ESPECIAL: Minha Visita na Set Expo 2025

O Centro de Convenções do Anhembi em São Paulo, realizou entre os dias 19 e 21 de agosto, uma das maiores feiras de mídia da América Latina:...

terça-feira, 1 de novembro de 2016

HISTÓRIA: Futebol na Telinha - 1ª Parte

Os aficionados pelo esporte, sobretudo futebol, e que não são poucos nas redes sociais, sempre tem essa curiosidade de saber a saga da televisão brasileira pelas transmissões de jogos de futebol aqui mesmo no Brasil. É uma história que não deixa de ser interessante, mas que faz parte da cultura da TV brasileira, até porque o esporte mais popular do Brasil é o futebol.
Pois bem, desde que a televisão chegou ao Brasil na década de 50, o futebol já era visto como a grande atração do novo veículo, até então apreciado pelas classes altas. Foi uma pena o Sr. Assis Chateaubriandt não ter aproveitado a Copa do Mundo de 1950, sediada no Brasil, para fazer os testes para a inauguração da TV Tupi, mas quase um mês após a inauguração oficial da TV no Brasil, precisamente em 15 de outubro daquele ano, acontece a primeira transmissão de um jogo de futebol na história da TV brasileira. O jogo foi entre São Paulo e Palmeiras no Estádio Municipal do Pacaembu, que contava com a saudosa Concha Acústica, pelo Campeonato Paulista de Futebol. Foi também a primeira transmissão externa da história, mas como não possuía um caminhão de transmissão externa, a TV Tupi de São Paulo resolveu tirar suas três únicas câmeras dos seus estúdios no bairro do Sumaré e colocá-las no estádio, mas devido a problemas técnicos, a partida iniciada às 15 horas não foi transmitida por completo, apenas o segundo tempo foi mostrado. Sorte que o jogo ainda estava 0x0 no intervalo e naquele clássico, o alviverde venceu o tricolor por 2x0. O jogador Brandãozinho entrou pra história por ser o primeiro a marcar um gol diante de uma câmera de televisão, ou melhor, dois gols naquela tarde, aos 27 e aos 42 minutos do segundo tempo. A partida teve a narração de Wilson Brasil e os comentários de Ary Silva (não havia ainda a figura do repórter de campo, somente no rádio).
Uma semana depois, em 22 de outubro, a televisão, enfim, pôde exibir ao vivo uma partida completa de futebol, no qual o Corinthians bate o extinto Ypiranga por 4x3 e rapidamente as transmissões diretas de futebol aos domingos obtêm grande sucesso por parte do público masculino e seu primeiro patrocínio foi da Cervejaria Antarctica. Só que após as transmissões, a TV Tupi permanecia fora do ar por uma hora (entre 17 e 18 horas) para que as câmeras voltassem aos estúdios e a transmissão dos programas retornarem normalmente com um filme de longa-metragem legendado, alugado em consulados estrangeiros, servindo de preparação para os teleteatros que viriam a seguir. Os jogos de domingo dos anos 50 eram apresentados pelo narrador Jorge Amaral, pelo comentarista Ary Silva e mais tarde pelo repórter de campo Augusto Machado de Campos. O Rio de Janeiro esperaria três meses para poder assistir o seu primeiro jogo de futebol e direto do Estádio do Maracanã, embora ainda fosse uma transmissão experimental da TV Tupi do Rio de Janeiro, que seria inaugurada dois dias depois. Foi em 18 de janeiro de 1951 num amistoso interclubes envolvendo Flamengo e Atlético-MG com a narração de Antonio Maria. O jogo terminou empatado em 3x3.
Na metade dos anos 50, as emissoras paulistas trataram de montar grandes equipes esportivas para a transmissão dos jogos na intensão de levar a emoção dos estádios no "conforto dos lares". Então, a TV Paulista canal 5 contava com o narrador Moacir Pacheco Torres, os comentaristas José Iazzeti e o ex-jogador Leônidas da Silva e o jovem Silvio Luiz, o primeiro repórter de campo da TV brasileira. Com a chegada da TV Record, Silvio e Leônidas mudaram de emissora e se juntaram com o narrador Raul Tabajara e os comentaristas Flávio Iazzeti e Paulo Planet Buarque para compor a grande equipe esportiva que o antigo canal 7 estava montando. Com tantos jogos transmitidos todos os domingos, os clubes e as federações ficavam preocupados com o fato de que a televisão estaria tirando o público dos estádio e, pior, temiam queda na renda dos jogos (até porque os clubes na época vivam disso). Pensando nisso, a TV resolveu levar o futebol fora da capital paulista e em 18 de dezembro de 1955, a TV Tupi realiza a primeira transmissão intermunicipal da TV brasileira com o jogo entre Santos e Palmeiras direto da Vila Belmiro, enviando imagens de Santos à São Paulo a uma distância de 70 quilômetros. O alvinegro praiano venceu a partida válida pelo Campeonato Paulista de Futebol por 3x1. Quatro meses depois, em 11 de abril de 1956, a TV Record entrou na briga e conseguiu realizar uma transmissão de Campinas para São Paulo à 100 quilômetros de distância com o jogo amistoso entre Ponte Preta e Internacional de Limeira direto do Estádio Moisés Lucarelli com vitória da macaca por 2x0. A competição era a mais saudável possível, o contrário dos dias de hoje, entre as duas emissoras, cujo desempate foi uma transmissão do Rio para São Paulo ocorrida em 26 de maio de 1956 pela TV Record enviando imagens da Praia de Copacabana com o repórter Silvio Luiz colhendo depoimentos de populares. Com esse feito surge o slogan: "Record, 500 km na frente". Logo, a TV Tupi fez o contrário, transmitiu de São Paulo para o Rio em 11 de junho um discurso do Governador de São Paulo Jânio Quadros. O placar indicava um novo empate entre as duas emissoras, cujo desempate aconteceria em 1º de julho com a realização da primeira partida de futebol ao vivo interestadual do Brasil com a exibição de Brasil e Itália no Estádio do Maracanã do Rio para São Paulo. Como não existiam links suficientes, cinco técnicos constroem três antenas, instaladas no Vale do Paraíba, na Serra do Mar e no Pico do Itatiaia, utilizando telas de galinheiro para os corpos das antenas. A operação demorou 15 dias para ser concretizada e contou ainda com a ajuda de duas mulas para o transporte de carga. Problemas técnicos impediram a TV Tupi de levar a imagem direta do Maracanã para São Paulo, feito esse obtido com êxito pela TV Record, retransmitindo as imagens da equipe da TV Rio, que era do mesmo conglomerado. Com a narração de Luiz Mendes e Léo Batista, a Seleção vence o jogo por 2x0.
Chegamos aos anos 60 e a competição pela audiência nas transmissões de futebol chegava a um ponto decisivo. No Rio, você podia assistir a um jogo domingo à tarde na TV Tupi com Rui Viotti, na TV Rio com Luiz Mendes ou na TV Continental com Carlos Marcondes. Só que a televisão carioca sofreu um grande revés: em 1962, a ADEG (Associação Desportiva do estado da Guanabara) proibiu as transmissões diretas de futebol direto do Maracanã, justamente pelo temor de queda de público e de renda, e passa a cobrar pelos direitos de transmissão (Cr$ 600 mil por cada jogo semanal). A saída para essas emissoras são os VTs exibidos à noite, encerrando a programação, porém sujeitos a pagarem o direito de arena, que era o direito dos clubes a proibirem a exibição do evento caso seus jogadores não fossem devidamente remunerados. Pra isso, as emissoras precisavam de patrocínio para custear não só as despesas técnicas, mas para garantir o montante destinado ao uso de imagem dos jogadores. Nesse caso, a "reportagem esportiva" da TV Rio contava com o patrocínio da Ducal e a da TV Continental era patrocinada pela Esso.
Enquanto isso em São Paulo, as opções eram a TV Paulista com Luís Guimarães, a TV Record com Raul Tabajara e a TV Tupi que contava com uma grande equipe liderada por Walter Abrahão, sem contar a TV Excelsior que estava ainda engatinhando. Bem, a competição era mesmo entre as TVs Tupi e Record e ambas tinham suas grandes diferenças, porém a única coisa em comum é que suas equipes técnicas instalavam seus caminhões de externa nos locais das partidas quatro horas antes de começarem e podiam entrar no ar 20 minutos antes do apito inicial. A Tupi era uma emissora mais tradicional e bem conservadora cuja especialidade era a dramaturgia (conquistando um público maduro), enquanto que a Record chegou cheia de inovações, seguindo uma linha diferenciada de programação com musicais e muito esporte (cujo público-alvo era a família, não importando a faixa etária). A jornada esportiva da Tupi (exibida em cadeia com a TV Cultura, que na época era uma emissora também integrante dos Diários Associados) contava com o patrocínio da Goodyear e seu forte era a informação, quanto mais gente mais o evento ganhava a dimensão de fato jornalístico. Sua equipe era tão grande que a levou a dividir em dois grupos com três elementos cada um com narrador, comentarista e repórter de campo. Então a chamada "equipe titular" tinha Walter Abrahão, Ary Silva e Gerdi Gomes e a "equipe estepe" contava com Ávila Machado, Roberto Pétri e Walter Silva. Para dar suporte e apoio a equipe de transmissão, havia um apresentador que fazia o que chamam no rádio de "plantão esportivo", dando as informações dos resultados de outros jogos disputados em outros lugares, representado por Lucas Netto. Enquanto isso, a tarde esportiva da Record tinha muitos patrocinadores como a Cerveja Caracu, Pneus Firestone e Modas Exposição e buscava ousar nas transmissões futebol como a colocação de uma câmera atrás do gol e de uma outra câmera no gramado, exatamente na linha do meio-de-campo, até porque o futebol era feito com apenas duas câmeras e olhe lá. Outra grande inovação se deu com a chegada do vídeo-tape ao Brasil no início dos anos 60: nos intervalos de jogo era exibido a "reprise dos principais lances", o que mais tarde foi chamado de "melhores momentos" apresentados por Ernesto de Oliveira direto dos estúdios da emissora (antes, os intervalos das partidas eram preenchidos por um verdadeiro parlatório de comentários, recurso muito utilizado pela TV Tupi). E quando o jogo acabava, ou eram exibidos os principais lances do segundo tempo ou todos os gols da partida. O recurso acabou sendo abandonado com a proibição total das transmissões diretas para São Paulo pela Federação Paulista de Futebol em agosto de 1965 (sujeitando as emissoras na cobrança de taxas pelo direito de arena dos clubes) e só seria relançado na Copa do Mundo de 1974 pela Globo.
Porém, em 1962, o futebol paulista ficou sujeito a proibição das transmissões de futebol pela televisão da capital para a capital, incluindo os jogos do Santos na Vila Belmiro, imposto pela Federação Paulista de Futebol, cujos VTs dos jogos só poderiam ir ao ar seis horas depois do encerramento e pior, só teriam o direito de transmitir ao vivo apenas uma partida na última rodada de cada turno. Deu-se então o início da cobrança de taxas por cada jogo semanal transmitido pelas emissoras: Cr$ 1 milhão, desde que seja de uma cidade para outra, todas elas divididas igualitariamente entre as cinco emissoras de então. Mas em 1963, os entendimentos entre dirigentes de futebol e diretores de TV chegaram a um bom avanço e foi firmado um convênio com as emissoras paulistas de TV autorizando-as a transmitir os jogos do segundo turno do Campeonato Paulista de Futebol apenas aos sábados, domingos e feriados, dos chamados "grandes clubes" no interior do estado, televisionamento direto às quartas e quintas, eram proibidos, apenas a exibição em vídeo-tape. Portanto a federação propôs aos canais de então um contrato de cinco meses com o custo total de Cr$ 85,5 milhões (divididos em partes iguais de Cr$ 17,1 milhões para cada estação). Foi a primeira vez que fora estabelecida o sistema de cotas de transmissão de futebol pela TV. Só que divergências levaram São Paulo e Corinthians a recusarem acordo e então, Palmeiras, Santos e Portuguesa receberam Cr$ 21 milhões cada, o Juventus embolsou Cr$ 5 milhões e os outros 10 times participantes (São Bento, Ferroviária, Guarani, Comercial, Botafogo, XV de Piracicaba, Noroeste, Esportiva de Guaratinguetá, Prudentina e Jabaquara) conseguiram Cr$ 1.750.000 cada um. Até foi criado um certo Toto-TV, servindo de fonte de renda às emissoras, onde um cupom numerado era oferecido após o ato de alguma compra e, de acordo com a soma dos gols de um certo número de jogos, dava direito a prêmios.
A TV brasileira sentiu-se forçada em jogar o futebol para escanteio, mas em 1969, a modalidade voltou a ser o centro das atenções do público e da mídia como nunca. A classificação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1970 contribuiu para tal e o mais interessante é que com a inauguração da Embratel em 1965, o trabalho em poder transmitir imagens de uma cidade para outra foi facilitado, é só subir o satélite e mandar brasa. Ainda na disputa das Eliminatórias da Copa de 70, os jogos do Brasil disputados no Maracanã puderam ser transmitidos ao vivo para São Paulo, Niterói, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Brasília, menos para o Rio de Janeiro, obviamente, devido a normas restritivas já mencionadas, cujo sinal era enviado de um posto repetidor ao outro a cada 50 km de distância. Logo, a Embratel é autorizada pela CBD a poder emitir imagens de transmissão direta de futebol pela televisão com a realização da terceira edição do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, chamada na época de Taça de Prata, o Brasileirão daquela época, desde que a transmissão fosse num partida isolada da rodada e disputada fora da cidade onde o jogo seria exibido, para não haver concorrência de jogos disputados ao mesmo tempo e com risco de queda de público e renda. Com 17 equipes de sete cidades brasileiras, a Embratel realizava as transmissões dos jogos ocorridos em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde se concentravam as principais equipes da época. Os telespectadores de Brasília foram os grandes sortudos em poderem assistir todas as transmissões ao vivo do Robertão, até porque na capital federal quase não existia futebol. Então, as três emissoras candangas existentes da época (TV Brasília, TV Nacional e TV Alvorada) firmaram contratos com a Embratel e dividiam o custo de uma cota fixa de NCr$ 6 mil correspondente às despesas técnicas por cada jogo transmitido, porém os anunciantes locais mal davam para cobrir tal importância e deixaram essas três emissoras no prejuízo, com poucos e falhos recursos técnicos, mesmo acumulando uma audiência recorde que variava de 75 a 80%.
Uma exceção teve que ser aberta em São Paulo em 4 de novembro de 1969. Após quatro anos de proibição, as emissoras de TV da capital paulista foram enfim autorizadas a televisionarem ao vivo o clássico entre Santos e Corinthians direto do Estádio do Pacaembu com entrada franca aos torcedores devido ao adiamento da partida por causa da chuva. O jogo disputado às 20h15 foi importante por dois aspectos: o Santos, mesmo desclassificado, tentava ajudar meu principal jogador, Pelé, a se aproximar dos 1.000 gols (ele tinha marcado até o momento 996) e o Corinthians, que estava a 15 anos sem ser campeão, precisava vencer para garantir a classificação para a fase final da competição. Quatro emissoras transmitiram o jogo: a TV Tupi que liderou a audiência no horário com 25% dos televisores ligados (com Walter Abrahão, Geraldo Bretas e Eli Coimbra), a TV Record que teve que recontratar Raul Tabajara para narrar o jogo (e contando com o grande apresentador Blota Jr. nos comentários), a jovem TV Bandeirantes, então recém-atingida por um incêndio, que já despontava como um canal esportivo (e tinha a dupla de transmissão formada por Fernando Solera e Chico de Assis) e a TV Excelsior, cuja equipe era liderada por Geraldo José de Almeida, que suspendeu a exibição de suas novelas naquela noite para inovar na transmissão da partida, criando um pré-jogo uma hora antes do apito inicial e um pós-jogo 45 minutos após seu término com os comentários da partida vencida pelo alvinegro do Parque por 4x1.
Nos anos 70, as transmissões internacionais se tornam mais comuns após a Copa do Mundo do México, mas os clubes e as federações passam a cobrar cifras cada vez mais altas as TVs para transmitir futebol direto, talvez dificultando o trabalho das emissoras temerosas numa queda de público, pois na época, repito, os clubes vivam da renda dos jogos. Mas isso é assunto para o próximo post, até porque esse assunto é muio extenso e complexo.

DICA DE SITE: O Hot 100 Brasil Está de Volta!!!

