Hoje, como não teremos postagem de programação antiga (de acordo com o novo esquema adotado neste blog), publico finalmente um artigo de opinião sobre uma das mais competentes premiações existentes no Brasil, a da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), que encaminha para sua 62ª edição, agora sob nova direção. Depois de anos sob a batuta de José Henrique Fabre Rolim (que não deixou de participar da eleição deste ano escolhendo os melhores de Artes Visuais e Música Erudita), agora a associação tem um novo presidente, Celso Curi, que participou do julgamento de Teatro Adulto e Música Erudita. Foi numa segunda-feira à noite, 11 de dezembro, em que 66 críticos de 11 segmentos de arte (Arquitetura, Artes Visuais, Cinema, Dança, Literatura, Música Erudita, Música Popular, Rádio, Teatro Adulto, Teatro Infantil e Televisão) se reuniram no Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, localizado no bairro da Bela Vista, e elegeram os 79 contemplados ao prêmio mais importantes das artes não só de São Paulo, mas do Brasil (dentre os quais estavam meu amigo Fábio Siqueira, o blogueiro teatral Miguel Arcanjo Prado e Fausto Silva Neto, que é gente fina, mas não é neto do Faustão). Uma pena que a nova direção da APCA não anunciou o merecedor do Prêmio Especial, parece que tão fazendo suspense é só quando o evento tiver perto é que vão fazer o anúncio oficial. Em meio a isso, vem a nossa curiosidade: como é que aqueles críticos, de acordo com sua especialização, fazem a votação, é aberta ou é secreta? Pretendo adotar esse esquema de votação no meu Melhores de Verdade.
Bom, alguns nomes conhecidos de alguns segmentos merecem destaque: Guto Lacaz (Fronteiras da Arquitetura) e o bairro do Bixiga (Resistência Urbana de Arquitetura); Vladimir Brichta (Ator de Cinema por "Bingo - O Rei das Manhãs"), Clarisse Abujamra (Atriz de Cinema por Como Nossos Pais) e João Moreira Salles (Melhor Cineasta por No Intenso Agor"); Editora Zahar (Grande Prêmio da Crítica de Literatura, pelos 60 anos de existência); Maestro Jamil Maluf (Regente de Orquestra de Música Popular); Boogie Napie de Mano Brown (Melhor Show de Música Popular), As Caravanas de Chico Buarque (Melhor Canção de Música Popular do Ano), o controverso Pabllo Vittar (Revelação de Música Popular, talvez a maior mancada da crítica que foi, sem dúvida, aliciada pela máfia LGBT que prega tolerância agindo com intolerância) e João Gilberto (Grande Prêmio da Crítica de Música Popular, cuja premiação levou uma ducha de água fria da Revista Veja que publicou em matéria de capa dias depois da votação o outro lado do mito da bossa-nova, atolado em dívidas e em fogo cruzado judicial com a filha por conta de direitos autorais); Eli Corrêa (Oiiii Gente!!! Apresentador de Rádio por Que Saudade de Você da Rádio Capital), Joseval Peixoto (Homenagem Especial de Rádio) e Antônio Viviani (Produtor de Entretenimento de Rádio, juntamente com Nicolla Lauletta, por Voz Off, da radiofobia.com.br); Andréia Beltrão (Atriz de Teatro por Antígona) e Renato Borghi (Ator de Teatro por O Rei da Vela); enquanto que a categoria Teatro Infantil, demonstrando as dificuldades que as artes encontraram em 2017, teve apenas sete personalidades premiadas da área que se destacaram ao longo do ano ao invés das tradicionais categorias.
