Como deve ser de conhecimento geral, em outubro último, foram iniciadas as atividades do mais novo instituto de pesquisas de audiência em televisão no Brasil, o Grupo GFK. É a primeira tentativa de quebrar o monopólio de mais de 60 anos do IBOPE neste segmento? Não. Ao longos dos anos, neste rápido histórico, outros institutos de pesquisas tentaram pelo menos fazer frente, mas que não deram certo ou seguiram aquele velho ditado "Quem não pode contra seu oponente, junte-se a ele". Vamos conferir.
A primeira vez que foi aberta a concorrência com o IBOPE foi em 1970 com a implantação da Audi Market Ltda., a AUDI-TV, que por 18 anos ganhou credibilidade e confiabilidade das emissoras na divulgação dos boletins de pontuação, mas que tomou um golpe duro em 1988, sendo adquirida pelo próprio IBOPE, garantindo assim seu monopólio absoluto de medição de audiência na TV.
Em 1973, quando a AUDI-TV ainda estava em atividade, surge um novo instituto de pesquisas de audiência em televisão, aumentando ainda mais a concorrência do IBOPE, o IBATE (Instituto Brasileiro de Análises Técnicas e Estatísticas), que inova por divulgar boletins semanais, enquanto que o IBOPE divulgava boletins mensais. Mas as diferenças entre as pontuações das emissoras no Rio de Janeiro (cidade onde o novo instituto era sediado), comparando as pesquisas do IBOPE e do IBATE eram bem notáveis: a margem de distorção de números das três únicas emissoras cariocas da época (Globo, Tupi e Rio) eram de cinco pontos percentuais.
Em 1988, mesmo ocupando o segundo lugar no ranking das emissoras com folga, o SBT rompe com o IBOPE, insinuando que as pesquisas de audiência favoreciam absurdamente a Rede Globo (denunciado inclusive por Silvio Santos durante um de seus programas na época), para criar seu próprio Instituto de Pesquisas de Audiência, em parceria com o Instituto de Administração da Faculdade de Economia da USP, mas não foi levada em frente devido a erros de metodologia.
Em 1995, a Nielsen, empresa norte-americana de pesquisa de audiência, também em parceria com o SBT, instala os primeiros aparelhos de medição residencial em São Paulo e arredores, para captar a audiência dos programas, em nova tentativa de concorrência direta com o IBOPE. Para a Nielsen, um ponto de audiência equivale a 40 mil espectadores, metade do que era proposto pelo IBOPE (80 mil espectadores). Também não vingou.
Em 2003, surge mais um novo instituto de pesquisa de medição de audiência na TV para mais uma vez tentar quebrar o monopólio do IBOPE, o Instituto Datanexus, fruto de uma parceria do SBT com a empresa Geopolitics do cientista político Carlos Novaes. As primeiras pesquisas causaram polêmica pois causaram distorções em comparação aos números do IBOPE, chegando a ter uma diferença de 20% a menos nos números de telespectadores, de aparelhos televisores ligados na Grande São Paulo e dos ponto de média e de pico. Dois dias depois, os serviços do Datanexus foram abortados temporariamente, mas seus trabalhos foram prosseguidos até 2005, o que permitiu ao IBOPE rir por último no ramo de pesquisa de audiência em televisão.
Com a mais recente entrada do Grupo GFK, oriundo da Alemanha, fica a expectativa da gente conferir as audiências das emissoras a partir de 2016 e comparar com os supostos índices que o IBOPE divulga em seu site oficial durante todo o ano, digo supostos porque vai saber se o instituto do Montenegro sofre suborno daquela "emissora de placa de igreja" para favorecê-la com audiência de mais e, conseqüentemente, prejudicando as outras TVs com audiência de menos. Se dependesse disso, a Globo devia num lance de esperteza aderir imediatamente ao GFK como alternativa de análise de audiência nacional de televisão em resposta a esses suspeitosos índices que o IBOPE divulga toda quinta-feira. Pra quem não sabe, SBT, Band, Rede TV! e Record estão nesse projeto, falta justamente a Globo (mas não será surpresa se a Record voltar atrás e manter-se "fiel" ao IBOPE graças a tudo isso que acabei de mencionar).
