HISTÓRIA: Cidade Contra Cidade - 56 Anos

Eu fiquei emocionado Naquele domingo à tarde Quando assisti ao programa Cidade Contra Cidade (...) Carlos Cezar, José Fortuna e Valentino Gu...

sábado, 23 de novembro de 2019

OPINIÃO: Adeus Gugu 😔


Acho uma grande besteira nós, pessoas comuns e pobres mortais, ficarmos choramingando nos cantos porque um artista que a gente tanto gosta acabara de falecer. Eu já pressentia que 2019, o ano que encerra esta segunda década do Século XXI, significaria o fim da linha para muita coisa, até porque a década que vem aí pode ser pior, podem esperar. Bobagem a gente se enlutar por pessoas que jamais nos conheceram pessoalmente com certa intimidade superficial, seja para um papo rápido ou pra dizer "olá, como vai?". Eu me desabaria inconsolável se fosse perder alguém BEM PRÓXIMO da família, uma tia, um avô, um primo, uma prima ou na pior das hipóteses, minha mãe. Mas minha reação seria de pura desolação não fosse as circunstâncias ogras desses últimos 10 anos e todos sabem do que eu estou tratando. Para bom entendedor meia palavra basta.


Eu compreendo a dimensão nacional da perca de um grande ícone artístico que atinge o status da consagração popular. Imagine se o Roberto Carlos nos deixar, o Brasil pára por sete dias a ponto da Globo derrubar sua programação normal e fazer vigília para transmitir ao vivo seu cortejo, velório e enterro direto, ininterruptamente. O mesmo vai acontecer com o Silvio Santos, a ponto do SBT ficar de luto por sete dias após o enterro de seu idolatrado "Patrão" sem emitir um programa sequer, alegando "incapacidade artística". E agora, diante de um país completamente rachado ao meio, sinto reações diferenciadas ao surgimento da repentina notícia de que 48 horas depois de sofrer um traumatismo craniano ao desabar de uma altura de 4 metros ao tentar mexer no ar-condicionado no sótão de sua residência na Flórida, Estados Unidos, morre aos 60 anos de idade o personagem tanto amado quanto odiado da televisão brasileira: Antônio Augusto Moraes Liberato, aquele apresentador que dava tantas alegrias ao público jovem e infanto-juvenil nas noites de sábado e nas tardes de domingo que era chamado carinhosamente de Gugu Liberato.


Porque eu escrevi que o Gugu era "tanto amado quanto odiado"? Pois bem, fui pilhado pelos "SBTistas do mal" desde 2013 e o idiota aqui, sem experiência nenhuma com amizades virtuais, ficou dando corda a essa raça de víboras. Não fosse essa "pilha", reagiria ao fato diferente. Como também minha reação seria completamente outra se o apresentador tivesse deixado em definitivo aquela "emissora de placa de igreja" em 2013 e no ano sabático de 2014 poderia voltar a casa que o revelou, mesmo como produtor independente, mas o muquiranismo da Família Abravanel (exceção seja feita a Dona Íris, que merece todo o nosso respeito) o obrigou a retornar onde jamais ele deveria ter voltado, em troca de "parceria" para produções terceirizadas em seus estúdios, o GGP. Considero este o maior erro de toda a carreira de Gugu. Por causa da Rede Record, fiquei 10 anos tentando esquecer que o loiro existia e estava no ar. Esse ódio do chamado "fã-clube do Silvio Santos" foi só aumentando e se consumou agora com essa morte estúpida (obrigado Galvão Bueno).


