HISTÓRIA: Semana Maldita na Globo

© Grupo Folhas - Todos os Direitos Reservados Quem viveu o ano de 1990 , seja criança ou adulto, sabe que a grande atração televisiva daquel...

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

OPINIÃO: Balanço da Televisão Brasileira em 2015


O ano de 2015 foi marcado entre outras coisas pelo 65º aniversário da televisão brasileira. Temos motivos para comemorar? Se valermos pelo seu histórico e seu passado, a resposta é sim, mas se depender do atual momento, a resposta é não. Estamos ultrapassando a metade da segunda década do Século XXI, parece que a TV brasileira estacionou na década passada e nada fez pra melhorar seu conteúdo de entretenimento na programação. Repararam que as grades das emissoras é quase a mesma desde 2009, com pouquíssimas novidades? Uma geração de despreocupados vem surgindo nas emissoras de televisão, com notória preguiça de pôr em prática a palavra "mudança", talvez oriundos da "turma do fundão" das escolas, faculdades e cursos da vida. Muitos deles só se preocupam em ficar ricos da noite pro dia e ferrar seu inimigo mais ameaçador. O interesse comercial se tornou a "tendência da moda" com programas descartáveis e isso acaba neutralizando boas ideias e bons planejamentos para uma grade competitiva o bastante para conquistar o mercado. Enquanto isso, a disputa pelo segundo lugar de audiência passou a chamar mais atenção da mídia devido a ausência de uma digna batalha pelo "topo da montanha". Os telespectadores das redes sociais são capazes de tomar a preferência por uma emissora como "arma de defesa" e os programas de auditório, gênero este que as TVs continuam forçando a barra e que conseguiram saturá-las e desgastá-las, se tornaram "instrumentos de guerra ibopística". Faço aqui um balanço de cada uma das cinco grandes redes brasileiras de televisão como seus pontos fortes e pontos fracos e que isso sirva de reflexão aos diretores que as tocam para frente, nunca tomem esta opinião como uma "ofensa pessoal", esta é uma crítica construtiva sobre o mais importante veículo de comunicação do Brasil. Aqui lá vai:

Laboratório Global - Entra ano e sai ano, a Globo atravessa uma temporada repleta de altos e baixos. Apesar de deter um dos maiores volumes de produção do mundo e o talento artístico seu principal patrimônio, o grande problema da emissora-líder é ficar testando formatos no ar só pra ver como vai reagir sua primorosa audiência, ainda mais em pleno horário nobre. Profissionais que não dão conta do veículo sucedendo os veteranos também são outro grande ponto fraco da emissora, que praticamente aboliram o tradicionalismo e a conservação de valores que tornaram a Globo o que ela é até hoje. O liberalismo desavisado adora brincar de esconde-esconde nos bastidores Globais e é nessas horas que o Boni, grande defensor da qualidade na televisão, faz uma tremenda falta nos corredores do PROJAC. O seu ponto forte foi descobrir uma grande mina de ouro na faixa das 19 horas emplacando seguidos sucessos na teledramaturgia. Seu grande defeito ano após ano é fazer televisão para um público-alvo que não sabe o que ver na TV e deixa o televisor ligado a toa sem assistir nada, só deixando seu plim-plim ecoar por toda a casa, ou seja, uma televisão de acomodados para acomodados e isso, infelizmente, representa a maioria da população, independentemente de classe social. Outro ponto fraco é sua cobertura esportiva que se especializou no sentimentalismo, como se todos os atletas deste país fossem um "Ayrton Senna da vida", ainda mais às vésperas das Olimpíadas do Rio, e transformou o "Globo Esporte" num programa humorístico para deixar os torcedores de futebol "sob-controle do fanatismo", atiçando briga entre as torcidas, escravizando a sociedade com um calendário futebolístico muito mal-feito, ridicularizando os rivais do Brasil e fazendo do "clubismo" o principal estilo de vida do brasileiro. E mais: seu principal narrador esportivo, que vem agindo mais como um torcedor e contaminando um suposto "ufanismo arrogante" com todo o respeito, quer nos fazer acreditar que, mesmo depois do fracasso da última Copa, a Seleção Brasileira ainda tem o "maior time do mundo" como se os adversários fossem "proibidos" de os derrotarem, acha o fim do mundo o Brasil perder até jogo-treino e trata amistosos caça-níquel como final de Copa do Mundo ao ponto de crucificar jogador por um erro idiota de nunca mais vestir a camisa amarela. Muitos criticam que a emissora monopoliza o esporte, mas a bem da verdade é que a exclusividade é mais consequencial do que intencional, talvez por causa do inflacionamento dos custos dos direitos de transmissão das modalidades, o que fez as concorrentes se "desinteressarem" pelos esportes. A Globo também não pode ficar camuflando os supostos fracassos "ibopísticos" da faixa das 21 horas, digo supostos porque vai saber se o IBOPE sofre suborno daquela "prepotência televisiva" para favorecê-la com audiência de mais e prejudicar as outras TVs com audiência de menos. Se dependesse disso, a "Vênus Platinada" deveria num lance de esperteza aderir imediatamente ao instituto alemão GFK como alternativa de análise de audiência nacional de televisão em resposta aos suspeitosos índices de audiência que o IBOPE divulga toda quinta-feira em seu site oficial. Ela precisa mais do que nunca "reinventar o óbvio" em TODA a sua programação, pois nenhuma emissora está sabendo fazer uma "concorrência leal" e é preciso a emissora aproveitar a brecha rapidamente.