Alguém se lembra de um site chamado Hot 100 Brasil e que tinha um monte de listas das 100 músicas que tocavam em diversos anos? Pois é, esse site está de volta, porém com outro domínio.
O site surgiu em 29 de maio de 1998 por Arthur Menezes, um paulistano apaixonado por música cuja coleção acumula mais de 141 mil títulos. Essa paixão fonográfica o levou a criar o site, sendo inicialmente chamado de "Hot Songs Brasil", disponibilizando na web uma parada de sucessos personalizada composta por diversos Top 10 dos mais variados gêneros musicais, nacionais e internacionais, que variavam nesses primeiros meses de existência, e sempre sendo atualizado aos sábados (mantendo assim até hoje). Em 1º de maio de 1999, resolveu compilar todos os gêneros sem discriminação, o que é bem interessante, e rebatizou o portal de "Brasil Hot 75" com os 75 singles mais tocados em todo o Brasil durante a semana, porém quase dois meses depois, em 26 de junho, o ranking foi expandido para 100 músicas e a denomiação passou a ser "Brasil Hot 100".
Nos dois primeiros anos online, o site era abrigado pelo domínio Geocities (hoje Yahoo), sendo que a partir de 1º de julho do ano 2000, quando atingiu a marca de 2 mil acessos por dia, o site da parada tornou a mudar de nome para "Hot 100 Brasil", mantendo assim até hoje, além de ganhar endereço próprio (www.hot100brasil.com). Atualmente, o site possui cerca de 5 mil acessos diários e acumula milhões de visitas vindas de mais de 140 países! Aos poucos, junto com a parada habitual, acrescentou também o ranking com os 100 álbuns mais vendidos e os 50 DVDs musicais mais vendidos, mas recentemente foi descontinuado com a mudança de domínio.
O grande atrativo desse site é uma página especial criada em agosto de 2002, comemorando na época os 100 anos do disco brasileiro. A página é um prato cheio e eu recomendo como uma base para fonte de pesquisa do gênero. Conta toda a saga fonográfica brasileira dividida em quatro fases com seus artistas, intérpretes, compositores, formatos e gravadoras. E o mais legal, como contei no início, é justamente os rankings com as 100 músicas mais executadas de 1902 até hoje, toda ampliada, revista e corrigida, com cerca de 30 mil títulos examinados e listados. Na verdade, a página intitulada Time Machine já existia e já chamava atenção, mas depois que foi incrementada com a ocasião, o interesse parece que só aumentou de lá pra cá, sendo posteriormente utilizado pelo livro Almanaque dos Anos 80 e pela extinta revista Flashback da Editora Abril. O dono do site esclarece que até a década de 50 não existia uma propriamente dita parada de sucessos de âmbito nacional e pra isso, teve que confrontar uma série de informações como boletins de execução das emissoras de rádio de várias capitais brasileiras (a maioria delas do eixo Rio-São Paulo) e relatórios de vendas das gravadoras. Para que o projeto fosse possível, foram quase 17 anos de muita pesquisa, jornais, revistas, livros, discos e até lojas de discos foram esmiuçadas pelo nosso aventureiro musical e o resultado pode ser visto neste link: http://asdfg-menezes.org/timemachinemain.html
O nosso amigo Arthur não se restringe apenas a manutenção semanal da sua parada de sucessos, no qual usa uma metodologia bem diferenciada e inspirada nos modelos adotados pelo instituto de pesquisas Nielsen e Billboard (no qual não irei revelar por motivos éticos, mas se é complicado de entender, isso é). Ele compra, vende, troca música de todos os gêneros e de qualquer formato. Quem quiser entrar em contato com ele e está interessado, acessem o link a seguir e lá está o e-mail dele: http://asdfg-menezes.org/biopics.html
Portanto, para quem quiser ficar por dentro das paradas de ontem e de hoje, mesmo que você não goste do tipo de música que as rádios de maior audiência estão acostumadas a martelar em nossos ouvidos ou que você não as ouça também, recomendo este site como uma base informativa da atualidade artística, até porque, como eu sou formado em Rádio e TV, preciso saber, mesmo que eu não ouça essas rádios comerciais de grande apelo do "Hit Parade", quais as tendências mercadológicas fonográficas  do Brasil e o que o público está ouvindo e consumindo.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

HISTÓRIA: 1º Prêmio SBT de Música (e Tome Sugestões)

Essas semanas descobri uma grande raridade dos anos 90 da televisão brasileira: O 1º (E TALVEZ O ÚNICO) PRÊMIO SBT DE MÚSICA exibido em 10 de novembro de 1995, no qual haviam sido postadas algumas chamadas no YouTube por intermédio do meu amigo Higor Vieira. O vídeo, dividido em duas partes, foi postado pelo canal ArteFeed e faço questão de compartilhá-los com vocês.
OBS: A dona desse canal garante que o SBT fez uma segunda edição e que ela tem gravado. Mas é como diz aquele "Patrão" inspirado em São Tomé: Eu só acredito... vendo! Mas não custa nada perguntar pra ela quais foram os outros vencedores. Eis os links e comentem (deixei uns comentários na segunda parte)!

https://www.youtube.com/watch?v=CA247j3ZBkc - Abertura completa (postada por Juan Matos)
https://www.youtube.com/watch?v=0qChm0Lukr8 - Primeira parte
https://www.youtube.com/watch?v=PTaA-qaoOXM - Segunda parte

Conheça algumas curiosidades sobre o 1º Prêmio SBT de Música:

* Um anúncio na Folha de São Paulo de 12 de outubro de 1995 anunciava a exibição do evento em 11 de novembro, mas foi antecipado para 10 de novembro, indo ao ar por volta das 22 horas (na época, nenhum programa do SBT começava no horário anunciado).

* No mesmo anúncio, era disponibilizado uma cédula de votação para que as pessoas pudessem recortar e preencher, indicando e escolhendo os melhores da música de 1995.

* O prazo de votação era até 30 de outubro e os cupons deveriam ser enviados para a Caixa Postal 59.141, São Paulo capital. Era numa época em que não havia internet para todos.

* Ao todo, foram 21 categorias de votação. Os estilos musicais eram Romântico, Sertanejo, Pop e Samba e as categorias englobavam Destaques Masculino, Feminino, Compositores, Música, Conjuntos Musicais e Revelação do Ano (esta última não havia indicados, o vencedor era anunciado de imediato).

* O evento foi gravado três dias antes no Memorial da América Latina, no bairro da Barra Funda em São Paulo (coisas de Silvio Santos).

* O evento teve duração de 2 horas, 12 minutos e 31 segundos (descontando os intervalos comerciais) e contou com o patrocínio de Bradesco, Perdigão, Kaiser, Maggi e Mappin.

* A apresentação foi do saudoso Blota Jr. (com abertura feita por Hebe Camargo) e a locução de Eliakim Araújo e Carlos "Bem-Te-Vi" Roberto, a voz-padrão do SBT. As assistentes de palco entregaram os troféus aos vencedores (padrinhos famosos fizeram falta na entrega dos prêmios).

* A premiação fez uma homenagem aos 30 anos da Jovem Guarda e convidou alguns desses artistas integrantes do movimento musical anunciando as categorias e os vencedores como Eduardo Araújo e Silvinha Araújo, Jerry Adriani e Valdirene, Marcos Roberto e Martinha, Deny e Vanusa, Os Vips (os irmãos Márcio e Ronald Antonucci), Wanderley Cardoso e Lilian.

* As atrações musicais divulgadas nas chamadas já denunciavam quem seriam os prováveis vencedores daquela noite (abrindo qualquer prescindente de spoilers): Raça Negra, Mamonas Assassinas, Zezé Di Camargo & Luciano, Maurício Mattar, Latino, Roberta Miranda, Wando, Só Pra Contrariar, Chitãozinho & Xororó, Sampa Crew, Leandro & Leonardo, Eliana de Lima, Grupo Raça, Cidade Negra, Beto Corrêa e Patrícia Marx. Os grandes ausentes do evento foram o grupo Skank e o cantor e compositor Ivan Lins, que foram premiados.

Abaixo, as categorias, indicados e vencedores em negrito de um prêmio que poderia muito bem voltar agora, em substituição ao malfadado Troféu Internet, mas com o nome de Troféu Silvio Santos de Música (até cogitou-se nisso, mas aprofundarei após a lista de indicados e vencedores):

Revelação Pop:
Mamonas Assassinas

Destaque Masculino Sertanejo:
Chitãozinho & Xororó
Chrystian & Ralf
Gian & Giovanni

Destaque Música Pop:
Coração Te Acalma - Sampa Crew
Sereia - Lulu Santos
Te Ver - Skank

Destaque Conjunto de Samba:
Grupo Molejo
Razão Brasileira
Raça Negra

Destaque Compositor Romântico:
Espelhos D'Água - Dalto e Cláudio Rabello
Lembra de Mim - Ivan Lins e Vítor Martins
O Taxista - Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Destaque Música Sertaneja:
Eu Me Amarrei - João Paulo & Daniel
Mulher Brasileira - Leandro & Leonardo
Você Vai Ver - Zezé Di Camargo & Luciano

Revelação Romântica:
Grupo Fanzine

Destaque Conjunto Pop:
Barão Vermelho
Paralamas do Sucesso
Skank

Destaque Feminino Samba:
Alcione
Beth Carvalho
Eliana de Lima

Destaque Masculino Romântico:
Fábio Jr.
Maurício Mattar
Wando

Revelação Sertaneja:
João Paulo & Daniel

Destaque Masculino Pop:
Copacabana Beat
Latino
Nando Reis

Destaque Música Samba:
Marrom Bombom - Os Morenos
Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo - Banda Brasil
Essa Tal Liberradde - Só Pra Contrariar

Destaque Compositor Samba:
Medo - Adauto Magalha e Pedrinho da Flor
Eu e Ela - Délcio Luiz e Ronaldo Barcellos
Pagode da Dona Didi - Zeca Pagodinho

Destaque Música Romântica:
Catedral - Zélia Duncan
Mordida na Maçã - Wando
Quem é Você - Simone

Revelação Samba:
Art Popular

Destaque Compositor Pop:
Segue o Seco - Carlinhos Brown
A Sombra da Maldade - Tony Garrido e Da Gama
Vamo Batê Lata - Herbert Vianna

Destaque Feminino Sertanejo:
Jayne
Roberta Miranda
Sula Miranda

Destaque Masculino Samba:
Beto Corrêa
Martinho da Vila
Zeca Pagodinho

Destaque Feminino Pop:
Fernanda Abreu
Patrícia Marx
Sandra de Sá

Destaque Compositor Sertanejo:
Desejo de Amar - Chrystian & Ralph
Mistério - Roberta Miranda
Pão de Mel - Zezé Di Camargo & Luciano


Conforme comentei, essa premiação de música poderia perfeitamente ter voltado em substituição ao malfadado Troféu Internet, mas com o nome de Troféu Silvio Santos de Música. Em 21 de maio de 2005, no caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo, foi publicada a seguinte nota: "Troféu Imprensa pode acabar, diz SBT". O próprio Silvio Santos, num discurso caracteristicamente hipócrita, cogitou nessa possibilidade pouco antes da gravação do Troféu Imprensa que elegeu os "melhores de 2004", deixando a impressão, sem muitos detalhes, de que "talvez" pudesse acabar com o "Oscar brasileiro", sendo oportunamente substituído pela votação feita anualmente por internautas abrangendo também "as áreas de música e futebol" e decidiria no final daquele ano de 2005, mas ele tomou um monte de Doril e esqueceu o assunto. Seria muito mais fácil passar os direitos da marca "Troféu Imprensa" a um órgão neutro (pra acabar com essa autopromoção que o SBT faz todos os anos de seus artistas e programas usando um júri fã-clube disfarçado do seu proprietário falando mal das TVs concorrentes, contando com a cumplicidade da própria produção que também age feito um fã-clube) para se dedicar anualmente a um prêmio 100% dedicado a música decidido pelos "seus" internautas, desde que seja válido um voto por pessoa em cada etapa de votação. Então, proponho o seguinte: os estilos musicais para essa premiação seriam Axé Music, Pop, Gospel, Samba & Pagode e Sertanejo e em cada uma delas fossem escolhidos os Destaques Femininos (individuais ou coletivos), Destaques Masculinos (também individuais ou coletivos), Músicas do Ano e as Revelações do Ano (femininas ou masculinas). Outra proposta: na formatação dos indicados, apenas os de Música do Ano devem ter três indicados, enquanto que as outras categorias deverão ter quatro concorrentes para que todos tenham chances iguais de conquistar ao prêmio, desde que hajam um número considerável de duplas e conjuntos musicais "destacáveis". Nas categorias de Destaque Feminino e Masculino, deverão ter dois indicados individuais e dois indicados coletivos (duplas e/ou conjuntos musicais) e nas de Revelação do Ano, deverão ter dois indicados do sexo feminino e dois indicados do sexo masculino.
Espero que um dia essas minhas "reivindicações" sejam ouvidas e atendidas por este humilde, solitário e sonhador blogueiro que vos escreve. E outra, redizendo a dona do canal ArteFeed respondendo um comentário num daqueles vídeos que ela postou da premiação, falta um pouco mais de glamour em eventos como esse. Por isso, para os amantes da "música da moda", a volta do Prêmio SBT de Música (alterando sua denominação para Troféu Silvio Santos de Música) a essa altura do campeonato, seria importantíssima e ideal, para quem vota e para quem ganha.
#Ficadica

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

HISTÓRIA: Horário Eleitoral Gratuito

Como eu relatei no posto anterior, há exatos 50 anos, estreava na TV brasileira um programa cuja popularidade nunca esteve em alta: o Horário Eleitoral Gratuito. A estréia foi por meio de um decreto sancionado pelo Tribunal Superior Eleitoral, a Lei nº 4.737, que regulamentava as emissoras de rádio e televisão a transmissão obrigatória de duas horas diárias aos partidos políticos divulgarem seus candidatos e suas plataformas de campanha nos 30 dias antecedentes às eleições (sendo que a campanha eleitoral audiovisual encerrava a 48 horas antes do pleito, marcado na época para 3 de outubro). Quinze anos antes, em 1950, o Colégio Eleitoral regulamentava as emissoras de rádio (e mais tarde de televisão) que reservassem 120 minutos da programação diária para a propaganda partidária durante período de 90 dias. O curioso é que a propaganda nessa época era paga (prática hoje proibida) e os jingles passaram a exercer uma força indispensável que até hoje pode decidir ou não o voto dos indecisos.
Voltando a 1966, foi a primeira eleição bipartidária da história. Em 27 de outubro de 1965, o Governo Militar declarou a extinção dos partidos políticos e outorgou a criação de duas novas legendas, a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), o partido governista, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), representante da oposição. Cada um desses partidos tinham 60 minutos diários no Horário Eleitoral e mais 5 minutos diários de inserções de 30 segundos nos intervalos da programação na faixa das 19 às 22 horas. E a que horas passava o HEG na época? O esquema de duas partes é mantido até hoje, mas na época eram das 13 às 14 horas e das 22 às 23 horas. Nove cidades brasileiras (Bauru, Belém, Curitiba, Florianópolis, Londrina, Porto Alegre, Recife, São Luís do Maranhão e São Paulo) transmitem ao vivo (os partidos não tinham recurso algum, as emissoras tinham que reservar espaço para esse tipo de "programa") as propostas dos candidatos às Assembleias Legislativas, sendo que cada um deles tinham 5 minutos para discursar. Como as eleições eram parlamentares, o eleitor tinha que escolher os deputados federais, estaduais, vereadores e senadores, até porque os governadores passaram ser eleitores pelo voto indireto. Essa "novidade" do HEG na programação das emissoras de TV, obteve uma audiência inferior a 10%, fazendo o telespectador ser obrigado a desligar o aparelho televisor, o que aumentava em 80%, fazendo as emissoras perderem dinheiro com publicidade, o que levou a criar mais tarde leis de ressarcimento às emissoras de rádio e TV.
Em 1970, o período de transmissão do HEG é delongado para 60 dias, entre 12 de setembro e 11 de novembro, e o pleito foi marcado no feriado de 15 de novembro, dia da Proclamação da República. Os horários permanecem inalterados, mas em São Paulo, ocorre um fato inusitado: a TV Bandeirantes de São Paulo, então com três anos de vida, fez um acordo com o TRE de São Paulo para ter uma permissão especial em emitir o HEG duas horas mais cedo, entre 20 e 21 horas, sendo assim fora do horário definido em acordo entre as demais emissoras. Motivo: a faixa das 22 horas era a grande responsável pela grande audiência e, acima de tudo, faturamento da jovem emissora com filmes, shows, documentários, musicais, esporte e telejornais. Com essa possibilidade de oferecer alternativa ao telespectador na época, sua audiência chega aos 28% durante o HEG exibido em cadeia.
Em 1974, o Código Eleitoral Brasileiro determina a proibição de propaganda política fora do HEG estabelecido pela Justiça Eleitoral. Os candidatos ainda se limitavam a discursar diante das câmeras ao vivo. Porém, o MDB em alguns estados brasileiros investiu em novos recursos para seduzir o eleitorado e ao mesmo tempo mantê-los atentos diante da TV. Sabendo o potencial do veículo, a grande vantagem da oposição foi a criatividade para conquistar ao mesmo tempo eleitores das capitais e do interior. O estilo de ação dos candidatos teve que ser modificado procurando conquistar, através da TV, as classes mais baixas e o público jovem com a linguagem dinâmica e a imagem acima de tudo, explorando a juventude dos candidatos, principalmente do Senado. Enquanto que a ARENA ainda apostava na retórica de seus "medalhões". A audiência sofre um ligeiro aumento na faixa das 22 horas, média de 20%, porém, o MDB conseguiu 22% na apresentação de seus candidatos, enquanto que a ARENA não passava dos minguados 19%. A eleição de 1974 foi importante na história do HEG e determinou em vários estados inovações decisivas na vitória da oposição pelas cadeiras do Senado, vejam alguns casos:

