OPINIÃO: O Estado Vegetativo da Primma Donna de 74 Anos

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terça-feira, 15 de novembro de 2016

HISTÓRIA: Futebol na Telinha - 3ª Parte

Nesta terceira e última parte da saga do Futebol na Telinha, a disputa pelos direitos de transmissão, a corrida por boas propostas e o inflacionamento de valores que consequentemente desmotivaram as "outras" emissoras.
Em 1986, ao contrário das edições anteriores, nenhum jogo dos dois turnos do Campeonato Paulista foi transmitido pela televisão devido a expectativa da Copa do Mundo. Quando o Mundial acabou, as redes Globo, Record e Bandeirantes acertaram com a Federação Paulista de Futebol o contrato de televisionamento das finais do Paulistão. As três emissoras dividiram o valor de Cz$ 2 milhões para a exibição direta das semifinais para todo o Brasil, menos para a cidade-sede das partidas, entre Santos e Inter de Limeira (na Vila Belmiro e em Limeira) e do clássico entre Palmeiras e Corinthians, ambos realizados no Morumbi. Dos Cz$ 2 milhões, Cz$ 500 mil foram divididos entre os quatro clubes dos quais 20% do valor seria em forma de direito de arena. Como a segunda partida do dérbi paulistano foi para a prorrogação, as emissoras presentes ao estádio foram liberadas em exibirem ao vivo para a capital paulista os 30 minutos decisivos, inclusive as TVs Cultura e Gazeta que faziam o VT do jogo para exibir de madrugada, no encerramento da programação. Uma cláusula impedia que a transmissão das finais fossem divulgadas com antecedência para a capital paulista e o primeiro jogo só não foi transmitido para a cidade porque o então presidente do Palmeiras, Nelson Duque, pediu mais Cz$ 3 milhões às emissoras. O segundo jogo foi enfim exibido para a capital, como foi também a última final paulista transmitida pela Record com Silvio Luiz no comando.
No Campeonato Brasileiro do mesmo ano, prosseguia o mesmo esquema de negociação jogo por jogo direto aos clubes e as tais normas restritivas que impediam a transmissão de futebol na cidade em que ocorria outra partida paralela. Um fato curioso é que o SBT chegou a transmitir com exclusividade alguns jogos da primeira e da segunda fase nas tardes de sábado e nas manhãs de domingo, procedimento este que havia sido adotado em 1985, mas não transmitiu as finais, realizadas no ano seguinte. Os presidentes dos finalistas São Paulo (Carlos Miguel Aydar) e Guarani (Leonel Martins de Oliveira), estipularam as redes Globo, Bandeirantes e Record o pagamento de Cz$ 2 milhões pela transmissão da decisão paulista daquele Brasileirão, só que as três emissoras acharam o custo elevado e tentaram pechinchar, pagando a metade do preço: Cz$ 1 milhão. Isso porque nas semifinais, foram pagos Cz$ 600 mil para São Paulo e América-RJ e mais Cz$ 240 mil para Guarani e Atlético-MG possibilitarem os televisionamentos. Com a ameaça de que a decisão não seria exibida pela TV, a Rede Manchete entra na negociação e ofereceu um valor tentador: Cz$ 3 milhões, sendo Cz$ 2,4 milhões a serem divididos entre os dois times e mais Cz$ 600 mil em espaço publicitário para ambos. Apesar da exclusividade, a Manchete não podia mostrar o jogo ao vivo para a cidade em que esteja sediando cada uma das partidas decisivas e então, havia programado na hora do primeiro jogo para São Paulo, entre 17 e 19 horas, a exibição do programa Clip Show e do desenho animado Moby Dick, mas foi autorizada a colocar no ar o sinal do primeiro jogo para a capital paulista aos 10 minutos do primeiro tempo, porém 5 minutos mais tarde é que a Manchete libera a transmissão do jogo de fato para São Paulo. Como a emissora da família Bloch não possuía afiliadas no interior paulista, teve que pedir ajuda a TV Cultura de São Paulo tanto na geração de imagens quanto na transmissão do jogo para mais de 400 municípios paulistas através de sua rede de microondas, enquanto que na capital seguia sua programação normal. Na primeira partida, realizada no Estádio do Morumbi, houve uma série de descargas elétricas no sinal do jogo provocadas por um temporal ocorrido naquela tarde de domingo em São Paulo. Por quatro vezes, os problemas técnicos provocaram quedas no sinal que não passavam de 30 segundos e foi preciso acionar o jornalista Alberto Léo, que comandaria o intervalo de jogo direto dos estúdios do Russell, para suprir a falta de imagens do jogo falando sobre o retrospecto dos dois times. Numa dessas, a TV Cultura sem querer troca a imagem do jogo pelo programa Feminino Plural que estava exibindo para a capital paulista e rapidamente, volta para o jogo, o motivo alegado foi a troca de unidades de externa para a geração de imagens, uma delas (responsável pelos replays atrás dos gols) ficou incapaz de fazer a transmissão. Na segunda partida, realizada em Campinas, a Manchete não conseguiu um canal de satélite com a Embratel e a Telesp (reservados para Globo e Bandeirantes) para a transmissão e teve que lançar mão do já ultrapassado recurso do sistema gerador de micro-ondas por rota própria, de Campinas para a emissora de São Paulo com a utilização de dois links da TV Cultura de uma cidade para outra, trabalho executado pela equipe de retaguarda de 30 pessoas. De São Paulo, a imagem foi repassada para a sede no Rio e que finalmente a transmitiu via satélite para todo o Brasil. Quem executou a operação foi o diretor de TV Antônio Carlos Rebesco, o Pipoca, da TV Cultura, que deu um visual diferente na geração de imagens do jogo decisivo mostrando todos os detalhes e colocando o espectador dentro de campo, além de mobilizar 50 profissionais e sete câmeras por todo o Estádio Brinco de Ouro de Princesa. Isso porque todas as unidades de transmissão externa da Manchete estavam no Rio de Janeiro para a cobertura do carnaval daquele ano. A exclusividade da Manchete levou a Globo a prolongar o Jornal Nacional por alguns minutos, retardando o início de um capítulo da novela Roda de Fogo como estratégia de tirar a atenção do público paulista com a decisão do Brasileirão. Mas mesmo assim, a Rede Manchete liderou a audiência pela primeira vez em São Paulo na transmissão de Guarani e São Paulo: marcou 32 pontos no primeiro jogo e mais 45 pontos no segundo jogo. A narração foi de Walter Abrahão, comentários de João Saldanha e reportagens de Laércio Roma e Helvídio Mattos. Já a equipe da TV Cultura tinha o narrador Luís Alberto Volpi, os comentários de Sérgio Backlanos e os repórteres Carlos Eduardo Leite e Gérson de Araújo.
