HISTÓRIA: Semana Maldita na Globo

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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

HISTÓRIA: Viva a Noite

A festa vai começar no blog ÊHMB De Olho Na TV! Enfim, relatarei a história de um dos meus programas preferidos de todos os tempos da história da televisão brasileira conforme registrei no post "Os Meus Melhores de Todos os Tempos" e então, todo mundo junto comigo com as mãos pra cima e grite: Viva a Noite!!!
Os diretores Homero Salles, Roberto Manzoni e Nelly Raymond (uma argentina que havia trabalhado com Silvio Santos no final dos anos 60 dirigindo o programa Sinos de Belém) estavam elaborando uma ideia de criar um programa de auditório moderno para a época, com uma roupagem mais "jovem" e linguagem simples, dinâmica e versátil, sem deixar de lado a filosofia "popularesca" da programação do SBT de então. Este programa foi inspirado no norte-americano Saturday Night Fever, no mexicano Sabado Fiebre e no argentino Hoy Quien Dança es Usted e estava no novo pacote de programas que o SBT ia lançar após as eleições estaduais de 1982. Estava nascendo o programa mais cultuado e mais lembrado por uma geração que cresceu diante da telinha, o Viva a Noite.

Tema de Abertura do Viva a Noite:
Laerte Freire

Viva a noite! Viva a noite!
Que a nossa festa vai começar
E nesta noite, cante e sorria
Prepare os sonhos de um novo dia
Viva a noite, quanta alegria
E viva a noite, estamos no ar!

