Gostaria de prestar esclarecimento com vocês que me seguem tanto no blog quanto no YouTube com uma experiência que eu tive em setembro com a minha mãe. Ela conversou comigo que assistiu uma reportagem na TV e se identificou com o caso. Era sobre um homem bem-sucedido no exterior que era portador da Síndrome de Asperger. Ela notou que alguns comportamentos desse homem eram semelhantes aos meus e foi aí nessa conversa que foi feita a descoberta entre minha mãe e eu, com o aval de uma psiquiatra, a Dra. Adriana Regina (que aparece comigo na foto acima, que desde o começo da consulta que tive com ela demonstrou uma enorme empatia por mim, pela qual rendo minha gratidão por ela através deste post), que, de fato, sou portador da Síndrome de Asperger. Ou, pra ser mais específico, do Transtorno de Espectro Autista. Fui pesquisar sobre o assunto e com a confirmação da Dra. Adriana, vi que é um distúrbio psico-neurológico de grau leve, e que apenas 0,05% das pessoas, principalmente do sexo masculino, nascem sob essa condição.
Nesse tempo todo, minha mãe acreditava que eu estava bem e não tinha nenhuma limitação, estudava, passava de ano, me formei na faculdade, enquanto que eu não sabia se eu tinha alguma anormalidade, cujos sinais começaram a transparecer na adolescência. Só que agora, com 31 anos de idade, descobri tal coisa. Tive que relembrar com a minha mãe vários fatos da minha vida relacionados a essa condição. A inteligência acima da média é um caso especial porque, segundo a minha mãe, eu já lia aos 3 anos, desenhava as marcas dos programas e os artistas da TV, e aos 7, já lia um texto como "gente grande". Lembro que na escola, umas colegas de classe perguntaram em tom de deboche se eu era um super-dotado, eu boiei porque não sabia o que significava. Mas agora percebo que fui um super-dotado e isso tem nome: Autismo de Auto-Funcionamento. Sinal do transtorno.
As crises de surto (muito visíveis no meu blog e em alguns comentários que faço no YT) e excesso de preocupação é também outro sinal indelével ao Asperger. Eu estava fazendo meu trabalho voluntário de projeção de tela na igreja que eu frequentava aqui perto de casa, só que aí queimou a placa de vídeo do computador bem na véspera do feriado de 7 de setembro. Não arrumaram esse tempo todo e quando arrumaram, o serviço ficou pela metade pois o monitor do PC não ligava, só o telão. E quando arrumaram o monitor, se esqueceram de conectar o computador ao projetor de tela. Isso sem falar na configuração desordenada da pessoa que foi chamada para arrumar o sistema. Reclamei, surtei e achei que aquilo não era justo pois o telão ficou sem funcionar por duas semanas. Tive sim um desequilíbrio emocional, minutos antes do culto do meio da semana começar e algum obreiro resolveu dedurar a mim para um missionária com fama de "controladora" (o pastor não estava presente nesse dia) sedentos de que eu levasse uma bronca, mas eu já tava planejando em sair da igreja mesmo desde o final de agosto, porque estava lá há 10 anos e frequentar o mesmo lugar duas vezes por semana, quase que sem "folga", e convivendo com as mesmas pessoas que, por força de hábito ou pela idade avançada, não mudam seus jeitos, pra mim já deu. Eu ia sair de lá quando eu conseguisse um emprego de verdade, mas tava planejando minha saída no final deste ano, só que percebi que a hora de deixar a igreja é agora porque ninguém ia compreender essa minha condição (não se pode misturar a ira de Deus, a mais justa e prudente de todas as iras, com a ira humana, que é desequilibrada e desfuncional), também porque a minha vida não pode girar em torno do lugar em que eu congrego, mas nunca vou abandonar minha fé.
Outro sinal do transtorno que apresento é a dificuldade de eu poder interagir (costumo me isolar mesmo, quando assisto TV) com uma pessoa real e de poder me relacionar com uma garota. Talvez esse seja o motivo de eu até agora não ter conseguido namorar, seja namorico ou compromisso sério, apenas "paixões platônicas". Quando olho para alguma moça à distância, da qual eu acho muito bonita, e desvio meu olhar quando alguém olha nos meus olhos, é também outro sinal. E querem mais? Meu interesse intenso por tudo que ligado ao universo da televisão (sempre trocava os passeios ao ar livre pela "babá eletrônica" e eu ficava fascinado pela TV) e a sensibilidade que tenho por sons altos (não gosto de lugares com música ao vivo e baladas do tipo, porém me privei de reclamar com o responsável da mesa de áudio do som excessivamente alto que a Igreja sofria um tempo atrás com medo de que me mandassem para "aquele lugar"). Confiram abaixo os sinais de Asperger que em mim são manifestadas e mais uma lista do que eu gosto e do que eu não gosto:
* Inteligência acima da média - Superdotado:
Meu desenvolvimento mental foi muito rápido. Tenho memória fotográfica de tudo que tem apelo visual para mim, seja texto ou imagem.
* Falta de interação social - Dificuldade de relacionamento:
Sou reservado e muito caseiro. Tive dificuldades de adaptar em grupos de trabalho de escola e faculdade. Quando converso com uma pessoa, quase não consigo olhar nos olhos, porém fixo meu olhar à distância quando vejo uma moça e a acho bonita.
* Comportamento repetitivo - Mania de rotina:
Sou metódico ao extremo, sigo as regras à risca. Não existe uma lei que me proíba de ser metódico. Característico de alguém do signo de Touro como eu.