Em 1987, a exemplo da edição anterior, nenhum jogo dos dois turnos do Campeonato Paulista foi televisionado ao vivo, o acordo da federação com as emissoras valia apenas para a transmissão dos seis jogos da fase final. As redes Bandeirantes e Globo pagaram uma cota conjunta de Cz$ 22 milhões para a exibição das semifinais e final. Desse valor, Cz$ 5 milhões seriam para cada um dos semifinalistas (Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos) e Cz$ 2 milhões para a Federação Paulista de Futebol cobrir suas despesas. Na fase semifinal, os jogos poderiam ser transmitido para o interior e litoral paulista e demais estados brasileiros, menos nas regiões da Grande São Paulo e Vale do Paraíba. Quanto aos jogos da decisão, as duas emissoras podiam transmitir para a capital desde que 90% dos ingressos fossem vendidos até uma hora antes do jogos começar, em acordo feito com os clubes finalistas São Paulo e Corinthians. Cada emissora trabalhou com suas próprias imagens: a Globo colocou no Morumbi apenas seis câmeras e liberou suas imagens para as TVs Cultura, Gazeta e Record fazerem os VTs das partidas, enquanto que a Bandeirantes mobilizou 12 câmeras no estádio, praticamente o dobro da emissora-líder. Na transmissão da Globo teve como convidado especial o capitão de 58 Bellini para analisar os jogos e as reportagens de Roberto Thomé e Luís Andreoli, enquanto que na Band contava com a tarimbada dupla de comentaristas Juarez Soares e Roberto Rivellino e os repórteres Gilson Ribeiro e Luiz Ceará. Quanto aos narradores houve alterações em relação às duas partidas decisivas: no primeiro jogo, a narração foi de Luiz Alfredo pela Globo e Luciano do Valle pela Band e no segundo jogo os narradores foram Galvão Bueno pela Globo e Jota Júnior pela Bandeirantes.
Em 1987, os maiores clubes brasileiros entraram em pé de guerra com a CBF insatisfeitos com a organização desastrosa dos campeonatos nacionais. Foi por esse motivo que foi criado o Clube dos 13, formado pelos treze times mais importantes do futebol brasileiro, cujo objetivo era a realização de um campeonato nacional com poucos clubes e com o maior número possível de "clássicos", visando aumentar a média de público e renda, nascia a Copa União. Por mais que ela seja a mais polêmica de todas as competições, ela semeou uma série de coisas que são adotadas até hoje nos campeonatos atuais, principalmente na questão do marketing. Os marketeiros dos Clube dos 13 representados pelo flamenguista José Henrique Arêas e pelo são-paulino Celso Grelet ofereceram a seguinte proposta para a televisão: o televisionamento de 42 jogos da Copa União por Cz$ 168 milhões. A Rede Manchete chegou a receber a tal proposta e que seria analisada pelo seu editor de esportes, o saudoso Alberto Léo. Só que a Rede Globo foi espertalhona e sacou um talão de cheques na hora oferecendo um valor tentador: Cz$ 173 milhões pela transmissão exclusiva de 46 partidas (mais tarde reduzida para 36, temerosa pela queda do índice técnico das equipes durante o torneio) e mais 50% pela comercialização dos jogos a entidade organizadora. Os dirigentes ficaram animados e negociou com a Globo um contrato de cinco anos de exclusividade da Copa União por US$ 18,5 milhões, sendo US$ 3,7 milhões por temporada com correção de 5%. Mesmo com a transmissão exclusiva, a Globo autorizou as emissoras educativas como Cultura e TVE e as emissoras independentes como Gazeta e Record a fazerem os VTs das partidas locais da competição e que só poderiam ir ao ar após o término das mesmas.
Daqueles Cz$ 173 milhões, Cz$ 107 milhões seriam destinados ao clubes e os outros Cz$ 66 milhões eram pelo espaço a ser comercializado. As cotas passaram a ser divididas da seguinte maneira: Cz$ 12,8 milhões para cada um dos clubes integrantes ao Clube dos 13 (Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco) e Cz$ 6,6 milhões a serem divididos aos três times convidados para completarem os 16 participantes da Copa União (Coritiba, Goiás e Santa Cruz). Os 50% da comercialização dos jogos prometidos da Globo ao Clube dos 13 eram pela venda das três cotas nacionais de patrocínios, cada uma valia Cz$ 33 milhões e adquiridas por Bradesco, Volkswagen e Antárctica, sem contar outras duas cotas regionais com mesmo valor (cujo valor subiu para Cz$ 45 milhões nas finais), e pelas inserções comerciais nos intervalos dos jogos, sendo cobrados Cz$ 60 milhões por uma peça publicitária de 15 segundos. Além do apoio da televisão e da revolução que ela causou, tornando o futebol numa atração fixa da programação, foi também de suma importância o contrato do Clube dos 13 com a Coca-Cola pelo patrocínio exclusivo da competição. Assim como foi com a Globo, o refrigerante mais popular do mundo assinou um contrato de cinco anos de exclusividade por US$ 17 milhões, sendo US$ 3,4 milhões por ano com correção de 5%, cujo montante seria dividido entre os 16 times e cada um receberia Cz$ 7,2 milhões. O contrato da Coca-Cola com o Clube dos 13 foi até exótico: a publicidade do refrigerante seria explorada em forma de merchandising com anúncios espalhados nos 10 estádios-sedes do torneio, em troca de Cz$ 550 mil, até mesmo no círculo-central do gramado e dentro das goleiras! E mais, foram oferecidos mais Cz$ 1,5 milhão para que os clubes pudessem imprimir o nome "Coca-Cola" nos seus uniformes. Dos 16 competidores, 12 aceitaram a proposta, menos Flamengo, Corinthians, Palmeiras e Internacional que mantiveram compromisso com seus patrocinadores originais (os dois últimos citados adeririam a publicidade do refrigerante no ano seguinte). Isso sem contar as 452 inserções institucionais (só a marca, sem o produto) de 15 segundos a serem veiculados na Globo durante os intervalos das transmissões. E por pouco a competição não se chama Copa União Coca-Cola, pois houve discordância dos dirigentes quanto ao naming rights (direitos de nome, algo comum nos dias atuais), só que a FIFA proibiu o Clube dos 13 em usufruir a publicidade exagerada da Coca-Cola, exigida