Estranhamente, o programa (obviamente gravado) estreou numa terça-feira, 16 de novembro de 1982, em São Paulo, e na quarta, dia 17, no Rio de Janeiro e apresentava três segmentos diferentes: Festival Internacional da Canção da América do Sul comandado por Adhemar Dutra (o maior work-a-holic que o SBT já teve em sua história, afinal, ele foi diretor de divulgação da emissora, diretor administrativo do teatro da Ataliba Leonel, radialista e co-apresentador do Cidade Contra Cidade), que acontecia simultaneamente em todos os países sul-americanos que, logo mais tarde, tornou-se apenas uma mostra de parada de sucessos exclusivamente brasileiros; Noite de Mistério era a parte que tratava de esoterismo e previsões para o futuro e tinha como estrela principal Jair de Ogum, um pai-de-santo famoso na época (e que teria inspirado o humorista Chico Anysio a criar o personagem Painho); e para terminar Hoje Quem Dança é Você, precursor dos concursos de dança que abundariam mais tarde na TV brasileira, onde se apresentavam casais ou grupos de dança defendendo um estilo musical diferente sob o comando de um jovem ex-office-boy do Grupo Silvio Santos que apresentava os intervalos da Sessão Premiada em São Paulo, fazia pontas no humorístico Alegria 82 e era membro do júri do Programa Raul Gil: Augusto Liberato, que havia sido ovacionado ao ser anunciado como padrinho de uma das candidatas do Miss Brasil 81. O último quadro dava mais audiência que os outros segmentos e foi aí que os diretores colocaram a mão na massa e trataram de reformular a atração para o ano seguinte.
12 de março de 1983, uma data muito importante para os "oitentistas" de plantão. Foi neste dia que o Viva a Noite passou a ser apresentado definitivamente aos sábados à noite, com mais de duas horas e meia de duração e ao vivo para todo o Brasil graças ao sistema de troncos da Embratel, muito utilizado pelo SBT até 1985 quando obteve seu próprio canal de satélite. Para comandar a atração, foi titularizado o apresentador do quadro Hoje Quem Dança é Você, Augusto Liberato, que ao poucos passou a ser chamado de Gugu. Aquele loiro engomado e engravatado que trazia de volta os "Embalos de Sábado à Noite" na televisão brasileira, foi taxado pela imprensa da época como "novo Silvio Santos", mas logo foi avisando em entrevistas de que "Silvio Santos é insubstituível e ponto final". O sucesso foi imediato e assumiu por muitos anos a liderança de audiência em todo o Brasil, atingindo médias de 25 pontos de audiência (batendo com frequência o Supercine da Rede Globo), ainda mais num dia do final de semana, o sábado, em que grande parte das pessoas costumam sair de casa para passear, curtir a noite, comer fora ou visitar amigos e parentes.
Nos primeiros anos do Viva a Noite, Gugu chamava alguém da platéia para encarar o seguinte desafio: dançar conforme a música que for tocando dentro de uma cabine a prova de som e acumulando Cr$ 1.000 por minuto, era a Cabine Milionária. Se a pessoa não dançasse direito, recebia uma bandeirada vermelha e era obrigada a sair da cabine, permitindo que outra pessoa pudesse participar da brincadeira. Os concursos de dança que surgiram em 1982 continuaram no ar, só que incrementado. Agora os dois casais que defendiam um estilo musical diferente (como forró, gafieira, anos 60 e jazz, por exemplo) puderam passar por uma divertida gincana e quem vencesse mais provas, ganhava o programa. O quadro de dança permaneceu até 1986, quando a gincana entre casais foi substituída por uma disputa entre universitários paulistas e cariocas.
Em 1986, o programa foi totalmente reformulado deixando de ser ao vivo e voltado às classes mais baixas para ser gravado dias antes e se dedicar exclusivamente ao crescente público adolescente feminino e, despretensiosamente, as crianças. Isso se deve com a explosão das boybands da época e das bandas de rock. O cenário sofreu modificações com aquelas belíssimas e gigantescas arcadas transparentes em forma de "B" com iluminação colorida variável (o mais bonito cenário de programa de auditório da história da TV brasileira) e, além de surgirem novos quadros, Gugu mudou seu guarda-roupa adotando um visual menos formal e mais casual e jovial com cores vibrantes. E o melhor de tudo, aposentou o famoso microfone do Silvio Santos e passou a utilizar um microfone de lapela, mas meses depois resolveu apresentar o programa segurando um microfone comum (primeiro com a canopla da TVS e depois com as famosas espuminhas de cores sortidas como vermelha, amarela, verde e azul). Em setembro do mesmo ano e se arrastando por quase dois anos, o personagem campeão de bilheteria de Sylvester Stallone inspirou o famoso concurso Rambo Brasileiro, onde a cada semana dois musculosos e marombados participantes com fitinha na cabeça iam ao programa, eram entrevistados pelo Gugu e disputavam a preferência de um júri composto por cinco convidados especiais. Com metralhadoras de plástico, protagonizavam clipes com direito a saltos em barrancos, travessias em pântanos e cenas de combate. Depois de muita escolha, o final do concurso mereceu um programa especial em março de 1988 com a vitória do capixaba Ewerton Carvalho Siqueira, hoje advogado.
Havia também o Deu a Louca na TV, onde diversas modelos a protagonizavam, fazendo coisas absurdas e, ao mesmo tempo, atraindo os olhares masculinos. Como aconteceu em 1987, quando a modelo Lilian Ramos (muito antes de ser a famosa "sem-calcinha" de Itamar Franco) passeou pelo Estádio do Pacaembu vestindo apenas uma tanga por baixo e uma camisa dividida dos dois times, metade São Paulo e metade Palmeiras, por cima antes de um jogo entre as duas equipes. Ou em 1990, quando outras modelos passearam pelas ruas de São Paulo, uma completamente nua, apenas com o corpo pintado, e a outra só de lingerie, literalmente parando o trânsito. Durante o programa, um artista aparecia fantasiado e/ou mascarado e ficava passeando durante todo o programa. Gugu dava algumas pistas sobre a identidade secreta do convidado aos telespectadores que participavam pelo telefone e tinham que adivinhar até o final do programa quem era o artista que está fantasiado. Anos depois, os homens e as mulheres eram quem tentavam desvendar a identidade do Artista Misterioso. Só no final do programa é que Gugu anunciava quem era o artista fantasiado e/ou mascarado.
Quando o Viva a Noite ganhou um novo cenário (aquele do famoso arco-íris vermelho) em abril de 1988, o programa foi modernizado e passou a centrar num quadro que o consagrou para sempre. Convidando diversas "celebridades da moda", Gugu organizava uma competição entre homens e mulheres intitulada Eles & Elas, sendo três para cada lado. Havia a prova do desenho, da torre de taças com champagne, dos balões que deviam ser estourados de três maneiras diferentes, da declaração de amor, da face oculta, da pesquisa com os artistas, o que é o que é, sim ou não, entre outros. Quem ganhasse a gincana, cada integrante ganhava um troféu em formato de lua com luz neon. Se a disputa terminasse empatada, as assistentes de palco do programa jogavam um enorme dado com um desenho de um menininho e de uma menininha para definir o time vencedor, enquanto que um integrante do time perdedor era escolhido para pagar um determinado castigo no programa seguinte. E sem a periculosidade do Sonho Maluco (que abordarei nos próximos parágrafos), alguém da platéia poderia ter um Sonho de Última Hora realizado no próprio palco do programa com um dos convidados do programa, como atirar farinha de trigo no grupo Dominó, fazer guerra de chantili com a cantora Simony, tomar banho com o Alexandre Frota ou com a Sula Miranda, pedir para que seu ídolo lhe faça uma declaração de amor ou simplesmente dar um banho de champagne no próprio Gugu.
Quando todo mundo sacudia os braços e balançava o rabicho ao som do Baile dos Passarinhos, significava que o programa chegava ao fim. A história é bem interessante: a melodia foi inspirada na canção Chicken Dance, de Terry Rendall e Werner Thomas, cuja origem é alemã. Uma vez, Gugu estava hospedado em um hotel cinco estrelas em Itaparica, litoral baiano, e lá não tinha televisão ou cinema. Durante a noite, depois do jantar, todos os hóspedes se confraternizavam no teatro do hotel. Em meio a cantorias, apresentações performáticas e declamações de poesias, a tal música era executada e todo mundo caía na dança inventando as mais absurdas coreografias. Vendo tudo isso (e ouvindo a versão francesa da tal música), Gugu pensou que se a canção animava os classudos, podia fazer delirar o povão. Ao voltar de viagem, encomendou ao compositor Edgar Poças (pai da cantora Céu) uma versão em português do Chicken Dance, criou uma coreografia definitiva e pronto. A marca registrada do Viva a Noite foi gravada em 1984 e continuou até o programa sair do ar em 1992.