Record Possessiva - É triste saber que a emissora mais antiga da América Latina permanece em mãos erradas. Como pode esses bispos da Igreja Universal do Reino de Deus, que não entendem nada de televisão (pelo contrário, eles odeiam televisão), tornarem a Record um objeto de posse e pregar a "anti-televisão" em sua programação inflamados de um "falso-moralismo" que virou tendência para os demagógicos de plantão? Já não é de se surpreender que eles usaram dinheiro do narcotráfico de drogas para comprar a emissora em 1989 e que é sustentada com cerca de 80% do dinheiro de dízimo. O fim da picada foi aderir a terceirização de funções, demitindo um sem-número de funcionários e contratando serviços de produtoras para a produção de realities meia-boca. E pior, usa dinheiro sujo para inflacionar o mercado televisivo contratando celebridades da moda como dublês de apresentadores recebendo milhões de salário (e de cachê para dar entrevista em QUALQUER programa) e produzindo uma grade de péssimo gosto à toque de caixa, ou seja, sem retorno financeiro. Como a bancada evangélica ligada a essa "seita" faz parte da base aliada pró-Dilma, o jornalismo dessa que se tornou uma "emissora de placa de igreja" fica ordenhando tragédias alheias de fundo de quintal, acontecimentos envolvendo sub-celebridades (aqueles que frequentam programas de auditório), faz auto-promoção de si própria, imita a Globo ao mesmo tempo em que a desmoraliza por motivos mesquinhos, vive puxando o saco de seus contratados e as noticiam com toda pompa como manchete de primeira página para pôr panos quentes nos Lava-Jatos da vida e tudo que desfavorece o atual Governo. Botaram a sacolinha pra correr para fazer da novela "Os Dez Mandamentos" um sucesso na marra (cuja adaptação foge das Escrituras Sagradas na maior cara-de-pau, como os casamentos arranjados de faraós e outros personagens que não estão na Bíblia), supostamente subornam o IBOPE para manipular os índices de audiência e fazer a "Recorja de bispos" ter audiência de mais e as concorrentes ter audiência de menos. Está muito suspeito isso tudo. Eles alardeiam e ostentam os "crescentes" índices de audiência e ainda dizem que o IBOPE favorece a Globo, olha só quem tão falando? Esses bispos que desmandam nessa emissora e colocam apenas o que ELES querem pôr no ar para atender seus próprios interesses continuam dando péssimo exemplo a televisão e estão manchando a história atual deste fascinante veículo: aboliram o interprograma, aboliram o intervalo comercial e anuncia nos merchandisings dos programas vespertinos produtos e serviços mequetrefes como se esses fossem uma Brastemp ou como diz um seguidor de Sorocaba "essa Coca-Cola toda". De tantos pontos fracos, chega a ser impossível apontar um ponto forte que praticamente inexiste nessa "prepotência televisiva", cuja ganância, inveja e arrogância dominou geral na alta-cúpula, ainda acreditando de forma megalomaníaca que com isso tudo conseguirão fazer da Record a "maior emissora do mundo" no grito e na marra. Pelo visto, eles perderam os culhões.