em cláusula contratual. Por esse motivo, apenas parte dos Cz$ 7,2 milhões prometidos aos clubes foram pagos, outra parte seria completada nos anos seguintes na qual os clubes acabaram concordando em manter o patrocinador estampado nas camisas nos estaduais do ano seguinte. Então, Bahia, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense, Grêmio e Vasco receberam Cz$ 5,1 milhões, Atlético-MG ficou com Cz$ 4,6 milhões, São Paulo e Internacional com Cz$ 4,4 milhões, Santa Cruz e Coritiba com Cz$ 4,1 milhões, Corinthians, Flamengo e Santos com Cz$ 3,8 milhões e Goiás com Cz$ 2,8 milhões. Outros patrocinadores apoiaram a realização da Copa União: Varig-Cruzeiro e Rede Othon de Hotelaria cobriram juntas cerca de Cz$ 100 milhões em despesas de transporte e hospedagem dos times participantes, a Editora Abril ofereceu Cz$ 56 milhões na publicação do álbum de figurinhas oficial da competição por cinco anos e a Dover Comércio e Importação de Materiais Plásticos investiu Cz$ 85 milhões na fabricação de produtos com a marca Copa União e com os distintos dos participantes, que por sua vez teriam uma participação nos royalties pelo uso de imagem tanto nos produtos da Dover quanto das Figurinhas da Copa União.
Por 25 anos, as normas restritivas da antiga CBD que proibia o televisionamento de futebol na cidade onde ocorria um outro evento futebolístico no mesmo horário assombrava as emissoras de TV. Na Copa União, a regra fora finalmente quebrada. No planejamento da cobertura, a Globo determinou a alteração na tabela e programou a transmissão de três partidas semanais, uma nas noites de quinta ou sexta, outra nas tardes de sábado e mais outra nas tardes de domingo, inclusive para a cidade onde os jogos estavam acontecendo. Nas transmissões dominicais, um fato pitoresco: como haviam várias partidas sendo jogadas simultaneamente, quatro desses jogos eram pré-selecionados e submetidos a um sorteio, realizado 15 minutos antes do apito inicial, para decidir qual deles seria transmitido. A estrutura de transmissão era a mais simples possível para padronizar as emissoras Globais das oito cidades-sede (São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba e Goiânia): equipe técnica de 15 pessoas, apenas três câmeras no estádio, uma unidade móvel com mesas de áudio e corte e equipamento de microondas para a transmissão das imagens na sede da emissora, cuja equipe de retaguarda responsável pela transmissão em rede nacional contava com 20 pessoas. Os narradores eram Luiz Alfredo, Oliveira Andrade e Fernando Sasso e os comentaristas eram Zagallo, Raul Plassmann e Carlos Alberto Torres (Galvão Bueno só entrou na última rodada do segundo turno). Nos estúdios da Globo, havia sempre um "locutor de plantão" que sempre entrava no ar nos intervalos mostrando os melhores momentos do primeiro tempo e o comando podia ser de Léo Batista, Fernando Vanucci e Sérgio Éwerton. Os índices de audiência apontavam uma confortável liderança de audiência e era a grande oportunidade da Globo em vencer o Programa Silvio Santos do SBT, então imbatível nas tardes de domingo. O curioso é que a audiência da Copa União era maior no Rio do que em São Paulo e o jogo que estabeleceu recorde de audiência em toda a competição foi em 2 de dezembro na semifinal entre Atlético-MG e Flamengo no Mineirão, que rendeu 51 pontos de audiência à Globo. Porém, em 18 de outubro, a Globo prometeu que mostraria imagens ao vivo de Atlético-MG e Fluminense, valendo vaga nas semifinais na última rodada do primeiro turno, mas não transmitiu em virtude do Grande Prêmio do México de Fórmula 1 que fora mostrado ao vivo no mesmo horário do jogo, às 17 horas. Nessas horas, bem que o Clube dos 13 poderia ter pensado em dividir a transmissão da Copa União entre Globo e Manchete para que mais jogos pudessem ser exibidos ao vivo.
No início, a CBF implicou com a realização do torneio, taxando-o de "liga pirata", mas recuou considerando-o como Módulo Verde e aceitando todas as exigências, enquanto que seu campeonato seria o Módulo Amarelo. Para divulgar o "segundo campeonato do Brasil", o SBT demonstrou interesse e queria exibir 43 jogos da competição por Cz$ 350 mil cada. Mas dos 15 dirigentes dos clubes participantes do Módulo Amarelo (seriam 16, mas o América-RJ boicotou a competição, fora injustamente sacaneado pelo Clube do 13 junto com o então vice-campeão brasileiro Guarani), oito foram contra a proposta e sete a favor. O motivo foi o impasse causado entre números e horários e que a transmissão atrapalharia as outras divisões, com isso o SBT e a CBF não chegaram a um acordo, no qual só veio na transmissão das finais entre Sport e Guarani, cujo título foi dividido por causa da monótona decisão por pênaltis que terminou incrivelmente empatada em 11x11. A CBF ainda quis propor com o Clube dos 13 um cruzamento entre os vencedores dos dois módulos para definir o campeão brasileiro no início do ano seguinte e quem disputaria a Copa Libertadores da América, mas a proposta foi imediatamente recusada. Guarani e Sport riram por último e decidiram o título da belíssima e controversa "Taça das Bolinhas", troféu este que não apareceu na final da Copa União entre Flamengo e Internacional no Maracanã, que por boicotarem o quadrangular decisivo proposto pela CBF, acabaram consequencialmente perdendo suas vagas (que até poderiam ser legitimamente merecidas) para a Libertadores. Entre janeiro e fevereiro de 1988, o SBT desembolsou Cz$ 1,2 milhão pela transmissão dos jogos-finais ao vivo para todo o Brasil, inclusive para Campinas e Recife, sendo dividido para os dois times. As partidas foram transmitidas às 17 horas de domingo por motivos circunstancias pois o Programa Silvio Santos ficou fora do ar por quatro semanas, a emissora precisava tapar os buracos de domingo temporariamente e a tal decisão veio a calhar. Se o segundo jogo terminasse empatado nos 90 minutos, o campeão seria conhecido no cara-ou-coroa. Isso não foi preciso, o time pernambucano levou a melhor.
