OPINIÃO: O Estado Vegetativo da Primma Donna de 74 Anos

Atenção! Uma senhora que acaba de completar 74 anos nesta quarta-feira, está internada há um tempo bastante desconhecido e seu estado atual ...

quarta-feira, 28 de março de 2018

HISTÓRIA: As Copas na Telinha - 2ª Parte

Hoje, como não temos programação antiga para ser postada, vamos retomar a história das transmissões de Copas do Mundo na TV brasileira aqui neste blog. Vimos na primeira parte, como chegou às nossas telinhas as imagens das Copas de 58 a 70 e agora, na segunda parte, iremos ver a revolução tanto nas transmissões quanto na aquisição dos direitos de transmissão das Copas de 74 a 82. Então, é dada a partida mais uma vez.

1974 - Alemanha
A procura por televisores em cores foi enormes pelo fato da mídia da época anunciara a primeira "Copa Colorida" na TV brasileira e por isso, existem mais de 9 milhões de aparelhos televisores pelo Brasil. Através da EMBRATEL, o telespectador teve a sua disposição 76 horas de cobertura de Copa do Mundo e para que tudo isso tornasse possível foram desembolsados Cr$ 21 milhões, sendo Cr$ 12 milhões pelos direitos de transmissão, custos operacionais, canal de satélite e despesas de custo à EMBRATEL e mais Cr$ 9 milhões pelas despesas com viagem (passagens aéreas e transporte interno), estada da equipe e aluguel de equipamento e cabine, para ter plenas condições em efetuar transmissões diretas dos estádios, cada uma com três lugares, possibilitando o trabalho coletivo de narrador, comentarista e repórter. Isso sem contar o apoio técnico da empresa DOZ/Flimmer, empresa concessionária pelo trabalho da geração de imagens dos jogos da competição, que mobilizou 54 câmeras em 16 unidades de transmissão externa, onde cada um dos nove estádio era equipado com seis câmeras, num investimento equivalente a Cr$ 2,7 milhões. Se em 1970, havia apenas um único sinal de transmissão de TV, em 74, as três redes ganharam um canal próprio de áudio, mas trabalhando com a mesma imagem, em sistema de pool. As redes Globo, Tupi e REI gastaram cada uma Cr$ 3,5 milhões pelos direitos de transmissão, enquanto que a TV Cultura de São Paulo recebeu uma verba de Cr$ 1,5 milhão do Governo Estadual para poder receber as imagens via-satélite dos jogos. As emissoras podiam transmitir 19 jogos ao vivo e outros 19 em vídeo-tape, as transmissões se iniciavam 15 minutos antes e encerravam-se 5 minutos depois do apito final e tiveram o patrocínio comum do Grupo Copersucar (que divulgava o Açúcar União e o Programa Pró-Álcool do Governo Federal) e Cia. de Cigarros Souza Cruz (esta, anunciava os Cigarros Continental, o "cigarro oficial da Copa"). Mesmo assim, cada rede pôde vender mais duas cotas de publicidade por conta própria cada uma. A Globo teve suas cotas vendidas para as Pilhas Eveready e Lume Consórcios, a Tupi comercializou para Fósforos Fiat Lux e Companhia Antarctica de Cervejas e Refrigerantes e a REI vendeu seu espaço publicitário para os Televisores Colorado RQ e Bradesco. Um episódio marcou a cobertura da TV na Copa de 74: o conflito do Sindicato dos Jornalistas para impedir ex-jogadores em exercerem a função de comentarista, temendo perder emprego. Não fosse o fato, Pelé seria o "convidado especial" de um programete de cinco minutos de comentários, logo após os jogos da REI, analisando as condições físicas dos jogadores e Gérson seria também o "convidado especial" das transmissões dos jogos do Brasil pela Globo.


Rede Globo
Investiu Cr$ 484 mil para a cobertura do torneio e mandou para a Alemanha uma equipe de 13 pessoas dividida em dois grupos: uma para as transmissões das partidas, chefiada por Rui Viotti, e a outra para a cobertura jornalística diária com o dia-a-dia do evento e a preparação das equipes, encabeçada por Armando Nogueira. O Centro de Informações em Frankfurt, todo equipado com aparelhos telex (o avô dos portais de notícias da internet) e linhas telefônicas, foi o local escolhido para centralizar todo o esquema Global. Mesmo assim, precisou utilizar a infra-estrutura de uma emissora local de TV, a ARD-TV de Frankfurt, alugando um estúdio, laboratório de revelação e recrutando temporariamente três ou quatro profissionais alemães. Daquele local, o apresentador Léo Batista comandou 10 minutos de boletins diários exibidos no Jornal Nacional e Fantástico. Também fizeram parte da delegação Global o coordenador geral Luís Carlos Sá, o editor de texto Edson Ribeiro, o engenheiro Sérgio Eberlê e o repórter especial Janos Lengyel que acumulou também a função de intérprete para traduzir os termos em alemão para o português. O trio de cinegrafistas composto por Orlando Moreira, Reynaldo Cabrera e Carlos Cardoso puderam utilizar modernas filmadoras 16 mm da marca Payard-Bolex, com inédito recurso de fusão e captação de imagens a 300 quadros por segundos. Direto da Alemanha, os jogos tiveram a narração de Geraldo José de de Almeida e Rui Viotti e os comentários de João Saldanha e Milton Colen. Na equipe de retaguarda do Jardim Botânico, Rio de Janeiro, o narrador Luciano do Valle e o comentarista Ciro José puderam transmitir alguns jogos para não sobrecarregar a equipe Global na Alemanha. Nos intervalos de jogo, uma novidade foi adotada: a reapresentação dos principais lances do primeiro e segundo tempo em VTs editados.