São Paulo
Os candidatos parlamentares gravavam seus discursos eleitorais em vídeo-tape, algo "inovador" na época porque até então o HEG ainda era transmitido ao vivo. O veterano professor Carvalho Pinto, candidato arenista, tinha 64 anos e por causa dos problemas circulatórios, usava a televisão para discursar e simplificar a peregrinação pelo estado, função esta exercida pelo governador biônico recém-eleito Paulo Egydio Martins. Enquanto que Orestes Quércia, do MDB, com 36 anos, tinha pinta de galã de novelas, esbanjava disposição em gravar os seus programas e fazer corpo-a-corpo com o eleitorado em mais de 500 municípios paulistas. Na tentativa de inovar a propaganda eleitoral, a ARENA colocou um menina perguntando "Em quem o seu pai vai votar?". Dando a ilusão de que Carvalho Pinto era o candidato dos conservadores, o MDB colocou outra garotinha respondendo a pergunta lançada pelos governistas: "O meu pai não sei, mas minha mãe, meu irmão, minha irmã, minha tia e minha professora vão votar no Quércia". A simbologia foi também importante na campanha MDBista: durante o programa, o locutor anunciava que Quércia "vai levar o sol de São Paulo para Brasília" fazendo o chamado astro-rei a marca registrada do ex-prefeito de Campinas, só que o tempo nublado da época fez com que o termo "sol" fosse substituído por "energia". O resultado foi uma vitória esmagadora de Quércia sobre Carvalho por 2,5 milhões de votos.

Minas Gerais
Os papéis pareciam estar invertidos. O candidato da ARENA José Augusto, desde o início da campanha pela TV, fez constantes ataques a seu adversário, o futuro presidente Itamar Franco, do MDB. O motivo alegado foi a sua ausência num debate organizado na abertura da campanha eleitoral proposto pela ARENA e que Itamar se ausentou. A imagem da cadeira vazia, mostrada todo dia por Augusto no programa arenista, simbolizava o tal argumento. Itamar, de fato, não concordava em participar de debates, até que um belo dia, em 9 de novembro, o TRE mineiro aceitou nova proposta da ARENA e autorizou a realização do esperado debate. O HEG era transmitido ao vivo e nos estúdio da TV Itacolomi de Belo Horizonte, o locutor Roberto Márcio anunciava mais um programa da ARENA até que, de repente, Itamar invade o estúdio "pronto para o debate", só que surpreendentemente, o desafiador não estava presente, para desespero e perplexidade dos correligionários arenistas que logo localizaram seu candidato. Mais surpreso estava o juiz do TRE de Minas Bady Raimundo Cury, que pediu a retirada do candidato oposicionista no horário reservado a seus adversários. Augusto chegou aos estúdios 10 minutos antes do encerramento do programa da ARENA, mas o juiz do TRE mineiro, que fiscalizava o HEG, proibiu o debate sob pretexto de que o arenista não tinha "condições psicológicas" adequadas para tal. Augusto, frustrado com o fato, decidiu resolver a questão na força e quis agredir seu oponente com um pedaço de pau, mas fora flagrado por um fotógrafo da Revista Veja, que cobria o fato. No dia seguinte, os representantes dos dois partidos trocaram insultos sobre a invasão do MDBista no horário da ARENA e da tentativa de agressão do candidato arenista. No fim das contas, Itamar Franco ganhou a eleição.

Rio de Janeiro
O futuro prefeito da capital fluminense Roberto Saturnino Braga foi escolhido pelo MDB para concorrer ao Senado 60 dias antes das eleições em lugar de Afonso Celso Ribeiro de Castro, que ficou doente, e em uma semana saiu da obscuridade e foi eleito com mais da metade dos votos que Paulo Torres da ARENA. Torres se disse "desentendido" com a inesperada derrota pois no programa eleitoral mostrava as grandes obras do Governo Militar como a Ponte Rio-Niterói, enquanto que Saturnino dizia que a tal ponte "não enche a barriga de ninguém" e explorou as necessidades do bem-estar geral da população sem se preocupar com o decadente "Milagre Econômico". Saturnino ainda testemunhou um fato pitoresco de bastidores: como não havia teleprompter, o discurso era escrito em enormes cartolinas (dálias) e numa dessas, a janela do estúdio insalubre estava aberta e o vento forte provocado do lado de fora fez o cartaz de um candidato a deputado voar, todo mundo riu na hora.

Rio Grande do Sul
Enquanto que em vários estados, os oposicionistas do MDB podiam dizer tudo o que desse na telha, o TRE gaúcho era o único que podia cortar a transmissão com um censor de plantão. Através de um velho telefone a manivela, o indivíduo determinava as emissoras gaúcha a tirarem o sinal do ar e inserir um slide de censura caso houvesse excesso de ataques e insultos entre os adversário do Senado: Nestor Jost pela ARENA e Paulo Brossard pelo MDB. Os dois candidatos protagonizaram o único debate entre candidatos ao Senado em todo o País, em 9 de setembro nos estúdios da TV Gaúcha. O acordo foi amigável entre os dois partidos e o Clube de Repórteres de Porto Alegre, imediatamente aprovado pela Justiça Eleitoral e o TRE gaúcho. Mediado pelo jornalista Joseph Zukauskas, a única regra eram 5 minutos alternados para cada candidato perguntar, responder e discursar o que bem entendesse. A troca de farpas foi substituída pelo alto nível de cordialidade dos candidatos e a audiência na capital gaúcha foi de 30%.

Pernambuco
A juventude explorada pelo MDB pode ser resumida na disputa pelo Senado no estado de Pernambuco. O seu candidato era o jovem e simpático Marcos Freire, cujas fotos na praia de trajes de banho, tomando sol e nadando no mar eram acompanhadas pelo seguinte locução: "Você passaria 15 dias longe da praia? Pois Marcos Freire vai ficar 8 anos longe do mar para defender o estado de Pernambuco". O slogan da campanha de Freire era "Sem ódio, sem medo e sem dinheiro" e isso ajudou a derrotar o "velho e feio" (como o próprio admitira) João Cleófas, da ARENA.

Rio Grande do Norte
Foi a disputa mais pitoresca de todas. Enquanto que a ARENA concorria com o respeitado Djalma Marinho, que se mostrava retraído, introvertido e ao mesmo tempo culto, citando autores franceses, o MDB lançou outro desconhecido, Agenor Nunes de Maria. O que não tinha de jovem, tinha de "homem do povo" pois fora camelô e marinheiro no Rio de Janeiro, fazendo questão de exibir seus braços tatuados no programa de TV: uma âncora no braço direito representando a esperança e o cálice no braço esquerdo era a "fé na vitória da democracia". Com a recusa de Djalma em participar de um debate proposto pelo MDB alegando que "não tinha nada o que aprender com um marinheiro tatuado e semi-analfabeto", a popularidade de Agenor cresceu de tal forma que ganhou a vaga no Senado numa disputa acirrada.

