Uma estafa me derrubou anteontem, tive que fazer uma série de afazeres domésticos enquanto minha mãe está trabalhando (loja de shopping em época de Natal é fogo) e por isso não pude publicar de imediato meu comentário sobre a entrega do Troféu Domingão do Faustão, mas agora vou poder fazer minha análise sobre o evento. Só pude assistir a premiação na segunda mesmo, porque domingo sempre faço um trabalho voluntário na igreja em que eu congrego onde coloco imagens para serem projetadas no telão do templo, mas como tenho NET, pus pra gravar e assisti no dia seguinte.
A premiação INTERNA da Rede Globo, explorada pelo Domingão do Faustão e que merecia e muito ser chamada de Troféu Roberto Marinho, teve 3 horas e 32 minutos de duração, começou pontualmente às 17h30, teve cinco blocos bem distribuídos e quatro intervalos idem de 5 minutos aproximados cada um. Em termos de PRODUÇÃO, foi pra "SBTista" ver como se faz um evento desse quilate. O estúdio do Projac parecia o Teatro Municipal devido a grande quantidade de camarotes, com um ótimo jogo de câmeras e de luz. Fausto Silva, o mestre-de-cerimônias, fiel a seu figurino de gala semelhante a um traje de garçom, ainda insiste em ele próprio anunciar os indicados, dispensando o trabalho do "glorioso" Dirceu Rabello, e ainda insiste com as tirinhas de papel, chega a dar agonia a quem assiste, mas o próprio apresentou um rápido retrospecto de cada categoria e a ficha técnica do espetáculo no final de cada bloco. Os VTs de anúncio dos indicados estão bem melhores e muito bem feitos do que aqueles takes separados em câmera lenta, as assistentes de palco como sempre ajudam na premiação: no envelope, na concentração e na entrega dos troféus; e nas entrevistas, Fausto queria esmiuçar um pouco a vida, a carreira e o dia-a-dia dos indicados. Nas atrações musicais, interpretadas ao vivo, uma tecnologia impressionante foi colocada em prática durante o evento: o slow-motion ao vivo e apesar da beleza do espetáculo, os três merchandisings (Sandálias Ipanema, Ariel Power Liquid e Chester Perdigão) afogaram o evento, aliás, numa prmeiação como essa não devia ter anúncios testemunhais.
Apesar das ausências de Marcelo Adnet e Rodrigo Lombardi, a emoção dos convidados foi de tirar o fôlego: merecidas as premiações de Vladimir Brichta (ator de série, minissérie ou seriado), Grazi Massafera (atriz coadjuvante), Mel Maia (ator ou atriz mirim), Luan Santana (cantor), Anitta (cantora), Alexandre Nero, (ator de novela) e Giovanna Antonelli (atriz de novela), esta a mais ovacionada da premiação. Surpreendentes foram os prêmios conferidos a Rainer Cadete (ator coadjuvante), Paolla Oliveira (atriz de série, minissérie e seriado), Rodrigo Sant'Anna (comediante) e Renata Vasconcellos (jornalista de TV). Se levarmos em conta o critério interativo de votação (aquele que permite uma única pessoa a votar um milhão de vezes na mesma categoria numa única pessoa, o que torna muito vulnerável a invasão de fãs-clubes), já eram esperadas e iminentes as vitórias de Rafael Vitti e Isabella Santoni, ambos como atores-revelação, pelo fato da "novela" Malhação - Seu Lugar no Mundo terem muitos fãs na internet. Mas a grande zebra do espetáculo (que foi duro de engolir, tenho que admitir) foi a escolha de "Hoje" da cantora Ludmilla como a música do ano de 2015, desbancando os favoritos absolutos "Escreve Aí" do Luan Santana e "A Noite" da Tiê.
Os mais elegantes daquela tarde-noite de festa Global: pelo lado masculino, Leandro Hassum, Lázaro Ramos (por trajarem ternos com combinação preto e azul-marinho) e Alexandre Nero, pelo terno listrado-quadriculado; e pelo lado feminino, Paolla Oliveira, Grazi Massafera, Giovanna Antonelli e Isabela Santoni, que estava gatíssima.
A gafe do evento: a categoria de atriz coadjuvante foi apresentada primeiro, mas como a indicada Cássia Kis ainda não tinha chegado ao Projac, o produtor Renatinho veio ao palco mudando o roteiro na última hora e pediu para o Faustão anunciar a categoria de atriz de série, minissérie ou seriado. Coisas de TV ao vivo. Foi explicado porque William Bonner (âncora do JN) não concorreu a categoria de jornalista de TV: por ter conquistado o Prêmio Mário Lago no final de 2014. Juliana Valcésia e Fernanda D'Avila foram as repórteres (ou seriam co-apresentadoras?) da concentração, onde ficam os indicados, e chamaram a atenção nas dicas que a cantora Anitta estava passando aos indicados pra que não exagerassem ao ingerirem os quitutes oferecidos por lá e foi chamada de "nutricionista" pelo apresentador.
Outros momentos destacáveis no Troféu Domingão do Faustão: Mal começou o espetáculo e Sabrina Nonata, indicada a melhor ator ou atriz mirim, ficou emocionada antes do resultado final ao falar um pouco da sua vida. Como não posia deixar de ser, foi citado a Nova Escolinha do Professor Raimundo na apresentação de Rodrigo Sant'anna (ele fez o Batista) e ele concorrer e vencer a categoria de melhor comediante concorrendo com Leandro Hassum e Marcelo Adnet, não é pra qualquer um. Ele dedicou o prêmio a mãe que recentemente descobriu um câncer no útero. Faustão conversou com Maju Coutinho (a mulher do tempo do JN) sobre a Conferência de Paris e, segundo ela, está esperançosa com o acordo climático mundial. A escolha de Grazi Massafera (cujo pai e alguns familiares estavam presentes no camarote) como melhor atriz coadjuvante foi a confirmação popular do seu talento já reconhecido pela crítica no prêmio da APCA deixando de vez a imagem de sex-symbol e agora pode-se dizer que ela é uma "atriz de verdade".