Baile dos Passarinhos (Chicken Dance):
Terry Rendall e Werner Thomas - versão: Edgar Poças

Passarinho quer dançar
O rabicho balançar
Porque acaba de nascer
Tchu tchu tchu tchu
Passarinho quer dançar
Quer ter canto pra cantar
Alegria de viver
Tchu tchu tchu tchu
Seu biquinho quer abrir
As asinhas sacudir
E o rabicho remexer
Tchu tchu tchu tchu
Joelhinho vai dobrar
Dois saltinhos só pra ver
Vamos voar!
É dia de festa, dança sem parar
E depois voar no azul
Cruzar de norte a sul
O céu e o mar!
Passarinho quer dançar
O rabicho balançar
Porque acaba de nascer
Tchu tchu tchu tchu
No seu ninho dançará
Passarinho passará
Alegria de viver
Tchu tchu tchu tchu
Seu biquinho quer abrir
As asinhas sacudir
E o rabicho remexer
Tchu tchu tchu tchu
Joelhinho vai dobrar
Dois saltinhos só pra ver
Vamos voar!

Mas o célebre quadro Sonho Maluco era o ponto alto do programa e merece um destaque a parte. Surgiu quando o programa foi reformulado, em 1983, assim que passou a ser exibido aos sábados. O que teria motivado o público a fazer seus sonhos bem malucos foi em 31 de dezembro de 1982, quando o SBT estava transmitindo ao vivo a Festa de Fim de Ano, com flashes ao vivo dos festejos em todo o país. Numa altura de 130 metros, o então repórter Gugu entrevistou o equilibrista alemão Peter Rehlinger, de 46 anos, que decidiu atravessar o Vale do Anhangabaú numa corda de aço nos últimos minutos de 1982 e conseguiu completar o percurso bem na virada do ano! Pois é, a chegada de 1983 foi a mais emocionante que o SBT registrou em toda a sua história. Estavam, portanto, abertas as portas do Sonho Maluco, onde os telespectadores mandavam cartas e pediam alguma "loucura" que gostaria de fazer com o artista de sua preferência.

Top 10 dos Melhores Sonhos Malucos da História:

10) O macabro personagem Zé do Caixão protagonizou dois Sonhos Malucos distintos: teve que dividir seu caixão com uma telespectadora durante o programa e no Reveillón de 1984, pediu para que Zé Ramalho cortasse suas imensas unhas. Quando o cantor apareceu de surpresa cantando o hit Admirável Gado Novo, José Mojica Marins (sem o figurino de seu alter-ego) não segurou a emoção e chorou diante das câmeras.