Aproveito essa ocasião para apresentar minhas sugestões para uma medição nacional de audiência em televisão mais justa ao Grupo GFK:
- Sugiro uma parceria entre o GFK com a ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) e aproveitar a tecnologia para medir a audiência em tempo em real minuto a minuto por cabo ou satélite.
- Para aqueles que não possuem TV por assinatura, seria oferecido um aparelho codificador ligado ao aparelho televisor e a uma linha telefônica como na internet, dando mais agilidade na hora de formatar os resultados, além de permitir ao "assinante" a responder pesquisas de opinião no conforto de seus lares.
- A medição em tempo real deve ser suspensa pois está acabando com a reputação da TV brasileira e a divulgação dos boletins diários de audiência em seu site oficial deve ocorrer 48 horas depois com os índices médios dos programas de acordo com a faixa horária em que esteve no ar e a participação de audiência considerando apenas os aparelhos televisores ligados (desconsiderando os desligados, algo que o IBOPE não dá a mínima importância).
Nova metodologia de medição nacional de audiência deve ser em 50 cidades brasileiras (sendo 27 capitais) umas distantes das outras para termos uma seguro panorama brasileiro de audiência em televisão, sendo assim seria distribuídos os 15 mil aparelhos codificadores do GFK da seguinte forma:
- 100 aparelhos para cidades de 200 mil a 500 mil habitantes
Boa Vista-RR, Florianópolis-SC, Macapá-AP, Palmas-TO, Porto Velho-RO, Rio Branco-AC, Vitória-ES, Blumenau-SC, Campina Grande-PB, Campos dos Goytacazes-RJ, Caruaru-PE, Caxias do Sul-RS, Itabuna-BA, Maringá-PR, Pelotas-RS, Petrolina-PE, Santos-SP, São José do Rio Preto-SP e Volta Redonda-RJ
Sendo 20 pra cada classe social - A, B, C, D e E
- 300 aparelhos para cidades de 500 mil a 1 milhão de habitantes
Aracaju-SE, Campo Grande-MS, Cuiabá-MT, João Pessoa-PB, Maceió-AL, Natal-RN, Teresina-PI, Contagem-MG, Feira de Santana-BA, Joinville-SC, Juiz de Fora-MG, Londrina-PR, Nova Iguaçu-RJ, Ribeirão Preto-SP, São José dos Campos-SP, Sorocaba-SP e Uberlândia-MG
Sendo 60 pra cada classe social - A, B, C, D e E
- 500 aparelhos para cidades acima de 1 milhão de habitantes
Belém-PA, Belo Horizonte-MG, Brasília-DF, Curitiba-PR, Fortaleza-CE, Goiânia-GO, Manaus-AM, Porto Alegre-RS, Recife-PE,
Salvador-BA, São Luís-MA e Campinas-SP
Sendo 100 para cada classe social - A, B, C, D e E
- 1.000 aparelhos para as duas grandes metrópoles brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo
Sendo 200 pra cada classe social - A, B, C, D e E
De que adianta um programa de TV dar 15 pontos de audiência que seja cujo universo não passa de 700 lares da Grande São Paulo? As concorrentes da emissora-líder atualmente desaprenderam a ser dignos concorrentes de verdade por causa dessa metodologia falha do IBOPE, carecida de novas tecnologias, lançando mão a essa competição desleal.
Por esse motivo, proponho ao GFK a aproveitar essa brecha e pôr em prática essa mudança urgente de metodologia de medição de audiência em televisão num futuro próximo. Assim dessa forma, todos sairão ganhando.
#PorUmaTVMelhor