Se foi praga da Família Abravanel e dos "SBTistas do mal" das redes sociais, o tempo vai dizer, mas no fundo todos eles estão sentindo remorso por adulá-lo. E eu achando que o Gugu seria vítima de alguém disposto a descarregar todo esse ódio proferido por essa turminha supracitada alegando ter quebrado uma "parceira eterna" como todo artista que deixa o SBT mesmo em fim de contrato, criando assim a falsa teoria de "traição" e essa urticária por artistas que agora estão em outros canais e que se projetaram justamente no prefixo dos Abravanel. Mas nesses 10 anos, toda essa ojeriza tinha que recair justamente em cima do Gugu?! Todos estamos chocados, confusos, transtornados e com cara de Tatiana Regina de Moraes (a Tati, aquela personagem da Heloísa Perrisè), hã. Mudando de assunto, quem diria que, além de apresentador, empresário artístico, garoto-propaganda e aspirante ao empreendedorismo, ele foi também personagem de histórias em quadrinhos e até galã de cinema (graças aos Trapalhões, Xuxa e até o Pedro de Lara)!


Vamos falar das coisas boas, das recordações felizes e de um capítulo à parte da minha história como telespectador assíduo dos tempos áureos da TV aberta brasileira entre os anos 80 e 90. Desde criança, me identifiquei logo de cara com o Gugu e já o acompanhava toda semana desde quando ele passou a dividir os domingos com Silvio Santos, em 1988. Pegava até as gravatas do meu finado pai e o imitava todas as noites de sábado quando rolava na telinha o Viva a Noite e o Sabadão Sertanejo. E quando eu ficava em casa e não saía para visitar a família, coisa que minha mãe adorava fazer aos domingos, eu deixava a TV ligada no meu quarto o dia inteiro para assistir ao Programa Silvio Santos, sendo assim o que eu mais adorava mesmo era ver os quadros comandados pelo Gugu: Passa ou Repassa, TV Animal, Cidade Contra Cidade, Corrida Maluca, Big Domingo, Super Paradão, Nações Unidas, Programa de Vídeos, Domin-Gugu, Play Game e, finalmente, Domingo Legal. Ele seria naturalmente o "sucessor" de Silvio Santos porque o dono do SBT já não fazia mais falta na telinha, mas o dito cujo e seu "fã-clube" demoraram 9 anos para perceber o potencial do loiro, tudo por causa daquela intuição humana que ele tanto defende chamada "vaidade". Enquanto isso, era aquele troca-troca de horários e a audiência caía aos poucos para a alegria do concorrente mais próximo que batia recordes e recordes no IBOPE: o Domingão do Faustão.


Tudo mudou em 1997, tudo mudou mesmo. A partir de então, Gugu e Fausto Silva tornaram-se grandes rivais da TV brasileira e a mídia de então fazia torcida organizada na expectativa de noticiar as vitórias ibopísticas do SBT sobre a Globo, ainda mais aos domingos. Transparecendo assim aquela centelha de inveja toda vez que o IBOPE acusava a liderança Global 24 horas por dia, 7 dias por semana. Até meus 11 anos de idade, quando me perguntavam qual era o meu "ídolo", dizia que era o Gugu, mesmo ele caçando pontos de audiência de maneira até descarada, mas o programa até certo ponto ainda era divertido e atraente. Mas entrei na adolescência e passei a não mais assistir ao Domingo Legal alegando que o nível tinha caído em troca do vale-tudo pela audiência, o que de fato era verdade. O apelo visual, a vulgarização da sensualidade feminina e as modinhas do momento sempre suplantavam a promoção de novelas, videocassetadas e a divulgação de trilhas-sonoras, e suas vitórias eram anunciadas com fogos de artifícios nos meios de comunicação, só porque o Gugu era do SBT.