9) Uma garota não tinha condições financeiras de fazer uma festa de debutante, então mandou uma carta para o Viva a Noite pedindo que seus 15 anos fossem celebrados no palco do programa com os "galãs" do SBT da época como Sérgio Mallandro, Wagner Montes, Moacyr Franco, Arlindo Barreto e Luís Ricardo.

8) Sérgio Mallandro foi vítima de dois Sonhos Malucos: em frente a tromba de um elefante de circo tomando uma esguichada de água e seu corpo sendo lambuzado de chantili e glacê por uma fã.

7) Um japonês queria ver a gorduchinha Wilza Carla só de calcinha e sutiã e quis satisfazer seu desejo sexual em dar uma palmadinha no bumbunzão da atriz, ícone da pornochanchada brasileira.

6) A popularidade da Mariette era tão grande que um telespectador queria ver a telemoça vestida de bebê e debruçada numa cama em alusão a uma música do Gugu que dizia "bota talquinho no bumbum desse nenê". O rapaz conseguiu satisfazer sua fantasia sexual, jogando talco no traseiro da mais festejada secretária de palco do Viva a Noite e tudo acabou numa guerra de talco no palco entre ele, Mariette e Gugu.

5) A humorista Nhá Barbina queria se casar com o Gugu, desde que a cerimônia fosse numa pista de patinação de gelo, na ocasião instalado no Shopping Center Norte em São Paulo. Quando estava tudo pronto para o casamento, aparece o jurado Pedro de Lara alegando que a noiva era dele, mas Gugu devolveu a provocação indagando "E quanto a Chifronésia?".

4) Um telespectador pediu para tomar banho com a ex-chacrete Rita Cadillac na frente de sua esposa, que ficou se mordendo de ciúmes na platéia.

3) Uma fã pediu para ficar presa numa teia de aranha gigante num viaduto do centro de São Paulo para poder ser resgatada pelos (então) oito integrantes do grupo Titãs.

2) Acostumado a encarar grandes desafios, o cantor Nahim, que havia sido piloto de provas de moto, topou o desafio em andar num carro que seria serrado por cima. Apesar do piloto ter exagerado na velocidade e o carro ter perdido a parte de cima pra valer, Nahim saiu ileso do desafio.

1) Uma telespectadora queria ver o cantor Agnaldo Timóteo dentro de um carro atravessando um out-door do também cantor Jerry Adriani subindo numa rampa com um piloto profissional. Só que o carro foi lançado ao chão, Agnaldo quebrou o nariz e foi hospitalizado, recebendo alta alguns dias depois.

Top 3 de Menções Honrosas (todas envolvendo o próprio Gugu):

3) Muito antes da famigerada Banheira do Gugu, o apresentador teve que entrar numa banheira de espuma, a pedido de um telespectador que estava dentro da banheira, com roupa e tudo, ao som de Arapuca do cantor Almir Rogério.

2) Vestido de Superman, teve que resgatar uma fã do programa que estava no meio de um incêndio do alto de um edifício.

1) Dentro de uma piscina do Parque Anhanguera (onde futuramente seriam construídos os estúdios do SBT), Gugu celebrou um exótico casamento de dois mergulhadores embaixo d'água.

Porém, um Sonho Maluco merece o título de Hors-Concours: vestindo uma roupa especial, Gugu teve que atravessar um túnel em chamas, só que a equipe de efeitos especiais exagerou no combustível para provocar as enormes labaredas e o apresentador ficou asfixiado, sofreu queimaduras e teve que receber atendimento médico imediato. Foi a partir daí que o Sonho Maluco foi maldosamente apelidado de "Pesadelo Maluco".