O resultado final foi apertado, somando todos os votos a deputado e senador, a ARENA recebeu 12 milhões de votos e o MDB, 11 milhões de votos. Foi primeiro grande avanço da oposição nas eleições parlamentares, permitindo o início da chamada Abertura Política. Enquanto que no Senado, o MDB elegeu 16 dos 22 candidatos. A ARENA ainda apostava na velha fórmula do discurso e logo admitiu o velho clichê. Para aniquilar a vantagem da oposição em usufruir a televisão, em 1976 outorgou a Lei Falcão que impedindo a divulgação das plataformas opositoras durante as campanhas eleitorais, bem como a proibição de debates políticos nos meios de comunicação, com medo de nova derrota para a oposição nas eleições seguintes. Foi a partir de então que os candidatos só podiam aparecem com a fotografia, nome, número e legenda a pretexto de contornar um "problema técnico" causado pelo excessivo número de candidatos a vereador. Além disso, os TREs obrigavam a exibição da propaganda política no rádio e na TV a cada 5 minutos por hora com revezamento de partidos. Vejam este exemplo postado no YouTube com os candidatos arenistas a vereador do município do Rio de Janeiro: https://www.youtube.com/watch?v=Xr0oDVJGLT8
Em 1977, após a instauração do Pacote de Abril, o MDB se utilizou de um dispositivo da Lei Falcão que permitia os partidos políticos requisitarem cadeia nacional de rádio e televisão para a divulgação de suas idéias e em 27 de junho, a oposição fez um programa histórico atacando o Governo Militar usando imagens de um simpósio promovido pelo próprio partido cujos temas eram salário minimo, dívida externa, desemprego, inflação e a falta da democracia no Brasil. Participaram Ulysses Guimarães (presidente do partido), Franco Montoro (líder do senado), Alencar Furtado (líder da câmara) e Alceu Collares (presidente do Instituto Pedroso Horta). O programa motivou o governo da época a proibir o acesso dos partidos políticos aos meios de comunicação fora do período eleitoral. A medida só foi revogada em outubro de 1984.
Em 1978, os acordes marciais de Paris Belfort anunciavam entre 15 de setembro e 14 de novembro o "Horário Reservado ao TRE", mantendo o mesmo esquema de 1966. Foi a última eleição bipartidária e ainda sob a Lei Falcão, todos os candidatos parlamentares se limitavam em mostrar uma foto, o número de votação e uma locução apresentando um breve currículo e suas pretensões caso eleito, o que fazia a TV perder 5% de audiência e obter uma audiência acumulada de 20%. Vejam este exemplo com os candidatos do MDB a deputados e senadores de São Paulo: https://www.youtube.com/watch?v=5VTXxCgAtCU
O ano de 1982 é marcado pelas primeiras eleições diretas para prefeito (menos nas capitais) e governador em todo o Brasil, depois de 18 anos de Ditadura Militar, desde o começo da Abertura Política (exceto para 68 municípios considerados Áreas de Segurança Nacional segundo Decreto-Lei nº 314 de 13 de março de 1967, onde os prefeitos ainda são nomeados por intervenção federal como Santos, Nova Iguaçu, Santarém, Santana do Livramento, Itu e Sobral). Foi também a primeira eleição pluripartidária em 17 anos, porém, haviam somente cinco partidos: PDS, PDT, PT, PTB e PMDB. O avanço da oposição nas pesquisas de intensão de voto, na realização de debates e em matérias jornalísticas na televisão faz o Governo Federal mudar as regras eleitorais como o desbloqueio da Lei Falcão em 14 de setembro e de que o voto só seria válido desde que todos os candidatos preenchidos na cédula eleitoral fossem do mesmo partido, o chamado voto vinculado (prática esta difundida desde os tempos do bipartidarismo). Os currículos dos candidatos da oposição eram lidos com "mais enfase", vários artistas passaram a animar comícios e apoiar candidatos e os jingles passaram a ser indispensáveis na promoção das candidaturas. A exibição do HEG dependia do interesse das emissoras pois os programas partidários eram em 24 blocos de cinco minutos cada, 12 deles exibidos entre 9 da manhã e 6 da tarde e outros 12 apresentados entre 20 e 23 horas por todas as emissoras brasileiras de TV, que por sua vez podiam optar em inseri-las entre um programa e outro ou exibi-las todas de uma vez em duas sessões, entre 13h00 e 14h20 e entre 20h00 e 21h20. No primeiro dia do HEG, em 16 de setembro, o PMDB de São Paulo violou a Lei Falcão e colocou a voz do candidato Franco Montoro quebrando o seu "silêncio" e lendo um manifesto de 413 palavras (alegando ser o currículo do partido, que "confundia" com as dos candidatos a deputado e vereador) enquanto que as fotos dos candidatos, intercaladas com as de Montoro, eram apresentadas uma por uma. O motivo alegado era que a lei não proibia que a voz de um certo candidato entre no lugar de um locutor profissional. O discurso foi finalizado com lema do PMDB naquela eleição "Vote para mudar". A oposição democrática deu um banho nas urnas. Vejam este exemplo com a apresentação dos candidatos ao Governo do Rio de Janeiro, a que mais chamou a atenção do país não só pelos candidatos, mas também pela conturbada apuração dos votos: https://www.youtube.com/watch?v=qthGrI_l2oQ
Em 1985, o Tribunal Regional Eleitoral instituiu a primeira eleição direta municipal em todo o Brasil depois de 20 anos. O HEG passou a ser apresentado em duas partes: das 13h00 às 13h30 e das 20h30 às 21h00. Os espaços passam a ser divididos entre os principais candidatos de cada cidade e os partidos com representatividade nas câmaras municipais e com o fim da Lei Falcão, a propaganda gratuita passa a ser mais criativo: criação de personagens, apoio de artistas e personalidades, paródias de telejornais e lançamento de candidatos como produtos de consumo, porém, a audiência da televisão perde 30% de seus telespectadores. Em cada cidade, o TRE alugou um estúdio de TV para que os candidatos de partidos pequenos e sem recursos para gravar seus programas possam fazer suas emissões ao vivo. Destaque para o Horário Eleitoral dos candidatos a Prefeitura de São Paulo: Lima Duarte e Regina Duarte (ambos da novela Roque Santeiro) demonstram apoio à Fernando Henrique Cardoso; uma novelinha de sete capítulos, onde Eduardo Suplicy tentará convencer pessoalmente uma família de classe média em votar nele, sendo que o pai quer votar no PMDB, a mãe quer votar no PT e a sogra é janista, além do boneco Zé do Muro, buscando o voto dos indecisos; e em meio a discursos e imagens dos problemas da cidade, Jânio Quadros adotou desenhos animados onde uma vassoura golpeava bandidos, corruptos e ladrões da cidade. Entre os "nanicos", destaque para Ana Rosa Tenente, a professorinha de 25 anos que entrou pra história por ser a primeira mulher a se candidatar a prefeitura da maior cidade do Brasil (e, por tabela, musa das eleições) e Pedro Geraldo Costa, o único entre os candidatos que disputou a última eleição direta para prefeito da capital paulista faziam 20 anos, em 1965! Um cronômetro ficava estampado no canto do vídeo controlando o tempo de cada programa e o tempo diário de cada um dos 13 candidatos foram estes: Fernando Henrique Cardoso (PMDB) com 16 minutos, Jânio Quadros (PTB-PFL) com 12 minutos diários, Eduardo Suplicy (PT) com 7 minutos, Rogê Ferreira (PSB) com 6 minutos, Antônio Carlos Fernandes (PMC) com 3 minutos, Adhemar de Barros Filho (PDT), Ana Rosa Tenente (PH), Armando Corrêa (PMB), Eymael (PDC), Francisco Rossi (PCN), Rivailde Ovídio (PSC), Ruy Codo (PL) e Pedro Geraldo Costa (PPB), todos eles com 2 minutos cada um.
Em Porto Alegre, o candidato Alceu Collares se fez de repórter para entrevistar os eleitores que o apoiam e desvendar os problemas da cidade, no Rio de Janeiro, o debochado Carlos Imperial aparecia em seu programa eleitoral vestindo uma camisa zebrada anunciando o utópico slogan "Vai dar zebra!" e em Belo Horizonte um exemplo de humor involuntário dos partidos "nanicos", o candidato Sebastião Martins do PDI interrompe o texto no final para saber se o tempo dele tinha acabado. Vejam este exemplo com um vídeo que eu postei com os candidatos dos partidos "nanicos" a Prefeitura de São Paulo: https://www.youtube.com/watch?v=lbGVG6UUyrI
O ano de 1986 é marcado pelas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, tudo porque a grande meta do Governo Sarney era a formulação do novo texto constitucional, promulgado em 1988. Isso fez com que o cargo de deputado federal se tornasse mais valorizado entre os candidatos. Foi também o ano em que as coligações começaram a ganhar força, isso porque o TRE havia registrado a existência de mais de 30 partidos políticos e ainda legalizou os partidos comunistas PCB e PC do B (e chegam a apoiar o PMDB em todo o Brasil). No HEG, as transmissões ocorreram entre 14 de setembro e 12 de novembro em duas partes: das 8 às 9 da manhã e das 20h30 às 21h30 com uma importante regra: apenas candidatos podiam falar nos programas eleitorais. Porém, o baixo nível das campanhas eleitorais levou os TREs a recrutarem juízes em todos os estados para dar plantão nas emissoras de rádio e TV e fiscalizar no ar os programas partidários ao ponto de interromper a transmissão por alguns segundos caso houvessem ataques pesados contra esta ou aquela candidatura, ao ponto de proibirem (ou melhor, censurarem) denúncias e críticas no HEG. Eis alguns exemplos: um programa estilo mundo-cão do PMDB de São Paulo mostrando as péssimas condições de trabalho na Fazenda Votorantim em Pernambuco foi vetado (na tentativa de Quércia atacar Antônio Ermírio). No Ceará, o juiz do TRE local Helder Mesquita interrompeu uma troca de acusações entre os candidatos Tasso Jereisatti do PMDB e Adauto Bezerra do PFL a ponto de suspender a propaganda das duas legendas por 24 horas. Já no Rio de Janeiro, o governador Leonel Brizola conseguiu um pedido junto ao TRE fluminense para responder as acusações contra sua gestão, mas quis tirar vantagem da situação para fazer propaganda do seu partido vestindo uma camisa com a etiqueta do seu candidato a sucessão ao Palácio das Laranjeiras, Darcy Ribeiro. O TRE ordenou que ele trocasse de roupa e ele, relutante, saiu do estúdio sem usufruir do seu Direito de Resposta. Já as legendas comunistas, surpreendentemente, apresentaram um discurso moderado e sem radicalismo, derrubando o velho mito do "perigo comunista". Foi com a ala comunista que surgiu a musa das eleições de 86: a candidata a deputada estadual do Rio Jandira Feghali do PC do B, que aparecia no HEG passeando pelas praias cariocas de biquíni ao som da Internacional Comunista em ritmo de bossa-nova, mostrando que as mulheres comunistas são tão normais quanto as outras pessoas, vaidosas e femininas, e, lógico, apresentando suas ideias para a chamada "alternativa comunista".
Mas o destaque ficou por conta mesmo das eleições para o Governo de São Paulo. Os tempos distribuídos para cada candidatura eram bastante desiguais e motivos de muita reclamação na época: Paulo Maluf, da Coligação União Popular, tinha 42 minutos diários de programa eleitoral, Orestes Quércia, do PMDB, possuía 40 minutos por dia, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, da Frente União Liberal Trabalhista Social, detinha 18 minutos e Eduardo Suplicy, do PT, com apenas 8 minutos. Esses quatro candidatos participaram de um fato inusitado: o programa Viva a Noite do SBT fez um especial onde o apresentador Gugu Liberato anunciou que não apoiaria nenhum candidato e reservou cada bloco do programa para entrevistá-los separadamente, além de executar alguma proeza no palco do programa: Maluf tocou um prelúdio de Chopin ao piano, Quércia foi recebido sob coro de "lindo" pelo auditório e confessou ser um marido ciumento, Suplicy entrou no ar dirigindo um Monza vermelho e Ermírio, que se aventurava na política, animou uma comemoração de aniversário do cantor Adriano. O programa, gravado em 21 de julho, foi ao ar no dia 26 do mesmo mês. Enquanto isso, o quinto elemento da disputa Teotônio Simões, candidato do obscuro Partido Humanista, não tinha um segundo sequer no HEG e foi o último a ter sua candidatura registrada pelo TRE paulista. A saída encontrada por ele foram os debates e entrevistas concedidas aos veículos de comunicação. Quando as urnas foram abertas, 22 dos 23 estados brasileiros elegeram governadores do PMDB, partido no qual conquistou também uma numerosa bancada na Câmara dos Deputados. Ouçam este áudio com o HEG dos candidatos à Constituinte de São Paulo: https://www.youtube.com/watch?v=tGtPX4L7HN8
Em 1988, o marketing político começou a tomar forma nas eleições municipais e as sessões do TRE continuaram a ser exibidas diariamente de manhã e de noite, só que com 45 minutos de duração cada. Assim como em 1986, as denúncias e ataques contrários continuaram proibidos e iminentes de serem cortados no ar. Vejam estes dois exemplos de HEG com candidatos a prefeito e vereador de São Paulo.
Vídeo 1: https://www.youtube.com/watch?v=xIXUe1bUXK8
Vídeo 2: https://www.youtube.com/watch?v=EnQPdJb7UEA
Chegamos a 1989 e a primeira eleição direta para presidente após 29 anos. O Tribunal Superior Eleitoral registrou o absurdo número de 22 candidatos à Presidência da República. O HEG era transmitido diariamente em dois horários, das 13h00 às 14h10 e das 20h30 às 21h40 entre 15 de setembro e 12 de novembro, acumulando 140 minutos diários (2 horas e 20 minutos) divididos em duas emissões de 70 minutos cada, totalizando portanto 135 horas de campanha eleitoral pela TV (equivalente a mais de cinco dias inteiros) alcançando 82 milhões de eleitores-telespectadores em todo o Brasil. Durante o período de campanha eleitoral televisada, as emissoras de TV tiveram que abrir mão de verbas publicitárias por imposição do TSE, causando prejuízo estimado em 45 milhões de dólares, porém, surpreendentemente, a audiência acumulada da Propaganda Gratuita em todas as emissoras alcançou a marca recorde de 36 pontos de média e 58 pontos de pico. Em 140 minutos disponíveis por dia, Ulysses Guimarães (PMDB) teve o maior tempo de programa com 22 minutos, seguido por Aureliano Chaves (PFL) com 16 minutos e Mário Covas (PSDB) com 13 minutos; Afif Domingos (PL), Affonso Camargo (PTB), Fernando Collor (PRN), Leonel Brizola (PDT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Paulo Maluf (PDS) conseguiram 10 minutos cada, Roberto Freyre (PCB) e Ronaldo Caiado (PSD) tiveram 5 minutos cada e outros 11 candidatos, como Fernando Gabeira (PV), Enéas Carneiro (PRONA), Armando Corrêa (PMB, que logo foi substituído por Silvio Santos) e Celso Brandt (PMN), tinham que ratear os 19 minutos restantes de programa eleitoral e ainda pelo sistema de revezamento. Após as eleições realizadas no feriado de 15 de novembro (Centenário da República) surge a novidade do segundo turno das eleições para presidente e os dois candidatos mais votados foram Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva. Entre 28 de novembro e 14 de dezembro, os dois tinham tempos iguais para emitirem seus novos programas eleitorais (20 minutos diários para cada um divididos em duas emissões de 10 minutos cada) diariamente das 13h00 às 13h20 e das 20h30 às 20h50, acumulando portanto 11 horas e 20 minutos de campanha do segundo turno na televisão. O final dessa história, todo já sabem.
Nos anos 90, o HEG tornou-se uma rotina na TV brasileira a cada dois anos, graças a decretos que com o tempo foram criados para moldar o formato de propaganda política. A única mudança foi que a primeira apresentação, a partir de 1996, passou das 8 da manhã para as 13 horas. Nas eleições municipais, o tempo do HEG foi reduzido de 45 minutos para 30 minutos. Enquanto que as eleições estaduais se juntou com a presidencial e o tempo foi também reduzido de 60 minutos para 50 minutos. Confiram aqui os HEG das eleições municipais em São Paulo e no Rio de Janeiro em 1992:
Este ano, como havia comentado no post anterior, as mudanças foram significativas só que não foi lá aquela maravilha, mas já é um bom começo para unir o útil ao agradável e pensar um pouco na classe radiodifusora em poder faturar com os comerciais durante 30 dias de campanha audiovisual antes do dia do pleito. Esperamos que as coisas possam melhorar cada vez mais e que as emissoras de rádio e TV, o TSE e a Justiça Eleitoral entrem em melhor entendimento. Gostaria que um dia todas as eleições, seja municipais, estaduais e federais, ocorram ao mesmo tempo. Recomendo que vocês visitem os canais do YT de três canais que postam vídeos dos HEGs do passado, Valldevir Junior, William de Jesus Silva e diler2006p do gaúcho Dilermando Dias. E divirtam-se!

sábado, 27 de agosto de 2016

OPINIÃO: Horário Eleitoral Gratuito

"Interrompemos nossa programação para a transmissão do horário eleitoral gratuito obrigatório de acordo com a lei número 9.504/97. Dentro de 10 minutos, voltaremos com a nossa programação normal". Pois é amigos, a cada dois anos a nossa televisão aberta brasileira é submetida as normas do Tribunal Superior Eleitoral para a insuportável transmissão do Horário Eleitoral Gratuito. Mas não é só no horário das 13 horas e das 20h30 não, é também nos intervalos que vem pra cima da gente aquela avalanche de jingles-chiclete e um autêntico festival de ataques e insultos. Propostas que enriquecem e ilustram as candidaturas que disputam a predileção do eleitorado, nada.
Eu, neste blog, assumo minha posição de apolítico, isto é, não tenho nenhuma preferência partidária. Fui criado num ambiente de verdadeiro pluralismo político: neto de janista, filho de lulista e enteado de dois malufistas. Eu era pequeno, tinha 3 anos, quando presenciei a primeira eleição direta para presidente e vivia imitando os candidatos da época. Com o tempo, me acostumei com o Horário Eleitoral na televisão onde os eleitores se enchiam de esperanças por dias melhores na cidade, no estado e no país. Mas mal termina a eleição e vem a ducha de água fria, o povo quebra a cara e se arrepende ao colocar no poder gente errada que teve toda a sorte do peso da legenda, do marketing político e de uma campanha multi-milionária (distribuindo uma propina aqui, uma outra ali, sem contar as tais "doações" de dinheiro ilícito, vide Lava-Jato) com o intuito de esconder sua verdadeira face. E muitos deles gostam disso de tal forma que se perpetuam no poder. Essa é a realidade.
Mas voltando ao Horário Eleitoral Gratuito, houve uma pequena Reforma Eleitoral em dezembro de 2015 e isso merece uma opinião coerente: FOI A MELHOR COISA QUE FIZERAM PARA CONTER A TROCA DE INSULTOS, LEVAREM MAIS A SÉRIO A CAMPANHA ELEITORAL E TAMBÉM PENSARAM NOS RADIODIFUSORES, POIS PRECISAM FATURAR COM AS INSERÇÕES COMERCIAIS E TER MAIS ESPAÇO NA PROGRAMAÇÃO DO HORÁRIO NOBRE, PRINCIPALMENTE. PARABÉNS AO TSE! Para que todos compreendam melhor como funciona o novo HEG, vou dar uma resumida: são dois blocos de 10 minutos cada de domingo a domingo durante um período de aproximadamente 35 dias. A propaganda de candidatos a vereador acabou, felizmente, talvez com a intensão do TSE exterminar de vez com o que chamam de "Hilário Eleitoral", pois eleição é coisa séria e não um picadeiro suscetível as palhaçadas populistas e um tanto demagógicas de zé manes em troca de votos das classes baixas, seduzidas facilmente com tal discurso. As inserções nos intervalos comerciais (que podem variar entre 30 e 60 segundos) terão um total de 70 minutos diários e deverão ir ao ar entre 5 da manhã e meia-noite, sendo 42 minutos para os candidatos a prefeito e 28 para os de vereador. Aí eu discordo, pois os três maiores partidos políticos do país poderão ocupar mais tempo, comparado aos demais, nessas inserções divulgando seus candidatos às eleições municipais. A propaganda paga é proibida por lei, o conteúdo eleitoral é de inteira responsabilidade das coligações/frentes/chapas e censura prévia ou cortes instantâneos em suas emissões também são proibidos. Por lei, a propaganda eleitoral, bem como os debates promovidos pelas emissoras de TV, deve utilizar recursos que permitam a acessibilidade aos deficientes visuais e auditivos: audiodescrição, legendas (ocultas ou não) e janela com intérprete de linguagem de sinais. Mas sinceramente, a imagem não vai ficar poluída demais com legenda e linguagem de sinais ao mesmo tempo a surdos-mudos ao mesmo tempo? Prefiro as legendas, pois é mais ágil, objetivo, compreensível e econômico. E como foram definidos os tempos dos programas eleitorais no horário gratuito e inserções nos intervalos da programação normal? A nova divisão, de acordo com a Reforma Eleitoral foi estabelecida de acordo com o número mínimo de nove parlamentares por partido na Câmara dos Deputados, sendo 90% do tempo foram distribuídos proporcionalmente, quanto mais deputados federais do partido/coligação, mais tempo receberão seus candidatos. Os 10% restantes foram distribuídos igualmente ao restante das candidaturas, aquelas que possuem menos de nove deputados ou nenhum representante na Câmara. Quinze partidos tem o privilégio de terem mais tempo no horário eleitoral, inserções nos intervalos e direito a participação em debates por terem exatamente o mínimo de nove parlamentares, previstos por lei: PT, PMDB, PSDB, PP, PSD, PSB, PR, PTB, PRB, DEM, PDT, SD, PSC, PROS e PPS.
A Reforma Eleitoral mereceria só elogios? Nem tudo é um mar de rosas, convenhamos que foi um grande avanço o TSE reduzir a duração da campanha eleitoral audiovisual, pensar no tempo das emissoras e no telespectador não ter que aguentar um verdadeiro espetáculo de anti-candidaturas. Pra isso, aproveito e exponho minhas ideias para melhorar não só o Horário Eleitoral no futuro, mas a maneira de se fazer eleições no Brasil, que sempre ocorrem de dois em dois anos. Confiram:

- Reduzir a quantidade de partidos políticos na casa das duas dezenas, vinte e poucos, atualmente são 35 (um absurdo).
- Todas as eleições municipais, estaduais e federais devem ocorrer no mesmo ano, ao mesmo tempo e sem direito a reeleição em todos esses cargos.
- Fortalecer as coligações/frentes/chapas e verticalizá-las conforme os cargos eletivos para evitar constrangimentos involuntários de partidos com ideias divergentes se aliarem por um candidato.
- As emissoras de rádio e televisão deverão emitir 3 blocos de 15 minutos cada de propaganda eleitoral gratuita de domingo à domingo nos aproximados 35 dias antecedentes às eleições.
- No rádio, as transmissões do horário eleitoral deveriam ser das 07h00 às 07h15, das 12h00 às 12h15 e das 20h00 às 20h15. E na televisão, as transmissões deveriam ser das 08h00 às 08h15, 13h00 às 13h15 e das 20h30 às 20h45.
- Os cargos majoritários (prefeito, governador, senador e presidente) teriam 9 programas cada um ao longo da campanha eleitoral. Os candidatos a cargos proporcionais (deputados e vereadores) só terão direito às inserções, não tendo mais direito aos blocos de programas.
- Todas as candidaturas devem dispor dos mesmos recursos indispensáveis para a produção de seus programas no rádio e na TV (estúdios, câmeras, ilhas de edição, computação gráfica, etc).
- Os tempos de cada programa e das inserções, bem como a garantia da presença de candidatos a debates, devem estar de acordo com uma média de parlamentares da Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas, Câmara dos Vereadores e Senado onde seria definida a percentagem partidária (a coligação/frente/chapa que possuir a maior soma dessas percentagem partidárias, terá mais tempo), sendo que o tempo mínimo de programa deve ser de 15 segundos (até porque em 5 segundos não dá pra se fazer nada em termos de horário eleitoral).
- Quanto as inserções nos intervalos das programações, devem ser de 45 minutos totais de apenas 30 segundos a partir da primeira inserção diária do horário eleitoral até a meia-noite, obedecendo a proporção 55% para cargos majoritários e 45% para os proporcionais.
- Proibir a propaganda eleitoral de apelo infanto-juvenil.
- Apenas os candidatos, bem como os vices e suplentes, é quem devem falar na propaganda eleitoral, não podendo falar aqueles que não vão concorrer e também não pode ter o recurso do "fala-povo" e imagens de pessoas comuns declarando seu voto para tal candidato e/ou falando mal de qualquer concorrente.
- O HEG do segundo turno no rádio e na televisão deveria ser iniciado uma semana após as eleições do primeiro turno com duração aproximada de 25 dias, cada cargo majoritário com esse direito (prefeito, governador e presidente) teriam 8 programas cada e as coligações/frentes/chapas teriam 5 minutos fixos de programa cada um, fazendo com que os blocos da propaganda eleitoral tenham seus tempos reduzidos de 15 para 10 minutos nesse período. Quando as inserções nos intervalos das programações, deveriam ser de 30 minutos totais de apenas 30 segundos.