Enfim, chegamos ao segmento Televisão, que é minha especialidade e que, por causa da ordem alfabética, é a última a ser apresentada, mas com um distinto privilégio. Em 23 de novembro, quinta-feira à noite, nove críticos da área se reuniram na sede do Sindicato e montaram uma prévia com sete sub-categorias contendo cinco indicados cada: Melhor Novela, Melhor Série/Minissérie, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Diretor, Melhor Programa e Melhor Apresentador(a). O comitê julgador foi formado por Cristina Padiglione, Edianez Parente, Fabio Maksymczuk, Flávio Ricco, José Armando Vanucci, Leão Lobo, Neuber Fischer, Nilson Xavier e Paulo Gustavo Pereira. Desses, apenas Flávio Ricco, do portal UOL, e Vannucci, do portal Gshow, não estiveram presentes na votação final de 11 de dezembro. Confiram abaixo o conjunto de sub-categorias, indicados e os vencedores em negrito:
Novela:
Os Dias Eram Assim (TV Globo)
A Força do Querer (TV Globo)
Malhação - Viva a Diferença (TV Globo)
Novo Mundo (TV Globo)
Rock Story (TV Globo)
Série/Minissérie:
3% (Netflix)
Dois Irmãos (TV Globo)
Filhos da Pátria (TV Globo)
Sob Pressão (TV Globo)
Um Contra Todos (Fox/Conspiração Filmes)
Diretor de TV:
Andrucha Waddington/Mini Kerti (Sob Pressão – TV Globo)
Luiz Fernando Carvalho (Dois Irmãos – TV Globo)
Maria de Médicis/Dênis Carvalho (Rock Story – TV Globo)
Rogério Gomes/Pedro Vasconcelos (A Força do Querer – TV Globo)
Vinícius Coimbra (Novo Mundo – TV Globo)
Ator de TV:
Daniel de Oliveira (Os Dias Eram Assim – TV Globo)
Julio Andrade (Sob Pressão e Um Contra Todos – TV Globo e FOX)
Marco Ricca (Os Dias Eram Assim – TV Globo)
Tonico Pereira (A Força do Querer – TV Globo)
Tony Ramos (Vade Retro – TV Globo)
Atriz de TV:
Carol Duarte (A Força do Querer – TV Globo)
Elizangela (A Força do Querer – TV Globo)
Juliana Paes (A Força do Querer e Dois Irmãos – TV Globo)
Marjorie Estiano (Sob Pressão – TV Globo)
Paolla Oliveira (A Força do Querer – TV Globo)
Programa de TV:
Bipolar Show (Canal Brasil)
Estudio I (Globo News)
Papo de Segunda (GNT)
Profissão Repórter (TV Globo)
Terra Dois (TV Cultura)
Apresentador(a) de TV:
Tatá Werneck (Lady Night – Multishow)
Fábio Porchat (Programa do Porchat – Record TV)
Pedro Bial (Conversa com Bial – TV Globo)
Fátima Bernardes (Encontro – TV Globo)
Fernanda Lima (Popstar e Amor&Sexo – TV Globo)
Ao julgar a lista de indicados, há uma predominância de talk-shows e debates, pois parece que a crítica prefere os bate-papos do que trabalhos jornalísticos ou programas de entretenimento. Deveriam criar a sub-categoria telejornalismo, pois muitos trabalhos excelentes vem deixando de ser prestigiados pela associação. Logicamente, por mais que continuem forçando a barra, os programas de variedades não tiveram grande fase em 2017, apenas serviu de mimo para um pequeno e irrequieto nicho de telespectadores latas vazias de redes sociais. Uma sugestão minha é abrir um pouco mais o leque e prestigiassem mais outros gêneros de programação. Quem sabe nos próximos anos poderemos ter as categorias Reality/Variedades, Talk-Show/Debate, Telejornalismo (do que manter uma sub-categoria com o simplório nome de "Programa") e Revelação, para que artistas em início de carreira sejam privados de concorrer junto com os mais experientes, Carol Duarte que o diga (e eu acreditando que haveria um empate entre ela e qualquer outra indicada).