Tiê, também elegante e imprimindo um tom intimista (lembrava a cantora norte-americana Adele), se apresentou pela primeira vez no "Domingão do Faustão" com o hit de I Love Paraisópolis "A Noite" e ao ser apresentada na categoria de música do ano, Fausto fez questão de citar a nossa querida Vida Alves, já que a cantora-revelação é neta da pioneira da preservação da memória da TV brasileira (para os mais leigos), olha só a consideração do apresentador! Ainda sobre música, temos um novo recordista da premiação: Luan Santana. O cara continua em alta mesmo, independentemente do fã-clube virtual tem muito talento, bateu o recorde do cantor Daniel como o como maior vencedor na categoria de melhor cantor, é a quinta vez que ele ganha a estatueta Global (bem que ele merece participar do especial de Natal de Roberto Carlos). Ele próprio admitiu que a inspiração do "Escreve Aí" veio entre um goró e outro com os parceiros de gravadora, na tarefa de conseguir uma "música de trabalho" pro álbum, que por sinal foi a primeira colocada na parada brasileira da Billboard em 2015. As indicadas a melhor cantora apareceram vestindo preto, na mais equilibrada categoria da tarde-noite. Ivete Sangalo cheia de pose e espivetada como sempre, Cláudia Leitte um pouco discreta, mas Anitta levou a melhor, o prêmio dela foi uma bofetada pra esses boçais e invejosos das redes sociais que condenavam a ascensão e o sucesso dela, sendo tachada moralmente de "Wilson Simonal de saias", sendo proibida de existir, e agora se deu bem na carreira, deixando de vez a maldita estigma de "cantora da moda", ela progrediu e se tornou a "mulher sensual" do ano pela revista Vip. Tenho que confessar, mas eu estava torcendo por ela, mesmo em silêncio e reconhecendo a "superioridade" das outras indicadas. É que eu gosto de morenas, como eu gosto de morenas.
Voltando as novelas, Alexandre Nero obteve o segundo prêmio seguido na categoria de ator de novela e ele anunciou que esse foi o "último domingo sem choro de bebê" pelo fato de ser o novo papai da classe artística, chamou o concorrente Rodrigo Lombardi de "pilantra", talvez não perdoando o fato dele ter furado no evento (ele estava em temporada no teatro), fez cara de bravo ao ouvir seu nome sendo anunciado como vencedor, e Faustão aproveitou o lado politizado do ator para pedir mudanças no cenário sócio-político brasileiro para 2016, que entra ano e sai ano, sofre retrocessos constantes por causa do poder econômico.
Frases:
"Respeito" e "Mais educação" foram as palavras de ordem para 2016 dos convidados e do próprio Fausto Silva naquela inesquecível tarde-noite
"Quem sonha e acontece, tem a mão de Deus" - Rainer Cadete
"Menos opiniões e mais conhecimento" - Alexandre Nero
"Ninguém ganha um prêmio sozinho" - Giovanna Antonelli
"Sejam menos individualistas" - Gabriel Leone
"Eu desejo que o governo se pergunte qual é a sua verdadeira função neste país" - Cássia Kis, a mais politizada
Pra encerrar, tenho que repercutir a polêmica que gerou as chamadas do Troféu Domingão do Faustão exibido às vésperas do evento. De fato, algum desavisado da Globo usou do poder de exagero para anunciar a premiação INTERNA da emissora como o "maior prêmio da TV brasileira" ou "exclusivamente só para melhores", talvez revoltado (não só cutucando) com o tratamento da concorrência em premiações desse porte. Os marmanjos das redes sociais citaram com razão o Troféu Imprensa, no qual batalho para conseguir os direitos e a autonomia que ela merece, o mais autêntico "Oscar brasileiro", mas vocês acham correto uma premiação que abrange todas as emissoras ser pertencente a um canal de televisão? Acham certo o SBT de Silvio Santos usar as emissoras concorrentes para se auto-promover numa premiação e ao mesmo tempo ganhar às custas das mesmas?
Devia ser lei, uma premiação AUTÔNOMA que abranja todas as emissoras ser organizada por um GRUPO NEUTRO, que facilitaria a adesão das redes de TV. A marca Troféu Imprensa deve ser cedida a alguém preocupado em pôr em prática a autonomia de uma premiação LIVRE de interferência de dono de televisão e interesses de determinada emissora, nem que seja por mandado judicial o "Oscar brasileiro" merece ser neutro, "libertando" a crítica especializada em escolher seus melhores nos próprios ambientes de trabalho sem se deixar influenciados por internautas e expostos por um certo animador "dublê de empresário" que convida um indicado para presenciar uma votação no palco, explorando o "lado covarde" do júri como artimanha para "ganhar da Globo" em audiência. Isso devia acabar o mais imediatamente possível. Quanto ao Troféu Internet, que deveria ser rebatizado de Troféu Silvio Santos, os esquemas devem ser mantidos sem esquecer aquelas sugestões que registrei aqui no meu blog, mas que também devia ser uma outra premiação INTERNA a exemplo do Troféu Roberto Marinho, nome que proponho no futuro do Troféu Domingão do Faustão.
De resto, apesar dos pesares, o que resta dizer é o seguinte: PARABÉNS AOS VENCEDORES!!!