Nos primórdios do programa, duas figuras faziam parte do cast principal. O anão Tatuzinho era quem fazia mil estripulias durante o programa, sempre com uma fantasia diferente a cada semana. Além dele, teve a humorista Nhá Barbina, uma jurada do programa que ajudava a escolher o melhor casal que dançou no programa, além de se dizer apaixonada pelo Gugu. Dentre os bonecos, o mais conhecido é o Bugaloo, que surgiu em 1985. Um suposto irmão gêmeo do jornalista Carlos Nascimento, esse personagem roliço que usava gravata borboleta e paletó dourado amedrontava a criançada, mas queria sempre chamar mais atenção no programa do que as próprias atrações e até ganhou uma música: Bugaloo Dá-Dá. Os outros só vieram em 1988 como o Passarinho, a Aranha, a Mãozona, o Olhão e o Nicodemus. E em 1989, a dupla de imitadores Tatá & Escova passaram a integrar o time do programa com o humor improvisado e satirizando como sempre as celebridades da época. Eles vinham do recém-encerrado programa Perdidos na Noite com Fausto Silva na Rede Bandeirantes.
O sujeito serelepe de boné que aparecia sempre no meio da platéia animando o auditório durante o programa é o supervisor de palco Aílton Alves Sampaio Lima, o Liminha. Antes do programa ir ao ar, ele preparava as dálias (cartolinas com textos escritos para servir de suporte durante o programa), organizava o palco e sempre estava à disposição quando era solicitado pelo Gugu. Ele foi a primeira pessoa na história a se fantasiar de passarinho amarelo. Mas as "Guguzetes" foram marcantes e inesquecíveis. A fogosa Mariette Detotto é a musa número 1. Começou sua saga aos 16 anos como assistente de palco do Domingo no Parque vestida de bailarina e era a única de quem Silvio Santos sabia o nome de cor. Assim que o Viva a Noite foi reformulado, em 1983, foi chamada para ajudar o Gugu nas atrações (junto com outras beldades como Mônica, Marisa, Celeste, a futura esposa do apresentador Rose e a futura jurada Flôr) e permaneceu no programa por cinco anos. Seu nome virou sinônimo de secretária de palco e com o status de sex-symbol das noites de sábado, foi parar nas páginas da revista Playboy em novembro de 1988 quando virou o "bicho-bom" de Renato Aragão no humorístico Os Trapalhões na Rede Globo, mas voltou para o SBT em 1990 fazendo parte do elenco-base de A Praça é Nossa e desde 1998 apresenta programas de TV nos Estados Unidos em um canal dedicado a imigrantes hispânicos. Em 1987, Mariette passou a dividir o batente com Silvia Roberta de Franceschi, a Silvinha (eu lembro dela!), então com 14 anos, que por sua vez não era tão exuberante quanto sua colega, mas com seu porte físico "mignon" era um pouco mais recatada e ficou mais conhecida quando Gugu passou a dividir os domingos com Silvio Santos. Em 1990, a moreninha deixou o Viva a Noite para comandar o infantil Casa Mágica na recém-formada Rede Record (co-produzida pela então GPM, hoje GGP, produtora independente de Gugu em seu primeiro contato com a emissora recém-adquirida pelos bispos). Alessandra Scatena foi a que mais tempo ficou trabalhando com Gugu, por uma década inteira. A loira pegou os últimos momentos do Viva a Noite a partir de 1990, mas sua trajetória começou pra valer no Corrida Maluca compondo o trio de gatinhas do programa (e até permitiu que seu pai fosse um dos membros da "Família Maluca"). Chegou a posar nua para a Playboy em setembro de 1997, se despediu da função em 2001 quando estava no Domingo Legal e foi promovida como apresentadora de TV, fazendo programas femininos em canais UHF da Grande São Paulo, além de ter participado no mesmo ano da alardeada Casa dos Artistas e ter sido a primeira celebridade eliminada de lá.
Com a estréia do Sabadão Sertanejo em 20 de julho de 1991, o programa que tinha duas horas de duração, teve seu tempo reduzido uma semana depois para pouco mais de uma hora e seguiu assim até seu término. O último Viva a Noite foi curiosamente exibido num domingo à tarde, em 19 de janeiro de 1992. Esse que vos escreve tinha 5 anos de idade e lembra perfeitamente quando testemunhou os dois últimos Viva a Noites, previamente gravados e inéditos, serem levados ao ar por dois domingos seguidos (12 e 19 de janeiro), tapando buracos do Programa Silvio Santos devido as férias de verão do apresentador. Em 2007, na frustrada tentativa do SBT em fazer a concorrência "tremer de medo", resolveu lançar um revival do Viva a Noite, só que com o comando da cantora baiana Gilmelândia (ex-vocalista da Banda Beijo) e a participação de dois novos co-apresentadores: o socialite Bruno Chateaubriandt e o roqueiro Supla, que teve a ousadia de regravar o Baile dos Passarinhos. Semanas antes da estréia, a emissora fez sigilo absoluto da identidade de quem apresentaria a volta do programa, a mais cogitada pela mídia da época era Adriane Galisteu, mas a Gil levou a melhor. Mas mesmo sendo produzido pela mesma equipe de Gugu Liberato, o programa ficou poucos meses no ar devido a baixa repercussão e a baixa audiência, pois todo mundo preferia mesmo a versão original, que acabou deixando saudades a uma geração de saudosos telespectadores.

