazia dupla). Meio-dia em ponto, começava mais um Domingo Legal e fiquei muito emocionado ao ver o Gugu e os artistas de perto, mesmo sendo dali a alguns metros de distância. Nos intervalos, rolaram algumas curiosidades: várias moças querendo um autógrafo do Daniel em cima de uma câmera que ficava no meio do auditório, haviam algumas crianças mais ou menos da minha idade sentadas perto do palco ao lado de um enorme monitor que ficava no lado esquerdo (uma delas conseguiu um autógrafo de um dos artistas no palco!) e fui sentar com elas a pedidos da Renate só pra tentar conseguir dar um abraço no Gugu, minha mãe saía quase toda hora do seu lugar para ver se eu estava bem tamanha preocupação que tinha comigo e isso teve uma conseqüência: uma inspetora de palco a colocou no canto da platéia na parte final do programa para evitar uma desorganização qualquer, pois o programa estava no ar e ao vivo. Minha mãe até arriscou um diálogo com essa inspetora, perguntando se eu poderia dar um abraço no Gugu, e a resposta foi a seguinte: "Saiba que todo mundo também quer dar um abraço no Gugu". Minha mãe deve ter interpretado mal a resposta e ficou magoada com a mulher naquele dia. Não me lembro de ter visto o Roque nesse dia, se sim deve ter sido a distância, mas se ele tivesse notado a tal súplica da minha mãe por mim, ele daria um jeito e a história seria bem diferente.
Apesar de tudo isso, foi muito divertido eu ter assistido de perto o Domingo Legal daquela época (quando o programa fazia jus ao nome), naquele inesquecível 21 de maio de 1995. Me lembro que no final do programa, quando o Gugu disse "ganharam os homeeeeeens!!!" (o time dos homens ganhou a gincana naquele dia), levantei os braços para a minha mãe que estava no canto do palco assistindo ao programa e abriu um sorriso pra mim. O programa terminou às 16 horas, me arrependo de não ter ficado uns minutinhos a mais no teatro pois queria ir embora logo, quem sabe poderia ganhar um abraço de algum artista ou até um beijo da assistente de palco Alessandra Scatena, e minha mãe quase ficou louca de tanto barulho que teve que ouvir naquele teatro quando voltamos pra casa (de carona do mesmo cônjuge dela). Ainda bem que nesse dia não teve Fórmula Indy porque ficava triste quando o Domingo Legal terminava antes das 16 horas para a transmissão de alguma corrida.
Para mim, seria uma satisfação enorme poder rever esse programa e ter uma cópia em DVD pra que, um dia, eu possa relembrar esse dia inesquecível e memorável que marcou para sempre a minha vida.