Rede Tupi
Enviando uma delegação de oito pessoas, a Rede Associada fez questão de ficar bem próxima dos jogadores brasileiros hospedando sua equipe num pequeno hotel de Hoffenhein (a 94,5 km de Frankfurt), próximo a Floresta Negra, a 500 metros do topo de uma montanha, onde ficava o centro de treinamento Saint Blasien, de Herzogenhorn, em que a Seleção Brasileira estava justamente concentrada e alugou um operador de telex e três carros a sua disposição, apesar do forte frio que tiveram de enfrentar. Também se fez presente direto dos estádio em todas as transmissões ao vivo possíveis da competição, gastando Cr$ 19 mil somente em aluguel de cabine. O veterano José de Almeida Castro chefiou a delegação da Tupi e acumulou também a função de coordenador geral das transmissões, Hilário Marcelino foi o diretor geral da cobertura e o cinegrafista oficial, Eli Coimbra era o repórter especial que cobriu todos os passos da Seleção Brasileira, das reportagens às transmissões ao vivo, e uma cantora lírica desempenhou o papel de intérprete e assessora da equipe, Neomar de Kanel. Os jogos tiveram a narração de Walter Abrahão e Fernando Sasso e os comentários de Rui Porto e José Santana. Na equipe de retaguarda do Sumaré, tinha o coordenador técnico Ricardo Katar e o locutor José Góes, que narrava os VTs dos jogos que não eram exibidos ao vivo e apresentava o Tupi na Copa 74, um pré-programa diário da Copa do Mundo com 25 minutos de duração, exibido às 11h20, com entradas via-satélite de Frankfurt, mostrando dados sobre a competição, informações de bastidores, os treinos do Brasil, o lado sócio-turístico da Alemanha e entrevistas com jogadores, treinadores e dirigentes. Góes apresentava também o Boletim da Copa do Mundo, exibido dentro do telejornal Factorama com o balanço do dia sobre o torneio.

REI/Sibratel
A mais modesta de todas, era formada pelas emissoras paulistas Record, Bandeirantes, Gazeta e mais a TV Rio, coligando diversas emissoras independentes pelo país, recebeu o nome de Sistema Brasileiro de Televisão. Cada estação componente da cadeia foi previamente consultada para o rateio das despesas pela formação do pool e chefe de delegação foi o diretor Murilo Leite, da TV Bandeirantes, que coordenou a transmissão do Brasil mesmo. Com o pequeno volume de pessoas, sete enviados especiais, eles tiveram de se hospedar numa pensão em Frankfurt e dividir um único veículo para se deslocarem nos locais de treinos e partidas. As transmissões dos jogos iniciavam-se meia-hora antes com debates e comentários ao vivo conduzidos por Galvão Bueno, Sérgio Cunha e Alexandre Santos diretos dos estúdios do Morumbi. As transmissões diretas tiveram a narração de Peirão de Castro e Fernando Solera, comentários de Blota Jr. e Roberto Pétri e reportagens de Silvio Luiz e Chico de Assis. Outro enviado à Alemanha foi o cinegrafista Adão Macieira que registrou os treinos da Seleção Brasileira e os principais lances da competição. Diariamente, as emissoras do pool transmitiam em cadeia o boletim informativo No Mundo da Copa de 10 minutos de duração, exibido de segunda à sexta às 19h50, em dia de transmissão, e 21h00, quando não houvesse jogos.

Cultura
Graças a uma verba do Governo de São Paulo, garantiu também sua presença na cobertura da competição mesmo não enviando nenhum profissional à Alemanha, diluindo suas despesas. Sua equipe transmitiu os jogos nos próprios estúdios da emissora, localizados no bairro da Água Branca, em São Paulo, e teve a responsabilidade de comandar a Rede Nacional das Emissoras Educativas coligando as emissoras de Recife, Fortaleza, Natal, Porto Alegre, São Luiz do Maranhão e as retransmissoras de João Pessoa, Manaus e Vitória. As transmissões diretas contaram com a narração de Luiz Noriega e José Carlos Cicarelli e os vídeo-tapes com Carlos Eduardo Leite. O jornalista Orlando Duarte, que comentou os jogos pela Rádio Jovem Pan, foi o "correspondente" da equipe fazendo entradas diárias por telefone nos telejornais É Hora de Esporte e Hora da Notícia.