E como será a campanha eleitoral no rádio e na TV em 2018? Os pequenos avanços promovidos pela Reforma Eleitoral serão mantidos? Para aqueles que não tem saco e não aguentam tantos jingles e spots dos candidatos ao longos dos intervalos, seja no rádio ou na televisão, aceitem minha recomendação: desliguem o rádio, ouçam um CD ou MP3 e assinem uma boa TV por assinatura para fugirem das anti-propagandas das mensagens partidárias. Assim estarem neutralizados e prevenidos de iminentes lavagens cerebrais dos maiores partidos do Brasil que polarizaram e dividiram nosso país. Para aqueles que estão à caça de candidatos que dignifiquem seus votos, outro conselho: pensem bastante até o dia da eleição para não sentirem remorso, arrependimento ou dor na consciência nos próximos quatro anos, não sejam iludidos por discursos sedutores que se lançam às portas do populismo e da demagogia (que infelizmente faz as classes mais baixas morder a isca facilmente) e não sejam marias-vai-com-as-outras (aconselhados até por pesquisas de intensão de voto) ou simplesmente não votar em alguém só porque não vai ganhar. Esse tipo de mentalidade é a grande responsável pela péssima democracia que nós temos, infelizmente. É justamente na campanha eleitoral que as propinas fazem a festa (vide Eleições de 2014), todo mundo quer encher o bolso com uma graninha a mais em troca de favores e quando acaba a folia eleitoreira, a verdade logo vem quando esse pessoal sobe ao poder.
Para saber mais como funciona o novo esquema do HEG, acessem este link bem legal e interessante do site Politize!http://www.politize.com.br/como-funciona-o-horario-eleitoral-gratuito/

Curiosidade: Este ano é "comemorado" o 50º Aniversário do Horário Eleitoral Gratuito, pois é! Foi graças a criação do Código Eleitoral Brasileiro pelo Tribunal Superior Eleitoral em 15 de julho de 1965, cuja Lei nº 4.737 instituiu a transmissão obrigatória da propaganda eleitoral no rádio e na televisão durante o período de campanha eleitoral, 30 dias antes das eleições. No ano seguinte, em 1966, a lei foi colocada em prática com as eleições para as Assembleias Legislativas (deputados e senadores) e na TV, os horários eleitorais eram inicialmente transmitidos diariamente e simultaneamente para todas as emissoras de televisão de nove cidades brasileiras (Bauru, Belém, Curitiba, Florianópolis, Londrina, Porto Alegre, Recife, São Luís do Maranhão e São Paulo) em dois períodos de meia-hora cada: das 13h00 às 13h30 e das 20h30 às 21h00, além de mais 10 minutos diários de inserções gratuitas de 30 segundos dos candidatos durante os intervalos da programação das emissoras de TV entre 19 e 22 horas. E foi justamente na primeira eleição bipartidária da história (devido a extinção dos partidos políticos em 27 de outubro de 1965, imposto pelo Governo Militar da época) envolvendo ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro). A primeira transmissão da Propaganda Eleitoral Gratuita da história da TV brasileira é datada em 5 de setembro de 1966 e como as emissões eram ao vivo naquela época, cada candidato tinha "apenas" 5 minutos para apresentar suas propostas. E tome parlatório. Por incrível que pareça, o Horário Eleitoral Gratuito tem muita história pra contar. Mas isso deixo para uma outra oportunidade. Não percam!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

HISTÓRIA: A Tele-Solidariedade

Todos os anos, a gente liga a TV e sempre tem alguma emissora aberta lançando algum tipo de campanha beneficente em prol de alguma coisa, seja para os doentes, para as crianças e para os deficientes. Pelo menos uma vez é sempre assim e tem campanhas para "todos os gostos". Mas isso já existe desde os anos 60, pelo menos aqui no Brasil. Foi a TV Excelsior que introduziu o que podemos chamar de "Tele-Caridade", em 1963, quando reuniu todo aquele seu cast de artistas e jornalistas em prol das crianças carentes, isso duas vezes por ano! No Dia das Crianças e no Natal, quando pedia aos telespectadores a doarem desde quantias em dinheiro até brinquedos em prol da Cruzada Pró-Infância, seja por telefone ou até em pedágios nos arredores do local da campanha. Como não havia transmissão em rede, a campanha teve que fazer separado tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro. A maratona de shows de mais de 24 horas nos estúdios da extinta emissora era intitulada Grande Noite de Vigília da Criança Brasileira e era amplamente divulgada pelas mídias da época com essa seguinte frase de estímulo "Faça uma Criança Sorrir". Isso se estendeu por toda a década de 60.
Com o fim da TV Excelsior, as campanhas de solidariedade na TV pareciam estar entregues ao esquecimento quando em 1978, a uma semana antes do Natal, a Rede Globo relançou a maratona de solidariedade escalando o cantor Roberto Carlos para liderar uma campanha em prol das crianças carentes, anunciando que o ano seguinte, 1979, foi instituído pela ONU como o "Ano Internacional da Criança" e foi intitulada Um Milhão de Amigos, em alusão a música "Eu Quero Apenas". Foi uma maratona de 24 horas de programação especial, entre 16 e 17 de dezembro, e ao invés de um show contínuo, foi instituído uma programação especial que começava com uma apresentação do "Rei", show musical alternado entre Rio e São Paulo, uma roda de seresteiros, uma missa especial, apresentações esportivas ao ar livre, um jogo de futebol beneficente e programas normais da grade de domingo especialmente temáticos para a ocasião com direito a presença de convidados especiais. Isso sem contar que nos intervalos, haviam matérias especiais produzidas pela equipe do Globo Repórter mostrando os problemas enfrentados na infância. Para receber as doações, agências bancárias do Banco Real fizeram plantão durante aquele domingo, assim como o elenco Global, que vendeu entre outros presentes cartões de Natal da UNICEF pelas ruas de todo o país.
Em 28 de junho de 1981, um domingo também, novamente a Rede Globo fez uma maratona especial de programação, mas desta vez de oito horas de duração, em comemoração aos 15 anos do grupo Os Trapalhões. A festa de debutante não bastava para o quarteto composto por Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias, eles resolveram lançar uma campanha celebrando o "Ano Internacional do Deficiente Físico" instituído pela ONU, estimulando o público a fazer doações de córneas. No entretenimento, teve uma apresentação de circo em céu aberto, jogo de basquete para cadeirantes com o ator Tony Ramos, futebol de salão pra lá de nonsense com Os Trapalhões e o quarteto fazendo aparições especiais nas edições especiais dos principais programas Globais, além de um show de calouros com o elenco Global e até uma gincana com os atores de Baila Comigo enfrentando os de O Amor é Nosso (justamente a novela perdida). Só que uma surpresa foi guardada para o final: Renato Aragão recebeu uma linda homenagem de ninguém menos que J. Silvestre, que veio dos Estados Unidos especialmente convidado para fazer um Esta é a Sua Vida com o eterno Trapalhão.
Em 18 de setembro de 1983, no 33º aniversário da televisão brasileira, a Rede Globo indiretamente "comemorou" a data com uma nova maratona beneficente com 12 horas de duração: Nordeste Urgente. A campanha foi motivada devida a repercussão (e a comoção) que causou uma série de reportagens do Jornal Nacional sobre a seca no Nordeste brasileiro, deixando milhares de famílias sem ter o que comer e o que beber. Para a programação especial, foi mobilizado cerca de 300 artistas (elenco de atores, jornalistas e cantores de música popular) estimulando o público no socorro às vítimas da seca depositando suas doações em mais de 540 postos de arrecadação em sete capitais brasileiras (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Recife e Salvador). O slogan da campanha era "O Brasil em Busca de Soluções" e teve de tudo: missa especial, maratona com os atores Globais, um debate sobre a seca no nordeste, show especial alternado entre Rio e São Paulo, até o Chacrinha fez questão de comandar uma edição especial do seu Cassino ao vivo do Ginásio Caio Martins em Niterói (cuja renda foi revertida para a campanha). Duas gincanas envolvendo artistas e personalidades foram ao ar especialmente naquele dia: Sete Homens de Ouro comandado por Marília Gabriela e Guerra dos Sexos com o "garoto" Osmar Santos. Os humorísticos dominicais tiveram edições especiais e contando com presença de convidados especiais. O comando foi do Trapalhão Renato Aragão e o curioso é que ele estava separado dos colegas Dedé, Mussum e Zacarias (os três faziam esquetes no A Festa é Nossa). Mesmo assim, a campanha em prol dos nordestinos foi um sucesso e rendeu até prêmio concedido pela Associação Brasileira de Propaganda.
Didi, Dedé, Mussum e Zacarias fizeram as pazes no início de 1984, voltando assim a atuarem juntos, e em 28 de dezembro de 1986, no último domingo daquele ano (o ano em que eu nasci), comandaram ao vivo do saudoso Teatro Fênix, no Rio, uma nova campanha lançada pela Globo como parte das comemorações dos 20 anos do grupo Os Trapalhões e que até hoje está no ar: Criança Esperança. Na sua primeira edição, foi levado ao ar uma programação especial de nove horas e a maratona tinha como pano de fundo a Campanha do Menor Carente, instituída pelo presidente da época José Sarney, cuja carta à respeito do assunto foi lida na abertura do evento. A programação especial foi dividida em 28 blocos e em todas elas teve mini-documentários sobre experiências de apoio às crianças carentes, menores de rua e os direitos da criança, além do balanço das doações, feitas por telefone e depósitos bancários. Programas Globais de sucesso (Xou da Xuxa, Chico Anysio Show, Cassino do Chacrinha, Vídeo Show e Viva o Gordo) tiveram edições especiais naquele dia, assim como o Globo Repórter, que apresentou um documentário sobre a história d'Os Trapalhões. A campanha teve continuidade e recebeu prêmios de UNESCO, UNICEF e até da Austrália.
Na sexta edição do Criança Esperança, o grupo Os Trapalhões comemorou 25 anos, embora desfalcada com o falecimento de Mauro "Zacarias" Gonçalves. Mesmo assim, uma nova programação especial foi ao ar entre 27 e 28 de julho de 1991 e Renato Aragão, Dedé Santana e Mussum apareceu em tudo quanto era programa da Globo: numa matéria especial do Jornal Nacional (que deu pontapé inicial à campanha) sobre as bodas de prata do agora trio, numa aparição na novela das oito O Dono do Mundo na inauguração do restaurante do personagem Altair (Paulo Goulart), numa paródia da abertura da novela onde Aragão imita o ídolo Charles Chaplin brincando com o globo terrestre (exibido exclusivamente naquela noite de sábado), comandando uma aula especial da Escolinha do Professor Raimundo onde os atores Globais substituíram os famosos alunos, em clipes musicais exibidos nos programas matinais de domingo, participaram da Santa Missa e dos quadros do Domingão do Faustão e apresentaram duas edições especiais do programa Os Trapalhões onde parodiaram toda a programação Global (de Xou da Xuxa à Doris Para Maiores) e contou com a participação de convidados especiais. Não satisfeitos com isso, o trio fez plantão durante toda a madrugada direto do Teatro Fênix estimulando o público a fazer suas doações em sete inserções durante a programação especial que foi brevemente interrompida com um programa educativo e duas transmissões esportivas: uma luta de boxe e o Grande Prêmio da Alemanha de Fórmula 1 (onde os três dirigiam carros quebrados antes da prova e depois lamentaram o fato do piloto Ayrton Senna não ter ganho a corrida, vencida por Nigel Mansell). Com tantas atrações, porém, uma cena foi inesquecível e eternizada: Renato Aragão beijando a mão do Cristo Redentor no Rio de Janeiro.
Em 1998, uma nova e inédita campanha foi lançada na TV brasileira, desta vez com o intermédio do SBT: o Teleton. O evento promove ajuda à AACD, Associação de Assistência à Criança Deficiente, para a construção e manutenção de hospitais e centros de reabilitação aos deficientes físicos. A instituição foi fundada em 1950 idealizada no sonho de construir um centro de reabilitação de qualidade como no exterior. Isso só foi possível em 1963 com a inauguração do hospital que funciona até hoje no Ibirapuera e que mais seria chamada de Hospital Abreu Sodré (nome do ex-governador de São Paulo que apoiara a causa do deficiente). Nos anos 90, seus representantes tomaram conhecimento de uma bem-sucedida campanha originada nos Estados Unidos e criada por ninguém menos que um dos maiores comediante do cinema, Jerry Lewis, que rodou 55 filmes. Ele tinha um filho que portava distrofia muscular e criou uma campanha estimulando o público doar quantias para a pesquisa da cura da tal doença e também para o tratamento dos deficientes físicos, o "Telethon" (termo vem da expressão em inglês "Television Marathon"). A repercussão mundial foi enorme e em 1978 o Chile implantou o formato de sucesso da campanha e mobilizando todos os artistas, personalidades, população e emissoras de rádio e televisão locais em prol dos deficientes chilenos, ao ponto de criar a ORITEL, Organização Internacional dos Teletons, que é uma das maiores organizações de solidariedade do mundo, reunindo cerca de 20 países que realizam suas maratonas beneficentes. Foi em 1997 que o Brasil aderiu a "novidade" Teleton, graças ao intermédio da apresentadora Hebe Camargo, colaboradora de longa data da AACD, que convenceu seu "Patrão" Silvio Santos (padrinho moral do Teleton, por mais que ele negue tal condição) a se reunir com a diretoria da instituição e acertar a realização da primeira edição da campanha através do SBT, realizada nos dias 16 e 17 de maio, com 27 horas ininterruptas de programação de auditório que mistura entretenimento, diversão e conscientização e a participação de mais de 200 artistas, sem contar o cast SBTista que se revezava durante toda a programação especial apresentando matérias jornalísticas enfatizando o trabalho da AACD, a prestação de contas com a população e, principalmente, as emocionantes "histórias de vida" de portadores de deficiência física. A meta inicial era arrecadar 8 milhões de reais para a reforma do centro de reabilitação da AACD na Moóca, zona leste de São Paulo, só que o projeto superou as expectativas dos organizadores e apoiadores e o programa conseguiu quase o dobro do que pretendia: 14,8 milhões de reais. E que além de garantir a ampliação da unidade da Moóca, possibilitou a construção do centro de reabilitação da AACD no Recife, Pernambuco. Foi por causa desta maratona de solidariedade, devido a 1 milhão de ligações por ano que o programa recebeu de todo o país, que a AACD realiza diariamente cerca de 10 mil atendimentos em todas as unidades espalhadas pelo Brasil afora.
Entre os anos 90 e 2000 surgiu outra campanha que quase ninguém conhece e promove ajuda ao tratamento do câncer infantil, ou especificamente a manutenção do Hospital do Câncer de Barretos: Direito de Viver. O evento perambulou por diversas emissoras como Band, Rede Vida e Rede TV!. Além das doações telefônicas, encontrou uma forma original de captar fundos para a campanha: um CD onde os artistas do momento regravam grandes sucessos. Outra campanha, mais conhecida, que também ajuda as crianças com câncer é o Mc Dia Feliz que surgiu 1988 pelo Mc Donald's tendo como primeira garota-propaganda a apresentadora Angélica, onde toda o dinheiro arrecadado com a venda do Big Mac todo último sábado do mês de agosto é revertido a hospitais que tratam do câncer infantil. A iniciativa levou a maior cadeia de lanchonetes do mundo a criar no Brasil a Fundação Ronald McDonald's que promove tal ajuda. Mas é uma pena que nenhum canal de televisão abriu espaço decente à campanha para que os artistas e cantores de sucesso participassem daquilo o que eu poderia chamar de "Mc Show Feliz", depois da novela das nove da Globo, onde seria anunciado quanto foi arrecadado com a venda do Big Mac e como foi o dia da campanha. Isso não deixa de ser uma sugestão, os canais de televisão formarem uma cadeia para a transmissão desse show de encerramento do Mc Dia Feliz.
Minha conclusão é a seguinte: as campanhas de solidariedade na TV brasileira são necessárias, porém se acomodaram com o passar dos anos. Massageando o ego de seus padrinhos e fazendo suas vontades, sobrepondo a verdadeira e humanitária causa em prol de crianças carentes, deficientes físicos e portadores de câncer. Porque o Criança Esperança continua mantendo o velho formato do megashow no Ginásio do Ibirapuera? Porque o Teleton reluta em manter-se nas batidas 27 horas seguidas de programação por mais que a meta de arrecadação aumente a cada ano, tornando insuficiente seu tempo de duração? Porque o Direito de Viver e o Mc Dia Feliz não são decentemente divulgados pela televisão, por mais que se restrinjam a uma simplória inserção comercial de 30 segundos? Eu proponho que cada campanha seja divulgada durante um mês por suas respectivas emissoras e após este período promova uma programação especial toda ela dedicada à campanha (com breves interrupções para novelas, telejornais e alguma transmissão esportiva) com uma maratona de 50 horas que seja, iniciando na sexta lá pelas 22h30 e terminando na madrugada de domingo pra segunda lá pela meia-noite e meia (para que as 50 horas sejam cumpridas). E outras: as campanhas não fiquem só na contribuição telefônica e depósitos bancários e sim encontrem outras formas e muito mais formas para a captação de donativos com a venda de cartões de natal, almoços beneficentes, produtos temáticos, shows beneficentes, eventos esportivos idem, leilões pela internet, entre outras maneiras para que essas campanhas saiam da incômoda e irritante zona de conforto que as assombram. Apesar de tudo, dos prós e contras, a lição de moral que aprendemos nessas campanhas é uma só: Os pequenos atos de bondade, gestos amorosos e boas ações são forças necessárias que trazem a Luz Divina para dentro de nossos semelhantes, que necessitam muito mais do que temos e precisemos no dia-a-dia. É um tipo de gesto que não só simplesmente salva o próximo, mas que perdoa nossos inimigos. Ilumine seu mundo com um ato de bondade!