Com o sucesso da Copa União, o interesse da televisão pelos campeonatos de futebol cresceu assombrosamente, o que transformou a compra dos direitos de transmissão de qualquer competição da modalidade mais popular do Brasil numa verdadeira disputa entre as emissoras pela exclusividade do evento. Com o fim das regras restritivas e a liberação da transmissão de futebol ao Rio de Janeiro quando organiza alguma partida, em 1988, a Rede Manchete adquiriu os direitos de transmissão do Campeonato Carioca de Futebol com exclusividade por Cz$ 120 milhões, dos quais Cz$ 40 milhões eram em forma de espaço promocional, conseguindo levar algumas partidas para as noites de segunda-feira, causando sensíveis mudanças na tabela. A emissora dos Blochs, no mesmo acordo, garantiu também a transmissão exclusiva da competição de 89 e 90 e o rebatizou de Copa Rio.
Quanto ao Campeonato Paulista de Futebol, a compra pelos direitos de transmissão havia se transformado num autêntico leilão: a Rede Globo começou oferecendo Cz$ 137 milhões à Federação Paulista de Futebol, logo a Rede Manchete se dispôs a pagar Cz$ 203 milhões (sendo Cz$ 80 milhões em espaço promocional) e por fim, a TV Record apareceu com Cz$ 240 milhões pela competição. Dias depois, diante das propostas oferecidas pelas emissoras, a federação avisou que queria algo em torno de Cz$ 300 milhões para vender o Paulistão à alguma emissora de TV. Os lances aumentaram: a Globo ofereceu Cz$ 180 milhões com a entrada da Rede Bandeirantes como "aliada", a Rede Manchete estava disposta em pagar os Cz$ 300 milhões sugeridos pela federação (dos quais Cz$ 100 milhões seriam em espaço promocional) e a TV Record deu uma recuada tornando-se a única que defendia a possibilidade da formação de um pool de emissoras com Band e Globo, ideia acatada pelo então presidente da federação Eduardo José Farah que intermediava as negociações juntamente com Carlos Miguel Aydar, então presidente do São Paulo Futebol Clube. Mas a decisão dependia do consenso das outras emissoras e no fim, a Rede Globo levou a melhor com Cz$ 222 milhões pela aquisição do Paulistão.
O valor recebido pela federação foi dividido e distribuído para todos os clubes participantes e pagos em quatro parcelas reajustadas segundo a variação mensal das OTNs na época. A divisão de cotas ficou acertada dessa maneira: Cz$ 17,2 milhões para as despesas da Federação Paulista de Futebol (troféus, prêmios aos melhores e um álbum de figurinhas produzido pela Editora Abril em investimento de Cz$ 9 milhões), Cz$ 15 milhões para os clubes "grandes" São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos e Portuguesa, Cz$ 12 milhões para os clubes "médios" Guarani e Inter de Limeira, Cz$ 8 milhões para os 13 demais participantes e mais Cz$ 2 milhões a serem divididos para os clubes que decidirem o título paulista. O contrato previa a transmissão de jogos dos times considerados "grandes" no interior paulista desde que fosse de uma cidade para outra, proibindo o televisionamento para o local que sediava a partida em questão, exceção feita na exibição das finais onde os clubes fizeram antecipadamente um acordo direto com as emissoras liberando o sinal nas cidades onde forem realizadas (no caso São Paulo e Campinas para a exibição da decisão entre Corinthians e Guarani) devido a grande procura de ingressos estimulada pela própria televisão. Os jogos com televisionamento foram marcadas aos sábados à tarde e a noite e às quintas à noite (ou terça em alguns casos). Havia também o direito de revenda e isso beneficiou a Rede Bandeirantes que desembolsou Cz$ 126 milhões pelo pacote de 18 jogos oferecidos pela Globo, que por sua vez reconsiderou o acordo de exclusividade com a federação permitindo a entrada da Band nos jogos de sábado à tarde. Diante do fato, a TV Record acabou sendo preterida das negociações por oferecer metade do valor exigido no contrato Global pelos 18 jogos, cerca de Cz$ 60 milhões, mesmo se dispondo em gerar as imagens da metade das partidas do pacote e cogitada pela federação na transmissão dos jogos de quinta-feira, contentando-se com os VTs dos jogos de domingo (assim como a TV Gazeta de São Paulo fazia habitualmente, já que a TV Cultura resolveu dar mais atenção a Divisão Intermediária da competição). Houve até a cogitação da Band em levar algumas partidas para as noites de segunda-feira, mas os clubes imediatamente rejeitaram a proposta (exceção foi aberta na última rodada do segundo turno com o jogo entre Santos e Botafogo de Ribeirão Preto no Pacaembu, que serviu pra cumprir tabela). Por muito pouco, o Paulistão de 88 não perdeu o brilho quando de um turno para o outro teve que ser paralisado por duas semanas por causa de lances judiciais envolvendo Ponte Preta e Bandeirante de Birigui, ambos rebaixados no campeonato anterior. No total, Guarani e Inter de Limeira foram os times mais televisionados com oito jogos cada um, seguidos de Santos e Palmeiras com sete, Corinthians, São Paulo e São José com seis, XV de Jaú com cinco, Portuguesa, São Bento e Botafogo de Ribeirão Preto com três, Novorizontino, Noroeste, Mogi Mirim, Ferroviária e América de Rio Preto com dois, XV de Piracicaba, União São João e Santo Andre com um e o Juventus foi o único clube que não teve um jogo sequer transmitido pela TV.