1978 - Argentina
O número de telespectadores no Brasil cresce ainda mais, agora são 14,8 milhões de receptores em todo o território nacional e cerca de 40 milhões de telespectadores. Para o Mundial na terra dos "hermanos", foi adotada uma grande novidade: a instalação de um moderno Centro Internacional de Imprensa para receber os jornalistas de todo o mundo, atendendo as necessidades das emissoras de TV em todo o mundo, possibilitando aluguel de equipamentos, de canal de satélite para a transmissão dos jogos ao vivo e um número maior de profissionais para agilizarem o envio de informações e imagens para vários países. Cada um dos seis estádios da competição estiveram equipados com cinco câmeras fixas e cinco microfones captando o som ambiente, da vibração da torcida aos toques de bola. E não foi apenas um, mas dois Centros de Imprensa, em Buenos Aires (Centro Cultural General San Martin) e Mar Del Plata (Centro Externo Boulevard Marítimo) contendo máquinas de teletipo adaptados em quatro idiomas (espanhol, francês, alemão e português) e todas as condições para que todos os jogos fossem acompanhados pela televisão. Os credenciados tinham prioridade em adquirir passagens através de reservas feitas no local em meios de transporte entre Buenos Aires e as sub-sedes da Copa e ainda aproveitarem uma série de vantagens como serviços de informações gerais, turismo, câmbio de moeda estrangeira, sala de estar e pontos de venda. Para os brasileiros, foram instalados centros de apoio nas cinco cidades-sede do torneio, em solicitação feita pelo Palácio do Itamaraty, através do presidente Ernesto Geisel. No Monumental de Nuñes, haviam 152 tribunas de imprensa para a transmissões dos jogos, no Estádio Jose Amalfitani eram 52 e nos outros quatro estádios (Córdoba, Mendoza, Rosário e Mar Del Plata) eram 76. Foram investidos um total de cerca de Cr$ 200 milhões pelas emissoras brasileiros e ainda acumularam 90 horas totais de programação sobre futebol, sendo 27 jogos ao vivo e 11 em vídeo-tape, cujas transmissões se iniciavam 15 minutos antes. Seis emissoras de televisão cobriram o Mundial: Globo, Tupi, Bandeirantes, Record, Gazeta e TVE/Cultura. Todas elas pagaram US$ 7 milhões de pelos direitos de transmissão à OTI (Organização das Televisões Ibero-Americanas) e mais US$ 152 mil pela exibição dos 38 jogos. As emissoras paulistas Cultura, Bandeirantes, Gazeta e Record adotaram uma novidade que vinha sendo testada em outras transmissões: a instalação de aparelhos televisores em pontos de grande concentração de pessoas em São Paulo (Rua 24 de Maio, Praça da Sé, Praça Ramos de Azevedo, Avenida Paulista e Vale do Anhangabaú) onde era instalada uma unidade de transmissão externa com duas câmeras focalizando as reações dos torcedores, gravadas e exibidas depois, além de entradas ao vivo antes, no intervalo e depois dos jogos. O artigo está sujeito a atualização porque faltam muitos detalhes para completar as informações à respeito da transmissão da Copa de 78 na TV brasileira:


Rede Globo
Foi a que mais investiu na cobertura do Mundial e os números impressionavam na época: US$ 1,2 milhão a EMBRATEL pelo canal exclusivo de satélite para o envio de matérias (sendo quatro horas diárias de uso), US$ 300 mil por um equipamento que converte o sistema PAL-B argentino para o PAL-M brasileiro, US$ 110 mil de diária liquida para os profissionais, US$ 7,2 milhões de custo total para estadia de cada profissional e US$ 20 mil para aluguel de transporte interno, caminhonetes de transmissão, linhas exclusivas de telefone e telex e viagens aéreas. Ao todo, convertendo os valores na moeda nacional, foram investidos Cr$ 25 milhões. Em nove horas diárias de programação sobre a Copa, a Globo enviou 73 profissionais à Argentina, distribuídos em grupos de acordo com as cinco cidades-sedes da competição, devidamente uniformizados (cada um tinha dois jogos de indumentárias com o logotipo Global feitos exclusivamente para a cobertura), sem contar outros 47 profissionais na equipe de retaguarda no Rio de Janeiro encabeçados pelo narrador Carlos Valladares e os comentaristas Celso Itiberê e Cláudio Mello Souza (que fizeram os tapes e entravam no ar em caso de problemas técnicos). Alpheu de Azevedo era o chefe de operações da transmissão do torneio e a narração direta dos jogos foi Luciano do Valle, Tércio de Lima e Fernando Vanucci, comentários de Sérgio Noronha, Ciro José e Pedro Luís Paoliello (ex-radialista das Copas de 58 a 70 que chefiava a Divisão de Esportes) e reportagens de Juarez Soares, Michel Lawrence (esses dois cobrindo exclusivamente a Seleção Brasileira)José Hawilla, José Regal, Francisco José, Maria Luíza e Hermano Henning (estes cinco tiveram que cobrir três seleções cada um). Embolsou Cr$ 217,5 milhões pelas quatro cotas publicitárias de patrocínio vendidas a Banespa, Cigarros Continental, Coca-Cola e Vasp e uma inédita cota para o top de 8 segundos para a General Motors do Brasil. Para a ocasião, montou uma programação especial com Boletim da Copa (em duas edições: 12h50 e 22h20, com 10 minutos de duração, com o noticiário sobre o Mundial), Globo na Copa (pré-jogo às 13h00, 16h05 e 18h35, com entrevistas, movimentação da torcida e a preparação das equipes antes de cada jogo), Quem é Quem (às 13h20, 16h20 e 18h50, com o perfil dos times e seus destaques antes de entrarem em campo) e Bate-Bola (às 23h00) debatendo os jogos da Copa com uma hora e meia de duração, com Armando Nogueira (que chefiou o jornalismo), Ruy Carlos Ostermann, Rubens Minelli, Óto Glória, Pelé e convidados, chegando a marcar 52% de audiência.
Slogan: "Copa do Mundo, Brasil na Rede Globo"



Rede Tupi
A última Copa da emissora pioneira que investiu de Cr$ 12 a 16 milhões para a cobertura. Levou uma equipe de 28 enviados especiais à Argentina sob o comando do diretor de operações Hilário Marcelino, do coordenador administrativo José de Oliveira Vaz, do diretor-geral adjunto Sérgio Marcondes e do coordenador geral José de Almeida Castro. A narração dos jogos foi de Walter Abrahão, Fernando Sasso e Batista Filho, comentários de Milton Colen, Ivo Amaral e Ataliba Guaritá Neto e reportagens de Eli Coimbra, Luís Carlos Alves e Ivan Mendes. Foram também à Argentina o editor de texto James Rúbio, o apresentador Paulo Saad e o comentarista Geraldo Bretas. Na equipe de retaguarda em São Paulo, o narrador José Góes e o comentarista Antônio Eurico fizeram os tapes dos jogos e entravam no ar em caso de problemas técnicos, além de apresentarem o informativo Boletim Argentina 78, exibido em duas edições: primeira edição ao meio-dia (com 10 minutos duração) e segunda edição às 21h25 (com duração de 5 minutos), sem contar uma edição de domingo às 22h45 com 15 minutos de duração e um boletim fixo no noticiário Grande Jornal Tupi. Alugou um canal exclusivo da EMBRATEL através do sistema de troncos que interligava Brasil e Argentina com direito a 20 minutos diários de emissão de matérias colhidas por três unidades móveis alugados para abastecer o Brasil Pool de Notícias com as informações sobre o torneio. Cada emissora da Rede Associada tinha seu próprio pré-jogo onde os comentaristas locais opinava sobre os competidores e mesmo assim, adquiriu por US$ 480 mil mini-documentários estrangeiros de 8 minutos sobre cada um dos 16 países participantes da competição, da geografia ao esquema tático. A Tupi vendeu quatro cotas publicitárias de patrocínio embolsando Cr$ 25 milhões anunciando uma marca de cigarros, uma montadora de veículos e uma caderneta de poupança. Este artigo está sujeita a atualização, pois muitas informações ainda faltam para serem completadas, as cotas de patrocínio é uma delas.
Slogan: "Rede Tupi, a Maior Torcida do Brasil"