sábado, 6 de agosto de 2016

HISTÓRIA: A TV Brasileira nos Jogos Olímpicos


Sinceramente, eu não estou muito animado para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Mesmo contando com a transmissão de três emissoras abertas (Bandeirantes, Globo e Record) e quatro pagas (SporTV, ESPN Brasil, BandSports e Fox Sports), só vou acompanhar o torneio de futebol porque é organizado pela FIFA e também porque é a segunda chance do nosso futebol masculino conquistar o que perdeu em 2014. E depois do péssimo comportamento da torcida carioca (xenófoba, ufanista arrogante e racista, com todo o respeito) no Pan de 2007, ainda mais agora com as redes sociais correndo soltas por aí, temo por algo pior do que ocorreu em Munique-72. Não quero ver os Jogos com sentimento de vergonha e constrangimento pelo meu país. Você já teve a curiosidade de saber a história das transmissões da TV brasileira em Olimpíadas? Então, às suas marcas e foi dada a partida!

Anos 60
As transmissões via-satélite eram uma realidade no Hemisfério Norte, mas no Hemisfério Sul, as imagens do exterior chegavam com alguns dias de atraso. No Brasil, não foi diferente, em 1964 foi a primeira vez que a TV brasileira pode exibir imagens dos Jogos Olímpicos realizados em Tóquio, no Japão.  As TVs Tupi e Record de São Paulo tornam-se a primeira emissora brasileira a mostrar em primeira mão imagens olímpicas aos lares brasileiros. Enquanto que a Tupi utilizava o material gerado pela United Press International (UPI) e apresentado às suas Emissoras Associadas, a Record, integrante das Emissoras Unidas, enviou três cronistas (Ernesto de Oliveira, Paulo Planet Buarque e Darcy Reis) e de lá cobriam os principais eventos do dia olímpico na "Terra do Sol Nascente" enviando vídeo-tapes que iam pro ar com exclusividade no dia seguinte, sempre no horário noturno. Em 1968, a TV Tupi teria adquirido os vídeo-tapes de algumas provas realizadas na Cidade do México, então sede da Olimpíada de então, a primeira a ser transmitida em cores e com imagens geradas pela rede norte-americana NBC. Segundo um depoimento, o saudoso locutor esportivo Walter Abrahão teria apresentado vários desses VT dentre os quais a acirrada disputa do salto triplo entre o brasileiro Nelson Prudêncio, o italiano Giuseppe Gentile e o russo Victor Saneiev.

1972 - Munique
Com a chegada das transmissões via-satélite na parte sul do Globo Terrestre, o Brasil enfim se plugou com o resto do mundo para acompanhar ao vivo as imagens dos Jogos Olímpicos. A Rede Globo adquiriu diretamente da rede alemã-ocidental WDR os direitos de transmissão do evento e mostrou pela primeira vez aos brasileiros e com exclusividade as Cerimônias de Abertura e Encerramento na íntegra e algumas provas de futebol, basquete, natação e atletismo, sem contar três boletins diários dentro dos principais telejornais e um programa de uma hora de duração com um resumo dos acontecimentos do dia. Mas com um porém, as imagens já eram geradas em cores, mas as limitações técnicas fizeram os telespectadores brasileiros assistirem as competições em preto-e-branco. A Globo enviou uma pequena equipe de oito pessoas divididas em dois grupos: um grupo ficou em Munique (o coordenador geral Luís Carlos Sá, o cinegrafista Ricardo Strauss e os locutores Geraldo José de Almeida, Ciro José e um jovem chamado Luciano do Valle) para as transmissões in loco e outro ficou em Madri, sede da extinta Organização de Rádio e Televisão da Olimpíada, de onde era gerado o resumo com as imagens mais importantes do "Dia Olímpico". O grupo que ficou em Madri tinha o locutor Léo Batista, a produtora Myriam de Lamarie e o diretor de esportes da Globo Júlio de Lamarie, que um ano mais tarde foi vítima fatal de um terrível acidente aéreo no Aeroporto de Orly, na França, e era admirado pelo então chefão Global José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, pela sua excelente cultura esportiva.

1976 - Montreal
Com a aquisição dos direitos de venda para toda a América Latina pela OTI (Organização das Telecomunicações Ibero-Americanas), uma cláusula foi criada com suma importância: só podia transmitir a Copa do Mundo de 1978 quem exibir pelo menos 10 minutos diários de imagens das Olimpíadas de 1976. Obrigadas a obedecerem tal norma, as emissoras brasileiras de TV enfim resolveram fazer uma cobertura olímpica "de verdade" e a primeira transmitida em cores para o nosso país. Cinco emissoras se interessaram pelo evento: Globo, Tupi, Cultura, Record e Bandeirantes, mas três delas apostaram na transmissão de modalidades conhecidas do grande público brasileiro: futebol, basquete, vôlei, natação, atletismo, ginástica e boxe, Globo, Tupi e Cultura, que desembolsaram cada uma delas cerca de 53 mil dólares para a exibição do evento (adquirindo assim os direitos de transmissão através da Organização de Rádio e Televisão da Olimpíada, tendo assim condições de mostrar as imagens geradas pela redes norte-americana ABC e da canadense CTV), via satélite em linha aberta com Montreal. A TV Tupi em sua única cobertura olímpica teve quatro horas diárias de transmissão lideradas por Walter Abrahão, a TV Cultura enviou apenas três locutores à Montreal (Orlando Duarte, Luiz Noriega e Carlos Eduardo Leite) e a Rede Globo se diferenciou das outras: enviou ao Canadá uma equipe de 11 pessoas (dentre os quais os locutores Léo Batista, Ciro José e Luciano do Valle), contou com cinco horas diárias de transmissão e levou ao ar dois boletins diários de 15 minutos cada um à tarde e à noite. Enquanto isso, as TVs Bandeirantes e Record (esta liderando a Rede de Emissoras Independentes) tinham que driblar a precariedade técnica, a falta de organização e a inexperiência, desembolsaram cerca de 18 mil dólares para a exibição obrigatória e noturna dos 10 minutos diários de material de satélite com o boletim oficial da OTI sobre os últimos resultados olímpicos sem ter à disposição suporte técnico necessário a profissionais acostumados em cobrir apenas futebol. Foi as Olimpíadas de Montreal o último trabalho do locutor Geraldo José de Almeida, que morreria duas semanas depois da Cerimônia de Encerramento dos Jogos, vítima de câncer na vesícula.

1980 - Moscou
O fim da TV Tupi e o boicote dos Estados Unidos desinteressaram as emissoras brasileiras em transmitir as Olimpíadas de Moscou. Apenas duas redes se habilitaram em transmitir as competições e dividirem o sinal via-satélite e os direitos de transmissão que custaram 100 milhões de cruzeiros na época: Rede Globo e Rede Educativa, esta liderada pela TV Cultura de São Paulo. A Globo enviou em terras soviéticas 22 pessoas para a cobertura olímpica, dentre os quais os locutores Luciano do Valle, Fernando Vanucci e Ciro José, o apresentador Léo Batista e os repórteres J. Hawilla, Mônica Leitão, Marcelo Matte e Roberto Feith. Já a Rede Educativa, ou melhor, a TV Cultura fez parceria com a Rádio Jovem Pan e transmitiu as principais provas simultaneamente na TV e no rádio com a narração de Luiz Noriega e Orlando Duarte. Estava formada a Rede Olímpica de Rádio e Televisão com a TV Educativa do Rio de Janeiro (que retransmitia as imagens para as outras emissoras educativas pelo Brasil), TV Iguaçu de Curitiba, TV Tibagi de Apucarana, TV Alterosa de Belo Horizonte, TV Uberaba, TV Cultura de Florianópolis e TV Guaíba de Porto Alegre. No contraponto disso tudo, a Rede Bandeirantes, que não detinha os direitos de transmissão, resolveu enviar um correspondente para Moscou para mandar as notícias olímpicas por telefone em todos os telejornais, ele era ninguém menos que o jovem repórter Álvaro José.

1984 - Los Angeles
A cobertura dos Jogos Olímpicos reuniu na época um número recorde de emissoras abertas brasileiras presentes no evento: Globo, Bandeirantes, Manchete, Record e SBT, totalizando 178 profissionais da TV brasileira e cada uma delas pagando 175 mil dólares pelos direitos de transmissão. Como a Globo tinha à sua disposição um canal exclusivo de satélite, a EMBRATEL, para atender a demanda das outras redes e responsável pela transmissão para o Brasil, promoveu um consórcio de linha de transmissão de áudio e vídeo entre Manchete, Bandeirantes e Record-SBT: das 24 horas disponíveis de satélite, 14 delas foram obrigatoriamente de uso coletivo enquanto que as outras 10 tiveram que ser divididas entre as emissoras: enquanto que Bandeirantes e Manchete detinham 4 horas exclusivas cada uma, o consórcio Record-SBT tinha apenas 2 horas exclusivas. A imprensa da época considerou a transmissão da Olimpíada de Los Angeles a melhor já executada em todos os tempos.

Record-SBT
Como o SBT estava começando a se enveredar de verdade em grandes coberturas esportivas, teve que retransmitir para suas 20 emissoras boa parte do sinal emitido pela TV Record de São Paulo e Rio de Janeiro pois na época Silvio Santos ainda era dono da metade das ações da emissora da família Carvalho. No eixo Rio-São Paulo, o SBT manteve sua programação normal, mas mesmo assim montou uma equipe de apoio de 12 pessoas nos estúdios da Vila Guilherme para produzir o informativo A Mulher nas Olimpíadas comandado por Claudete Troiano, Jurema Iara, Leilah Silveira e Chrystinah Rocha, focalizando a participação de atletas do sexo feminino em sete eventos específicos. A Record, por sua vez, enviou 20 pessoas à Los Angeles dentre os quais Silvio Luiz, Rui Viotti, Ciro José, Flávio Prado, Eli Coimbra e J. Hawilla, e contava com uma equipe de apoio de 20 pessoas nos velhos estúdios do bairro do Aeroporto, no qual destaco Fernando Solera e Ronnie Hien, que comandava o boletim Placar das Olimpíadas.

Rede Globo
Contando com um canal exclusivo de satélite ligado 15 horas por dia que custou 900 mil dólares, foi obviamente a que mais investiu na cobertura: enviou equipe de 92 pessoas, nove equipes de reportagem, seis horas diárias de transmissão, seis câmeras exclusivas, oito ilhas de edição, um aparelho de gravação computadorizada, um estúdio de 160 m² com uma central de edição e produção funcionando 24 horas por dia e desenvolve um programa de computador que possibilitava a exibição de estatísticas e aproveitamento geral dos atletas de diversas modalidades. A Globo estava tentando abolir a imagem do comentarista nas transmissões esportivas e as transmissões das provas contavam com a narração de Osmar Santos, Galvão Bueno e Luiz Alfredo, as reportagens eram de Francisco José, Glória Maria, Isabela Scalabrini, Lucas Mendes, Luís Fernando Lima, Reginaldo Leme e Ricardo Pereira e o apresentador Léo Batista era quem dava as notícias olímpicas direto de Los Angeles seja nos telejornais ou no Boletim Olímpico.

Rede Bandeirantes
Graças ao incentivo da Luqui/Promoação e fazer da emissora do Morumbi o "canal do esporte", realiza pela primeira vez uma transmissão olímpica de verdade. Envia equipe de 22 pessoas e realiza sete horas diárias de transmissão, sem contar 22 flashes diários de um minuto cada um inserido a cada 30 minutos de programação normal. Os narradores eram Luciano do Valle, Osmar de Oliveira, Álvaro José e Jota Júnior, os comentaristas eram Edvar Simões (basquete), Paulo Russo (vôlei) e Júlio Mazzei (futebol e atletismo) e os repórteres eram Elia Júnior, Eduardo Savóia, Roberto Cabrini e Gilson Ribeiro. Na equipe de apoio, no Brasil, Juarez Soares ancorava as transmissões e dava seus pitacos nas transmissões do torneio de futebol.

Rede Manchete
A então caçula das emissoras resolveu debutar nas transmissões esportivas e partiu para a sua primeira grande cobertura. Realizou uma verdadeira maratona com 18 horas diárias de transmissões ao vivo, totalizando 270 horas de imagens olímpicas, enviou uma considerável equipe de 56 pessoas, investiu 1,6 milhão de dólares em equipamentos técnicos, alugou um estúdio de 45 m² no IBC de Los Angeles para a transmissão do boletim Viva a Olimpíada e dos programas especiais Olimpíada em Resumo, Manchete Olímpica, Olimpíada em Manchete e Destaques Olímpicos, a ponto de entrar no ar bem mais cedo (07h30) do que o habitual na época (12h00). Um dos locutores das provas era Paulo Stein e o time de comentaristas contava com Carlos Alberto Torres (futebol), Antônio Carlos Moreno (vôlei), Adhemar Ferreira da Silva (atletismo), Guilherme de Lamarie (natação) e Vlamir Marques (basquete).

1988 - Seul
A OTI, Organização das Telecomunicações Ibero-Americanas, vendeu os direitos de transmissão das Olimpíadas de Seul para cinco emissoras brasileiras de TV, dentre as quais apenas uma não pôde arcar com os custos, a TV Record, que estava numa situação financeira bastante delicada. As outras quatro, Bandeirantes, Globo, Manchete e SBT, pagaram cada uma um valor mais acentuado se comparado aos das edições anteriores: 2 milhões de dólares, isso porque o nível técnico das provas aumentaram, Estados Unidos e União Soviética voltaram a se enfrentar 12 anos depois, não houve boicote e a sede dos Jogos aconteceu na Ásia (em pleno auge dos chamados "Tigres Asiáticos"), o que provocava um fuso horário de 12 horas a mais em relação ao Brasil. Uma vez adquirido o direito de transmitir a Olimpíada, as quatro rede de então tiveram que acertar um acordo de utilização de sinal de satélite, no qual eram obrigadas a trabalharem com a mesma imagem que era gerada pela rede coreana KBS, isso durante 12 horas diárias, das 22h30 às 10h30. Além disso, as emissoras tiveram que tomar cuidado para não exceder tanto nos investimentos durante a cobertura olímpica. Tudo corria bem até o dia 29 de setembro (três dias antes do encerramento das Olimpíadas) quando começou o Horário Eleitoral Gratuito em virtude das eleições municipais de 88 e por causa de tal imposição do TRE, vários eventos foram impedidos de serem mostrados ao vivo e na íntegra na faixa das 08h00 às 08h45 como a final do vôlei feminino entre União Soviética e Peru e, pior, a final do futebol entre Brasil e União Soviética. Como o jogo terminou empatado no tempo normal, a prorrogação não pôde ser transmitida, apenas em VT completo.