Curiosidades:
* Quando o programa estava pra entrar no ar em 1982, o superintendente operacional do SBT Luciano Callegari sugeriu a Homero Salles dois nomes para apresentar o quadro Hoje Quem Dança é Você: o radialista Paulo Lopes, que abria o humorístico Reapertura, e Paulo Barboza, que comandava a Sessão Premiada no Rio de Janeiro.

* Quando chamava o intervalo comercial, Gugu ou um convidado gritava "Viva a Noite!!!" e a platéia respondia "Viva! Viva! Viva!".

* Em 1983, os telespectadores podiam participar do programa através do telefone, cujo número era (011) 290-8193.

* Vários co-apresentadores dividiam com o Gugu o comando do Viva a Noite em quadros feitos nas externas como Adhemar Dutra, Christina Rocha, Olga Renha, Felisberto "Feliz" Duarte, Rogéria, Mara Maravilha e Ivo Morganti.

* A importância do Viva a Noite era tal que muitos artistas cancelavam shows para se apresentar (e até participar dos quadros) no programa. Foi responsável pela primeira apresentação-solo do cantor Cazuza, após ter deixado o grupo Barão Vermelho, em 1985, cantando o hit Exagerado. E quando a boyband Menudo veio ao Brasil pela primeira vez em 1984, o Viva a Noite foi o primeiro programa de TV que os porto-riquenhos se apresentaram, chegando de bicicleta um por um sob arcadas floridas e empolgando a platéia com o sucesso No Se Reprima.

* O grupo Dominó foi quem mais apareceu no Viva a Noite desde 1984 quando Nill, Marcelo, Afonso e Marcos surgiram para o estrelato com o sucesso Companheiro. O próprio Gugu, que na época apresentava também um programa na Rádio América de São Paulo, foi quem ajudou a selecionar os integrantes da mais duradoura boyband do Brasil. O quarteto de hit-makers emplacaram também Amor e MúsicaBruta Ansiedade, Jura de Amor, Manequim, P da Vida, Olhar de MedusaCom Todos Menos Comigo, As Palavras, entre outros. Em 1989, um programa especial foi feito contando a história de cada componente, mas meses depois, o integrante Nill escolheu o programa para se despedir do Dominó e seguir carreira-solo, deixando a platéia e integrantes do grupo emocionados.

* Com o sucesso do programa, Gugu atacou de cantor e gravou seis compactos simples entre 1984 e 1989. Além da famosa "Dança do Passarinho", como a música ficou conhecida, emplacou sucessos como Docinho, Docinho, Fio Dental, Bota Talquinho, Baile dos Bichos, Pega o Meu Peru e Marcha da Bicharada. A Dança da Galinha Azul era o jingle do Caldo Maggi, patrocinador do programa a partir de 1988 (os refrigerantes Antárctica patrocinaram o Viva a Noite em 1985 e o chiclete Bubaloo no ano seguinte), que reforçava a lembrança de que o Caldo Maggi era "o caldo nobre da galinha azul" que era o símbolo da marca.

* Em 21 de julho de 1984, em nota publicada na revista Sétimo Céu da Bloch Editores, o Viva a Noite registrou seu maior recorde de audiência em toda a sua existência: o IBOPE registrou a média nacional de 35,8% para o SBT contra 15,8% da Rede Globo que exibia o filme O Sonho Impossível, cartaz de Supercine. Nos últimos 60 minutos de programa, chegou a atingir o pico histórico de 38 pontos de audiência.

* Até 1985, o programa contava com a participação da orquestra do Maestro Zezinho e dentre os seus integrantes destacam-se o baterista Milton Ramos da Silva, o Miltinho, e o baixista Ubirajara Penacho dos Reis, o Bira. Os dois músicos continuaram trabalhando com o Maestro Zezinho até 1992 para se dedicarem exclusivamente com o conjunto musical que acompanha o apresentador Jô Soares no seu talk-show.