Rede Bandeirantes
Por muito pouco, deixaria de transmitir a competição e cogitava uma programação especial com filmes e musicais, mas reconsiderou a decisão para zelar pela tradição esportiva herdada de sua emissora de rádio, então líder de audiência no segmento. Um pouco mais modesta, investiu de Cr$ 10 a 15 milhões para a transmissão, enviando 21 profissionais à Argentina, cuja equipe fora chefiada por Darcy Reis. A transmissão direta das partidas tiveram a narração de Fernando Solera, Galvão Bueno e Alexandre Santos, comentários de Márcio Guedes, Alberto Helena Jr. e Larry Pinto Faria e reportagens de Chico de Assis e Paulo Stein. Foi a primeira emissora a utilizar o recurso do pré-jogo (ou entre um jogo e outro, o "inter-jogo"), que não era um telejornal roteirizado seguindo o modelo Global, mas com a pretensão de prender a atenção do público com a expectativa dos jogos, reportagens externas, entrevistas de rua com torcedores, depoimentos dos jogadores, repercussão dos resultados, apresentação das equipes e os comentários propriamente ditos. Depois, dificilmente alguém mudaria de canal, esses eram os ingredientes do programa Perfil da Copa, que ia pro ar antes de cada transmissão, podiam ser dois ou três jogos. Mantendo o público no clima da competição, inseria diariamente durante a programação Um Gol de Copa, um mini-informativo que mostrava um gol histórico da história das Copas. Com direito de utilizar 15 minutos diários do canal exclusivo de troncos da EMBRATEL, colocou no ar dois telejornais diários temáticos de 15 minutos de duração cada um: No Mundo da Copa às 13h00, e Jornal da Copa, às 22h45, ambos comandados pelo chefe de jornalismo José Paulo de Andrade, direto da Argentina. Suas quatro cotas publicitárias de patrocínio foram vendidas por Cr$ 36 milhões, sendo duas nacionais (Banespa e Relógios Citizen) e duas locais (Nossa Caixa e Jumbo Eletro, em São Paulo).
Slogan: "Bandeirantes, a Rede da Copa"

Rede Record
Com investimento de Cr$ 7 a 8 milhões, e o direito de utilizar 10 minutos por dia o canal exclusivo de troncos da EMBRATEL, liderou uma cadeia de emissoras independentes para a transmissão dos jogos: TVS do Rio de Janeiro, TV Regional de Brasília, TV Alterosa de Belo Horizonte, TV Industrial de Juiz de Fora, TV Guajará de Belém do Pará, TV Rio Preto, TV Imperador de Franca, TV Guarujá, TV Jornal do Commercio de Recife, e TV Baré de Manaus (não dá pra entender porque que a TV Iguaçu de Curitiba ficou de fora da transmissão). A cobertura do Mundial se limitou às partidas, cujas transmissões iniciavam-se 15 minutos antes e encerravam-se 15 minutos depois. Em grande parte, quem bancou todo o esquema de transmissão foi a TV Baré, que mesmo integrante da Rede Tupi de Televisão, decidiu fazer a cobertura da competição por conta própria para levar ao vivo os jogos da Copa para grande parte da Região Norte do país, liderando a tal rede independente e a TV Record de São Paulo apoiou a empreitada e levou sua pequena delegação chefiada por Murilo Leite a se juntar com os profissionais do norte. Direto da Argentina, a narração dos jogos foi de Silvio Luiz, Milton Peruzzi e Dionísio da Ponte, comentários de Hélio Ansaldo e Hamilton Bastos e as reportagens de Flávio Prado. Nos antigos estúdios do Aeroporto, Braga Júnior e Álvaro Paes Leme narravam e comentavam os tapes das outras partidas e ficava de plantão em caso de problemas técnicos. Junto com ele, dois convidados especiais analisavam as chances dos times participantes em mesas-redondas antes e depois das transmissões: o ex-jogador do Cruzeiro Roberto Perfumo e o treinador do Vèlez Sarsifield Carlo Cavagnaro. Na venda das quatro cotas publicitárias de patrocínio, embolsou Cr$ 32 milhões de Banespa, Eucatex, Tênis Montreal e Vitasay, sem contar uma cota extra de Cr$ 4 milhões pelo anúncio da próxima atração, ou melhor, da "próxima partida" (Fábrica de Móveis Brasil).
Slogan: "Rede Record de Televisão, a Imagem da Copa"