Na Copa União de 1988, a Rede Globo inaugurou um novo procedimento de transmissão adotado até hoje por outras emissoras: a cada rodada do campeonato, um jogo é escolhido para ser exibido em rede nacional, menos para o local onde a partida esteja acontecendo, que por sua vez recebe o sinal de um jogo paralelo. Enquanto isso, as emissoras afiliadas podem decidir qual outro jogo de maior interesse a ser mostrado para o público local. Em 1989, a Rede Bandeirantes adquiriu os direitos de transmissão do Campeonato Paulista e mediante a um acordo feito com a Federação Paulista de Futebol, concordou na formação de um pool com as redes Globo e Manchete, além de dividirem o valor de NCz$ 2,2 milhões pelo contrato de transmissão de 31 partidas das cinco fases da competição (11 no primeiro turno, 11 no segundo turno, cinco no terceiro turno, duas nas semifinais e duas nas finais), desde que o televisionamento dos jogos fossem em partidas isoladas às quintas e aos sábados de uma cidade para outra para motivar os torcedores a comparecerem ao estádio. Desse valor pago pelas emissoras, a federação estabeleceu a seguinte divisão de cotas aos 22 clubes que receberiam tal dinheiro em quatro prestações: NCz$ 124 mil para Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Guarani e Portuguesa, NCz$  86 mil para a Inter de Limeira, NCz$ 51 mil para os 13 clubes remanescentes da divisão principal do ano anterior e NCz$ 40 mil para Bragantino e Catanduvense por terem obtido o acesso para disputarem a Divisão Principal, sem contar os NCz$ 600 mil para as despesas da Federação Paulista de Futebol. Quando a TV Record, ainda administrada pela família Carvalho, resolveu pleitear pela vaga deixada pela Rede Manchete, que desistiu da negociação por causa dos horários dos jogos de sábado (18 horas), desembolsando NCz$ 900 mil pela transmissão, a Band alterou o prazo final, encerrando a negociação dos direitos de transmissão, tentando impedir a entrada da emissora na rodada de abertura, que por sua vez ganhou a causa graças a uma liminar que garantiu sua presença no campeonato a partir da segunda rodada. O motivo alegado foi que a Bandeirantes se sentiu "ameaçada", com medo de perder audiência.
O campeonato foi marcado pelo duelo entre as redes Bandeirantes e Record dentro e fora de campo: segundo os índices do IBOPE, no tete-a-tete entre ambas, a média da Band era de 7 pontos de audiência enquanto que a da Record apontava 5 pontos. Nos 22 jogos transmitidos pelas duas emissoras ao mesmo tempo, a Bandeirantes venceu 11 vezes, a Record seis e houve cinco empates (obviamente, a Globo liderava a audiência com um pé nas costas). Durante as transmissões, enquanto que a Band (liderada por Luciano do Valle, Silvio Luiz, Juarez Soares e Mário Sérgio) incluiu seis câmeras exclusivas se unindo a imagem-base do pool gerada por três câmeras, a Record não trabalhava com comentaristas, mas explorava os dados estatísticos fornecidos pela sua Central de Esportes e contava com Osmar Santos no comando da equipe, apesar de driblar os problemas técnicos que surgiam entre um lance e outro, talvez fruto da sabotagem do consórcio Luqui-Bandeirantes. Com a entrada da Rede Globo nas transmissões das partidas (com narração de Oliveira Andrade, comentários de Juca Kfouri e reportagens de Roberto Thomé), alguns jogos tiveram que mudar de horário, sendo realizados às 16 horas nos feriados, durante o segundo turno, e aos sábados, a partir do terceiro turno, e as transmissões do meio de semana foram para as quartas-feiras. O São Paulo foi o clube que mais vezes apareceu nos jogos transmitidos do Paulistão com nove, seguido do Santos com sete, Corinthians com seis, Palmeiras, Bragantino e São José com cinco, Guarani, Mogi Mirim e Portuguesa com quatro, Ferroviária com três, XV de Piracicaba, São Bento e Botafogo de Ribeirão Preto com dois, Noroeste, Inter de Limeira, Santo André e Novorizontino com um e os outros cinco times (Juventus, Catanduvense, XV de Jaú, União São João e América de Rio Preto) não tiveram um jogo sequer televisionado.
Em 7 de junho, a Band conseguiu cassar a liminar da Record que garantia sua transmissão do Paulistão, o canal 7 tentou recorrer no Superior Tribunal de Justiça de Brasília, mas o pedido foi indeferido. A emissora foi expulsa no início do terceiro turno da competição, impedindo sua conclusão de trabalho e, como conseqüência, foi também impedida de transmitir os jogos da Divisão Intermediária, da Copa América, do Brasil nas Eliminatórias da Copa do Mundo, da Copa do Brasil, do Campeonato Sul-Americano de Vôlei e do Campeonato Estadual de Basquete Masculino. O recorde de audiência da Record foi em 11 de maio quando registrou médias de 10 pontos no jogo entre Santos e Corinthians, o recorde da Band aconteceu em 14 de junho quando atingiu médias de 17 pontos na transmissão de Novorizontino e Bragantino e o recorde da Globo foi em 28 de junho no primeiro jogo da final entre São Paulo e São José, quando marcou o índice de 42 pontos de audiência.
Para a transmissão do Campeonato Brasileiro de 1990, um fato incomum aconteceu: a Rede Globo tinha o "direito de preferência" do Clube dos 13, responsável pela negociação dos contratos de TV e publicidade da divisão principal da competição, mas o Brasil vivia momentos difíceis na economia, exigiu a redução da cota pelos direitos de transmissão avaliada em 4,5 milhões de BTNs. Por incrível que pareça, sua proposta foi recusada e consequentemente acabou perdendo o interesse pelo campeonato. A desculpa Global encontrada foi a audiência dos jogos do Brasileirão de 89 que "beirava" os 20 pontos, empatando com os índices obtidos normalmente com o Domingão do Faustão no mesmo horário. Mentira, a Globo juntamente com Manchete e Bandeirantes, chegou a marcar picos de 45 pontos de audiência acumulada na transmissão de algumas partidas. Diante do fato, a Rede Bandeirantes cobriu a oferta e conseguiu a exclusividade do Brasileirão de 90, transmitindo ao todo 44 jogos ao vivo, garantindo também a exclusividade em 1991, considerando-o um artigo de luxo em sua grade amplamente dominada pelo esporte na época e quebrou sucessivos recordes de audiência: em 8 de dezembro de 1990, a semifinal entre Grêmio e São Paulo registrou uma média de 19 pontos de audiência, mas durante o segundo tempo atingiu o pico de 28 pontos contra 26 da Globo que exibia a então recém-lançada novela Lua Cheia de Amor; em 16 de dezembro de 1990, a final paulista entre Corinthians e São Paulo marcou 26 pontos de média e 51 pontos de picos (mas a Band garante que o índice alcançado nesse jogo foi de 53 pontos de audiência); e em 9 de junho de 1991, a outra final paulista entre Bragantino e São Paulo teve médias de 25 pontos e um pico de 34 pontos contra 16 da Globo que apresentava mais um Domingão do Faustão.