Comodismo "SBTista" - Se até pouco tempo, o SBT era criticado por fazer constantes mudanças na programação em menos de um ano, parece que nada mudou desde o início desta década na emissora mais exaltada da internet. Seu ponto forte é a firmação da teledramaturgia infanto-juvenil, apesar de deixar a primeira-dama, a novelista Íris Abravanel, sobrecarregada de adaptar textos importados do que lançar mão de um texto original de outro escritor do segmento, talvez como "superstição" de evitar a audiência cair. Seu ponto fraco são diversos programas em horários mal-distribuídos com intervalos idem, principalmente realities de importância zero e lançamentos equivocados de uma aparente "TV Museu" que acha que vivendo do passado dará a "volta por cima", só pra não mexer nos horários dos "intocáveis" apresentadores, como se a linha de shows fosse mais importante que o jornalismo e as novelas. A acomodação é geral e a veneração à Silvio Santos chegou a um ponto crítico, parece que o "Patrão", cujo Tico & Teco está pifando, está contando vantagem de ser "objeto de veneração" e o "Deus da Televisão Brasileira" a esses marmanjos das redes sociais, pondo defeito nos artistas das redes concorrentes, dando a entender que teria uma centelha de inveja só por não ter toda a classe artística comendo na sua mão e chamar sem critério algum seus ex-contratados de "traidores", reivindicando gratidão (ou seria servidão?). As atitudes que ele vem tomando no seu programa são constrangedoras e se tornou um prato cheio para os puxa-sacos de plantão com imenso destaque na internet. O que é mais irritante é que a imprensa está todinha a favor dele, "lambendo o rabo" da emissora dele, dos seus contratados e acreditando na maior ingenuidade nos seus argumentos sem sentido (como pôr defeito em TODAS as estações concorrentes e perguntando sobre o valor da multa rescisória dos artistas emergentes das outras redes, dando a entender que a emissora DELE é a melhor de todas e que representa a consagração definitiva do artista brasileiro) ao mesmo tempo em que ele fica de lero-lero com o Macedão da "emissora de placa de igreja" acreditando que ele seja o "maior pregador do Brasil". Ele também é insuportável com as brincadeiras de mal gosto e as piadas sexistas que costuma fazer, dando a entender que NINGUÉM pode ser mais inteligente que ele, SÓ ELE deve ser o mais engraçado de todos, SÓ ELE pode dar em cima das mocinhas da platéia, SÓ ELE pode se assanhar com uma artista no palco, SÓ ELE pode dizer frases de duplo sentido, SÓ ELE pode expor o passado de uma pessoa, SÓ ELE pode falar palavrão, SÓ ELE isso, SÓ ELE aquilo... Silvio transformou o SBT no maior "reduto de vaidades" da TV brasileira fazendo seus apresentadores acreditarem que estão no auge da carreira com um espaço "só deles", fazendo com que eles entrem para o time do "não me toquem" e isso pode explicar porque o Luciano Callegari, maior estrategista da TV brasileira, faz falta nos corredores da Anhangüera.

As Muletas da Band - A Rede Bandeirantes vem mostrando que para fazer um programa de sucesso, não precisa fazer com que suas atrações atinjam dois dígitos em tempo recorde, pelo contrário. Como é uma empresa consolidada, ela tem os pés nos chão e foi capaz de montar uma programação para todos os tipos de público e como recompensa, tornou-se prato cheio para os anunciantes que cada vez mais valoriza os espaços de inserção comercial e as cotas de patrocínio, provando o quanto a Band vem sendo muito bem administrada e um tanto próspera. Por outro lado, não há uma audiência média de programação, só em um programa e outro, e mais, o que afasta os telespectadores de outras localidades brasileiras é justamente a imagem excessivamente paulista que a Band imprime na tela e esse é um velho problema que a emissora tenta solucionar, mas sem sucesso. O "Masterchef Brasil" vem sendo um dos pontos fortes de uma emissora bem-sucedida, que conta também com um dos melhores telejornais da TV brasileira, o "Jornal da Band" e mantém sua forte tradição na cobertura esportiva, seja do futebol brasileiro ou do europeu, que vem alcançando as maiores audiências da emissora do Morumbi (apesar da falta que o saudoso Luciano do Valle faz). Claro que tem também alguns pontos fracos como a boçalidade clubista de seus "comentaristas" (ex-jogadores em sua grande maioria) nas mesas-redondas de futebol e que não passam de torcedores disfarçados de profissionais, ainda apostar na ultrapassada cobertura policial e da violência nas cidades no fim de tarde e manter no ar um falso-humorístico, um dos precursores do recurso "cineminha" em programas de auditório, que é o maior disseminador do bullying no Brasil (e que está em emissora errada, adivinha aonde essa turma deveria estar?) e na própria falta de planejamento em montar uma programação sem teias de aranha que não use apenas esses programas como muletas de sustentáculo de audiência e alugar espaço no horário nobre a igrejas evangélicas para se enriquecer mais um pouquinho. A Band está desperdiçando criatividade para preencher o buraco e não dá pra entender porque importa novelas de países sem tradição para compôr sua grade, ela precisa repensar para distribuir quais as atrações ideais para o horário pós-Jornal da Band e pré-22 horas. Na fase pós-Tupi e pré-SBT, a Band tinha a faca e o queijo na mão de se tornar a absoluta segunda rede do Brasil, mas chegou o Walter Clark e estragou tudo com uma grade cabeça e esquecendo que rede comercial é pro povo, é para as massas, mas logo se recuperou se especializando em sua tradição esportiva, além do bom aproveitamento do jornalismo e dos filmes. A emissora do Morumbi precisa se reciclar e deixar a estigma de ser uma rede 100% paulista para se tornar verdadeiramente uma rede 100% brasileira.