TVE/Cultura
As emissoras educativas planejavam uma programação alternativa com com concertos, debates sobre filmes e peças de teatro, mas em 29 de maio, a TVE-RJ recebeu uma liberação especial de verba de Cr$ 3,2 milhões pelo MEC e desenvolve em parceria com a TV Cultura de São Paulo o Projeto SINTED (Sistema Nacional de Televisão Educativa) interligando simultaneamente 10 emissoras espalhadas pelo país (Recife, São Paulo, Natal, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Luís do Maranhão, Vitória e Manaus) anunciado como "Rede Nacional Educativa de Televisão - A Serviço da Cultura e da Informação", permitindo assim a transmissão ao vivo dos jogos do Mundial da Argentina. Quinze minutos antes do início dos jogos, exibia o programa Stadium Especial com a apresentação de Rosemary Araújo, mostrando de forma didática uma modalidade do esporte amador, aproveitando o interesse esportivo do grande público em época de Copa. Direto dos estúdios da Água Branca, a narração das partidas ficaram a cargo de Luiz Noriega, José Carlos Cicarelli, Wagner Luís e José Cunha. Nos intervalos das partidas, sob o comando de Carlos Eduardo Leite, o treinador de futebol Jorge Vieira analisava os lances das partidas. A ideia da tal Rede Educativa acabou não dando certo por haver divergências entre as emissoras, principalmente quanto aos horários das grades de programação.


TV Gazeta
Pouco se sabe sobre a transmissão da TV Gazeta de São Paulo na Copa do Mundo da Argentina, mas a emissora da Paulista transmitiu os jogos da competição sob o comando de Peirão de Castro e a opinião dos ex-treinadores argentinos Helenio Herrera e Ulisses Barrera como convidados especiais. Este artigo está sujeita a atualização, pois muitas informações ainda faltam para serem completadas. Se alguém tiver mais informações, curiosidades e detalhes sobre a transmissão da Copa do Mundo de 1978 na TV brasileira, deixe seu comentário ou me mande um e-mail.

1982 - Espanha
Pela primeira vez na história, um único canal de televisão do país teve a honra de ter a responsabilidade de emitir ao público brasileiro as imagens e as emoções dos jogos de uma Copa do Mundo. A Rede Globo conseguiu tal feito por causa da determinação da OTI. Em seu novo estatuto, a rede que transmitisse os Jogos Olímpicos a partir de 1980 teria o direito de exibir o Mundial da Espanha. As Olimpíadas de Moscou em 1980 não despertou interesse nas principais redes brasileiras por causa do boicote de 63 países comandado pelos Estados Unidos. O fim da TV Tupi também motivou o desinteresse brasileiro pelo evento e a TV Globo riu por último. Por cobrir com exclusividade a Olimpíada ganhou o direito de transmitir sozinha a Copa da Espanha e para isso montou em dois anos o maior esquema de transmissão jamais visto por um emissora de televisão em todo o mundo. Também no começo de 1982, a ABERT (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) tentou em vão evitar que outras três redes associadas à OTI (Bandeirantes, Record e Sistema Brasileiro de Televisão) ficassem de fora do Mundial, através de uma conciliação de interesses para que suas respectivas audiências não registrassem índices insignificantes. Nesta conciliação, as três emissoras estariam dispostas a reproduzirem os patrocinadores da Globo e cada um deles teria mais um anunciante próprio, além de um canal de áudio para seus respectivos narradores e comentaristas, mas tudo isso não foi possível.


Com tal responsabilidade, a Globo não poupou esforços. Com investimento de US$ 14 milhões, sendo US$ 6 milhões pelos direitos de transmissão e US$ 8 milhões pelo esquema de cobertura, o diretor da Central Globo de Jornalismo e cronista esportivo Armando Nogueira preparou-se para conduzir uma grande batalha brasileira em terras espanholas, estando em frente de uma equipe de 150 enviados especiais, a maior equipe estrangeira de televisão para realizar tal feito. Firmou uma importante parceira com a EMBRATEL para poder emitir as imagens ao vivo da Copa em todos os estados brasileiras, algo inédito em toda a história, e ainda negociou o uso de um canal de transmissão via satélite para emitir suas próprias imagens durante as transmissões ao vivo das partidas, permitindo com que o público brasileiro tivesse um privilégio que nenhum telespectador de outro país teve, o de poder ver pela Câmera Globo detalhes exclusivos dentro e fora de campo, bastava a emissora interromper o sinal utilizado pelo pool da OTI e jogar no ar as imagens exclusivas de sua câmera, o que obrigou a EMBRATEL desembolsar US$ 700 mil. As imagens da câmera exclusiva, instalada em local adequado para uma ampla visão dos estádios, foram captadas por uma antena instalada no local da partida cujo sinal fora enviado direto do gramado e retransmitidos para os estúdios da Globo na Espanha para depois emiti-las para todo o Brasil. Tal conquista fez com que 880 canais de telefonia e telex do satélite Major da Intelsat, utilizado por 12 países, permanecessem bloqueados durante a duração do torneio.