A Federação Paulista de Futebol queria vender os direitos de transmissão do estadual de 1991 por US$ 5 milhões, mas as emissoras interessadas acharam o valor alto demais. As redes Globo, Bandeirantes e a novata Jovem Pan, em esforço conjunto, pagaram US$ 2,7 milhões pelo Paulistão daquele ano (Band e Globo pagaram US$ 800 mil cada uma e a TV Jovem Pan teve que desembolsar US$ 1,1 milhão), só que a JP teve que pagar quase 50% de ágio (diferença entre a cotação do dólar e do cruzeiro na época) pela sua estréia na competição. Mostrando que queria garantir presença no campeonato, a Pan proibiu a TV Cultura de fazer os tradicionais VTs das partidas no fim da programação de domingo, cujo direito só seria permitido se houvesse um acordo comum entre as três emissoras. O tal direito só foi possível nas finais do torneio entre São Paulo e Corinthians, que curiosamente foram as únicas partidas transmitidas pela Rede Globo durante todo o campeonato, já que não exibiu um jogo sequer das três fases anteriores. E pior: se "esqueceu" que tinha um acordo firmado com a TV Gazeta, liberando o sinal de uma porção de eventos esportivos que não tivesse condições de transmitir por causa dos horários da programação. A polêmica atitude deu o que falar não só no Paulistão, mas alguns meses antes quando adquiriu os direitos exclusivos de transmissão da Copa América por US$ 150 mil apenas para mostrar os jogos do Brasil e nada mais. Outra medida controversa: no começo do ano, a Globo dividiu o montante de US$ 240 mil a Flamengo e Corinthians pelos direitos de transmissão da Copa Libertadores da América e em 17 de abril, a partida entre Boca Juniors e Corinthians em Buenos Aires ocorreu ao mesmo tempo em que jogavam Brasil e Romênia em Londrina num amistoso internacional. Enquanto que a Globo mostrava para toda a rede o jogo da Seleção Brasileira, o estado de São Paulo foi "obrigado" a assistir a partida das oitavas-de-final da Libertadores, causando críticas aos especialistas do assunto. Sorte que os paulistas puderam ver pelo menos os 10 minutos finais do jogo da Seleção Brasileira porque aos 32 minutos do primeiro tempo, houve queda de energia elétrica no Estádio do Café e paralisou a partida por 18 minutos.
A corrida pela compra dos direitos de transmissão e negociações desse porte chegou ao apogeu nos anos 90 quando a CBF ofereceu US$ 1,2 milhão pelos quatro jogos do Brasil em casa pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994 e mais US$ 400 mil por dois amistosos internacionais contra Paraguai e México também disputados em casa. Um número recorde de cinco emissoras (Globo, Bandeirantes, SBT, Manchete e CNT/Gazeta) ratearam a importância e toparam em transmitir os jogos da Seleção Brasileira pelas Eliminatórias, mas quanto aos amistosos apenas Band e Globo aceitaram a proposta.
Voltando as competições nacionais, o sucesso das transmissões da Bandeirantes pelo Campeonato Brasileiro despertou o interesse da Globo e ofereceu uma proposta tentadora ao Clube dos 13: US$ 16 milhões por três anos de exclusividade sendo US$ 4 milhões para 1992, US$ 5 milhões para 1993 e US$ 7 milhões para 1994. Mas a Band tinha contrato em vigência desde 1990, renovou seu contrato em 1992 por US$ 2 milhões e reconsiderou sua exclusividade negociando um pool de transmissão com a Globo nos jogos dos finais-de-semana, aos sábados em sinal aberto e aos domingos, uma grande novidade: a transmissão via TV por assinatura através da emergente Globosat. Então, escolhia três jogos a serem levados ao ar simultaneamente e iam ao ar pelos canais Top Sports (que mais tarde seria rebatizado de SporTV), GNT e Multishow. Em 1993, as duas emissoras se tornaram sócias e chegaram a um acordo na aquisição dos direitos de transmissão do Brasileirão: dos US$ 3 milhões propostos pelo Clube dos 13, 70% do valor foi pago pela Globo e os outros 30% pela Band (cuja divisão era proporcional a audiência média de ambas). E em 1994, o valor pago foi de US$ 4 milhões, sem contar a entrada da TVA Esporte (que depois seria denominada ESPN Brasil) que assinou com a CBF um contrato de US$ 1,3 milhão pela transmissão do Campeonato Brasileiro de Futebol até 1998  (sendo US$ 250 mil por ano) com direito de renovação de contrato até 2001. Em cada temporada, o valor do montante era dividido por igual entre os clubes participantes e o televisionamento em sinal aberto só era permitido para os jogos do meio-de-semana (isolados da rodada) e os de sábado. A chegada do Plano Real deve ter facilitado o acesso de custos de aquisição pelos direitos de transmissão do futebol. No Campeonato Paulista de 1995, quatro emissoras pagaram R$ 4,5 milhões (em 1994, o valor foi de US$ 3 milhões): Bandeirantes e Globo desembolsaram em conjunto R$ 3,3 milhões pela transmissão em TV aberta, a ESPN Brasil pagou R$ 700 mil para executar sua primeira transmissão ao vivo de uma competição brasileira, antes ia pro ar só em VT, e o SporTV ofereceu R$ 500 mil. Ainda em 1995, a CBF oferecia R$ 100 mil para Bandeirantes, Globo e SBT poderem transmitir os amistosos internacionais da Seleção Brasileira em casa.