Quanto aos vencedores, o equilíbrio foi a palavra de ordem e muito oportuno por sinal porque os críticos souberam dosar os méritos dos artistas e profissionais da teledramaturgia brasileira que dignificam o prêmio com aqueles nomes super-conhecidos do grande público que não apenas só se ouviram falar, mas que foram alvos de elogios dos dois lados da moeda (crítica e público) e isso resulta numa palavra: consagração. A Força do Querer, Sob Pressão, Juliana Paes e Tatá Werneck que o digam, preferidos pelo público de longe, receberam o reconhecimento da carrancuda crítica. E como não podia deixar de ser, a TV Cultura, como manda a tradição, beliscou como sempre um prêmio da associação e dessa vez pelo melhor programa de TV por Terra Dois, que mistura dramaturgia com discussão de temas atuais, comandado pelo psicanalista Jorge Forbes e a belíssima atriz Bete Coelho. Até porque, embora eu não assisto mais TV aberta, a TV Cultura merece meu reconhecimento, é a melhor TV aberta do Brasil e sempre se preocupou com a qualidade, com a formação moral do público infantil (já que grande parte da grade é destinada aos "miúdos") e com o seu público-alvo sempre quer mais conteúdo e se distanciar das "modinhas de plástico", apesar das dificuldades que a emissora vem enfrentando nos últimos anos. Injustiça foi o fato dos jurados de Televisão não terem concedido uma Menção Honrosa, Grande Prêmio da Crítica ou Homenagem Especial. Sugeriria uma menção honrosa a Rede Bandeirantes, pelos 50 anos no ar, um prêmio especial ao locutor esportivo Silvio Luiz, pelos 65 anos de carreira construídos exclusivamente na TV e uma homenagem póstuma a Vida Alves, pioneira da TV e precursora da preservação da memória do veículo de comunicação mais influente do mundo.
Para encerrar, peço para que este post seja compartilhado aos cabeças da APCA, pois apresento aqui minha ideia de como poderia ser a entrega de prêmios da associação. Sugiro que o evento acontecesse no Auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina, na Barra Funda, pois fora reinaugurado na última sexta-feira, 15 de dezembro, após quatro anos fechada, devastada por um incêndio. Nada mais justo realizar o prêmio naquele lugar, uma prova de reconhecimento de superação de dificuldades que o MAM enfrentou para reerguer aquele teatro, como também durante o ano todo no campo das artes. Desse jeito, uniria o glamour do Teatro Municipal e o aconchego do Sesc Pinheiros. Porque não conceder o Prêmio Especial ao Memorial da América Latina pela reabertura do local? O evento propriamente dito deveria ocorrer numa data em que não interferisse na agenda dos artistas (na última semana de março, que seja), começaria por volta das 20h30 com um pocket-show ou a entrega do Prêmio Especial e duplas de apresentadores para cada bloco de premiação. Cada dupla chamaria primeiro o nome de todos os jurados no palco para entregar o diploma e o troféu da APCA e então, TODOS os vencedores subiriam ao palco ao mesmo tempo para receber seus prêmios e fazer seus agradecimentos de praxe EM 30 SEGUNDOS (mas ninguém obedece o tempo). E com direito a transmissão ao vivo pela internet pois a APCA merece criar um canal no YouTube para exibir o evento ao vivo e permitir a audiência de um público super interessado, na falta de um canal de televisão desinteressado em apresentar mais de 3 horas de espetáculo. Mas só peço uma coisa, no último evento presenciei protestos e manifestações de todos os tipos e isso mascarou a noite de gala no Municipal, isso não pega bem. Por outro lado, quem se habilitaria a patrocinar o evento e desembolsar a bagatela aproximada de R$ 80 mil a R$ 90 mil para que tudo isso seja possível?
Agora, um desejo particular meu é poder mais uma vez presenciar o evento, mas não como expectador, e sim como repórter. Gostaria muito de fazer um documento-reportagem para ser publicado neste blog e no meu canal do YT com os convidados, os premiados e, se tudo der certo, registrar os bastidores. Pois, por incrível que pareça, me sinto bem num ambiente cercado de personalidades (para não dizer artistas, culpa do Asperger). Quem sabe o evento pode repetir o que foi proporcionado na inesquecível noite de 15 de março de 2016, na premiação dos melhores de 2015, no qual presenciei pessoalmente e guardo felizes recordações, cujo registro é sintetizado na foto abaixo.
Quem quiser conferir a lista completa de vencedores, acesse o link abaixo:
De resto, só tenho a dizer, PARABÉNS AOS VENCEDORES!!! E a gente se encontra lá!
#APCAnoMemorial
E fiquem ligados no meu blog e no meu canal no YouTube. EM BREVE, SE TUDO DER CERTO, OS MELHORES DE VERDADE® BY ÊGON BONFIM!!!