Assim como em 1978, a delegação de 150 profissionais Globais trabalharam uniformizados, desta vez o figurino foi especialmente desenhado pelo costureiro Clodovil Hernandes, tudo com o logotipo estampado da emissora: dois ternos azuis-claro, duas camisas esporte, duas camisetas, uma camisa social, três camisas de manga longa, quatro pares de meias e um casaco preto. Desses 150 enviados especiais, 146 são homens e apenas quatro são mulheres: as coordenadoras de operação Ana Lúcia Deiró, Suely Machado de Souza, Tite Mesquita Brasil e a secretária datilógrafa Regina Giannini. Todos esses profissionais tiveram que passar por um check-up médico e dentário antes do embarque para a Espanha, eram monitorados por rádios portáteis (o avô dos smart-phones), receberam um manual de operações com 165 páginas onde tirava as dúvidas e orientava os envolvidos na transmissão (que teriam de saber o nome dos 17 estádios, 338 jogadores, ao menos 11 titulares e dois reservas de cada equipe, 24 treinadores, 14 árbitros e 27 auxiliares) e tiveram a vantagem de poder telefonar para a família gratuitamente no Setor Especial de Assistência com 30 linhas telefônicas à disposição deles. Cada uma dessas pessoas tiveram suas passagens, estadas e hospedagens bancados pela emissora e viajaram com  US$ 1.000 no bolso cada um, podendo gastar esta quantia em alimentação, lavanderia, condução e extras de hotel, sendo assim receberam uma comissão diária de US$ 90. A responsabilidade era tão grande que a equipe da Rede Globo teve o desafio de enviar para os brasileiros sete horas diárias de programação voltada para a Copa (transmissão de jogos, noticiários e debates), totalizando 168 horas de transmissão, equivalentes a uma semana ininterrupta com assuntos sobre o Mundial. Toda essa programação especial foi produzida direto da Espanha graças a ocupação de dois andares do novo prédio da televisão estatal espanhola, em Madrid, montando assim uma miniestação de TV (um andar foi ocupado pela redação jornalística e escritórios, enquanto que o outro andar abrigou toda a parte técnica), uma espécie de filial da Globo à cerca de 10 mil quilômetros de distância da sede localizada no bairro do Jardim Botânico, Rio de Janeiro.


Na moderna central geradora de operações foi mobilizando 60 engenheiros-técnicos (36 deles vindos da equipe de jornalismo), teve condições de gerar sua programação em um estúdio de 500 m² com cerca de 20 toneladas de equipamentos vindos do Brasil, contou com sistema multiplex que permitiu contato simultâneo de imagens entre Madrid e Rio, seis ilhas de edição, 13 unidades portáteis de vídeo-cassete e 14 câmeras Sony Betacam de última geração que estrearam justamente na abertura da Copa. Outro equipamento que estreou na Copa, ou melhor, posto em prática nos jogos do Brasil era um aparelho computadorizado que permite reproduzir com perfeição a assinatura dos seus jogadores. Quando um jogador marcar seu gol, seu autógrafo era impresso na tela como se ele assinasse embaixo o gol que acabara de fazer. A Rede Globo também foi a única emissora do mundo a ter equipes de reportagem presente nas 14 cidades-sede do Mundial (Alicante, Barcelona, Bilbao, Elche, Gijón, La Coruña, Málaga, Madrid, Oviedo, Sevilla, Valladolid, Valencia, Vigo e Zaragoza), contando com o apoio técnico de 30 auxiliares espanhóis recrutados pela emissora brasileira. Para a cobertura da Seleção Brasileira um tratamento todo especial foi dado, os repórteres Juarez Soares e Ricardo Pereira fizeram a cobertura exclusiva e diária do dia-a-dia dos jogadores brasileiros e para isso instalou uma unidade de transmissão externa na porta do Parador Carmona, a 32 quilômetros de Sevilla, de onde a equipe brasileira estava concentrada, permitindo flashes ao vivo durante a programação e antes e depois dos jogos. Entre outros repórteres integrantes da equipe estavam Mário Jorge Guimarães, Ernesto Paglia, Francisco José, Hermano Henning, Roberto Cabrini, Lucas Mendes, Reginaldo Leme, Raul Quadros, Ricardo Menezes, Paulo Alceu, Carlos Nascimento e Pedro Rogério. De cada uma das cidades-sede, foram enviadas imagens para o estúdio de Madrid e que foram repassados totalmente editados para o Rio de Janeiro, transmitindo para todo o Brasil. Armando Nogueira não esteve sozinho para comandar a maior cobertura da Globo em Copas, contou com as presenças de Woile Guimarães (diretor de telejornais), Leonardo Gryner (diretor de eventos e coordenador geral), Michel Lawrence (editor-chefe) e Ciro José (diretor de esportes).


Como a Rede Globo tornou-se a única emissora brasileira em poder mostrar as imagens da Copa do Mundo em todo o país, várias agências de publicidade, representadas por diversas empresas e anunciantes, travaram outra grande disputa, pelo espaço de patrocínio. Depois de longas negociações e estudos de propostas de empresas como Laboratórios Dorsay, Gessy-Lever, Grupo Pão de Açúcar, Kolynos-Anakol, Cigarros Philip Morris e Goodyear, a Rede Globo acertou seus contratos de publicidade com Volkswagen, Coca-Cola, Companhia Souza Cruz e São Paulo Alpargatas. Cada uma delas pagou USS $ 6 milhões para ter seus produtos estampados nas chamadas, vinhetas, intervalos e textos-foguete durante as transmissões das partidas e o resultado foi a exibição de precisos 8.504 inserções durante o evento. Além disso, conseguiu mais US$ 1,5 milhão da empresa Gillette pela vinheta do top de oito segundos antes da ligação Rio-Madrid. Ao todo, a emissora embolsou US$ 25,5 milhões em publicidade. No final das contas, consegue um lucro de Cr$ 2,2 bilhões.




Como foi dito anteriormente, a parceria com a EMBRATEL permitiu que a Rede Globo transmitisse ao vivo as partidas da Copa do Mundo em todas as cinco regiões brasileiras. Ao todo foram 20 mil quilômetros de microondas interligando Espanha (emissora) e Brasil (receptora). As imagens transmitidas do terminal espanhol eram enviadas pelo satélite Intelsat IV e recebidas por estações terminais da Amazônia e esse mesmo sinal era emitido à Estação Terrena de Tanguá, que depois enviava ao Centro de Televisão da EMBRATEL no Rio de Janeiro que por sua vez retransmitia as imagens pela Rede Globo, formando assim a Rede Nacional de Telecomunicações, alcançando 18 milhões de televisores para 80 milhões de telespectadores. Finalmente, a Globo espalhava as imagens da Copa para suas 42 emissoras localizadas em 3.505 municípios de 22 estados brasileiros, possuindo assim 90% de alcance nacional. No caso de alguma falha técnica ocorresse durante a transmissão de um jogo, o locutor de plantão Oliveira Andrade entrava no ar até o restabelecimento do sinal e ficava em stand-by nos estúdios do Jardim Botânico, Rio de Janeiro, durante toda a competição. Com esse audacioso planejamento, a audiência nacional diária foi de 65 milhões de telespectadores, equivalente a uma média de 85%.