Em 2003, pensei em voltar a assistir ao Domingo Legal, pois senti que o programa tinha melhorado um pouco quando fui visitar minha tia num domingo de agosto e o televisor dela estava ligado no SBT. Só que algumas semanas depois, veio o Caso PCC e minha "reconciliação" com o Gugu terminou antes mesmo de começar. Fiquei com um certo receio de que o apresentador sofreria algum tipo de pena que culminaria com o fim de sua carreira, mesmo sendo extremamente sincero quando explicou tintim por tintim a causa daquela falsa reportagem no programa da Hebe Camargo. Teria ele agido como "lobo em pele de cordeiro"? Foi consequência de sua obsessão compulsiva pelo IBOPE em tempo real? Minha mãe o achava soberbo, pois não dava a mínima atenção com os fãs, segundo ela. A mídia logo virou as costas para ele e foram mais 6 anos carregando esse fardo de perder sua credibilidade com o telespectador, com os anunciantes e, principalmente, com uma emissora inteira. Ser tratado com ostracismo a ponto de ser ignorado nas raras vezes que conseguia uma nova vitória ibopística nesse período deve ter sido uma experiência traumática para ele. Foi a partir de então que passei a ter vergonha de dizer que gostava do Gugu.


Foi até bom ele ter mudado de emissora em 2009 na tentativa de "baixar a poeira", mas eu sabia muito bem qual era a real intensão da sua "nova casa": usa-lo como instrumento de ostentação anti-Globo e foi a partir deste episódio que parei de assistir a Rede Record. Os bispos que conseguem tudo o que querem, graça ao abuso de poder delegados a eles, alardeavam seus índices de audiência por nada dentro da programação normal e ainda se fazem de vítimas por causa da "cristofobia" que pregam há mais de 30 anos, lançando-se contra católicos, esotéricos, espíritas, macumbeiros, etc. E Gugu era católico praticante, foi coroinha de igreja na infância e grande amigo de Padre Marcelo Rossi (que tornou-se celebridade nacional graças ao apresentador), mas teve que "romper" sua amizade para obedecer seus novos patrões. As más línguas entendiam que essa "amizade" era puro interesse ibopístico, já que o padre foi responsável direto pelas muitas vezes que o Domingo Legal atingia o primeiro lugar de audiência quando o loirinho ainda estava no SBT.


Em 4 anos de Rede Record, por ser usado como "ostentação" nas mãos dos bispos e ganhando fama de "traidor" por parte de Silvio Santos, Gugu perdeu sua essência, foi mal-aproveitado e desgastado por causa das vontades de uma prepotência televisiva que abafavam (e abafam até hoje) a "liberdade de criação" de sua equipe. O resultado foi sua queda de audiência, mudança de horários, alteração de quadros, exploração no assistencialismo... Ele resolveu não renovar contrato e descansar sua imagem por dois anos. Tornou-se um dedicado pai de família enquanto que as comunidades virtuais cresciam e faziam sua caveira direto com a acensão dos "SBTistas das redes sociais". Nesse período, já atuando regulamente no YouTube e me tornando um blogueiro, eu defendia com unhas e dentes a ideia dele ter sua própria rede de televisão. Com tanta TV oxigênio, ele poderia sim ter realizado seu sonho mais secreto de todos comprando uma TV e outra, só não saiu do papel porque se acomodou com a guerra de audiência dominical ao longos dos tempos. Do contrário, me candidataria ao cargo de diretor-superintendente de programação, conteúdo e eventos da emissora dele, pois tinha a grade de programação na ponta da língua. Mas a Padaria Liberato informa: o sonho acabou.


Os dois anos seguintes (2015 à 2017) foram dedicados a um programa de quarta-feira que atendia mais os interesses soberbos da emissora do que entreter o próprio público, principalmente no que diz respeito ao sensacionalismo barato e ultrapassado quando trata os "esquecidos da mídia", em troca de um caminhão de dinheiro de dízimo para esses artistas "à beira da miséria" desabafarem e vociferarem contra a Globo porque "arruinou" a carreira de todos eles. Isso em TODOS os programas de TODOS os apresentadores da Rede Record. Gugu foi criticado com razão e todos eram unânimes em dizer que o lugar dele é no domingo e de preferência no SBT. Só que essa "nova fase" do Gugu escondia uma "parceria eterna" da emissora em que ele havia se reintegrando para que seus estúdios, o GGP, abrigassem um sem-número de produções terceirizadas de novelas, variedades e realities-show, sendo alguns apresentados por ele. Isso era revoltante, muita gente dizia que Gugu foi "comprado com dinheiro sujo" para se tornar "marionete dos bispos" porque mundo é dos maus e eles venceram novamente.