* Em 26 de julho de 1986, o Viva a Noite exibiu um especial inusitado: quase quatro meses antes das eleições estaduais, reuniu os candidatos ao Governo de São Paulo para que cada um pudesse (em blocos diferentes, é claro) ser entrevistado e desenvolvesse algum talento diferente para o público. Então, o deputado Paulo Maluf executou ao piano um prelúdio de Chopin, o vice-governador Orestes Quércia foi chamado de "lindo" pelo auditório, o futuro senador Eduardo Suplicy entrou no palco do programa dirigindo um Monza vermelho (em alusão a música O Bom de Eduardo Araújo) e o empresário Antônio Ermírio de Moraes, que estava se arriscando na política, animou uma comemoração de aniversário do cantor Adriano (que fazia sucesso com a música A Força do Amor, tema da novela homônima do SBT em 1982). O fato foi destaque em todos os jornais da cidade.

* Em duas oportunidades, o Viva a Noite foi exibido na noite do ano novo, brindando os telespectadores com programas especiais. Em 31 de dezembro de 1983, em três horas de programa, antes de fazer contagem regressiva para 1984, registrou um fato marcante: o cantor Zé Ramalho cortando as medonhas unhas do cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão, no Sonho Maluco. E em 31 de dezembro de 1988, a equipe do programa viajou para Los Angeles, Estados Unidos, onde Gugu entrevistou o cantor Julio Iglesias e ainda mostrou a mansão do ídolo espanhol por lá, além de mostrar seus diversos videoclipes.

* O entrevistado mais marcante do programa, em meio a reportagens feitas pelo exterior, foi o ator e humorista Roberto Gómez Bolaños, o Chespirito, criador dos personagens Chaves e Chapolin. Gugu foi ao México em duas oportunidades para entrevistá-lo, em 1989 e 1990, no auge dos seriados no Brasil. Na primeira, Bolaños surpreendeu os telespectadores brasileiros aparecendo caracterizado como o garoto no barril logo no começo do bate-papo. E na segunda, ele falou como criou os dois personagens: o menino pobre latino-americano que não tem o que comer e não tem com que brincar e o super-herói humanizado que não possui super-poderes, mas que resolve os casos com esperteza (ou astúcia, como ele próprio se refere). Nos bate-papos, Bolaños revelou que seu ídolo é Pelé, suas qualidades são a paciência e a honestidade e deixou a seguinte mensagem aos fãs brasileiros: "Convidaria as pessoas a serem sempre jovens. Eu creio que ser jovem não consiste em ter poucos anos ou muitos, mas sim ter projetos, ideais, sempre ter esse espírito de luta, ter esses projetos e buscar algo. Continuem sempre sendo jovens e otimistas com o desejo de se fazer alguma coisa boa". Em ambas as entrevistas, Chespirito foi dublado em português por Marcelo Gastaldi, que emprestava sua voz na dublagem dos dois personagens.

* Em 7 de maio de 1989, por causa de uma greve dos radialistas que impossibilitou a gravação do programa Cidade Contra Cidade, o SBT decidiu tapar o buraco do Programa Silvio Santos colocando no ar o Viva a Noite, gravado com antecedência, em plena tarde de domingo (das 15 às 17 horas), numa tentativa acidental do SBT em fazer frente ao recém-lançado Domingão do Faustão da Globo. Mas a experiência durou apenas três semanas porque o Domingão liderava com 45 pontos de audiência contra os minguados 15 do Viva a Noite, que por mudar de dia e horário, o nome perdera seu sentido e teria que sofrer uma reformulação total para se adequar ao novo dia e horário, cujo público predominante era a família.

* Ainda em 1989, o Viva a Noite abrigou algumas cenas do filme Os Trapalhões na Terra dos Monstros, que teve a direção do ator Flávio Migliaccio. O cenário do programa ambientava um concurso de cantores principiantes e apareceram o grupo Dominó e a apresentadora Angélica, que realiza o Sonho Maluco em gravar um clipe com a boyband no Alto da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, sobre a defesa ecológica. Só que no filme, ela era filha de um grande empresário super-protetor e, preocupado com o sumiço dela, ordena que seus empregados (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias) trouxessem ela de volta. Só que eles descobrem um sub-mundo no interior do local repleto de monstrinhos, onde ela foi aprisionada, e de seres humanos selvagens. No elenco do filme estão também o cantor Conrado (outra cria do Viva a Noite e que logo passou a integrar o elenco de Os Trapalhões), Geórgia Gomide, Benjamin Cattan e a modelo Vanessa de Oliveira.