A Rede Globo programou a exibição de todas as 52 partidas do Mundial, sendo 41 ao vivo e 11 compactos em vídeo-tape. As transmissões dos jogos começavam 10 minutos antes e terminavam 5 minutos depois. Os jogos aconteceram diariamente, pelo horário de Brasília, às 12h15 e às 16h00. Apesar de ter a exclusividade total da Copa do Mundo, a emissora oficializou um ano antes que iria oferecer o sinal das transmissões ao vivo, simultaneamente e gratuitamente, à Rede de Emissoras Educativas, liderada pela TV Cultura de São Paulo e TV Educativa do Rio de Janeiro, que tiveram como única incumbência em colocar uma tarja para cobrir os anúncios da Globo, pois como se trata de uma coligação de 21 emissoras públicas e educativas, não pode anunciar por determinação dos Governos Estaduais.


O grande desfalque da equipe Global foi o ex-jogador Gérson. Contratado pela emissora desde fevereiro de 1981, o tricampeão mundial de 70 seria presença confirmada nas transmissões dos jogos do Brasil a não ser pelo seu único defeito: falar demais (justificando o apelido de "papagaio"). Demitido no final de março por Armando Nogueira, o comentarista utilizava uma linguagem descontraída, o que ia de encontro com o "Padrão Globo de Qualidade", não gostava de criticar jogadores, mas chegou a falar durante um minuto seguido durante uma transmissão com a bola em jogo, o que despertou inimizades dentro da Divisão de Esportes da emissora. Caso contrário, poderia acontecer algo inusitado: a única exigência no contrato de Gérson era de que ele não podia viajar de avião (ele tem medo de avião e acompanhava os jogos fora do eixo Rio-São Paulo nos estúdios do Jardim Botânico sentado numa poltrona) e poderia ter embarcado para a Espanha de navio.


As transmissões das partidas tiveram a narração de Luciano do Valle, Galvão Bueno e Carlos Valladares e os comentários de Márcio Guedes, Sérgio Noronha e José Maria de Aquino. Eles tiveram que percorrer uma cidade diferente a cada 24 horas, sendo 580 quilômetros por dia e 7.600 quilômetros em 13 dias. Os compactos dos 11 jogos eram exibidos por volta de 23h00 e em dias de jogo do Brasil, era apresentado um compacto de uma hora de duração da partida da Seleção Brasileira, sempre às 22h15. Luciano e Galvão narraram 20 jogos cada um, enquanto que Valladares transmitiu 12 partidas. Os apresentadores Léo Batista e Fernando Vanucci estiveram nos estúdios de Madrid acompanhando os jogos e se revezando no comando dos principais programas dedicados ao Mundial de Futebol da Espanha. Em virtude da cobertura da Copa do Mundo, a Rede Globo temporariamente, durante a duração da competição, deixou de apresentar Globo Esporte e Os Gols do Fantástico. Mesmo assim, apresentou uma programação especial alusiva à Copa:


* Os Bem Sucedidos, diariamente durante a programação: Boletim diário de dois minutos que contava a história de grandes jogadores e grandes equipes que marcaram presença em toda a história das Copas

* Globinho na Copa, de segunda à sexta às 11h25: Atração voltada para o público infantil onde Paula Saldanha apresentava desenhos animados de Naranjito, mascote oficial da Copa, filmes de Mundiais passados e ensinava as crianças como são as regras básicas do futebol

* Globo na Copa, diariamente às 11h40 e às 15h25: Antes das transmissões diretas, os flashes ao vivo e as últimas informações das equipes que entrariam em campo, além dos preparativos da torcida, todo o clima emocional, movimentação nas cidades e entrevistas com torcedores, treinadores, jogadores, críticos e dirigentes, dividido em dois blocos (um deles feito no Brasil)

* Quem é Quem, diariamente às 11h55 e às 15h40: Também antes das transmissões ao vivo com a apresentação dos times, retrospecto em Copas, características, imagens de jogos anteriores e os principais destaques, entre técnicos e jogadores, que se enfrentariam dali a instantes em dois blocos de quatro minutos

* Jornal Hoje, de segunda à sábado às 14h00, Jornal Nacional, de segunda à sábado às 19h45, e Fantástico, aos domingos às 20h00: Um bloco especial apresentado direto de Madrid com um painel diário do torneio, enfatizando o Brasil e seus adversários, gols e resultados, a situação dos grupos, os treinos dos cabeças-de-chave, depoimentos e reportagens exclusivas

* Minuto da Copa, de segunda à sábado às 22h10: Apresentava o perfil dos principais personagens da competição e das cidades-sedes do torneio

* Bate Bola, em dias de jogo do Brasil e no encerramento de cada fase às 23h15: Apresentado por Armando Nogueira, com uma hora e meia de duração, gravado previamente após as partidas, o debate repercutia os resultados dos jogos do Brasil, com a participação dos comentaristas da emissora e quatro convidados especiais por programa: Orlando Duarte (representando a Rede Educativa), Ruy Ostermann (representando a TV Gaúcha) e Pelé, além de treinadores e personalidades ligados ao futebol como Carlos Alberto Torres, Óto Glória, César Luís Menotti e Ferenc Puskas