Já o Campeonato Brasileiro de 1995 foi atípico: Bandeirantes e Globo estavam dispostos a pagarem mais R$ 5 milhões pela renovação do contrato e firmar compromisso com os clubes, só que apareceu a Rede Record oferecendo R$ 12 milhões pela exclusividade e a exigência de mudanças no regulamento. O fato foi visto na época como tentativa de quebra de contrato por parte dos clubes e o "oligopólio da bola" Band/Globo se esforçaram ao máximo para dobrarem a oferta prevista por contrato e conseguiram desembolsar R$ 10,1 milhões, sendo R$ 7,4 milhões pagos pela Globo e R$ 2,7 milhões pela Band pela exibição em sinal aberto de 15 partidas aos sábados e 15 partidas no meio da semana. Somando habituais os R$ 250 mil prometidos da ESPN Brasil, os integrantes do Clube dos 13 receberam cerca de R$ 300 mil cada, enquanto que os outros participantes dividiram o valor restante. O campeonato começou em 19 de agosto, mas alguns dias depois, a imprensa lançou o seguinte burburinho: a Rede Globo quer trazer de volta o hábito de transmitir regularmente futebol aos domingos no estranho horário das 19 horas e isso só foi possível na quinta rodada da competição, em 3 de setembro, após duas semanas de negociações. Isso trouxe sensíveis alterações na programação dominical Global, como a suspensão do programa Os Trapalhões à tarde, o Domingão do Faustão indo ao ar antecipadamente e o Fantástico e a sessão Domingo Maior exibidos em horários avançados. A medida foi alvo de críticas já que a estratégia era vencer o Programa Silvio Santos do SBT na Grande São Paulo nessa faixa de horário. A Globo desembolsou mais R$ 7 milhões ao Clube dos 13 pela tal extravagância e foram divididos da seguinte forma: R$ 130 mil reais para cada time que tiver um jogo seu televisionado e mais uma cota fixa de R$ 140 mil para cada um dos 24 clubes participantes do Brasileirão. A Globo tinha carta-branca em escolher o local e o jogo que levaria ao ar inclusive para a cidade-sede da partida (de preferência em campo-neutro como Fortaleza, Ribeirão Preto, Uberaba, Brasília e Vitória) e o plano deu certo: as transmissões exclusivas nas noites de domingo atingiram índices líderes de cerca de 40 pontos de audiência em todo o Brasil e conseguiu derrotar o SBT na corrida ibopística. Só na fase de classificação seriam 14 jogos, mas acabou sendo 20 porque no segundo turno a emissora-líder decidiu regionalizar as transmissões e transferiu seis jogos para o horário noturno. Teve que gastar mais R$ 1,6 milhão pela brincadeira, valor este recusado pela Band para entrar nas transmissões de domingo à noite, para cobrir o valor total das cotas por jogo, avaliada em R$ 260 mil (valor este também oferecido para transmitir uma das semifinais no horário maluco, entre Santos e Fluminense e a decisão entre Santos e Botafogo). A Band só entrou nas transmissões das noites de domingo na última rodada do segundo turno com o jogo entre Santos e Guarani no Pacaembu, além da semifinal e final. Só que a Globo se deu bem nessa estratégia maluca e foi de longe a grande campeã, antes mesmo da conclusão da competição, cuja saúde financeira era traduzida nos R$ 8 milhões que cobrava por cada cota de patrocínio pelas transmissões de futebol durante toda a temporada de 1995, adquiridas por Coca-Cola, Kaiser, Grendene, General Motors e Itaú. Quinze dos 24 participantes foram os grandes privilegiados pelos televisionamentos e acumularam altas cifras: Atlético-MG, Corinthians e Santos tiveram cinco jogos transmitidos e embolsaram R$ 650 mil, seguidos de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras com quatro jogos e mais R$ 520 mil cada um, Internacional com três partidas recebendo R$ 390 mil, São Paulo e Vasco com dois jogos e faturando R$ 260 mil e Cruzeiro, Grêmio, Guarani, Paraná e Vitória com apenas um jogo transmitido recebendo R$ 130 mil.
Entre 1996 e 1997, o interesse pelo esporte na televisão cresceu assombrosamente. As modalidades passaram a ser mais valorizadas, integraram a grade fixa das emissoras e o valor dos direitos de transmissão inflacionaram de 400 a 500%. O Campeonato Paulista de Futebol de 1996 teve seus jogos transmitidos por um número recorde de seis emissoras (quatro abertas e duas pagas): Globo, Bandeirantes, Record, CNT/Gazeta (que exibiu apenas VTs e compactos dos jogos), ESPN Brasil e SporTV pagaram juntas a importância de R$ 12,1 milhões porque o SBT ofereceu uma proposta de R$ 7 milhões pela exclusividade e submeteram ao seguinte acordo com a federação paulista: as TVs abertas transmitiriam 30 jogos isolados da rodada às quintas e aos sábados e as TVs por assinatura mostrariam dois jogos por rodada às quartas e aos domingos. Quanto ao Campeonato Brasileiro de Futebol, eram para ser R$ 6 milhões pelos direitos de transmissão, mas o SBT ofereceu o montante de R$ 16 milhões pela exclusividade. Porém, para manter o compromisso com o Clube dos 13, a dupla Band/Globo pagaram R$ 15,3 milhões, enquanto que a TVA/ESPN Brasil manteve o acordo dos R$ 250 mil e isso ajudou os 24 clubes participantes a arrecadarem R$ 1,3 milhão cada um por toda a competição.