* Em entrevista concedida ao site Tudo Sobre TV em 2002, o diretor Homero Salles disse que o Viva a Noite foi uma vanguarda para o SBT que permitiu enorme ousadia em gincanas do tipo "venha para o palco do programa com uma tampa de privada, com um chapéu exótico ou com seu vovô vestindo pijama, pronto para dormir" e revelou que o grande referencial do programa era o cineasta italiano Federico Fellini: "Mas Fellini não combinava com popular, mas se você for lembrar do Viva a Noite tinha mão, mala, anão numa cabine e dançarinas com seios enormes, isso tudo é puramente felliniano sem poder dizer pra ninguém" explicou Homero.

* O caderno Folha Ilustrada do jornal Folha de São Paulo publicou em 8 de março de 1984 uma crônica bem-humorada do colunista Patrício Bisso intitulada Sábado à Noite na TV. Entre filmes, especiais jornalísticos, programas carnavalescos, entrevistas e documentários das emissoras de São Paulo apresentados em 3 de março daquele ano, destaca-se um relato sobre o Viva a Noite que ocupou um parágrafo inteiro e pelo que parece, ele decifrou qual era a referência do programa: "No canal 4... sim, sim, é hora do fantástico 'Viva a Noite', com o mimoso Gugu Liberato. Hoje começaram com um concurso de calipso e hully-gully (o hully-gully se dançava assim? credo!). O cantor mascarado hoje está vestido de cabeleireiro, num salão de beleza com secador de pé e tudo. Será a Rita Lee? Será o Pedro de Lara? Todos gritam. E o Tatuzinho, cadê o Tatuzinho? Olha, lá está ele, dentro da cabine milionária! Será que hoje ele vai tentar ganhar os mil cruzeiros por minuto? Não, hoje são casais que vêm vestidos de Adão e Eva, com umas folhas enormes grudadas no corpo com fita crepe. E o Sonho Maluco de hoje? Semana passada foi a vez de uma anãzinha chamada Alzira, que queria beijar o Tatuzinho, os dois vestidos de Romeu e Julieta. Que gracinha, pareciam dois bonequinhos! Logo depois, o Nahim vai tentar atravessar um túnel de fogo dirigindo uma motocicleta. As moças gritam espantadas, será que elas vão ficar sem o moço do 'Dá, Dá, Dá'? Os surrealistas iam adorar esta música. Alguém tem que mandar um videocassete dos 'Viva a Noite' para o Fellini."

Para quem quiser matar as saudades do Viva a Noite, postei no meu canal no YouTube, três programas completos e mais um vídeo com um pout-pourri de cenas marcantes. Os links estão logo abaixo:

Trechos do Viva a Noite entre 1988 e 1990https://www.youtube.com/watch?v=C3F0LPD_ajM
Viva a Noite exibido em 8 de julho de 1989 - https://www.youtube.com/watch?v=_DdIzE3LcFI
Viva a Noite exibido em 5 de janeiro de 1991 (provavelmente uma reprise de um programa exibido em junho de 1990) - https://www.youtube.com/watch?v=L1qtDAmFaPo
Viva a Noite exibido em 17 de agosto de 1991 - https://www.youtube.com/watch?v=9WOwdn7tGjo

Vejam também outros vídeos interessantes do programa postados por outros canais no YT:

Primeira Abertura do Viva a Noite em 1982 (Postado pelo canal MofoTV de José Marques Neto) - https://www.youtube.com/watch?v=9vIoVNQaIgI
Abertura e Escalada do Viva a Noite em 1986 (Postado por Acervo 80JHL, de Hamilton Kuniochi) - https://www.youtube.com/watch?v=hGKlmEPqSdo
Viva a Noite Especial com o Grupo Dominó em 1989, na íntegra (Postado por Lilian Morgan) - https://www.youtube.com/watch?v=U7AqinZGANk
Trechos de uma entrevista com os integrantes do elenco de Chaves em 1989 (Postado por brunoch1987) - https://www.youtube.com/watch?v=W9Lh23RRUO4
Entrevista de Roberto Gómez Bolaños concedida ao programa em 1990 (Postado por elvyseree) - https://www.youtube.com/watch?v=LcAklfxjtuo
O canal de Hugo Villar conta com vídeos curtos e variados do Viva a Noite entre 1988 e 1990 - https://www.youtube.com/user/hugovillar1/search?query=viva+a+noite
Cenas do filme "Os Trapalhões na Terra dos Monstros" com o programa Viva a Noite (Postado pelo canal Arquivos1000) - https://www.youtube.com/watch?v=ee3GBF9pGHw