* Preocupação excessiva - Pouca paciência:
Tudo deve ocorrer perfeitamente sem nenhum problema de ordem técnica. Se não, pode me deixar visivelmente irritado.
* Dificuldade em lidar com críticas, conflitos e sinais sociais - Descontrole emocional:
Fúria e raiva na hora de ser contrariado, naquilo que não me agrada e algo no qual acho errado. Maus pensamentos chegam a subir a minha cabeça.
* Fixação por uma específica atividade - Interesse intenso:
Desde criança, gosto muito de televisão, suas histórias e tudo que é relacionado ao veículo. Sei muito bem o que quero: mexer com televisão. Mas ninguém me entendia porque achavam que eu era retardado mental e que era uma coisa sem futuro.
* Falta de empatia - dificuldade em interpretar sentimentos:
Referindo-se aos meus próprios sentimentos, costumo escondê-los e guardá-los dentro de mim. Aparentemente sou "frio" e chorar por algo banal, para mim, é uma grande besteira.
* Dificuldade para se comunicar - Não entendem as sutilezas da fala e outras formas de linguagem:
Quando alguém eleva o tom da voz, isso soa para mim como uma bronca. Sinto-me invadido e agredido quando alguém me toca no braço e entra no meu quarto sem bater na porta. Desse jeito sinto-me como a pior pessoa do mundo e não consigo me defender.
* Hipersensibilidade sensorial - Ruídos altos:
Sons elevados me incomodam e me deixam perturbado e atordoado como música ao vivo e baladas do tipo. Sempre procuro evitar lugares com muito barulho e muita agitação de pessoas.
* Dificuldade de concentração - Atenção sem interferência:
Barulhos paralelos inconvenientes chegam a impedir minhas ações involuntariamente. Nesses momentos, o silêncio é importante para meu bom desenvolvimento de ideias e pensamentos.
10 Coisas Que Eu Gosto:
- Fazer compras no supermercado
- Viajar para a praia
- Ouvir música "retrô" em som ambiente
- Editar vídeos para o meu canal no YouTube
- Usar o computador para escrever e pesquisar
- Ler biografias e livros que contam histórias da TV
- Assistir documentários em geral e vídeos antigos da TV
- Ser tratado meiga e docilmente pelas mulheres
- Ir a eventos e lugares relacionados a televisão
- Festas e encontros intimistas com familiares e amigos
10 Coisas Que Eu Não Gosto:
- Ouvir qualquer briga ou discussão
- Ser interrompido, persuadido ou contrariado
- Festa de formatura infanto-juvenil
- Alguém faz alguma "brincadeira" comigo
- Notar um problema ou algo injusto
- Lugares com música ao vivo, muito tumulto e som alto
- Gente teimosa, puxa-saco e sem caráter
- Me mandar sair quando estou bem em algum lugar
- Ver televisão com muitas pessoas por perto
- Conviver com torcedores fanáticos de futebol
Várias personalidades da história que primaram pela genialidade, possuíram ou possuem a Síndrome de Asperger e se tornaram bem-sucedidos: Bill Gates, Albert Einstein, Sócrates (filósofo), Leonardo da Vinci, Beethoven, Mozart, Van Gogh, Isaac Newton, Thomas Edison, Henry Ford, Alexander Graham Bell, Charles Darwin, Steven Spielberg, Tim Burton, Andy Warhol, Alfred Hitchcock, Syd Barret (Pink Floyd), Stanley Kubrick, Al Gore, Lionel Messi, Woody Allen, Keanu Reeves, Daryl Hannah (Splash, uma Sereia em Minha Vida), Michael Phelps, Satoshi Tjiri (criador do Pokemón), Steve Jobs e Adele (cantora). Ao ver essa lista de nomes, minha mãe disse que eu me encaixo nesse grupo e que ela não tinha ideia de que eu era um "gênio".
Meu relacionamento com a minha mãe estava desgastado, mas ela está mudando o comportamento comigo justamente por conta disso. Ela me encorajou dizendo que eu preciso usar essa limitação para o bem e que esse seja um novo começo na minha vida e não o fim do mundo devido a falta de compreensão, negligência, indiferença e até de chacota de uma pessoa "normal". Isso explica os ataques explosivos com certas pessoas que comentam nada com nada sem sentido nos vídeos do YT, pois o que eu achava que era uma "desculpa", na verdade era algo do qual eu também tinha, mas não sabia e que agora estou descobrindo. Descobri também que pessoas que possuem problemas semelhantes dividindo o mesmo espaço jamais se suportariam.
Que este post possa ajudar muita gente que ainda tem dúvidas quanto a atitudes e comportamentos que podem deixar qualquer pessoa desavisada desconfortável. E que também este post possa permitir que as pessoas "normais" sejam cada vez mais orientadas na maneira diferencial de tratar alguém com essa condição. Bastei ter uma consulta com uma psiquiatra, dar início a uma série de terapias, ela ter feito a lauda recomendando as adequações necessárias que eu precisarei em ambientes de trabalho (agora sim vou ter grandes oportunidade de trabalhar com aquilo que eu mais gosto na vida, com televisão) para eu poder oficialmente prestar este esclarecimento com vocês esse momento que foi um "divisor de águas" na minha vida. Mas jamais farei disto como uma muleta, uma medalha ou algo pra se orgulhar a ponto de "meter a mão no peito".