Rede TV! Parada no Tempo - Se há uma emissora que ainda não chegou na segunda década do Século XXI e que ainda não se atualizou, dando a entender que ainda está na década passada, essa emissora é a Rede TV! Em franca decadência, mas com um dono tão louco e astuto capaz de tapar o sol com a peneira dizendo que tá tudo bem e acreditando que um dia a estação será "maior que a Globo", a emissora do Alphaville ainda continua apostando em programas pseudo-femininos (aqueles que são femininos de fachada, mas que só fala das celebridades), em "combinadinhas" (pegadinhas de duvidosa veracidade), nos testes de fidelidade, nas fofocas dos artistas e falando das outras emissoras (com intensão de ganhar às custas das concorrentes) como artimanhas descaradas para "ganhar da Globo". O Marcelo de Carvalho, que é um dublê de Silvio Santos apresentando semanalmente a gincana "Mega Senha", age feito Napoleão, perde a batalha mas reluta em acreditar na derrota. Como pode uma emissora continuar no ar se desonra a condição de ser sucessora da Rede Manchete, fazer do "Superpop" ainda sua principal atração que acabou virando numa irritante e risível "tribuna oficial do orgulho gay", e banaliza a imagem do artista brasileiro tanto nos programas de fofocas quanto no pseudo-humorístico "Encrenca", que apenas serve para preencher a lacuna deixada pelo Pânico na programação. Muitos são os pontos fracos dessa emissora que vive de aparências e que deve esconder muita sujeira por debaixo do tapete, mas existem alguns pontos fortes como a cobertura esportiva da Série B, liderada pelo veterano Silvio Luiz, e as lutas do MMA no primeiro semestre, além do nu e cru "Operação de Risco" que é um natural descendente do extinto "Na Rota do Crime". Alguém acredita que a Rede TV! só se preocupa com o aperfeiçoamento tecnológico de equipamentos baratos na sua sede em Osasco, na Grande São Paulo? Sua sede no Rio de Janeiro, se resume a um espaço alugado no Shopping Rio Sul para produzir seu noticiário local, no Recife e em Fortaleza apenas repete o sinal HD gerado de São Paulo, não emitindo um comercial local sequer, e seus estúdios estão sem utilização e em péssimas condições (acreditam que no Recife, os estúdios permanecem lacrados pela Justiça desde o fechamento da Manchete em 1999?). Isso comprova o quanto a mania de grandeza de uma pessoa pode afetar um canal de TV como um todo.

Qual a conclusão que tiramos disso tudo? Há alguma esperança para uma mudança significativa na televisão? Perdão pelo pessimismo, mas se julgarmos por todo esse panorama traçado até aqui, isso nos obriga a tirar nossos cavalinhos da chuvas pois entra ano e sai ano a resposta é sempre negativa. O comodismo tornou-se doença crônica na TV. Não vamos esperar por alterações mágicas que melhorem as grades porque a tendência é que piore as coisas pois a alardeada "guerra de audiência" que era exclusiva a um específico horário ou dia da semana, se estendeu 24 horas por dia e 7 dias por semana, corrompendo a qualidade nos programas. Isso é lamentável, por isso tudo é que arregaçamos as mangas e pedimos aos representantes das emissoras em uma só voz, todos que foram criados diante de um aparelho televisor, para os próximos anos melhorias na programação.
Por Uma TV Melhor.