Seu bom mocismo (elemento raro para um apresentador de TV) fez crescer a ira daqueles que preferem ainda "animadores de auditório" a moda antiga sem o mínimo de bom senso: estereotipados, maldosos, machistas, mulherengos, mal-caráteres, assanhados, ostensivos, puxa-sacos, grosseiros, metidos, irônicos, demagogos, zombadores, burrinhos, etc. Ele não foi nada disso, ele sempre respeitou o ser humano das pessoas que dividiam o palco com ele, seja grande artista ou pessoa comum. Ele sempre levou a sério as gincanas de competição e na medida certa sabia quando era hora de brincar e quando era hora de falar sério. Era tão "bom moço" que isso perturbava os próprios bastidores da televisão e isso prova que o bom mocismo, infelizmente, não dura para sempre na TV brasileira. Ele era como uma luz no meio das trevas televisivas, que por sua vez conseguiram contaminar essa luz por falta de espaço na TV. Se por um lado fico um pouco desolado com mais uma estrela da TV indo brilhar no céu, por outro fico revoltado, pois comprova a teoria de um fã-clube insuportavelmente militante e idólatra de que Silvio Santos "é imorrível e vai viver para sempre", só porque ele se recuperou de uma forte pneumonia, mas esperem a vez dele, ninguém é eterno na Terra. Por isso, me perdoem se eu carreguei de raiva alguns parágrafos acima.


Com o desaparecimento de Gugu, surge agora a maior frustração de toda a minha vida: não tê-lo conhecido pessoalmente, ter tirado uma foto com ele e tampouco entrevistá-lo para este blog, pois adoraria conversar com ele sobre sua paixão pela televisão, até porque ele começou a acompanhar o veículo justamente numa época em que estava se popularizando, na década de 60. Fica aqui uma única lembrança minha dele em pessoa aqui registrada: no dia 21 de maio de 1995 quando fui assistir de perto o Domingo Legal no lendário Teatro do SBT da Ataliba Leonel e fiquei emocionado. E da mesma forma que não haverá outro Chacrinha, outro Chico Anysio, outra Dina Sfat, outro Luciano do Valle e outro Heron Domingues, jamais haverá outro Gugu Liberato na televisão brasileira que vai completar 70 anos.


Valeu Gugu! Adeus Gugu! Perdão por alguma coisa, fui pilhado, mas minha admiração pelo seu profissionalismo e sua pessoa permaneceram inalterados, por mais que surgissem seus podres aqui e ali. Eu poderia ter sido seu filho (devido a semelhança física na minha tenra idade), você poderia ter sido filho de Silvio Santos, mas o destino lhe pregou muitas peças na sua vitoriosa trajetória na TV e você merecia muito mais. Que Deus o receba de braços abertos, por mais que seus "inimigos" comemorem aqui na Terra sob o brado de "queima no inferno". Deus reconhece seu bom caráter e até perdoa os seus deslizes assim como as minhas reações de momento na internet. Vai em paz Gugu, a TV Céu te espera. Minhas sinceras condolências aos familiares, amigos, profissionais, artistas que conviveram com ele, que frequentaram seus programas e aos fãs, dos quais eu me incluo. O canto dos passarinhos está mais triste a partir de agora.


😞😩😢😭

VALEU GUGU! E OBRIGADO POR PERMITIR COM QUE ESTE BLOGUEIRO PASSASSE A GOSTAR TANTO DE TV QUANTO VOCÊ!
ADEUS GUGU! AGORA VOCÊ PERMANECE FIRME NA SAUDADE, NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO DE TODOS NÓS!

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