Se o Campeonato Paulista de 1997 custou R$ 13,5 milhões a cinco emissoras de TV (Globo, Bandeirantes, Record, ESPN Brasil e SporTV) pelos direitos de transmissão, o Campeonato Brasileiro teve seus lances mais dramáticos antes mesmo da bola rolar: o SBT ofereceu R$ 146,2 milhões pela exclusividade do Brasileirão até 1999 (R$ 45,6 milhões para 1997, R$ 48,3 milhões para 1998 e R$ 52,3 milhões para 1999), até em TV por assinatura, atendendo uma série de benefícios aos clubes. Eles não queriam jogar depois das 21 horas, não queriam a transmissão de um jogo realizado na mesma cidade em que é realizada e queriam que todos os jogos programados transmitidos. Então, foi planejado que as transmissões ocorressem nas quartas às 21 horas e nos sábados às 17 horas. Mas a principal exigência era a criação de um canal de TV por assinatura para que todos os clubes pudessem divulgar seus projetos, além de inaugurar o sistema pay-per-view no Brasil, cujos clubes teriam uma participação, além dos merchandisings e promoções do sistema 0900. O clube dos 13 se interessou pela proposta tentadora do SBT, mas isso seria visto como quebra de contrato vigente dos clubes pois havia uma cláusula prevendo que após o vencimento de contrato, em 1996, as redes Bandeirantes e Globo, que tinham o tão controverso "direito de preferência", podiam renová-lo cobrindo qualquer oferta da concorrência, desde que aceite as exigências das equipes. Então, mediante a proposta inicial de R$ 25 milhões anuais até 1999, as duas emissoras pagaram R$ 23 milhões pela transmissão de 1997 (transmitindo os jogos ao vivo todas as quartas e sábados à noite, às 21h45), mas a batalha pelos direitos de transmissão só estava começando. Faltando um mês para o início do campeonato, a operadora Globosat ofereceu ao Clube dos 13 R$ 6,7 milhões pela exclusividade da transmissão de dois jogos semanais e de quebra aceitou em desembolsar mais R$ 2,7 milhões por um pacote de jogos com um grupo de times medianos que não integravam a entidade, sendo batizada pela mídia de "clube dos 11". Ou seja, o Clube dos 13 vendeu algo que não lhe pertencia, cujo direito era da operadora TVA, porém, quando entrou na Justiça para valer os seus direitos, sofreu uma grande derrota: verificou-se que a negociação feita em outubro de 1993 não era reconhecida pelo Clube dos 13, alegando que o contrato havia sido feito individualmente com os clubes. Só que dias depois, aconteceu a reviravolta: o "clube dos 11" fechou contrato de R$ 2,7 milhões com a TVA/ESPN Brasil pelos direitos de transmissão dos seus jogos, que por sua vez concordou em reajustar os valores de seu contrato, que contava com uma cláusula inusitada: o time integrante do "clube dos 11" mandante de campo num determinado jogo podia proibir a entrada de uma equipe de TV (no caso do SporTV) com a qual não tinha contrato. Resultado: com os R$ 9,4 milhões gastos ao todo pelo SporTV pelo Campeonato Brasileiro de 1997, deu-se portanto o início do domínio absoluto das Organizações Globo nas transmissões de futebol da TV brasileira.
Para o Campeonato Brasileiro de 1998, Band e Globo elevaram as ofertas pela compra dos direitos de transmissão, pagando R$ 35 milhões e a Globosat/SporTV com mais R$ 20 milhões. E em 1999, as dupla Band/Globo gastaram cerca de R$ 40 milhões e o SporTV cerca de R$ 30 milhões, tudo para firmar compromisso com os clubes exigindo em contrato e isso se mantém até hoje com valores cada vez mais inflacionados e surpreendentemente superfaturados. Tudo estava "normal", até que em novembro de 2002, começaram a rotina das negociações pelos direitos de transmissão do Campeonato Paulista de 2003: a Globo, que tinha o "direito de preferência" a seu favor, teria recusado em pagar R$ 12 milhões, preço estipulado pela Federação Paulista de Futebol para a transmissão dos jogos, considerada alta demais. Com isso, o presidente da federação Eduardo José Farah surpreendeu a todos e negociou pessoalmente com o SBT a transmissão que por sua vez cobriu a oferta e fez alarde da exclusividade da competição colocando vários jogos em horários incomuns na TV aberta: 21 horas às quartas-feiras, 18 horas aos sábados e 11 da manhã aos domingos, só que mexeu num ninho de vespas cutucando onça com vara curta. A Globo ficou possuída de ciúmes e pra piorar a situação, sua correspondência chegou à federação paulista com uma semana de atraso quando havia expirado o "direito de preferência" 30 dias depois do SBT ter acertado a negociação e fez judicialmente de tudo para impedir a entrada da emissora de Silvio Santos, ignorando a decisão da entidade. Na rodada de abertura do Paulistão 2003, a Globo conseguiu transmitir Santo André e Santos ilegalmente, mesmo ameaçada a se retirar do estádio se continuasse transmitindo, e alguns dias depois conseguiu uma liminar expulsando o SBT e conquistando o direito de transmissão do campeonato. Foram seis reviravoltas judiciais na disputa dos direitos de transmissão da competição por Globo e SBT, ou seja, a guerra entre as duas emissoras ia além dos pontos de audiência. Uma semana depois, a Globo consegue uma liminar judicial garantindo total exclusividade da competição. A Rede Record aparece como "aliada" da emissora carioca na transmissão de alguns jogos que não seriam mostrados pela mesma (às 21 horas de quarta e às 18 horas de sábado). Só que cinco dias antes do jogo de abertura, o Tribunal de Justiça decidiu devolver a "exclusividade" ao SBT, desde que dividisse o sinal de transmissão dos jogos com a Globo, devido ao tal critério do "direito de preferência", detalhe esse que a Globo não reparou, somente em 15 de fevereiro quando o Tribunal de Justiça baixou o martelo definitivamente e homologou definitivamente a devolução dos direitos de transmissão ao SBT, a Record acaba desistindo das transmissões em 23 de fevereiro por causa da baixa audiência e a Globo continuou exibindo os jogos normalmente. Pra matar a curiosidade dos nosso amigos, a equipe do SBT durante os dois meses de Paulistão tinha o apresentador Elia Júnior, os narradores Dirceu Maravilha e Paulo Andrade, os comentários do ex-goleiro Zetti, do roqueiro Léo Jaime e da jornalista Mariah Moraes e os repórteres Elias Awad, Silvia Vinhas, Valmir Jorge e Eliane de Carvalho. E assim permaneceu até a conclusão da competição, cujo regulamento das finais era tão confuso e polêmico quanto a disputa pelos direitos de transmissão. Mas isso é uma outra história.