Rede Bandeirantes
Foi a que mais investiu na cobertura das Olimpíadas de Seul. Colhendo os louros de ter se tornado o "canal do esporte", desembolsou 8 milhões de dólares para garantir ao telespectador 13 horas diárias de transmissão totalizando 250 horas, além de enviar uma equipe de 45 pessoas e alugar um estúdio de 140 m² no IBC. Não satisfeita com isso ainda adquiriu seis câmeras de reportagem, quatro ilhas de edição, uma mesa de corte, duas unidades de transmissão externa e sete novos veículos de reportagem. A equipe que foi cobrir os Jogos direto do local contou com os apresentadores Blota Jr. e Elys Marina, os locutores Luciano do Valle, Silvio Luiz, Jota Júnior, Álvaro José e Osmar de Oliveira, os comentaristas Paulo Russo (vôlei), Edvar Simões (basquete), Newton Campos (boxe) e Roberto Rivelino (futebol) e os repórteres Elia Júnior, Eli Coimbra, Gilson Ribeiro e Roberto Cabrini. Na equipe de apoio, nos estúdios do Morumbi, se revezavam no comando do Boletim de Seul Flávio Prado, Simone Mello, Juarez Soares, Luís Andreoli, Marcelo Bianconi, Alexandre Santos, Marco Antonio Siqueira de Mattos e Maria do Carmo Fúlfaro.

Rede Globo
Mesmo investindo metade do valor da Bandeirantes, 4 milhões de dólares, mandou a maior delegação da TV brasileira para Seul: 66 pessoas. Devido ao fuso horário, teve que dosar a maratona esportiva durante a madrugada com a promessa de 135 minutos diários de transmissões ao vivo, focalizando a participação brasileira nos principais esportes coletivos (vôlei, basquete e futebol) e flashes com as provas finais das modalidades individuais. Em Seul, a equipe contou com os locutores Galvão Bueno, Luiz Alfredo e Ciro José, os comentaristas Hélio Rubens (basquete) e Antônio Carlos Moreno (vôlei) e os repórteres Marcos Uchôa, Luís Fernando Lima, Francisco José, Isabela Scalabrini, Carlos Dorneles e Neide Duarte. No Brasil, colocou seis apresentadores se revezando no comando do Globo Esporte Especial, uma resenha sobre o dia olímpico: Valéria Monteiro, Sérgio Éwerton, Leilane Neubarth, Léo Batista, Lina Menezes, Fernando Vanucci. Isso sem contar a participação do ex-goleiro Raul Plassmann, que comentou dos estúdios do Jardim Botânico as partidas de futebol.

Rede Manchete
Disposta a competir com a Bandeirantes em pé de igualdade, propôs 400 horas de transmissão olímpica, sendo 10 horas diárias ao vivo. Para isso, investiu 2,5 milhões de dólares e mandou 40 pessoas para Seul onde ficavam quase direto no escritório reservado para a emissora no IBC, talvez reduzindo gastos para uma reserva nas cabines de transmissão nos locais das provas. Durante o evento, a emissora decide relançar o "Arakém, o Showman" para as vinhetas alusivas as modalidades exibidas durante os intervalos. Enquanto que no Brasil, vários apresentadores como Mylena Ciribelli, Leila Richers e Ronaldo Rosas se revezavam no comando do Boletim da Olimpíada e O Melhor de Seul, na Coréia do Sul, a equipe de transmissão contava com os apresentadores Márcio Guedes e Alberto Léo, os locutores Osmar Santos, Paulo Stein e Halmalo Silva, os comentaristas Vlamir Marques (basquete), Adhemar Ferreira da Silva (atletismo), Ênio Figueiredo (vôlei), Ricardo Prado (natação) e João Saldanha (futebol) e os repórteres Antônio Stockler, Paulo César Andrade, Eurico Tavares e Florestan Fernandes Jr.

SBT
Foi a mais modesta de todas, tão modesta que só enviou uma equipe de reportagem de apenas seis pessoas à Seul, lideradas pelos repórteres Luiz Ceará e Kitty Baliero, que fizeram reportagens com os atletas brasileiros. Para não ficar de fora da Copa do Mundo de 1990 e cumprir a contrato assinado junto à OTI, sua cobertura foi feita em parceria com a produtora JR Promoções e investiu apenas 1 milhão de dólares para montar uma equipe de esportes de 20 pessoas que ficaram no Brasil recebendo material do satélite para produzir seis boletins diários de 5 minutos de duração exibidos durante a programação normal à tarde e mais um programa diário com cerca de duas horas de duração exibido de madrugada. Sua transmissão da Olimpíada foi esporádica e se resumiu com as provas de vôlei, basquete e futebol. O comando foi dos apresentadores Suzana Rangel e Ivo Morganti, que narrou algumas provas, e contou com os comentários do jornalista Sérgio Cunha.

1992 - Barcelona
Com as transmissões das provas cada vez mais evoluídas e contando com melhores tecnologias, as emissoras brasileiras foram recompensadas por um verdadeiro show de imagens esportivas direto da Espanha. Quanto ao sinal via-satélite, a Rede Globo contou com o aluguel de um satélite exclusivo ligado 24 horas por dia para permitir a inclusão de flashes ao vivo durante a programação normal, o que é de praxe se tratando de Globo, enquanto que as demais redes tiveram que dividir o mesmo canal de satélite para diluir os custos já acentuados. Outro ponto positivo foi que está se tornou a primeira Olimpíada a ser transmitida em TV por assinatura no Brasil em toda a história, através do canal pago Globosat/Top Sport, atualmente denominado SporTV, que anunciou a cobertura de 20 horas diárias ao vivo de Olimpíada e a transmissão de 257 disputas de medalha no programa olímpico, com ou sem o Brasil! Só pra registrar, os narradores pioneiros dessa primeira "cobertura paga olímpica" foram Luís Carlos Júnior, Maurício Torres e Sérgio Maurício.

Rede Bandeirantes
Mandou para Barcelona a maior delegação da TV brasileira, além de produzir a maior cobertura do evento: 65 profissionais e cerca de 14 horas diárias de transmissão. Os ancoras das transmissões ficaram à cargo da dupla Elia Júnior e Simone Mello, a narração das provas foi de Luciano do Valle, Silvio Luiz, Álvaro José e Marco Antônio Siqueira de Mattos, o time de comentaristas permaneceu o mesmo com Juarez Soares (futebol), Júlio Mazzei (atletismo), Edvar Simões (basquete) e Paulo Russo (vôlei) e as reportagens de Eli Coimbra, Gilson Ribeiro, Olivério Jr. e José Luiz Datena, que criou o "repórter invisível" durante o evento. Na parte tecnológica, a emissora transmitiu as imagens mais perfeitas de Barcelona devido a introdução do novíssimo sistema de gravação Betacam, melhorando tecnicamente a imagem em 50%. Isso foi fruto de um investimento de 15 milhões de dólares na compra de equipamentos da marca Sony com câmeras Cam-Corder, ilhas de edição e pós-produção em 2 e 3 dimensões com efeitos especiais e áudio digital. Sucesso na Copa de 90, foi relançado o Apito Final, onde toda a equipe comentava o dia olímpico ao som do violão de Toquinho, que analisava o evento do ponto de vista do torcedor, e a presença do maior jornalista do Brasil de todos os tempos e poeta nas horas vagas, Armando Nogueira.

Rede Globo
Desfalcada de Galvão Bueno, que estava se aventurando na Rede OM (hoje CNT), a emissora mesmo assim deu de si para fazer aquele "show de transmissão", mesmo preservando sua programação campeã de audiência. Manda 60 profissionais e utiliza um software digital, desenvolvido na Bélgica, que permite a câmera lenta instantânea ao vivo, muito utilizada nos jogos de vôlei e mais tarde nas transmissões de futebol. Os apresentadores direto de Barcelona foram Fátima Bernardes, Fernando Vanucci e Valéria Monteiro. A narração ficou à cargo de Luiz Alfredo, Ciro José e Cléber Machado, os comentários foram de Orlando Duarte, Juca Kfouri (Jornal da Globo), Bebeto de Freitas (vôlei) e Ari Vidal (basquete) e as reportagens foram de Marcos Uchôa, Luís Fernando Lima, Roberto Cabrini, Pedro Bial, Maria Cristina Poli, Ernesto Paglia e Geraldo Canali. Na equipe de apoio do Brasil, Oliveira Andrade narrou algumas provas, mas quando havia uma disputa de natação, a Globo acionava um comentarista bem peculiar: Rômulo Arantes, o ex-nadador que esteve presente nas Olimpíadas de Moscou e que estava integrando o elenco Global fazendo o personagem Otávio na novela das sete Perigosas Peruas.

Rede Manchete
Seguindo ao estilo "feijão-com-arroz", cumpriu as expectativas de seu público fiel emitindo cerca de 10 horas de transmissões diárias. Sem grandes inovações técnicas, mandou 45 enviados especiais à Olimpíada, contou com a narração de Paulo Stein, Alberto Léo e Halmalo Silva e os comentários de Vlamir Marques (basquete), Adhemar Ferreira da Silva (atletismo), Ênio Figueiredo (vôlei) e Fernando Brochado (natação). Dois programas especiais foram criados durante a cobertura olímpica: Manhã Olímpica e Noite Olímpica. Só que durante a Cerimônia de Abertura, cometeu uma grande mancada: era sábado à tarde e transmitiu apenas 60 minutos ao vivo da festa de abertura, iniciada às 15 horas. Mas quando o relógio marcou 16 horas, a imagem de Barcelona foi interrompida pela imagem de São Carlos, interior paulista, para a transmissão do jogo entre Sãocarlense e Corinthians pelo Campeonato Paulista de Futebol com a narração do "garoto" Osmar Santos (graças a um erro de organização por parte da Federação Paulista de Futebol, poderiam ter colocado esse jogo à noite), que teve que ser rapidamente interrompido, durante o intervalo e no segundo tempo, para exibir ao vivo a entrada da delegação brasileira e o acendimento da pira olímpica. O VT completo do cerimonial pôde enfim ser exibido à noite.

SBT
Foi a que fez a cobertura mais compacta da TV brasileira. Mandou apenas 13 enviados especiais, concentrou-se nas transmissões de vôlei e basquete, nos flashes ao vivo das disputas de medalha no judô, natação e atletismo e produziu o programa Resumo das Olimpíadas exibido todo final de noite. A pequenina equipe em Barcelona contava com a apresentadora Mariana Godoy, o locutor Osmar de Oliveira e os repórteres Luiz Ceará e Hermano Henning. No Brasil, o narrador Carlos Valladares acompanhava os eventos paralelos, além da participação de convidados especiais que comentavam as provas como Cláudio Mortari, que falou sobre o basquete. Tudo isso sem contar o inesquecível mascote Amarelinho, que pela primeira vez torceu para o Brasil numa Olimpíada. Foi redesenhado pelos novos computadores gráficos pela emissora e ganhou uma família com pai, mãe, irmãozinho e até vovô, e apareciam a todo instante reagindo de acordo com o desempenho dos brasileiro durante as transmissões ao vivo: fazendo contas, rezando, tocando corneta, chorando, fazendo piruetas e colocando a mão no peito ao som do Hino Nacional Brasileiro.

1996 - Atlanta
A transmissão dos Jogos Olímpicos mobilizou 348 profissionais de sete emissoras (Globo, Bandeirantes, SBT, Manchete, Record, ESPN Brasil e SporTV) do Brasil, país no qual possuiu o maior número de estações de TV na Olimpíada. Cada uma delas pagou 2 milhões de dólares pelos direitos de transmissão e investiram mais de 10 milhões de dólares em equipamentos para a cobertura do evento. As imagens oficiais foram geradas pela rede norte-americana ABC e todas elas utilizaram dois canais de satélite, um com as imagens da participação do Brasil nas principais modalidades e outro com flashes simultâneos de até 20 eventos diferentes, com conexão Miami-Atlanta para as partidas da Seleção Olímpica de Futebol que recebeu tratamento especial durante os Jogos. No total, os telespectadores puderam acompanhar a 94 horas diárias de transmissão olímpica somando a média horária de cobertura olímpica de todas as emissoras.

Rede Globo
Foi a que menos dedicou seu tempo para as Olimpíadas com média de quatro horas diárias de transmissão, sempre destacando a atuação dos atletas brasileiros (de preferência disputando uma medalha) em flashes ao vivo emitidos durante a programação, apesar de mandar a maior delegação da TV brasileira com 120 enviados especiais. Os ancoras das transmissões e de blocos especiais nos seus tradicionais telejornais foram de Fátima Bernardes, Fernando Vanucci e Paulo Henrique Amorim. A narração direta das provas foram de Galvão Bueno, Cléber Machado, Oliveira Andrade e Maurício Torres. O time de comentaristas contavam com Isabel (vôlei feminino), Bebeto de Freitas (vôlei masculino), Marcel de Souza (basquete) e Paulo Roberto Falcão (futebol). As reportagens ficaram a cargo de Marcos Uchôa, César Augusto, Maurício Kubrusly, Ernesto Paglia, Denise Chahestian, Sandra Annenberg, Glória Maria, Tino Marcos e Mauro Naves. O único programa Globo todo dedicado aos Jogos de Atlanta foi o tradicional Boletim Olímpico.

Rede Bandeirantes
O então "canal do esporte" foi a que mais dedicou sua grade na Olimpíada: enviou 80 profissionais, produziu uma média de 17 horas de transmissões olímpicas, cobrindo inclusive eventos sem a presença do Brasil e dois canais exclusivos de satélite ligados 24 horas por dia, evitando assim quedas abruptas de sinal no Brasil. O âncora das transmissões foi o tarimbado Elia Junior, a narração das provas foi de Luciano do Valle, Álvaro José, Jota Júnior e Marco Antônio Siqueira de Mattos e a equipe de comentaristas praticamente inalterada seguindo aquela frase "Em time que está ganhando, não se mexe": Roberto Rivelino (futebol), Paulo Russo (vôlei), Edvar Simões (basquete), Newton Campos (boxe) e também de Armando Nogueira, que restringia suas aparições com suas crônicas poéticas no Apito Final, debatendo o desempenho brasileiro no dia olímpico.

SBT
Mobilizou 65 profissionais, emitiu uma média de cinco horas e meia de transmissões por dia (mesmo preservando seus programas fixos) e investiu de 2 milhões de dólares em cinco toneladas de novos equipamentos. Fez acordo operacional de 300 mil dólares com a ESPN Brasil na utilização do canal duplo de satélite. De lá produziu seis edições diárias do Boletim das Olimpíadas e o resumo do dia no Jornal das Olimpíadas e a equipe contou com os locutores Silvio Luiz, Osmar de Oliveira e Nivaldo Prieto, os comentaristas Juarez Soares e Orlando Duarte e os repórteres Luiz Ceará, Antônio Pétrin, Luiz Carlos Azenha, Hermano Henning e Arnaldo Duran.

Rede Record
Investiu 1,5 milhão de dólares na cobertura da Olimpíada, com aluguel de estúdio de 120  e compra de equipamentos digitais (sendo cinco câmeras para focalizar imagens exclusivas das provas), além de mandar 34 enviados especiais para uma maratona de nove horas diárias de transmissões esportivas, acompanhando logicamente todo o desempenho da delegação brasileira. A narração das provas ficaram a cargo de Luiz Alfredo, Carlos Valladares e Paulo Stein e os comentários foram de Silvio Lancelotti (o primeiro chef de cozinha da televisão brasileira), Mário Sérgio (futebol) e William Carvalho (vôlei), sem contar as reportagens de Eli Coimbra, Márcio Moron e José Luiz Datena. No encerramento do dia olímpico, era colocado no ar o programa Record Olímpica, com o resumo dos acontecimentos.

Rede Manchete
Mesmo sendo a mais econômica dentre as emissoras abertas brasileiras, fez questão de marcar presença na aclamada Olimpíada de Ouro: todos os seus 25 profissionais se mobilizaram durante os 16 dias de evento no acanhado escritório do IBC, com custos limitados todas as transmissões não foram in loco e sim em off, foi a única emissora brasileira que preferiu utilizar um só canal de satélite devido ao alto custo técnico e teve a missão de emitir 15 horas diárias de transmissão, mostrando de cinco a seis eventos ao vivo. Vários informativos foram produzidos: A Caminho de Atlanta, Deuses do Olímpo e Movimento Olímpico, sem contar o Jornal da Manchete, comandado pela já denominada "Madame Nuzman", mas conhecida como Márcia Peltier. A transmissão das provas ficaram a cargo dos locutores Alberto Léo, Carlos Borges e Halmalo Silva e dos comentaristas Carlos Alberto Torres (futebol), Vlamir Marques (basquete), Ênio Figueiredo (vôlei), Mônica Brochado (natação) e Adhemar Ferreira da Silva (atletismo).