* Esporte Espetacular, aos sábados às 10h40: Uma revista completa com as melhores imagens da Copa e seus principais destaques durante a semana


Apesar de retransmitir som e imagem da Globo nos jogos da Copa da Espanha, as emissoras educativas tinham suas próprias atrações. A TVE-RJ mandou seis pessoas à Espanha para cobrir os treinos da Seleção Brasileira e as análises de praxe dos jogos: o diretor de esportes Dival Santos, o cinegrafista Amaury Paulino, os repórteres José Luiz Furtado e Achilles Chirol e os comentaristas José Ignácio Werneck e Luís Mendes. Na equipe de retaguarda, o diretor Nelson Perez, o chefe do departamento de produções didáticas Reynaldo Boury, os chefes de reportagem Djalma Batista e Paulino Senra, o editor de imagens Tadeu Conde, o operador de vídeo-tape Marcos Amaral e o assistente de produção Franco Belfiore. As transmissões dos jogos do Brasil eram acompanhadas pelo prefixo musical Bola pra Frente de Alberto Luiz e Amélia Meirelles (uma versão "atualizada de Corrente 78), gravada pelo conjunto Terra de Santa Cruz, formado pelos irmãos Otacílio, Julinho e Edinho e o primo Francis. Diariamente, colocava no ar 10 boletins informativos de 5 minutos de duração das 8h30 às 21h00 intitulado TVE na Copa 82 comandado por Januário de Oliveira com uma panorâmica dos acontecimentos e manifestações populares relativas à Copa com flashes e reportagens feitos no Brasil e direto da Espanha. Antes dos jogos, exibia Os Países da Copa do Mundo com 3 minutos de duração, em que Márcio Martins mostrava, com material cedido pelas embaixadas estrangeiras, os aspectos históricos, sócio-culturais, geográficos e econômicos das equipes que iriam se enfrentar, além de retrospectos, confrontos e outras informações. Às 21 horas entrava no ar com o noticiário Esporte Hoje na Copa, apresentado por Eliakim Araújo e após os jogos do Brasil, uma tradicional mesa-redonda debatendo a atuação da Seleção Brasileira numa edição especial do TVE na Copa 82 comandado por Luiz Orlando, Celso Itiberê e Gérson, além de receber convidados especiais. Pelo fato de liderar uma cadeia de nove emissoras do SINTED, apresentava nos intervalos das partidas, vídeos institucionais de um minuto mostrando o funcionamento de telepostos e atividades em geral de cada estação de teleducação.


Já a TV Cultura de São Paulo, que na época era divulgada como RTC, tinha sua própria programação esportiva e se restringia com seus carro-chefes É Hora de Esporte, Esporte Opinião, Esporte Visão e Domingo Esportivo, mas fazia questão de colocar um pré-jogo meia-hora antes das partidas e um pós-jogo intitulado RTC na Copa, em que Luiz Noriega, José Carlos Cicarelli e João Zanforlin faziam seus comentários nos próprios estúdios da emissora.


Quem desafiou a exclusividade Global na luta pela audiência  fazendo uma promoção agressiva para tal foi a TV Record. Seu interesse foi mais no "áudio" da TV do que no rádio especificamente e por isso transmitiu as partidas através das suas emissoras de rádio AM e FM. Investiu Cr$ 210 milhões, dos quais Cr$ 750 mil eram pelos direitos de transmissão, e mais um aluguel de canal de satélite aberto 24 horas por dia, as transmissões radiofônicas passaram a seguir o padrão da televisão e criou-se o slogan: "Na Copa, abaixe o som da TV, aumente o volume do rádio e ouça com o coração... na Record". Da equipe de 16 profissionais deslocadas para a Espanha, nove eram da televisão: os narradores Silvio Luiz e Tércio de Lima, os comentaristas Pedro Luiz, Álvaro Paes Leme e Alberto Helena Jr., o repórter Flávio Prado, o apresentador Ronny Hien, o coordenador geral Rui Viotti e o cinegrafista Cid Sandoval. Inseriu três edições diárias do Boletim da Copa às 11h55, 18h50 e 19h45, o informativo histórico Almanaque da Copa, o semanal Nossa Copa e mesas-redondas especiais em dias de jogo do Brasil com a equipe de retaguarda composta por Milton Peruzzi, José Luiz Meneghatti, Moacir Japiassu, Juca Kfouri, Blota Jr., Luiz Alfredo e Eli Coimbra. A empreitada deu certo a ponto da Record liderar a audiência no rádio nos jogos do Brasil.




A TV Gazeta de São Paulo não ficou indiferente ao Mundial e montou uma programação bem interessante. Mandou uma equipe de 10 pessoas, comandada pelos locutores José Italiano e Peirão de Castro e os produtores Carlito Adesi e Edson França, que ficou encarregada de enviar material diário da Espanha sobre a competição. Das 14 às 22 horas, teve seis entradas do Boletim da Espanha com áudio direto da Espanha e duração de dois a cinco minutos. Havia também o Hora da Copa, um programa diário enviado em VT, que ia ao ar das 18h30 às 19h30, com informações de bastidores e comentários de jogos da competição. Confiando na vitória do time brasileiro, transmitia ao vivo, a partir das 18 horas, a festa que promovia para os torcedores na Avenida Paulista em frente ao Edifício Gazeta. A folia só era "interrompida" meia-hora depois para a exibição de Hora da Copa, mas logo continuava a mostrar a festa brasileira com mais dois flashes ao vivo, até às 22h30, dependendo do resultado (exceto quando o Brasil perdeu pra Itália, é claro).

E fiquem ligados no blog ÊHMB De Olho na TV para conhecer mais um pouco as história das Copas na TV brasileira. Em breve, a terceira parte contando a transmissão das Copas de 86 a 98.