Emissoras por Assinatura
Os canais SporTV e ESPN Brasil disputaram entre si a preferência do público assinante. O SporTV procurou fazer uma cobertura mais autônoma, sem a influência da Globo: investiu 2,5 milhões de dólares, enviou 13 profissionais à Atlanta e mandou ver em 24 horas diárias de transmissão olímpica com os programas Diário de Atlanta e Show da Olimpíada e preenchendo espaço com VTs de várias disputas e documentários alusivos às Olimpíadas. A narração direta contou com os pioneiros do "canal campeão" Luís Carlos Júnior e Sérgio Maurício e no time de comentaristas tinha os jornalistas Armando Nogueira e Matinas Suzuki Jr., além de Bernard Rajzman, que comentou os jogos de vôlei. Já a ESPN Brasil tentou ser mais "criativa": mandou equipe de 11 pessoas, contou com 23 horas e meia de transmissão diária (interrompidas com o tradicional Sportcenter) e apresentou 10 programas especiais dedicado ao evento como Jornal de Atlanta. Como grande parte da equipe estava na "retaguarda", ou seja, na equipe de apoio no Brasil, sua delegação foi basicamente composta por seus locutores transmitindo direto as provas de praticamente todas as modalidades: Milton Leite, Paulo "Amigão" Soares, Luís Roberto de Múcio e João Palomino.

2000 - Sydney
O fuso horário de 14 horas pode ter atrapalhado os planos das emissoras, mas não impediu que virassem a madrugada adentro com um digno espetáculo esportivo. Apenas quatro emissoras toparam o desafio olímpico (Globo, Bandeirantes, SporTV e ESPN Brasil) e juntas enviaram uma delegação de 366 profissionais brasileiros. Demonstrando uma fortalecida saúde financeira, a Globo desembolsou 45 milhões de dólares ao Comitê Olímpico Internacional para garantir sua presença em três Olimpíadas seguidas (começando pelos Jogos de Sydney) com direito a um acordo de revenda dos direitos de transmissão à Rede Bandeirantes para dividir à cobertura olímpica, ou seja, firmaram um contrato de "oligopólio olímpico" por oito anos.

Rede Globo
Contou com a maior infra-estrutura da TV brasileira para a cobertura olímpica: mandou 125 pessoas para se mobilizarem no invejável espaço de 800 m² no IBC com ampla redação de jornalismo, ilhas de edição e dois estúdios, um deles com mini-platéia. Alugou dois canais exclusivos de satélite para mandar nove horas diárias de transmissão. Levou 21 câmeras, quatro delas exclusivas nas competições de futebol, vôlei, natação e atletismo. A Jornada Olímpica foi ancorada por Ana Paula Padrão, Léo Batista, Glenda Koslowsky e Pedro Bial, a narração das provas direto da Austrália ficaram à cargo de Galvão Bueno, Luiz Roberto de Múcio e Maurício Torres, os comentários foram de Walter Casagrande Júnior (futebol) e Renan (vôlei) e as reportagens ficaram à cargo de Marcos Uchôa, Carlos Dorneles, Pedro Bassan, Mauro Tagliaferri, João Pedro Paes Leme, Renato Ribeiro, Eduardo Grillo e André Trigueiro. Quem roubou a cena foi Jô Soares, que fez questão de comandar seu Programa do Jô direto de Sydney com o seu sexteto à tiracolo, graças ao fuso. Muita gente culpou a Globo pelo fato do Brasil não ter ganho uma mísera medalha de ouro, tudo por causa da "pé-frieza" do canguru Zé do Pulo, mascote virtual criado especialmente para as transmissões e que invadia tudo quanto era programa (muito mais "torcedor" do que a narração de Galvão Bueno), e do insuportável tema musical da banda Pato Fu que dizia "Vamos lá, ver o Brasil brilhar! (Hei! Hei! Hei! Vamos lá!)".

Rede Bandeirantes
Mandou uma delegação até então recorde para a cobertura da Olimpíada, 110 pessoas, e manteve sua tradição esportiva com 10 horas diárias de transmissão, totalizando cerca de 200 horas ininterruptas durante a madrugada, enviou 10 câmeras, alugou estúdio de 400  e também contou com um canal duplo de satélite. Os blocos especiais dos telejornais ficaram a cargo de Fernando Vanucci, Sílvia Vinhas e Márcia Peltier, a narração direta das provas foi de Luciano do Valle, Álvaro José, Nivaldo Prieto e Eduardo Vaz, o time de comentaristas tinha o eclético Orlando Duarte e mais Hortência (basquete), José Roberto Guimarães (vôlei) e o então debutante Neto (futebol), que ainda não pensava meter o bedelho onde não era chamado (tipo João Saldanha), e as reportagens foram de Oswaldo Pascoal, Márcio de Castro, Adriana Bittar e Luciana Mariano. E ainda mandou ver na reprise das principais provas durante a tarde para aqueles que não madrugavam para ver as competições.

SBT
Estando rigorosamente em dia com os pagamentos de suas mensalidades do "carnê" da OTI (Organização das Telecomunicações Ibero-Americanas), a emissora tinha o direito de transmitir a Olimpíada (!) e a possibilidade de quebrar, nem que seja uma única vez, o "oligopólio olímpico" de oito anos firmado entre Band e Globo. Foi até uma boa consequência, mas dois motivos a impediram de fazer uma digna cobertura do evento: não tinha equipe esportiva e ainda por cima o subestimou alegando "dificuldade em conseguir publicidade em plena madrugada". O muquiranismo de Silvio Santos, que sempre fala mais alto nos bastidores da emissora, foi outra desculpa "SBTista" dada pelo então superintendente de programação Eduardo Lafound, explicando sobre o alto investimento e o custo inviável de montar uma equipe (nem mesmo de reportagem) e enviá-la à Sydney para as transmissões diretas. Mesmo assim, ficou na promessa de realizar uma transmissão diária que nunca aconteceu e teria o comando do então "free-lancer" Osmar de Oliveira e alguns convidados nos estúdios da Anhanguera. Sua cobertura se resumiu no bloco especial O Brasil nas Olimpíadas, exibido no fim de noite no telejornal SBT Notícias com Hermano Henning, trazendo um resumo dos acontecimentos dos atletas brasileiros e os resultados das provas. Mas não passou em branco, fez questão de transmitir ao vivo, conforme prometido, as Cerimônias de Abertura e Encerramentos dos Jogos.

Emissoras por Assinatura
Foi a primeira vez que as duas emissoras pagas segmentadas do esporte SporTV e ESPN Brasil utilizaram dois canais ao mesmo tempo para transmitir o evento por completo totalmente ao vivo, 24 horas por dia, só que a ESPN tinha vantagem em utilizar um terceiro canal, o "estrangeiro" que estava se nacionalizando, mas para exibir em VT os eventos que não puderam ser mostrados ao vivo. O SporTV mandou 80 pessoas e a ESPN enviou 51. O SporTV chegou a fazer acordo com a rede norte-americana NBC, detentora dos direitos exclusivos de transmissão olímpica nos Estados Unidos, para gerar imagens exclusivas e a ESPN montou até uma "clínica de sono" para que sua equipe ficasse em dia com o relógio biológico devido ao fuso. No IBC, o SporTV tinha estúdio de 240 m² e a ESPN tinha um espaço de 300 m². Para a narração das provas direto do local, o SporTV escalou Luís Carlos Júnior, Lucas Pereira e Sérgio Maurício e a ESPN contava com Milton Leite, Paulo Soares, João Palomino e Cledi de Oliveira. No time de comentaristas, o SporTV contava com Robson Caetano e Maurreen Maggi (atletismo), Magic Paula (basquete), Fernanda Venturini (vôlei), Júnior e Raul Plassmann (futebol); enquanto que a ESPN escalou Ana Moser (vôlei), Douglas Vieira (judô), Silvio Fiolo (natação) e Paulo Cézar Vaconcellos (futebol). Nos programas especiais, o SporTV tinha De Olho em Sydney em duas edições e a ESPN Brasil contava com Bom Dia Sydney e Boa Noite Sydney. No SporTV, as transmissões foram ancoradas por Daniela Monteiro e Susana Werner e na ESPN os apresentadores foram Luís Alberto Volpi e Soninha Francine.

2004 - Atenas
Como careço de informações sobre a transmissão das emissoras por assinatura das Olimpíadas seguintes, vou apenas focalizar as emissoras abertas, nas quais notei na época uma diferença gritante de cobertura e estrutura técnica de transmissão. Mesmo adotando uma postura torcedora e sentimentalista, a Globo chegou a fazer uma cobertura até um pouco melhor e bem mais organizada se comparada com a da Band, que só mostrou os Jogos para cumprir contrato porque sua equipe esportiva tinha sofrido um enorme desmanche e dava-nos a impressão de que o antes chamado "canal do esporte" tinha desaprendido a fazer cobertura esportiva, até porque a direção da emissora sofreu sensíveis mudanças e o foco principal era a linha de shows com programas de entretenimento e variedades.

Rede Globo
Manda uma equipe de 100 enviados especiais ocupando um estúdio de 470 m² no IBC. Na parte tecnológica, faz uso pioneiro de câmeras digitais XDCAM, onde a gravação é feita em alta resolução com discos ópticos, abolindo de vez o uso de fitas, gravadas em memória de computador agilizando o processo de edição entre a captura de imagens e a exibição do material finalizado pelas cinco ilhas de edição da Grécia e transferido para o Brasil via-satélite. A narração direta das provas esteve a cargo de Galvão Bueno e Maurício Torres. No time de comentaristas teve Tande (vôlei masculino), Leila (vôlei feminino), Robson Caetano (atletismo) e Ricardo Prado (natação). As reportagem foram de Tino Marcos, Pedro Bassan, Regis Röesing, Marcos Uchôa, João Pedro Paes Leme, Glenda Koslowsky, César Tralli, Graziela Azevedo e Glória Maria. Na equipe de apoio no Brasil, 50 pessoas se mobilizaram para a transmissão de algumas provas, que tiveram a narração de Cléber Machado e Luís Roberto de Múcio, que não embarcaram para a capital grega devido aos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol.

Rede Bandeirantes
Desfalcada de Luciano do Valle e de outros importantes nomes da imprensa esportiva, que estavam na Record, a cobertura olímpica ficou meio que "sem brilho". Sua equipe em Atenas contou com 60 profissionais no IBC (50 da Band aberta e 10 do canal pago BandSports, que fazia sua primeira Olimpíada) para uma cobertura conjunta que contou com 15 horas ininterruptas de transmissão, o que provocou alterações de praxe na sua programação, já totalmente dominada por programas da linha de shows. Mesmo assim, enfrentou o empecilho do Horário Eleitoral Gratuito das eleições municipais de 2004 duas vezes, sendo assim obrigada a interromper as transmissões, isso na parte da tarde, às 13 horas: uma em 17 de agosto, impedindo a transmissão de 30 minutos do segundo tempo entre Brasil e Grécia pelo torneio de futebol feminino e outra em 28 de agosto, interrompendo a transmissão da decisão da medalha de bronze do vôlei feminino entre Brasil e Cuba (iniciada ao meio-dia e também transmitida pela Globo). Os únicos narradores para as transmissões diretas das provas foram Silvio Luiz, Álvaro José e Eduardo Vaz. O time de comentaristas ficaram no Brasil, as alardeadas Mulheres de Atenas, que vez e outra apareciam naquelas insuportáveis "janelinhas" durante as transmissões, dentre as quais estavam Isabel (vôlei de praia), Ana Moser (vôlei de quadra), Juliana Cabral (futebol), Luísa Parente (ginástica artística) e Vanessa Menga (tênis). Três nomes roubaram a cena na transmissão da Band: o jornalista Carlos Nascimento, que foi à Atenas só pra transmitir a Cerimônia de Abertura, a cantora Margareth Menezes, que cantava a todo instante o tema olímpico "Um por todos, todos por um" (tão insuportável quanto o tema do futebol da Globo) e José Luiz Datena, que matou as saudades dos tempos em que trabalhava com esporte para narrar dos próprios estúdios os jogos de vôlei por causa do policialesco Brasil Urgente. Isso sem contar a criação de um mascote virtual chamado Medalino, vestido de "deus grego", que aparecia na tela dando piruetas "à la Amarelinho" a cada vitória brasileira e aparecia dourado, prateado ou "bronzeado" de acordo com a medalha que o Brasil acabara de conquistar.

2008 - Pequim
A transmissão dos Jogos Olímpicos foi a primeira exibida em HDTV no Brasil. Cinco emissoras mostraram ao vivo o evento, mesmo com o fuso horário de 11 horas a mais, duas abertas e três pagas (Globo, Bandeirantes, SporTV, ESPN Brasil e BandSports). Entre as duas únicas redes abertas presentes na Olimpíada, as quais ocuparam estúdios de cerca de 500 m² no IBC, a Rede Globo enviou 120 profissionais para 10 horas de transmissões diárias ao Brasil, contou com os repórteres Sônia Bridi, César Tralli, Ernesto Paglia, Pedro Bassan, Régis Röesing, Bruno Lawrence, Abel Neto, Carlos Gil, Renato Ribeiro, Marcos Uchôa, Eric Faria e Mauro Naves, os comentários de Tande (vôlei), Oscar Schmidt (basquete masculino), Hortência (basquete feminino), Robson Caetano (atletismo) e Gustavo Borges (natação), os apresentadores Tino Marcos, Tadeu Schmidt, Glenda Kozlowsky e Pedro Bial e apenas o narrador Galvão Bueno teve a incumbência de comandar as transmissões diretas. Enquanto que a Rede Bandeirantes teve 80 enviados especiais para produzir 15 horas de transmissões diárias e teve a presença dos repórteres Henri Karan, Fernando Fernandes, Emily Virgílio, Paloma Tocci, Sérgio Gabriel e do então CQC Felipe Andreoli, os comentários de Virna (vôlei) e Luiza Parente (ginástica artística), os apresentadores Renata Fan, Elia Júnior, Guilherme Arruda e Luise Altenhofen e a narração direta de Luciano do Valle, Silvio Luiz, Álvaro José, Osmar de Oliveira e Nivaldo Prieto na capital chinesa.

2012 - Londres
Com cinco anos de antecedência, a Rede Record adquire por 60 milhões de dólares direto do Comitê Olímpico Internacional, os direitos de transmissão exclusiva em TV aberta dos Jogos Olímpicos na capital da Inglaterra para o Brasil. Obviamente financiada pela Igreja Universal do Reino de Deus, teve o absurdo de enviar a exagerada delegação de 200 profissionais para fazer aquilo que podemos chamar de "transmissão ostentação" e que logo foi classificada como "a mais vergonhosa de todas". A narração das provas eram feitas dos estúdios do IBC e isso dava para ser notado através da variação do áudio de quem tava narrando e de quem tava comentando (em sua maioria ex-atletas que ao invés de analisar coerentemente as provas, torciam quase que descaradamente pelos atletas brasileiros, subestimando os adversários, e que estavam confortavelmente acomodados nos estúdios-cabine com os ancoras de quase todos os telejornais da emissora como Janine Borba, Celso Zucatelli e Mylena Ciribelli). Os locutores foram Lucas Pereira, Marco Túlio Reis, Marcos Fernando, Eduardo Vaz, Álvaro José e Octávio Muniz e os comentários, entre tantos nomes, foram de Romário (futebol), Virna (vôlei), Acelino "Popó" de Freitas (boxe) e Magic Paula (basquete). Dentre as TV por assinatura estavam SporTV, ESPN Brasil e BandSports, esta foi a saída para dois grandes narradores esportivos da TV aberta não ficarem de fora da Olimpíada: Galvão Bueno pelo SporTV e Luciano do Valle (em sua última Olimpíada, morreu dois anos depois devido a uma parada cardíaca) pelo BandSports. Segundo os índices do IBOPE de São Paulo daquela época, a Record só liderou a audiência nas transmissões de futebol, algumas de vôlei e na disputa do judô feminino que deu a medalha de ouro para a nossa judoca Sarah Menezes, de resto o público permaneceu fiel a Globo, com ou sem Olimpíada.

E no Rio de Janeiro, como será a transmissão da TV aberta e da TV por assinatura? Vai variar o estilo? Vai ter muito "comentarista" torcendo mais que os narradores? A informação será abafada pelo "ufanismo arrogante" de uma imprensa contaminada pelo "poder de desmande" das redes sociais? Vai rolar muitas gafes imperdoáveis e tiradas idem? É só esperar para ver quem vai levar as medalhas.